• Nenhum resultado encontrado

O jornalismo de serviço no rádio e televisão

No documento Download/Open (páginas 50-53)

CAPÍTULO I O SERVIÇO DO JORNALISMO: UM GÊNERO EM QUESTÃO

1.6. O jornalismo de serviço no rádio e televisão

Sobre a presença desse gênero de jornalismo na televisão, sabe-se que os noticiários nos últimos anos têm aberto cada vez mais espaços para flash ao vivo, com informações sobre o trânsito, meteorologia, entre outras informações benéficas para quem vai sair de casa. Constatam-se também indícios de prestação de serviço nos próprios telejornais. Resende (1998) identifica, em pesquisa sobre telejornais brasileiros, o formato indicador. “São matérias que se baseiam em dados objetivos que indicam tendências ou resultados de natureza diversa, de utilidade para o telespectador em eventuais tomadas de decisões” (p. 169).

Resende (1998) defende que o indicador segue um modelo informe de elaboração, tornando esse formato “aparentemente repetitivo”. “Esses indicadores podem ter caráter permanente, caso das previsões meteorológicas, números do mercado financeiro e informações sobre condições de trânsito ou temporário, a exemplo dos resultados das pesquisas eleitorais” (p. 169).

O autor identifica em sua pesquisa o material jornalístico utilitário como parte da categoria informativa. As matérias com caráter de serviço e previsão do tempo, nomeadas por ele como indicador, foram encontradas no Jornal da Cultura (RESENDE, 1998, pp.265-266) em 16,4% do espaço total do telejornal, enquanto no Jornal Nacional, da Rede Globo, esse jornalismo de serviço corresponde a 15,4% do telejornal. (RESENDE, 1998, p.250).

Ana Carolina Temer (2001), em análise dos telejornais da Rede Globo, afirma que as matérias de serviço têm componente pedagógico, cumprindo as necessidades reais da comunicação. “De fato, este tipo de jornalismo pode ser visto como uma consequência natural do jornalismo enquanto responsabilidade social, uma vez que oferece opções, propostas, soluções e variados tipos de informações úteis para se enfrentar a vida cotidiana”. (TEMER, 2001, p.135).

Ainda segundo Temer (2001), no jornalismo utilitário predomina o caráter orientador, sendo direcionado ao consumo ou formação de comportamento do público.

Muitas matérias de serviço não só oferecem a possibilidade de consumir como a de consumir melhor, exercendo a função de ‘orientadora’ para os receptores que não tiveram acesso à informação por meio do sistema de ensino institucionalizado ou das vias de comunicação pública [como seria o caso das instruções do governo para o preenchimento dos formulários] (TEMER, 2001, p.135).

A autora incluiu as matérias de serviço no gênero informativo. Na sua pesquisa, analisou 44 edições dos quatro telejornais da Rede Globo, um total de 898 matérias. Identificou a predominância do gênero informativo, com alguma presença do opinativo apenas no Bom Dia Brasil (comentário e crônica) e Jornal da Globo (comentário), enquanto no Jornal Hoje e Jornal Nacional, foi identificado apenas o informativo. Sobre os tipos, o Bom Dia Brasil apresentou um elevado índice de matérias de serviço, com ênfase principalmente em economia. O Jornal Hoje

também conta com relevantes matérias sobre prestação de serviço, a maioria voltada para bem-estar. O Jornal Nacional varia nos temas nas matérias de serviço e o Jornal da Globo é o telejornal com menor incidência desse tipo.

Entre as considerações mais relevantes de Temer (2001), destaca-se que há uma clara predominância das matérias de serviço nos telejornais. Estas não são necessariamente ligadas ao consumo, abordam novidades na área da medicina, tecnologia e investimentos financeiros. Ainda segundo a autora, a presença dos formatos jornalísticos depende da diretriz editorial de cada telejornal. Também considera que o telejornalismo vinculado pela Rede Globo (em termos quantitativos) é um espaço de orientação de comportamentos. Esse espaço é predominantemente ocupado por matérias de serviços e/ou matérias de denúncias e matérias de interesse humano, ou matérias que apontem comportamento a serem seguidos.

A autora afirma que o telejornalismo da Rede Globo depende das matérias de serviço em termos qua ntitativos, pois identificou uma grande quantidade distribuída nos telejornais diários. Mas, ressalta que o material não é tratado de maneira correta e acaba sendo veiculado com menor importância. “O serviço é produzido com mais calma e, por isso, pesa sobre ele critérios de qualidade mais rígidos. Se no factual o tempo é fator fundamental, o serviço deve ser preciso e preferencialmente inédito”. (TEMER, 2001, p.296).

O jornalismo de serviço também está presente no suporte radiofônico. Algumas emissoras de rádios ocupam-se de informar a cada minuto como se encontra a situação do trânsito na cidade, ruas prejudicadas por chuvas e indicando qual o melhor caminho para o condutor seguir. Em pesquisa sobre os gêneros nesse suporte midiático, Barbosa Filho (2003) identifica a existência do serviço, mas não inclui entre o que classifica como gênero jornalístico.

Segundo Barbosa Filho (2003), o rádio possui seis gêneros: jornalístico, educativo-cultural, publicitário, propagandístico, especial ou multifuncional e serviço. Entre o gênero jornalístico, o autor identifica os formatos: nota, boletim, notícia, reportagem, entrevista, comentário, editorial, crônica, radiojornal, documentário jornalístico, mesas-redondas, programa policial, programa esportivo e divulgações técnico-científicas. Já o gênero serviço inclui os formatos: notas de utilidade pública (notas informativas de curta duração); programetes de serviço (aconselhamentos:

cuidados com a saúde, questões jurídicas, investimento, preço, turismo, emprego etc.) e programas de serviço (rádio de oportunidade).

Sobre a divisão do gênero jornalismo do gênero serviço, o autor afirma: “a informação de serviço se distingue da jornalística pelo seu caráter de ‘transitividade’ – indicativo de movimento, circulação, trânsito- provocando no receptor uma manifestação sinérgica, ao reagir á mensagem” (BARBOSA FILHO, 2003, p. 135).

Barbosa Filho comete um equívoco nas suas explicações sobre a diferença entre o serviço e jornalismo. Pois, é intrínseca ao jornalismo a característica transitividade, indicada por este autor como atributo peculiar da informação de serviço. Já a “manifestação sinérgica” citada pelo autor tem o mesmo sentido da possibilidade de ação e reação, tratada por Diezhandino (1994), quando o receptor está diante de uma informação de cunho utilitário.

No documento Download/Open (páginas 50-53)

Documentos relacionados