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4 PROFISSIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL DA REGIÃO METROPOLITANA DE

4.1 O Futebol da Região Metropolitana de Fortaleza

Conforme Nirez de Azevedo (2002) em História do campeonato cearense de futebol, o esporte em pauta de origem bretã chegou à Fortaleza no ano de 1903 por ocasião da excursão de um grupo de pebolistas europeus que objetivavam divulgar o novo esporte através de uma

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SILVA, José Borzacchiello da; CAVALCANTE, Tércia Correia. Atlas Escolar, Ceará: espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa: GRFSET, 2000.

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47 temporada internacional. Na escala em Fortaleza, antes da chegada ao sul do país onde ocorreriam de fato as partidas, organizou-se a apresentação. Em 1904, outros jogos foram realizados de acordo com a disposição de tripulantes e passageiros de naus europeias para divulgarem o foot ball. Nesse mesmo ano, realizou-se a primeira partida entre visitantes estrangeiros e jovens cearenses advindos da elite local no Passeio Público no dia 24 de dezembro.

O futebol cearense, a exemplo do brasileiro, segundo Pinto (2007, p.43 - 44) “nasce no interstício do mundo fidalgo e do mundo do trabalho”, uma vez que a falta de jogadores profissionais motivava a conglomeração de trabalhadores braçais e funcionários de empresas britânicas instaladas no país. Desse modo, deu-se o primeiro “match” entre trabalhadores braçais do porto ou marujos a maior parte de origem inglesa contra filhos da classe abastada cearense. Ainda para Pinto a respeito desse jogo:

[...] o que não pode ser registrado, mas provavelmente ocorreu, foi a felicidade da diversão, o jogar por jogar, além de se fazer parte de um esporte nascido no modelo de civilização europeia. Assim, os citadinos abastados começavam a acreditar que estavam dentro do trem do progresso, em melhores condições do que os outros na cidade que ainda não tinham embarcado naquela novidade, assim como inocentemente, davam o primeiro pontapé para a proliferação do futebol proletariado. (PINTO, 2007, p. 45)

A elite local necessitava divulgar o novo esporte para poder contar com um maior número de adeptos, por isso aceitou até um determinado momento, conforme Pinto (2007) a interação entre classes sociais distintas. Os jogos praticados nas calçadas, sobretudo pelas crianças nas primeiras décadas do século XX, geraram dois vetores relacionados à bola, um referente às classes altas e outro direcionado às subalternas: os mais favorecidos passaram a praticar o esporte em clubes fechados sob elogios dos jornais, já os menos favorecidos jogavam nas ruas das periferias e sofriam severas críticas da mídia por interromperem o tráfego de pessoas e promoverem a desordem. Pinto (2007, p.53) salienta que o futebol introduzido pelos “filhos ilustres” de Fortaleza conviveu desde o início com as classes subalternas e nessa convivência o foot ball tornou-se futebol e na década de 20 “passou a ser expressão dos grupos excluídos sociais.”

Antes disso, porém o futebol era concebido sob o signo do elitismo. Prova disso é a formação em 1915 do primeiro campeonato organizado pela Liga Metropolitana Cearense de Futebol que, a despeito de um grande número de times existentes na cidade, apenas

48 selecionou quatro – Ceará, Maranguape, Rio Negro e Stella – formados por jovens ricos. Posteriormente, o Rio muda seu nome para Ceará Sporting Club e o Stela para Fortaleza Esporte Clube. Em 1920, a Associação Desportiva Cearense, atual Federação Cearense de Futebol, organiza o primeiro Campeonato Cearense de Futebol e mantém o caráter segregacionista, como comprova o artigo 4º da ata da fundação da referida instituição que informa que times suburbanos da capital não poderiam pertencer à série A, apenas à B ou C mediante pagamento de ingresso à entidade, conforme Pinto (2007, p. 65). Em outras palavras, o time podia filiar-se, mas já está classificado antes mesmo da inscrição por meio de critérios excludentes e não técnicos. Tal configuração facilitava a manutenção do status quo desportivo através da hierarquização de classes na formação das divisões.

Na década de 1930, o debate sobre a profissionalização do esporte ganhou força haja vista sua popularização. Assim, na Associação Desportiva Cearense são admitidos três times oriundos do proletariado Ferroviário (formado por trabalhadores da Rede de Viação Cearense), Tramways (formado por funcionários da Ceará Tramways Light Co. – empresa fornecedora de eletricidade, também possuía linhas de bondes e ônibus) e Sem Rival (formado por associados da Sociedade Phoenix Caixeiral – congregava caixeiros). Na década de 1940, outra mudança significativa ocorre – a vitória de times de trabalhadores sobre os da elite. Nestes termos, em 1940, o Tramways ganha o campeonato cearense e o Ferroviário, em 1945, repete tal façanha.

