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O grupo-alvo: “Os descobridores da ilha das letras”

CAPÍTULO III – “A ILHA DAS LETRAS”: DETALHES DO PROJETO DE INVESTIGAÇÃO-

1.2. Metodologia de investigação

1.3.3. O grupo-alvo: “Os descobridores da ilha das letras”

Desde o início da idealização do projeto e das sessões que iriam compor o mesmo que, em díade, achámos por bem selecionar um grupo de crianças, que seria o nosso grupo-alvo e com o qual realizaríamos as sessões, analisando posteriormente os dados recolhidos. Tivemos esta ideia devido ao facto do grupo de crianças ser um grupo muito diversificado em relação à idade e interesses. Neste sentido, pensámos inicialmente em realizar um sorteio para que pudéssemos escolher as crianças que participariam nas sessões do projeto. Demovemo-nos desta ideia quando, após a planificação de todas as sessões e com um olhar mais global sobre o projeto, percebemos que as sessões não se enquadravam, ou seja, não estavam adaptadas para as crianças de 3 anos de idade, tal como o tema (emergência da escrita), devido a serem crianças ainda muito novas. Neste sentido, e devido a algumas crianças de 5 anos de idade, por vezes, apresentarem níveis de implicação um pouco baixos e alguma falta de interesse em realizar as atividades propostas ao longo do dia, em díade, chegámos a um consenso – realizar as sessões do projeto com o grupo de crianças de 4 anos de idade (6 crianças). Foi com esta ideia que demos início ao projeto, ou seja, que concretizámos a sessão 1. No decorrer desta sessão, quando começámos a explorar oralmente a história narrada, algumas crianças começaram a dispersar e a perturbar o resto do grupo. Neste sentido, a educadora de infância achou por bem retirar da biblioteca e levar consigo para a sala as crianças que não estivessem a demonstrar respeito pelo que estava a ser explorado. Acabaram por ficar na biblioteca apenas 9 crianças. Assim, ficámos na biblioteca com um grupo diferente do grupo que tínhamos pensado para grupo-alvo e, visto que dele fizeram parte as crianças que se encontravam mais atentas e entusiasmadas com a sessão, decidimos

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perguntar-lhes se queriam ser elas o grupo dos “descobridores da ilha das letras”. As crianças responderam afirmativamente e, assim, surgiu o grupo-alvo com o qual, efetivamente concretizámos o nosso projeto.

Torna-se importante referir que, apesar de na altura em que ficámos com o referido grupo de crianças na biblioteca, sem a maioria das crianças que tínhamos pensado para grupo de controlo, olhámos uma para a outra e pensámos “e agora?”. No entanto, penso que esta situação, apesar de ter sido um imprevisto, demonstrou ser uma mais-valia. As crianças que integraram o grupo-alvo fizeram-no por vontade própria, o que, sem dúvida, as motivou e implicou mais. Tivemos algumas surpresas bastante agradáveis com algumas crianças, que foram demonstrando, no desenrolar das sessões, uma implicação crescente e muita vontade em descobrir.

Assim, o grupo-alvo era constituído por 9 crianças, 5 meninas e 4 meninos, sendo que todas as crianças tinham 5 anos de idade, menos uma das meninas que tinha 4 anos. Estas crianças eram todas residentes no concelho de Ílhavo e uma delas era de etnia cigana. No entanto, para a análise dos dados a realizar no capítulo seguinte, será apenas tida em conta a participação de 8 crianças, visto que uma delas faltou a várias sessões do projeto, devido ao facto de ter de sair mais cedo do jardim-de-infância.

Torna-se importante realizar uma análise mais individualizada do grupo-alvo, sendo que esta será referida com nomes fictícios de modo a preservar a identidade das crianças. O Baltasar sempre demonstrou ser uma criança meiga, tranquila, simpática e sociável, revelando prazer em participar e dar sugestões acerca das atividades. Em diálogo com o grupo, demonstrava quase sempre uma atitude assertiva e em situações de injustiça revelou ser capaz de opinar de forma coerente.

Relativamente à criança identificada como Beatriz, esta revelou ser uma criança simpática, bem-disposta, alegre, meiga, sociável e muito comunicativa. Demonstrou quase sempre prazer e entusiasmo em participar nas atividades propostas, sendo assim possível afirmar que era uma criança interessada. Por vezes, demonstrou alguma fragilidade na parte da manhã, mais especificamente no acolhimento (choro), necessitando de apoio do adulto.

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A criança identificada como Catarina, durante o tempo de estágio, revelou-se uma criança simpática, alegre, sociável, tranquila, carinhosa e comunicativa. Esta criança apresentava algumas dificuldades na fala, o que, no entanto, nunca a impediu de se expressar. Tal como as crianças referidas anteriormente, demonstrou quase sempre interesse em realizar as atividades propostas, revelando sempre um comportamento muito adequado às situações, por exemplo, respeitando sempre as regras.

A criança identificada como Gonçalo revelou ser uma criança bem-disposta, alegre, sociável, sendo visível um grande à vontade na comunicação em grupo. Por vezes, revelou ser uma criança com dificuldades em acatar o que lhe era pedido, medindo forças connosco de forma a testar os nossos limites.

A criança identificada como Luís, ao longo do período de estágio, revelou sempre ser uma criança simpática, bem-disposta, alegre, tranquila e comunicativa, sendo que quando intervinha o fazia de forma coerente. A criança demonstrava gostar de conversar, dar sugestões e de participar nas atividades propostas, porém quando a atividade exigia uma maior concentração tendia a dispersar, mudando de atividade, mostrando preferência por atividades ao ar livre. Esta foi a criança que, durante o desenrolar do projeto, mais nos surpreendeu devido à sua participação nas atividades e ao empenho que demonstrava.

A criança identificada como Marta demonstrou sempre ser simpática, bem- disposta, comunicativa e expressiva. Era uma criança respeitadora das regras da sala de aula mas, por vezes, tendia a fazer “birras” de forma a alcançar algo que desejava e não lhe era permitido realizar. Revelou quase sempre vontade de participar nas atividades propostas.

A criança identificada como Raquel revelou ser uma criança simpática, tranquila, pouco comunicativa e um pouco tímida, não se dando muito a conhecer. Normalmente participava nas atividades, notando-se uma maior retração quando as atividades realizadas envolviam o grande grupo. Revelou sempre ser uma criança bem comportada e respeitadora das regras da sala.

Por fim e, relativamente à criança identificada como Tânia, esta revelou ser uma criança simpática, bem-disposta, um pouco tímida e pouco comunicativa. Era notório que

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em grande grupo não se sentia muito à vontade para partilhar o que sentia e pensava, sendo que, em algumas atividades, preferia não participar, adotando assim uma postura reservada. Demonstrou ser uma criança com tendência a resistir ao que lhe era solicitado, sendo necessário por vezes o apoio e intervenção do adulto.

Depois de conhecermos o grupo de crianças participantes no projeto “A ilha das letras”, importa conhecer as várias sessões do projeto realizadas com o grupo, o que faremos no próximo tópico.

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