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O estado da arte da temática “Avaliação de Bibliotecas” no Brasil

Um dos fóruns privilegiados para discussão da temática avaliação de bibliotecas no Brasil é, com certeza, o SNBU. Criado em 1978, este evento é considerado um dos maiores e mais importantes na área da ciência da informação no campo acadêmico brasileiro. Realizado a cada dois anos por uma Instituição de Ensino Superior, com o apoio da Comissão Brasileira de Bibliotecas Universitárias (CBBU), tem como missão discutir e debater o status quo da área e questões relacionadas ao universo das bibliotecas universitárias (CAETANO, 2012).

Em 2012 foi realizada sua 17ª edição, em Gramado, RS, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tendo como tema central “A Biblioteca Universitária como Laboratório na sociedade da informação”; as discussões foram distribuídas em torno de quatro eixos gerais: Construção e comunicação da informação; Organização, preservação e acesso à informação, Recuperação,

disseminação e uso da informação; Gestão da Biblioteca Universitária. Este último, além de abranger o planejamento, a gestão do conhecimento de pessoas, de recursos materiais e financeiros, marketing, arquitetura e segurança, também abarcava a avaliação de produtos e serviços (SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 2012).

Sobre avaliação, o evento contou com um total de nove contribuições, sendo: um minicurso voltado à Avaliação do MEC, ministrado por Miriam Queiroz Rocha; uma palestra na sessão plenária, intitulada “Avaliação de produtos e serviços”, por Nídia Lubisco; dois pôsteres, “Serviço de referência: utilização de software livre para avaliações em bibliotecas universitárias” (COSTA; ARAÚJO, 2012) e outro intitulado “Avaliação de produtos e serviços de informação” (GUIMARÃES, 2012); e as sessões orais: “Serviços ao usuário: avaliação no sistema integrado de bibliotecas da Universidade Federal de Goiás” (CRUZ- RIASCOS, 2012), “A percepção da comunidade acadêmica a respeito dos serviços da biblioteca” (CID et al., 2012), “Avaliação pós-ocupação em bibliotecas universitárias” (SILVA et al., 2012), “O uso do tablet como ferramenta inovadora para avaliação do atendimento em bibliotecas universitárias” (LIMA; LEITE, 2012) e “Avaliação do SINAES para bibliotecas universitárias: uma análise da metodologia de avaliação” (BRASIL, H. S., 2012).

Isso parece denotar que atualmente existe pouca preocupação em relação a essa temática por parte dos profissionais das bibliotecas universitárias brasileiras. Isto, principalmente, se considerarmos que o segundo SNBU, realizado pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES), em Brasília, em 1981, teve como temática central a “Avaliação do desempenho da biblioteca universitária no Brasil”, enquanto que o sétimo, realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dez anos depois, teve como tema central os “Padrões nacionais para planejamento e avaliação em bibliotecas universitárias” (SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 2012).

Se considerado o outro fórum de pesquisa da área de Ciência da Informação no Brasil, o Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB), realizado anualmente pela Associação Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ANCIB), é possível afirmar que essa demonstração de desinteresse em relação à problemática da avaliação de bibliotecas universitárias é reforçada.

Em sua última edição, a de número treze, realizada em outubro de 2012 na cidade do Rio de Janeiro, em parceria com a Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FioCruz), essa preocupação aparece no Grupo Temático 4: Gestão da informação e do conhecimento nas organizações, no qual foram apresentados apenas dois trabalhos que giravam em torno da biblioteca universitária, sendo que somente um deles versava especificamente sobre a avaliação: “Avaliação da Qualidade da Biblioteca Acadêmica: a metodologia LibQUAL+® e suas perspectivas de aplicação no Brasil” (BRITO; VERGUEIRO, 2012).

Diante do exposto, é possível afirmar que o Brasil está na contramão dos estudos sobre avaliação, já que em âmbito mundial, bibliotecários podem contar com eventos específicos, a exemplo do Northumbria International Conference on

Performance Measurement in Libraries and Information Services, o Library Assessment Conference e o International Conference on Qualitative and Quantitative Methods in Libraries.

Da mesma forma que para os eventos, foi realizado um levantamento de artigos científicos tratando da temática avaliação da biblioteca universitária. Contou- se, para isso, com a Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI) desenvolvida pelo Departamento de Ciência e Gestão da Informação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cujo objetivo “é subsidiar estudos e propostas na área de Ciência da Informação, fundamentando-se em atividades planejadas institucionalmente” (BASE DE DADOS REFERENCIAIS DE ARTIGOS DE PERIÓDICOS EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, c2009-2012).

Considerando-se o período de 2010 a 2012 e a palavra-chave Avaliação, foram obtidos 24 resultados, sendo que apenas dois dos artigos tinham como enfoque a avaliação de serviços e produtos de bibliotecas universitárias. Foram eles: “Análise envoltória de dados na gestão do desempenho de bibliotecas universitárias: o caso de uma IFES no Rio de Janeiro” (CARVALHO et al., 2011) e “Perspectivas para o marketing de relacionamento na biblioteca central da Universidade Federal de Mato Grosso” (GUSMÃO et al., 2011).

Assim, pode-se observar que tampouco na academia brasileira o tema avaliação de bibliotecas universitárias vem sendo objeto de ampla discussão em um dos principais canais de comunicação científica: os periódicos. Novamente, pode-se constatar um antagonismo diante do cenário internacional, que além de contar com

ao menos um título específico para os assuntos de avaliação, tem espaço garantido em periódicos relacionados à gestão e os dedicados às bibliotecas universitárias, como o Performance Measurement and Metrics, Library Management e The Journal

of Academic Librarianship, respectivamente.