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(1)TYCIANE CRONEMBERGER VIANA VAZ. JORNALISMO DE SERVIÇO: O GÊNERO UTILITÁRIO NA MÍDIA IMPRESSA BRASILEIRA. Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo – SP, 2009.

(2) TYCIANE CRONEMBERGER VIANA VAZ. JORNALISMO DE SERVIÇO: O GÊNERO UTILITÁRIO NA MÍDIA IMPRESSA BRASILEIRA. Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. José Marques de Melo.. Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo – SP, 2009.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA V477j. Vaz, Tyciane Cronemberger Viana Jornalismo de serviço : o gênero utilitário na mídia impressa brasileira / Tyciane Cronemberger Viana Vaz. 2009. 197 f. Dissertação (mestrado em Comunicação Social) --Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2009. Orientação : José Marques de Melo 1. Jornalismo 2. Mídia impressa 3. Jornalismo - Brasil I. Título. CDD 079.81.

(4) FOLHA DE APROVAÇÃO. A dissertação Jornalismo de Serviço: O gênero utilitário na mídia impressa brasileira, elaborada por Tyciane Cronemberger Viana Vaz, foi defendida no dia 18 de março de 2009, perante mesa examinadora composta por prof. Dr. José Marques de Melo, profa. Dra. Sandra Reimão e prof. Dra Manuel Carlos Chaparro.. Declaro que a autora incorporou as modificações sugeridas pela banca examinadora, sob a minha anuência enquanto orientador, nos termos do Art. 34 do regulamento dos Cursos de Pós-Graduação.. Assinatura do orientador: _______________________________________________ Nome do orientador: Prof. Dr. José Marques de Melo. São Bernardo do Campo, 18 de março de 2009. Visto do Coordenador do Programa de Pós-Graduação: ______________________. Área de concentração: Comunicação Social Linha de Pesquisa: Midiologia Projeto Temático: Jornalismo de Serviço.

(5) Ao amor de Lucas Cronemberger, Amparo e Eneas Vaz (minha família, minha vida). Ao exemplo de José Marques de Melo, Ana Regina Rêgo, Samantha Castelo Branco e Sandra Reimão (meus professores, meus mestres). À memória de Diego e Daniel (meus irmãos, meus anjos).

(6) AGRADECIMENTOS. À Deus, fonte de coragem e força (“Ele é a razão para lutarmos até o final”). Ao Lucas, meu marido e exemplo de determinação, pelo amor e companheirismo. Aos meus pais, meus guias, por possibilitarem a realização de todos os meus sonhos. À minha querida família, avós, tios, primos, à tia-irmã Alinne, à afilhada amada Leticia, à minha sogra e cunhada, por estarem sempre por perto, mesmo que de longe. Ao professor José Marques de Melo, pela confiança, apoio e orientação. Aos professores do Pós-Com, pela acolhida e valiosos ensinamentos, em especial, Sandra Reimão, Cicília Peruzzo, Antônio Carlos Ruótolo e Isaac Epstein. Às minhas mestras e amigas, Ana Regina Rêgo e Samantha Castelo Branco, grandes incentivadoras dessa empreitada. À equipe da Cátedra Unesco de Comunicação, em especial, Damiana Rosa e Cristina Gobbi, pela atenção. Aos colegas da Metodista, em especial à Ana Caroline Castro e Mônica Nunes, pelas proveitosas e divertidas discussões, e à Alexandra González, Francisco de Assis, Érica Rizzi, Roni Petterson, Thailissa Andara, Alessandra Falco, Leonardo Zanon, Victor Alves e Orlando Berti, pelo convívio e aprendizado compartilhado. Aos amigos que deixei em Teresina, pelo carinho e incentivo, em especial, à Dayanne Holanda, Thaís Loiola e Paula Danielle (e o pequeno João Vicente). Aos que me receberam em São Paulo, por tornarem minha estadia mais feliz. Meus agradecimentos à Joana e Marcelo Markunas, pela acolhida; à Camila Pieroti, pela amizade e companhia; e à Karla e Lauro Rodolpho Lopes, amigos de toda vida. Ao pedacinho de Teresina em São Paulo, através dos casais amigos, Lígia e Rafael Correia Lima, Mariana e Ivo Canamary, Larissa e Thiago Nunes, Lorena e André Castro, e Anucha e Sérgio Lobão (e o pequeno Lucas). Aos funcionários do Arquivo Público do Estado de São Paulo, pelo zelo ao material pesquisado. Ao CNPq, pela bolsa de estudos..