Nas décadas seguintes, o futebol cearense sofreu outras alterações em 1941 a associação Cearense de Futebol(ADC) passou a se chamar Federação Cearense de Desportos (FCD) por decreto pelo presidente Getulio Vargas. Em 22 de novembro de 1972 transformou- se em Federação Cearense de Futebol (FCF), substituindo os critérios de classificação antigos baseados na origem social por outros de foro técnico. Atualmente, o futebol cearense profissional estrutura-se em três séries, antigas divisões, A, B e C. Segue no quadro 4 referente à Série A, antes denominada primeira divisão.

49 Quadro 4 - Clubes de Futebol Cearenses Profissionais Pertencentes à 1ª Divisão.

Nome Completo Nome Fundação

Associação Desportiva Recreativa Cultural Icasa Icasa 07/01/2002

Associação Esportiva Tiradentes Tiradentes 15/09/1961

Ceará Sporting Club Ceará 02/06/1914

Crato Esporte Clube Crato 19/11/1997

Ferroviário Atlético Clube Ferroviário 09/05/1933

Fortaleza Esporte Clube Fortaleza 18/10/1918

Guarani Esporte Clube Guarani (J) 10/04/1941

Guarany Sporting Club Guarany (S) 02/07/1937

Horizonte Futebol Clube Horizonte 27/03/2004

Itapipoca Esporte Clube Itapipoca 20/12/1993

Quixadá Futebol Clube Quixadá 27/10/1965

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014)

Os times hachurados pertencem à região metropolitana de Fortaleza, ao todo são cinco clubes num universo de 11. Esta ampla maioria pode ser creditada, entre outros, ao fator econômico que interfere diretamente no desempenho dos clubes, uma vez que tendem a contar com maiores recursos para treinamento e pagamento dos melhores atletas. Dentre os 16 municípios componentes da RMF, cinco estão na Série A, desse modo, procede-se a mais um recorte temático neste trabalho, ao verificar o desempenho dos referidos clubes pertencentes a Serie A. A título de ilustração, segue o quadros 5 e quadro 6 que cita os times das séries B e C.

50 Quadro 5 - Clubes de Futebol Cearenses Profissionais Pertencentes à Série B.

Nome Completo Nome Fundação

América FootBall Club América 11/11/1920

Associação Desportiva Arsenal de Caridade Arsenal 17/05/2007

Associação Desportiva Iguatu Iguatu 11/03/2010

Associação Desportiva São Benedito São Benedito 20/01/2005

Associação Nova Russas Esporte Clube Nova Russas 17/05/2008

Associação Trairiense de Futebol Trairiense 04/04/2004

Associação dos Desportistas de Pacatuba Pacatuba 15/03/2006

Barbalha Futebol Clube Barbalha 01/02/2002

Crateús Esporte Clube Crateús 01/02/2001

Maracanã Esporte Clube Maracanã 31/01/2005

Maranguape Futebol Clube Maranguape 17/11/1997

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014)

Quadro 6 - Clubes de Futebol Cearenses Profissionais Pertencentes à Série C.

Nome Completo Nome Fundação

Aliança Atlética Futebol Clube Aliança 27/03/2008

Associação Desportiva Limoeiro Futebol Clube Limoeiro 01/02/2001

Boa Viagem Esporte Clube Boa Viagem 22/12/1999

Calouros do Ar Futebol Clube Calouros do Ar 01/01/1952

Caucaia Esporte Clube Caucaia 16/04/2004

Centro Esportivo Morada Nova Morada Nova 26/03/2005

Eusébio Esporte Clube Eusébio 01/01/2005

Itarema Esporte Club Itarema 12/12/2012

Jardim Sport Clube Jardim 06/06/2006

Juazeiro Empreendimentos Esportivos Juazeiro 12/10/1998

Paracuru Atlético Clube Paracuru 12/06/2008

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Sport Club Maguary Maguary 13/01/2009

Uniclinic Atlético Clube Uniclinic 07/03/1997

Uruburetama Futebol Clube Uruburetama 12/02/1994

Fonte: http:// www.futebolcearense.com.br (2014)

Sobre a Série B, dos onze clubes pertencentes, quatro são da RMF; já a Série C computa quinze agremiações esportivas e destas seis são da RMF. Nestas séries, a supremacia da presença da RMF não se confirma, uma vez que o interior do estado comparece de maneira mais forte. Voltando ao escopo de nosso trabalho, veremos no próximo tópico o desempenho dos times da RMF no exercício dos anos 2008 a 2013.

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