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3 SEÇÃO OS DISCURSOS DOS PRESIDENTES DA PROVÍNCIA DO

3.4 O governo do presidente José Pereira da Graça

O Dr. José Pereira da Graça (Barão de Aracati) nasceu no Ceará em 1812. Ingressou na Faculdade de Direito de Olinda e recebeu o título de bacharel em 1834. Foi juiz de Direito na cidade de Icó e deputado estadual em diversas legislaturas. Administrou a província do Maranhão no período de 1870 – 1876 de forma intermitente, tornando-se notável por sua moderação, zelo e economia (PORTAL..., 2015).

No relatório propunha a melhoria da instrução primária e secundária com o princípio da obrigatoriedade escolar, por meio da criação de aulas noturnas de primeiras letras para alfabetizar os adultos da capital, e abriu concurso para o provimento de cadeiras docentes do ensino secundário. Nos relatórios essas informações se repetem a cada mandato

presidencial, como se fossem promessas. Nesse sentido, defendia que se os professores não eram os responsáveis pelo precário funcionamento das escolas de instrução pública62; então, a relação se daria pelas Escolas Normais, propiciando o saber, das normas e técnicas necessárias à formação e qualificação dos professores e, por conseguinte, um melhor desempenho nas atividades nas salas de aula.

Quadro 5 – Relatórios de Frederico José Pereira da Graça

PERÍODO CATEGORIAS

INSTRUÇÃO PÚBLICA 21/10/1870

a 28/10/1870

A instrução pública tanto primária quanto secundária melhorou muito, ainda ressente-se de muitas lacunas e defeitos. Um grande esforço, um sacrifício, é necessário para colocar o nosso país nas vias do progresso.

22/02/1875 a 16/06/1875

O regulamento de 1874, pela lei n. 1,091 de 17 de julho de 1874, reformou a instrução primaria e secundaria.

29/08/1871 a 14/10/1871

INSTRUÇÃO PRIMÁRIA

-Dá-se em toda a Província 136 escolas de ensino primário. O total da população que frequentava as escolas do ensino primário público e particular foram de 5.661 indivíduos.

-Nomeei as cadeiras de primeiras letras para o Turú e na freguesia de S. Batista de Vinhaes.

29/04/1872 a 29/06/1872

-Acham-se em concurso as cadeiras de primeiras letras do sexo feminino da cidade de Turiaçu, e do sexo masculino da Vila da Manga.

-Contratação de professor interino para reger a cadeira pública do sexo masculino de primeiras letras da freguesia da Nossa Senhora da Vitória nomeei Marcelino B. Ferreira Rabelo em 4 de novembro.

-Tendo sido aprovada plenamente no exame público que fez Etelvina Filomena M de Azevedo, nomeei-a para o lugar de substituta das professoras públicas de primeiras letras da capital. -Concedi permissão para nomear interinamente José Silvestre de Jesus e Joaquim R. Cirilo para

alunos de sexo masculino na Capital e vila do Rosário.

29/04/1872 a 29/06/1872

-Conta a província 117 cadeiras públicas de instrução primária, sendo 73 para o sexo masculino e 44 para o feminino; algumas deixaram de funcionar.

-As leis 929 de 23 de maio e 936 de 27 de maio e 992 de 8 de julho de 1871[...].

-As aulas públicas de instrução foram frequentadas por 4.617 alunos, sendo 3.454 do sexo masculino e feminino 1.163.

-Há nesta província 10 aulas noturnas para adultos frequentadas por 472 alunos.

-Devo fazer aqui especial menção de um externato fundado pela Sociedade Onze de Agosto para adultos. [...] foram criados as seguintes aulas noturnas: Gramática geral, Aritmética, Geometria, Desenho e o Francês.

-CASAS PARA ESCOLA: Não tem as escolas públicas casas próprias onde funcionem. Do patriotismo de alguns cidadãos obtive a soma de 22:069$886 reis, para a construção de um prédio, onde funcionassem as aulas da Onze de Agosto, e fossem estabelecidos um museu de História Natural da província e a Biblioteca Pública.

06/11/1872 a 03/03/1873

-Acham-se em concurso as cadeiras de primeiras letras do sexo feminino da cidade de Turiaçu e do masculino da vila da Manga. Acham-se vagas cadeiras de São Luís Gonzaga, São José de Matões, Santa Teresa do Imperatriz e do Riachão.

Fonte: Relatório do Presidente da Província do Maranhão- José Pereira da Graça-1870; 1872; 1873; Falla de 08/06/1875; Falla-mensagem-1876.

No seu relatório, afirma que a população matriculada nas escolas públicas e particulares era de 5.661 indivíduos. Calculada a população total da Província, nesta década de 1875, em 335.325 habitantes. Segundo os dados de Barroso (1867, p. 35) analisados por

62 O Mapa da receita e da despesa da instrução pública das províncias mostra o destaque do Maranhão com o orçamento de investimento de 30,8% na instrução no período de 1872 - 1874 (ANEXO B desta dissertação).

Castellanos (2012), é discrepante a proporção de crianças que não frequentavam as aulas de primeiras letras no Maranhão; “não recebia instrução uma média de 41.137” pessoas. Logo, o princípio da obrigatoriedade não era cumprido, perdurando a infrequência de crianças em idade escolar fora das salas de aula, principalmente no interior da província.

O aprendizado obrigatório era medida necessária porque para que a instrução ser fosse eficaz não bastava haver escolas em toda a parte; alguns pais se descuidavam do dever de mandar instruir seus filhos, outros por serem pobres não podiam apresentar os meninos e as meninas decentemente vestidos nas escolas (OLIVEIRA, 2003, p.70). Ou seja, a Província não contava com os recursos necessários, seja em relação à quantidade de escolas públicas, seja com o professorado devidamente habilitado. Além disso, muitas das crianças em idade escolar com moradia fora da cidade habitavam em lugares longínquos das escolas, e acolher essa fatia da população nunca deixou de ser um problema para a organização escolar do Maranhão na segunda metade do século XIX, na média em que, o Dr. Pereira da Graça alegava o trabalho da lavoura e o ciclo da colheita no território maranhense como uns dos motivos do impedimento das crianças às aulas das primeiras letras, principalmente no período de plantação/colheita, pois as famílias não tinham consciência sobre a importância da instrução para seus filhos.