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O III Plano Nacional de Desenvolvimento (lIl PND)

2. ESTADO E PLANEJAMENTO NO BRASIL

2.2 Os planos governamentais ao longo do século XX

2.2.10 O III Plano Nacional de Desenvolvimento (lIl PND)

Depois da euforia do “milagre econômico” e do relativo sucesso do II PND, chega ao fim o Governo Geisel, o qual indica o General João Batista de Oliveira Figueiredo, ex-chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações), para o cargo de Presidente. Vencida a eleição indireta no Colégio Eleitoral, o Presidente Figueiredo toma posse em 15 de março de 1979. Tentando dar continuidade ao sucesso dos planos anteriores, o novo governo através da sua equipe econômica apresenta o III Plano Nacional de Desenvolvimento - o III PND, implementado para cobrir o período 1980-1985.

Apesar da crise internacional provocada pelo segundo choque do preço do petróleo no mercado internacional, em 1979, que atingiu violentamente a economia brasileira, refletindo no aumento da dívida externa – deve-se ressaltar que para manter os níveis de investimentos ao longo do II PND, o Brasil teve que recorrer aos empréstimos externos, fazendo a dívida crescer mais rapidamente - na queda do ritmo de investimentos, na diminuição da demanda, no racionamento dos combustíveis e no aumento da pressão inflacionária, o governo insiste em lançar o III PND, objetivando sustentar o ritmo do plano anterior de se manter um crescimento acelerado.

O III PND buscava continuar o desenvolvimento econômico, porém com equilíbrio nas contas públicas, tentando controlar o déficit fiscal e a inflação que ameaçava fugir do controle. De acordo com Souza (2004), o III PND, para o período 1980-1985, foi formulado em uma conjuntura de turbulências econômicas na balança de pagamentos, pressões sobre alta de preços, pagamento da dívida externa e níveis crescentes de desemprego. Não destoando dos Planos Nacionais de Desenvolvimento imediatamente anteriores, em relação às estratégias que deveriam ser montadas, de acordo com Rezende (2009), o III PND apontava para a necessidade de aumentar a competitividade da indústria e da agricultura brasileira, melhorar a qualidade da educação e das demais políticas sociais para assim reduzir as disparidades sociais e no caso da infraestrutura, concentrar esforços na área energética.

Em relação a energia o plano deu continuidade ao Programa de Desenvolvimento do Álcool (PROALCOOL), visando intensificar a produção deste combustível, para assim diminuir a dependência externa do petróleo, pois o preço deste produto pesava muito na inflação. Além disso, com o Programa do Álcool, o governo tinha

por objetivo não ficar refém dos países da OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

Contudo, apesar do esforço do governo em manter o ritmo de crescimento da década de 1970, a crise econômica mundial que coincidiu com o início deste governo, trouxe consigo a recessão e a alta inflacionária, impedindo a retomada do crescimento econômico. Diante das dificuldades impostas o III PND, na prática, não saiu do papel. Conforme Rezende (2009), a rigor o III PND não chegou a ser executado, pois o agravamento da crise externa jogou o país em uma depressão da qual só começou a sair em 1984 em função da recuperação da economia mundial.

2.2.11 O I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República (1986-1990)

Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral elege Tancredo de Almeida Neves, o novo Presidente da República. Em março do mesmo ano, o país volta ao regime democrático, após um período de 21 anos sob o regime militar. Com o internamento às pressas do Presidente Tancredo Neves, assume provisoriamente o Vice José Sarney que, em abril do mesmo, ano torna-se definitivamente o novo Presidente da República. Com a volta à normalidade democrática, dando continuidade à política de planejamento governamental, foi lançado o I PND da Nova República, assim denominado para diferenciar dos planos anteriores marcados pelos governos militares. O Plano enfatizava a necessidade de viabilizar mudanças sociais, de modo que preparasse o Brasil para associar o crescimento econômico, para o qual se estabelecia uma média anual de 7% no período, à distribuição da renda e da riqueza, levando à erradicação da pobreza (REZENDE, 2009).

