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4 DIZER A SUA PALAVRA: ANÁLISE DOS GRUPOS FOCAIS

4.1 O INGRESSO NO PUPA E O QUE VEIO ANTES: CONVIDADOS

Iniciarei a exposição da análise do conteúdo dos GFs transcrevendo alguns trechos dos relatos, sobre a forma de ingresso no PUPA, os grupos focais reforçaram a informação obtida ainda na pesquisa exploratória, de que o contato pessoal e o convite de educadores que já atuavam no projeto é a forma principal:

eu fazia parte do PET e a Biologia daqui era toda com o pessoal do PET era quem assumia, quem fazia as apostilas, quem era coordenador de equipe e no ano que eu entrei o pessoal que assumia a Biologia aqui tava se formando e ninguém mais ia ficar e aí eles começaram vai vai é legal vai, daí eu tá vamo lá e daí entrei pra dar aula com o [nome do educador] e daí foi muito bom, mesmo sem entender o popular, foi muito boa a experiência de dar aula, mas eu nunca quis entrar numa sala de aula antes e agora eu não quero sair. (DGF1).

eu recebi um convite de uma professora do Alternativa[nome da educadora], metade do ano, 2011 para fazer parte da equipe de Português assumi uma turma, na metade desse ano e a partir do ano de 2012 eu passei a integrar a equipe de Literatura na qual estou até hoje. Esse ano voltei à equipe de Português também e

me tornei, em 2014, na metade de 2014 me tornei Coordenador também do Alternativa (BGF1).

entrei no Alternativa no início de 2015, no início das aulas de 2015 a convite de duas educadoras que também davam aula de teatro aqui atualmente sou uma coordenadoras, entrei no ano de 2016 (CGF1).

comecei a dar aulas no Alternativa aqui em 2012 na disciplina de Espanhol depois eu comecei a entrar nas equipes de Literatura teve um ano que eu participei como monitor equipe de português e fui coordenador até 2015 ou 2015(AGF1).

houve um convite assim meio informal no meio de alguns assuntos, mas com o [nome do educador] foi algo mais incisivo “bah vai lá e tal” tipo foi aquela coisa mais… ele bateu mais nessa tecla sabe então eu acho que foi por isso que eu optei, mas sabia da existência do Práxis, não sabia, nem sabia direito ou nem sabia formular um parágrafo sobre o que seria educação popular obviamente, tava início do curso e tal, mas foi pela curiosidade e tal[...] Aí eu participei de uma formação de educadores e decidi que eu queria entrar, daí eu entrei a partir de 2015, aí mais comecei a participar muito mais, a partir de 2015 como monitor aí esse ano como educador (AGF2).

entrei no quinto semestre de Psicologia e ingressei aqui no Alternativa no terceiro [...]no começo de 2016, desde o começo do curso quando eu ingressei em 2015 eu já conhecia pessoas que tavam vinculadas aqui no Alternativa, pessoas que tavam vinculadas ao Práxis, enfim, e que comentavam sobre o processo como era, o projeto e tudo mais e desde sempre eu já vinha me interessando pela proposta “ah legal né, essa tal de educação popular” e fui me interessando, e mais da metade pro final do ano começaram a surgir propostas assim ah, quem sabe tu não aparece, quem sabe tu não participa assiste umas aulas, desenvolve um projeto e sempre me agradou essa ideia mas num mundo, dentro de uma perspectiva como se isso não fosse possível, por que eu tava no primeiro semestre, por eu não ter experiência nenhuma, por eu não ter domínio de parte teórica, por exemplo das patologias, problemas de aprendizagem, coisa assim, como se essa fosse a perspectiva do projeto né(BGF2).

Como se pode observar pelos trechos transcritos, dos seis educadores, apenas um não afirma ter ingressado no Alternativa através de um convite direto, dos demais, o incentivo à participação é recorrente por parte de educadores que já atuavam. Apesar de não ter relatado no GF, esse educador havia participado da pesquisa exploratória e, na ocasião, ele relatou que o ingresso havia sido motivado pelo convite de uma educadora.

Um dos elementos explorados durante os grupos focais foi a experiência prévia com docência, três dos seis educadores relataram já ter atuado como professor ou monitor antes de ingressar no PUPA, como se observa nos excertos a seguir;

já tinha experiência também, eu comecei no meu segundo semestre a participar de um projeto de extensão lá na UFSM eram dois cursos que tinham dentro do LABLer, que era o Laboratório de Ensino e Pesquisa de Leitura e Redação no meu segundo semestre, ou seja, em março de 2010 eu entrei nesse projeto que ofertava aulas de leitura, principalmente preparação para o teste de suficiência, eu comecei nessa modalidade a ser professor nesse curso e aí nesse mesmo ano depois eu comecei a dar aulas de espanhol, aquelas de quatro habilidades né, de cursinho e aí em 2010 e 2011 eu trabalhei nesses dois cursos, cada um deles em um semestre

então eu já tinha dado quatro cursos, já tinha sido professor nesses quatro cursos e aí em 2012 que eu fui entrar no Alternativa (AGF1).

no Curso de Letras na UNIFRA desde o segundo semestre eu me tornei o que se chama bolsista PIBID acredito que é algo assim bastante peculiar, é complexo, talvez até um pouco problemático um aluno do segundo semestre de uma graduação já estar atuando como pibidiano numa escola pública, mas foi o que aconteceu comigo, de qualquer forma, a meu ver foi bastante enriquecedor porque antes de entrar no Alternativa por exemplo eu já tinha essa experiência no Pibid, (BGF1).

A terceira educadora relatou que já tinha experiência de sala de aula, pois já havia concluído os estágios curriculares destaca o impacto ao ingressar no PUPA:

numa das escolas, no[nome da escola]que eu fiz estágio, é a teoria cravada ali né então tipo quando eu vim pra cá mudou totalmente o contexto, a forma como os professores lidam com os alunos a forma como a gente trabalha teatro, a forma como a gente se relaciona com o público que tá aqui né (CGF1).

Mesmo para os educadores que já tinham experienciado alguma atividade relacionada à docência em outros espaços formais e não formais, a atuação no PUPA se mostrou diferenciada, como se observa nos relatos dos educadores AGF1 e BGF1:

O Alternativa era uma experiência diferente, o público, o perfil dos alunos era bem diferente as metodologias também eram bem diferentes e cada um dos projetos ao seu modo me ajudou muito no estágio depois (AGF1).

Assim como na pesquisa exploratória, os grupos focais apontaram que a forma de ingresso predominante entre os educadores é o convite feito por colegas e amigos. Isso se deve, em parte, pelo fato de o projeto não realizar nenhum tipo de processo seletivo para educadores, em geral a manutenção das equipes é de responsabilidade dos próprios membros das mesmas. Como se trata de um espaço de educação não formal, a perspectiva é de acolhimento de quem se interessar e a perspectiva da educação popular proporciona o acolhimento das diferentes perspectivas de cada um.