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O Estágio e a formação continuada dos professores em exercício

No documento silvioivanirdecastro (páginas 44-46)

3 HISTÓRICO, CONCEPÇÕES E DESENVOLVIMENTO DO

3.2 O ESTÁGIO COMO COMPONENTE CURRICULAR: CONCEPÇÕES E

3.2.1 As diferentes concepções de Estágio

3.2.1.3 O Estágio e a formação continuada dos professores em exercício

Os profissionais das diversas áreas do conhecimento têm a necessidade de participar de palestras, seminários, congressos, cursos de formação continuada, entre outros, para se atualizarem constantemente, uma vez que podem ficar por determinados períodos distanciados das pesquisas desenvolvidas na universidade. Os profissionais do magistério não fogem a essa realidade. Logo, faz-se necessário compreender as concepções relativas à formação continuada na área da formação de professores.

Segundo Hypolitto (2000), durante os últimos vinte anos, os termos relacionados à formação continuada dos professores em exercício sofreram modificações em função do período histórico vigente: reciclagem, treinamento, aperfeiçoamento, atualização, capacitação, educação permanente, educação continuada e formação continuada. Descreveremos a seguir os apontamentos do autor para os cinco primeiros termos e apresentaremos as concepções mais contemporâneas sobre formação continuada a partir da leitura de outros autores.

O termo reciclagem surgiu na década de 1980 e era utilizado para retratar profissionais de várias áreas, inclusive da Educação e se referia aos cursos rápidos, hoje considerados descontextualizados e na maioria superficiais. Segundo Hypollito (2000) o termo está em desuso porque se refere à reciclagem de materiais usados ou não degradáveis.

Frequente, até os dias atuais, nas áreas de Recursos Humanos e da Educação, o termo treinamento é considerado por vários autores como adestramento ocupacional atribuindo ao trabalho docente características meramente técnicas, por isso é considerado inadequado. O termo aperfeiçoamento apresenta o sentido de tornar perfeito, completar ou acabar o que estava incompleto, uma ação impossível para o processo educacional uma vez que mulheres e homens podem buscar a melhoria, seja na vida ou no trabalho, mas é impossível não ocorrer falhas nos processos de ensino e aprendizagem. O termo atualização apresenta o significado de tornar atual o conhecimento do professor, considerado desatualizado em função da rotina de sala de aula. Os cursos de atualização abordam conteúdos, métodos e técnicas, mas é necessário que os profissionais estejam preparados para questionar em que medida os novos conhecimentos podem contribuir na melhoria de sua prática profissional. Hypolitto (2000) apresentou o significado de capacitação encontrado no dicionário AURÉLIO da língua portuguesa: “tornar capaz, habilitar, convencer, persuadir” e o considerou parcialmente adequado para designar as ações de formação continuada dos professores, pois

o primeiro conjunto parece-nos mais adequado, pois é preciso que os educadores se tornem capazes e adquiram condições de desempenho próprias à profissão. Porém,

pelo segundo conjunto de significados, entendemos que os educadores não devem ser persuadidos a mudar conceitos e nem convencidos de ideias, como se fizessem uma lavagem cerebral e ficassem doutrinados, para aceitar as ideias sem nenhuma crítica e/ou questionamento sobre o assunto (HYPOLITTO, 2000, p. 2).

As atuais concepções sobre a formação continuada abrem caminho para uma construção coletiva e democrática de novas propostas de trabalho, currículos e conteúdos de acordo com a realidade dos docentes, além de permitir que se oponham criticamente às proposições de projetos prontos que desconheçam suas necessidades, conhecimentos e interesses. A formação continuada deve ser realizada no espaço escolar dentro do tempo de trabalho docente, remunerado e tomando como objeto de estudo, pelo corpo docente, o próprio exercício profissional docente (PRADA, 2010).

Maldaner (2003) propõe o desenvolvimento da formação continuada dos professores da educação básica, a partir da constituição de grupos de pesquisa na escola, envolvendo os professores da educação básica e universidade, em ações sejam desenvolvidas dentro do tempo e espaço institucional, partindo das necessidades e interesses do corpo docente. De maneira que as atividades organizadas possam ser aplicadas nas salas de aula em que atuam, de forma que o projeto permita dar voz aos que desenvolvem a educação pelo seu trabalho, permitindo assim a sua qualificação:

Dar voz aos professores e seus aliados na construção do processo de melhoria educativa requer condições concretas para a sua participação em um movimento de baixo para cima, na realização de pesquisas e dos estudos sobre a prática educacional nas escolas, o que seria, na minha opinião, a forma mais sensata de qualificar os professores em exercício e de permitir a sua profissionalização. Na forma de coletivos organizados, os professores seriam convidados a refletirem e a pensarem as suas práticas atuais, a analisarem os resultados das avaliações externas – também a qualidade das avaliações –, bem como as novas condições necessárias para que possam proporcionar uma educação melhor para seus alunos (MALDANER, 2003, p. 22).

Segundo o mesmo autor, se os professores da educação básica não participarem no desenvolvimento das pesquisas educacionais, eles não serão capazes de compartilhar os seus resultados (MALDANER, 2003). Tal projeto tem como suporte o desenvolvimento do professor/pesquisador como

aquele capaz de refletir a respeito de sua prática de forma crítica, de ver sua realidade de sala de aula para além do conhecimento na ação e de responder, reflexivamente, aos problemas do dia a dia nas aulas. É o professor que explicita suas teorias tácitas, reflete sobre elas e permite que os alunos expressem o seu próprio pensamento e estabeleçam um diálogo reflexivo recíproco para que, dessa forma, o conhecimento e a cultura possam ser criados e recriados junto a cada indivíduo. É o professor/pesquisador que vê a avaliação como parte do processo e ponto de partida para novas atividades e novas tomadas de rumo em seu programa de trabalho (MALDANER, 2003, p. 30).

A proposta de Maldaner (2003) vem romper com um formato tradicional de cursos de formação continuada, organizados pelos professores formadores, sem a contribuição dos professores das escolas. O grupo de estudos indicados pelo autor poderá envolver também os estudntes da graduação e pós-graduação, integrando a formação inicial e continuada dos professores.

Para possibilitar o desenvolvimento de uma articulação entre a formação inicial e continuada dos professores através dos cursos de licenciatura, é necessária a promoção de parcerias efetivas entre as universidades e escolas que permitam o desenvolvimento de uma modalidade de Estágio denominada por Carvalho (2011) de coparticipativa, auxiliando o professor da educação básica e os alunos no desenvolvimento de algum tipo de atividade difícil de ser executado, além de formar integralmente o futuro professor (CARVALHO, 2011).

No documento silvioivanirdecastro (páginas 44-46)