Da mesma forma que o III PND (do regime militar), o I PND da Nova República, não chegou a ser executado, não saindo do papel, pois durante o Governo Sarney, os planos econômicos se assemelhavam mais a pacotes econômicos. Os que chegaram a ser implantados visavam o controle do déficit público e da inflação, com congelamento dos preços e salários, o controle artificial do câmbio e uma reforma monetária, a fim de estabilizar a economia. Essa foi a tônica dos Planos Cruzado I e Cruzado II, Plano Bresser e Plano Verão.

Apesar da euforia inicial, sobretudo com o Plano Cruzado I, nenhum desses planos chegou a obter sucesso. O fracasso dos diversos planos econômicos para controlar a

inflação agravou ainda mais a já conturbada situação política, econômica e social. Conforme Ricardo (2009) é a partir desse momento, que o Estado passa a ser questionado, criticado e apontado como o grande vilão da crise financeira, que vinha sendo diagnosticada desde fins da década de 1970 e início dos anos 80.

Ainda no Governo Sarney, foi promulgada a Constituição de 1988, que institui o Plano Plurianual (PPA), que passava a substituir os Planos Nacionais de Desenvolvimento, como o principal instrumento de planejamento de médio prazo no sistema governamental brasileiro.Cada PPA deveria conter diretrizes para a organização e execução dos orçamentos anuais e, consoante uma prática já iniciada pelos governos militares, a vigência de um plano deve começar no segundo ano de um governo e findar no primeiro ano do mandato seguinte, com o objetivo explícito de permitir a continuidade do planejamento governamental e das ações públicas. (ALMEIDA, 2004).

2.2.12 O Plano Brasil Novo (Plano Collor)

No final do Governo Sarney é realizada eleição direta para Presidente da República, em dois turnos, saindo vencedor o candidato Fernando Collor de Melo. No mês que antecedeu sua posse em 15 de março de 1990, a inflação atingiu a marca dos 84%. A conjuntura na década de 1990, determinada pelo predomínio da ideologia neoliberal instrumentalizada pela globalização, redirecionou a atuação do Estado para a manutenção da estabilidade econômica, ou seja, controle da inflação, redução dos gastos públicos sociais, bem como manter-se adimplente com os compromissos da dívida pública (RICARDO, 2009).

Com um discurso de enxugamento da administração, a equipe econômica do Presidente Collor, liderada pela Ministra da Economia, Zélia Cardoso de Melo, apresenta um plano de estabilização monetária: Plano Brasil novo, mais conhecido como o Plano Collor, que lança uma nova reforma monetária juntamente com um confisco de todas as aplicações financeiras e um limite nos saques das contas bancárias. Além disso, descumprindo o disposto na Constituição Federal de 1988, o Governo Collor de Mello não deu importância a elaboração do Plano Plurianual, que foi elaborado apenas por mera formalidade e deveria cobrir o período 1991-1995.

Este governo foi marcado pela implantação das ideias neoliberais, tais como abertura da economia ao capital externo, quedas das taxas alfandegárias, facilitando as importações, e o Programa Nacional de Desestatização, mais conhecido como PND. Deve-se ressaltar que desrespeitando o planejamento governamental, o governo extinguiu os Ministérios do Planejamento, Fazenda, e Indústria e Comércio, juntando-os no recém-criado Ministério da Economia. Com isso a função de planejar foi delegada a uma secretaria de menor importância.

Com o governo Collor atendendo a agenda neoliberal, o Brasil dá início ao processo de desmonte e desorganização do aparelho estatal. Conforme as palavras de Rezende (2009) em menos de dois anos, as mudanças administrativas empreendidas no alvorecer dos anos 1990 destruíram uma estrutura de planejamento que embora já estivesse fragilizada, ainda preservava elementos básicos que poderiam permitir uma recuperação mais fácil.

No transcorrer do terceiro ano do seu mandato, o Presidente Collor sofre um processo de impeachment pelo Congresso Nacional. Com o seu afastamento assume o vice- presidente Itamar Franco, que procura dar uma maior importância ao planejamento, sem conseguir êxito, em parte devido à crise fiscal do Estado. Assim, concentra-se em lançar um plano econômico de estabilização monetária: o Plano Real, cujo ministro responsável, Fernando Henrique Cardoso, vem a se tornar o novo presidente da República entre os anos 1995-2002.