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3. CAPÍTULO III – A BIOLOGIA E AS FILOSOFIAS DA CIÊNCIA NO SÉCULO XIX

3.7 A FILOSOFIA DA CIÊNCIA DO SÉCULO XIX

3.7.3 O S N EOKANTIANOS

Após 1870 há um retorno a Kant numa tentativa de superação do pensamento positivista apresentado como uma teoria crítica da ciência. O movimento, denominado neokantiano busca uma superação de Kant, negando a metafísica (coisa em si) e reduzindo a filosofia a uma reflexão sobre a ciência. Assim sendo, são idealistas no sentido epistemológico, pois, para eles o conhecimento científico consiste numa criação do objeto e não sua simples apreensão (BOCHENSKI, 1962).

Outro importante aspecto do neokantianismo também apresentado por Bochenski (1962) é que esse pensamento desvincula a validade do conhecimento do modo como é obtido ou conservado psicologicamente. Assim sendo, o método psicológico ou qualquer método empírico deve ser substituído pelo método transcendental.

Por outro lado, como discute Ziller (1987), o interesse dos neokantianos se dirige aos aspectos formais do conhecimento, ao contrário do positivismo e do empirismo que se interessam pela matéria desse conhecimento e não pela sua forma. Destacam-se nessa linha de interpretação duas grandes escolas, a de Marburg e a de Baden, ambas na Alemanha.

A escola de Marburg desloca a discussão dos temas metafísicos das causas e do ser enquanto ser para a construção de que a ciência moderna é um fato e analisa seus métodos. Para esta escola a realidade é constituída unicamente pelo pensamento e toda a filosofia se reduz à lógica. Esta tentativa de se elaborar uma lógica total acaba por favorecer o aparecimento do neo-positivismo. Alguns de seus principais representantes são Herman Cohen, Paul Natorp e Ernerst Casserer (NASCIMENTO JÚNIOR, 2001) .

A escola de Baden considera o ponto central da sua questão a ciência crítica dos valores. Sua principal preocupação não é a ciência formal, mas

sim as diferentes formas nas quais se manifesta a realidade, vendo o conhecimento como a construção dessa realidade. A escola de Baden admite uma diferença estrutural entre as ciências da natureza e do espírito. No âmbito das ciências naturais a realidade pensada é perceptível, desenvolvendo assim leis gerais para tal percepção. As leis do espírito, por sua vez, descrevem acontecimentos singulares e, por não desenvolverem leis gerais, necessitam de uma hierarquia de valores. Seus principais representantes são Guilherme Windelband, Henrique Rickert e John

Macquarrie (NASCIMENTO JÚNIOR, 2001). .

Outros autores se aproximam do pensamento neokantiano. Um deles é Naville, que em sua ―Nova Classificação das Ciências” (publicada em 1901 e discutida por KEDROV, 1976) afirma que o pensamento busca um equilíbrio constante e um comportamento adequado ao que se supõe verdadeiro na relação com eles. Desta forma o objeto da ciência não se constitui de fenômenos do mundo real, mas das perguntas que emergem no estudo desse mundo real. Neste caso há uma aproximação com a concepção neokantiana.

Henri Poincaré segue um caminho semelhante ao publicar em 1905, ―O Valor da Ciência” (também discutido por KEDROV, 1976). Ao analisar alguns problemas filosóficos ligados à matemática, a mecânica e a física e sua relação entre si, o autor considera que as leis da natureza são símbolos, signos convencionais criados pelo homem já que a realidade objetiva da natureza não se encontra fora do homem. Assim, para Poincaré, as coisas são grupos de sensações e a ciência é um sistema de relações. Pearson, Carpeter, Flint, Wundt, Oswald e Ratzel são outros pensadores que se aproximam do idealismo em trilhas parecidas (KEDROV, 1976).

3.8 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO

Durante o século XIX, o conhecimento científico avançou, pois, de forma extraordinária, para, supostamente, na visão dos cientistas, desvendar os fenômenos e processos ligados as diversas manifestações da vida. E, este avanço ocorreu em duas principais frentes: nas observações de campo e nas

experimentações em laboratório. Inicialmente, tais atividades eram desenvolvidas a partir de iniciativas individuais (salvo exceções). Não eram subsidiadas por programas estatais de pesquisa como mais tarde se sucedeu.

Por outro lado, a atividade experimental respondeu muitas questões

ligadas à constituição, funcionamento, desenvolvimento e transmissão hereditária dos organismos (humano, animal e vegetal) e isto se prestava, principalmente, à uma melhor construção da imagem do organismo humano para a medicina.

Quanto às observações de campo, suas respostas forneceram subsídios para uma construção do significado de natureza que pudesse (à maneira da Escolástica e do mecanicismo dos séculos anteriores) dar um sentido consistente à realidade européia daquele período. Neste caso as questões mais relevantes diziam respeito à origem e a relação dos seres vivos entre si, e, particularmente, ao se considerar o homem (europeu e não europeu).

No entanto, esta ciência seria configurada como autônoma após a teoria da geração espontânea cair. Isto porque, enquanto perdurasse a ideia de que os seres vivos eram gerados espontaneamente, a partir de elementos não vivos, as regras de entendimento dos mundos (vivo e não vivo) deveriam ser as mesmas (CASTAÑEDA, 1995). A impossibilidade de haver geração espontânea passou a sustentar a ideia de que as regras de um não eram as do outro. Justificava-se, então, uma ciência para a Física, outra para a Biologia.

