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O início da distribuição de energia eléctrica pela UEP

2. Os investimentos no sector energético na região do Porto

1.4. O início da distribuição de energia eléctrica pela UEP

Em 1922, a UEP inicia o transporte em alta tensão através de uma rede que liga a Central do Lindoso a Vila Nova de Gaia. A sua Administração, reunida a 28 de Fevereiro analisa os pedidos, quase todos de industriais, que solicitam o fornecimento de energia eléctrica. Estes pedidos dão garantias ao investimento em curso, tanto mais que a administração chega mesmo a referir que estes pedidos “…demonstram serem de

natureza a deixarem antever um futuro desafogado e prospero para UEP pela margem de receitas a realizar.”168

No Porto, nos inícios da década de 20, decorrem por conta desta empresa várias outras obras, nomeadamente, a instalação das principais linhas de abastecimento a Gaia, Matosinhos, Crestuma e alguns ramais complementares estão intensamente em construção. Será, também, nesta data que se faz a instalação do posto de transformação de Gaia e serão instalados “…os ramais para a Companhia de Carris de Contumil e

Telheira169. Neste mesmo ano quando se referem às Concessões Administrativas afirmam: “…esperamos, confiadamente, o deferimento, num curto prazo do pedido,

pendente das instâncias competentes da licença para estabelecimento da rede subterrânea de alta tensão na cidade do Porto, o que nos permitirá satisfazer e atingir, mais do que os nossos objectivos socais e financeiros, os inauferíveis direitos da industria citadina, hoje intibiada por uma força motriz deficiente e incerta”170.

No ano seguinte, a UEP obtêm do governo a aprovação para avançar com a rede subterrânea do Porto e continuam a montagem das redes aéreas. Simultaneamente, realiza o prolongamento da linha transportadora a 15 000 Volts, do Porto a Espinho, estando, igualmente, em construção a linha para a Foz, Ermesinde e outras que “…esperamos em breve ver utilizadas pelos clientes que, para o efeito estão

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Arquivo Histórico - Museu da Electricidade/Fundação EDP - Acta do Conselho de Administração de

Fevereiro de 1922. Fundo UEP 169

UNIÃO ELÉCTRICA PORTUGUESA - Relatório e Contas da Gerência da UEP: ano de 1922. Porto: UEP, 1923, p.4 .

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UNIÃO ELÉCTRICA PORTUGUESA - Relatório e Contas da Gerência da UEP: ano1922. Porto: UEP, 1923, p, 3.

transformando os mecanismos produtores ou receptores da força para as suas industrias.”171

Em 1924, a UEP elege a Câmara e a Companhia de Carris do Porto como sendo os seus principais clientes no Concelho e no ano de 1925, estende a rede de abastecimento de electricidade, iluminando novas zonas como a Senhora da Hora, Granja e Aguda e ainda Areosa, Pedrouços, Ermesinde, Rio Tinto, Valbom, Miramar, Francelos, Valadares, Vilar do Paraíso e outras localidades que se encontram no percursos das linhas já estabelecidas. Através do relatório deste ano, somos informados do bom andamento dos negócios e como a empresa está a recolher grandes proveitos prevendo realizar mais investimentos, a muito curto prazo. Assim, afirmam que “…os

resultados obtidos, confirmando as nossas previsões, mostram claramente a aceitação cada vez maior da nossa energia; a pouco e pouco a indústria convence-se das vantagens que lhe proporcionamos, quer sob o ponto de vista económico, quer sob o ponto de vista técnico”. E continua: “durante ao ano findo a venda aumentou 23% em relação aos anos anteriores por se terem ligado à nossa rede novos clientes”.172

No Porto, a utilização da energia eléctrica é um recurso fundamental, não só para a iluminação pública, mas também para o seu tecido económico e muitas indústrias dependem dela. Consciente e pressionada pelos utilizadores, a Câmara Municipal do Porto assina a concessão de distribuição de energia eléctrica com a Sociedade Anónima União Eléctrica Portuguesa – UEP, em 1923.

Não será apenas o Porto a desejar estabelecer esta relação com a UEP, também o Concelho de Matosinhos manifesta, em 1923, o seu interesse no abastecimento de energia eléctrica e, na acta da administração, é referido que “…a situação relativa ao

abastecimento de electricidade a Matosinhos deve esclarecer as condições do concurso que será aberto pela Câmara de Matosinhos e o Conselho atendendo às circunstâncias especiais desse concurso resolve em principio fornecer corrente eléctrica ao Senhor Manuel Pinto de Azevedo ou ao seu grupo que dispõe de reserva térmica, em condições iguais às estabelecidas para Câmara de Gaia para fornecimento de energia para

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UNIÃO ELÉCTRICA PORTUGUESA - Relatório e Contas da Gerência da UEP: ano 1923, Porto: UEP, 1924, p.4. .

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UNIÂO ELÉCTRICA PORTUGUESA - Relatório e Contas da Gerência da UEP: ano 1925. Porto: UEP, 1926, p.2- 3.

iluminação particular e força motriz até 10 Kilowatts e excepcionalmente até 30 kW se tal fosse julgada conveniente”.173

Este pedido de fornecimento de energia eléctrica permite-nos concluir que o grupo empresarial de Manuel Pinto de Azevedo tem, nesta data, uma posição especial o que permitirá realizar um acordo ao nível do realizado com o município de Gaia, permitindo-lhe obter de energia eléctrica para uso industrial. Será, também, a sua Fábrica de Tecidos na Areosa, o primeiro consumidor industrial no Porto, ligado a 18 de Setembro de 1922. Aqui será afixada uma placa comemorativa onde se escreveu

“NESTA DATA E NESTA FÁBRICA SE UTILIZOU PELA PRIMEIRA VEZ NO PORTO ENERGIA HIDRO-ELECTRICA PARA FORÇA MOTRIZ E ILUMINAÇÃO. FOI FORNECIDA PELA UNIÃO ELÉCTRICA PORTUGUESA DAS QUEDAS DO LINDOSO (LIMA)”.

A actividade da UEP rapidamente se estendeu a outros concelhos. Assim em 1927, a UEP ganha o concurso para abastecimento de energia eléctrica à cidade de Coimbra e a 27 de Julho do mesmo ano era publicado no Diário do governo, “…o decreto e

caderno de encargos relativos à concessão de uma distribuição eléctrica entre as cidades do Porto e Coimbra, através de uma linha de transporte á tensão de 60.000 volts em Avanca e Mogofores e outros que se viessem a estabelecer na zona de passagem da linha, abrangendo os concelhos de Vila Nova de Gaia, Espinho, Feira, Castelo de Paiva, Arouca, Albergaria-a-velha, S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Estarreja, Cinfães, Ovar,”174 entre outros.

A UEP ganha o concurso da concessão da cidade de Coimbra (1927-28) e inicia a construção de 110km de linha entre o Porto e esta cidade, ambicionado expandir o transporte de alta tensão para a região sul do país.