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Grafico 19: Evolução do Capital Comprometido

1 INTRODUÇÃO

3.9 O Capital de Risco no Brasil

3.9.4 O inicio do investimento nas empresas de tecnologia

As empresas de pequeno porte enfrentam diversas restrições no acesso a empréstimos e financiamentos do sistema financeiro. Fatores como a falta de ativos fixos para apresentar como garantias, baixa transparência nos registros contábeis e financeiros, documentações fiscais incompletas, inadequada capacitação gerencial dos proprietários, entre outras falhas, acirram as assimetrias de informações entre os potenciais credores e os demandantes de crédito, aumentando os riscos percebidos pelos primeiros nos empréstimos aos pequenos negócios, especialmente os de mais longo prazo. Do lado da oferta de crédito, as empresas defrontam-se com juros altos, prazos curtos nos empréstimos e burocracia nos procedimentos

de informações pelos bancos e pela legislação de crédito, resultando em prazos demorados nas solicitações e aprovações de empréstimos.

As restrições citadas e as assimetrias de informações são amplificadas no caso das empresas que necessitam financiar atividades de inovação produtiva, em razão das especificidades do ciclo de criação, desenvolvimento e comercialização de produtos e serviços inovadores. O lançamento de novos produtos e processos é caracterizado por alto grau de incertezas e riscos, dado que o mercado dificilmente pode ser testado durante as etapas de pesquisa e desenvolvimento, prejudicando a previsão de fluxos de caixa, uma das bases mais utilizadas nas avaliações de crédito pelos agentes financeiros. Além disso, no desenvolvimento de novos produtos há necessidade de aporte de recursos financeiros por várias etapas, até que se chegue à comercialização e à realização de receitas e lucros efetivos, o que restringe o acesso das empresas aos mercados financeiros convencionais.

Além das barreiras nos mercados de crédito privados, mais voltados para a concessão de empréstimos de curto prazo, ocorrem dificuldades de acesso também no âmbito dos programas especiais de crédito governamentais, uma vez que esses exigem informações qualitativas e quantitativas muitas vezes não disponíveis nas empresas que iniciam processos de inovação, como dados de produção e vendas, previsões dos fluxos de caixa e demais resultados econômicos dos negócios, além de garantias reais.

Dados, portanto, os problemas de assimetria de informações e as características do ciclo de lançamento de produtos inovadores, formas diferenciadas de apoio financeiro têm sido desenvolvidas, tanto pelo mercado quanto por governos de diversos países, para fazer chegar às empresas recursos apropriados ao desenvolvimento de atividades inovadoras.

Pode-se dizer que o debate em torno do desenvolvimento do capital de risco no Brasil e também do financiamento de empresas de base tecnológica ampliou-se na segunda metade dos anos 1990. Pavani (2003) descreveu algumas questões que deram origem a todo este processo, as quais vieram em primeiro lugar, da percepção de setores do governo e de parte da sociedade brasileira da interligação entre empresa – inovação – competitividade – crescimento econômico – emprego. Tal fato refletiu em ações de diversas instituições no apoio ao empreendedorismo, à criação de incubadoras e à criação de mecanismos de financiamento adequados às diversas fases de crescimento das empresas. Algumas iniciativas que se destacaram foram:

a) O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) incentiva e participa de Fundos de Capital de Risco em vários estados brasileiros, financia a atuação de incubadoras, cria o fundo de aval, mantém programas de capacitação

para empreendedores e participa de diversos fóruns de discussão, entre outras iniciativas;

b) As federações de indústrias, Instituto Evaldo Lodi (IEL), Serviço Nacional da Indústria (Senai) e Confederação Nacional da Indústria (CNI) também têm diversas ações de apoio a incubadoras e ao empreendedorismo;

c) A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), criou e coordena o projeto Inovar. Lançado em maio de 2000, o Inovar tem por objetivos impulsionar a criação e o desenvolvimento de empresas de base tecnológica, através da promoção de investimentos de capital de risco. Os parceiros da Finep neste projeto são: BID, Sebrae, Petros, Anprotec, Softex;

d) Administradoras de fundos e instituições do mercado de Capital de Risco criaram, no ano 2000, a Associação Brasileira de Capital de Risco (ABCR), com a missão de representar e promover tal indústria, cooperando com os integrantes da administração pública e instituições privadas no estudo e solução de questões relacionadas com as atividades desenvolvidas por seus associados.

e) Outras entidades, como bolsa de valores, BNDES, Anprotec, associações de empresas, ONGs, também passaram a tratar a questão do capital de risco como fator importante para o crescimento das empresas.

Logo em seguida Pavani (2003) observa que a demanda por recursos financeiros provindos de pequenas e médias empresas está em crescimento no País. A existência cada vez maior de incubadoras de empresas e de empresas graduadas nessas incubadoras cresceu segundo estatísticas da Anprotec (2001), de apenas duas em 1998 para o excelente número de 135 em 2000 (59% de base tecnológica). E não obstante, a oferta de capital de risco sofreu um acréscimo substancial no Brasil na ultima década. Salientando também em decorrência desse fato, a criação de condições econômicas e regulatórias que permitiu seu maior desenvolvimento. A estabilização da inflação em patamares baixos e a criação de uma regulamentação pela comissão de Valores Mobiliários (CVM) que permitia investimentos através de fundos em empresas emergentes por meio da instrução 209 de 1994.

4 PRIVATE EQUITY E VENTURE CAPITAL

Neste capítulo a ênfase do desenvolvimento brasileiro da prática das atividades de

Private Equity e Venture Capital e seus dados estatísticos e quantitativos estarão baseados

quase que inteiramente no primeiro8 e segundo9 censo brasileiro da indústria de PE/VC (de 2005 e 2007 respectivamente), neste trabalho referidos como CB e desenvolvidos pelo Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo) da Fundação Getulio Vargas.Outra obra de destaque é a dissertação de mestrado de Leonardo de Lima Ribeiro denominada “O modelo brasileiro de Private

Equity e Venture Capital” (2005), embasada nas obras de Gorman e Sahlman (1989) e

Sahlman (1990), as quais descrevem de uma forma mais detalhada o modelo norte-americano de Venture Capital (VC), o que fará com que em algumas partes deste capítulo exista a comparabilidade entre o modelo brasileiro em desenvolvimento e o norte-americano. Utilizou-se também a monografia de Janaina Tiemi Takahashi denominada “Avaliação da Carteira de Ativos nos Fundos de Venture Capital e Private Equity” (2006).