Assim, este século foi o protagonista da construção da ciência chamada Biologia, cujos elementos estruturadores foram: a teoria celular, a teoria do equilíbrio interno, as leis da herança e a teoria da seleção natural e origem das espécies. Produziu ainda o embrião da teoria dos ecossistemas a qual seria inteiramente elaborada no século seguinte.

A ideia de natureza construída ao longo da história pela Filosofia foi, como já mencionado, um dos principais fatores a participar da criação da ciência moderna. Nesta natureza mecânica, matematizada, empírica, histórica e probabilística, que os métodos se inseriram, procurando chegar às leis e elaborar as teorias que explicavam os fenômenos naturais. O olhar do cientista enxergava esta natureza. E os elementos constitutivos desta, e não de qualquer outra, que expressam sua existência, a filosofia os chamou de ontológicos. Sem eles não é possível pensar a ciência.

Por outro lado, a proposta da Ciência é construir uma explicação para o mundo vindo das pesquisas produzidas pelos cientistas a partir da aplicação dos métodos, da formulação de teorias, leis e da linguagem estabelecidas pela comunidade científica. O papel da comunidade, da sociedade e da linguagem científica é estabelecido como expressão do período histórico em que elas existem.

Ao longo do século XIX a filosofia da natureza se fragmentou em várias ciências específicas com núcleos de teorias e leis que atribuem a singularidade de cada ciência tornando-a cada uma particular, e, constituindo seus elementos estruturantes, garantidos pela comunidade científica, apresentando uma linguagem própria e um conjunto de sociedades de cientistas que garante a divulgação de sua produção.

Foi por esta época que a Biologia é inaugurada. Nos laboratórios experimentais das faculdades de medicina se encontra um dos grandes redutos desta nova ciência que expressa a incumbência de fornecer subsídios à prática médica numa mistura, quase poética, de melhorias da vida humana e enriquecimento.

Fora do âmbito médico, a nova ciência já se mostrava vitoriosa no combate às últimas tentativas de explicação da velha escolástica. Mas, também, oferecia seus préstimos às doutrinas do determinismo biológico da superioridade racial (européia), em relação aos outros povos do mundo.

Atenta às condições socio-históricas da época, a Filosofia, de tradição reflexiva e especulativa, procurou estudar a Ciência Moderna, que trazia reminiscências suas e, ao mesmo tempo, se constituía de coisas novas, num contexto de novos valores. Assim, o método experimental foi analisado, bem como a estrutura teórica da ciência, procurando-se revelar a sua estrutura interna constitutiva. Esta preocupação respondeu às necessidades colocadas pelas próprias instituições que faziam a ciência da época. E, consequentemente, pelos interesses econômicos nos quais ela se inseria. É o pensamento positivista que procurou, em última instância, trazer a vitória da ciência (e da burguesia) sobre o mundo.

Outra preocupação vinda da filosofia foi o pensamento marxista, o estudo cuidadoso dos elementos que constituem as forças sociais que sustentam a nova ciência. E a demonstração de como esta reflete seus interesses e valores.

Um segmento menos comprometido com as classes dominantes se concentrou no estudo dos processos lógicos na constituição do pensamento. Era o pensamento neokantiano. Uma espécie de livre pensamento que, supostamente, paira sobre a sociedade.

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4. CAPÍTULO IV – O SÉCULO XX: AS ÁREAS ESTRUTURANTES DA BIOLOGIA

Ao longo do século XIX as condições sociais, técnicas e culturais conjunturaram-se favoráveis para a biologia, recente como ciência (a partir da teoria da evolução, teoria celular e teoria do equilíbrio interno), que se desenvolveu rapidamente em diversos ramos especializados. A preocupação biológica do século XIX se constituía num tripé de elementos: a forma, as funções e as transformações dos seres vivos; suas investigações e técnicas sustentaram as bases para grande parte da biologia moderna. Tal é o caso da biologia celular e da teoria evolutiva, que não podem ser compreendidas somente como estrapolações de suas antecedentes do século XIX, mas que encontram nelas a origem de suas discussões e metodologias (SUAREZ; BARAHONA, 1992).

Neste sentido, o objetivo do presente capítulo é apresentar um cenário, palco de questões que permitiram ou consolidaram algumas novas áreas que caracterizam a Biologia no século XX. Certo que nem todas as questões são consideradas, mas buscou-se delinear aquelas que são identificadas como estruturantes do conhecimento biológico.

4.1 O CONTEXTO HISTÓRICO

O século XX começa em paz. A Europa reluz no brilho da Belle

Époque e a ciência protagoniza uma esperança de melhores dias. A burguesia de

todo o mundo esta colhendo os dividendos de suas conquistas e a ciência é vista como o meio de se atingir o bem estar. As lutas sociais do século anterior parecem ter passado e tudo vai bem.

Era, de fato, um período favorável para a burguesia, mas, logo veio a guerra, e a ciência, como nas outras épocas, se prestou intensamente aos avanços tecnológicos da destruição a serviço do motivo de todas as guerras, os interesses econômicos. As contradições sociais, as responsáveis pela história do mundo, continuavam presentes e a ciência continuava atrelada ao capital para