(7) “Porque o jornalismo é uma paixão insaciável [...]. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz”. (Gabriel Garcia Márquez).

(8) RESUMO. Esta pesquisa tem o propósito de analisar o jornalismo de serviço em dois casos da mídia impressa brasileira: o jornal Folha de S. Paulo e a revista Veja, incluindo a revista Veja São Paulo. O que se buscou foi entender como o jornalismo de serviço, também denominado de gênero utilitário ou espécies utilitárias, está presente no jornalismo impresso atual. Em um primeiro momento realizou-se revisão bibliográfica sobre esta modalidade de produção jornalística. A seguir, fez-se uma pesquisa exploratória sobre o material de jornalismo de serviço publicado nos objetos estudados. Em terceiro momento, foi efetuada uma abordagem quantitativa dos formatos e tipos do gênero utilitário nesses veículos em questão, em edições selecionadas no ano de 2008. E, por último, através de entrevistas semi-abertas com editores da Veja e da Folha de S. Paulo, pretendeu-se entender os motivos que subsidiam as decisões editorais a respeito de tal modalidade jornalística. A análise revelou a presença deste gênero jorna lístico desde o início da publicação desses veículos até os dias atuais. Contatou-se a existência de seis formatos, sendo quatro deles já identificados por Marques de Melo, e dois identificados nesta pesquisa, que foram considerados como tipos híbridos de gêneros.. Palavras-chave: Midiologia, Jornalismo, Jornalismo Brasileiro, Gêneros Jornalísticos, Jornalismo Utilitário..

(9) ABSTRACT. This research has the purpose to analyze service journalism in two cases of Brazilian print media: the newspaper Folha de São Paulo and the magazine Veja, including the magazine Veja São Paulo. The intention was to understand how service journalism, also named as utilitarian genre or utilitarian species, is present in actual print journalism. Firstly, a bibliographic revision was made on this journalism production mode. Then, an exploratory research was made on the service journalism material, published on the studied objects. Thirdly, a quantitative study was made on formats and types of the utilitarian genre on those media vehicles, in editions selected in the year of 2008. And at last, through semi-open interviews with editors from Veja magazine and Folha de São Paulo, it intended to understand the reasons that subside the editorial decisions on behalf of that journalistic kind. The analysis showed that this journalistic genre has been present since it started to be published, until today. It has been noticed that there are six formats; Marques de Melo had already identified four of them, and two, identified in this research, were considered hybrid genres.. Keywords: Mediology, Journalism, Brazilian Journalism, Journalistic Genres, Utilitarian Journalism.

(10) RESUMEM Esta investigación tiene el propósito de analizar el periodismo de servicio en dos casos de la media impresa brasileña el periódico Folha de S. Paulo y la revista Veja, incluyendo la revista Veja São Paulo Lo que se buscó fue comprender como el periodismo de servicio, también denominado género utilitario o especies utilitarias, está presente en el periodismo impreso actual. En un primer momento se realizó una revisión bibliográfica sobre esta modalidad de producción periodística. En seguida, hicimos una investigación exploratoria sobre el material de periodismo de servicio publicado en los objetos estudiados. En tercer momento, efectuamos un abordaje cuantitativo de los formatos y tipos del género utilitario en esos vehículos en cuestión, en ediciones seleccionadas en el año de 2008. Y, por último, a través de entrevistas semiabiertas con editores de la Veja y de la Folha de S. Paulo, buscando comprender así los motivos que subsidian las decisiones editoriales a respecto de tal modalidad periodística. El análisis reveló la presencia de este género periodístico desde el inicio de la difusión de estos vehículos hasta los días actuales. Se constató la existencia de seis formatos, siendo cuatro de ellos ya identificados por Marques de Melo, y dos identificados en esta investigación, que fueron considerados como tipos híbridos de géneros.. Palabras-clave: Midiologia, Periodismo, Periodísticos, Periodismo Utilitário.. Periodismo. Brasileño,. Géneros.

(11) LISTA DE QUADROS. Quadro 1 – Jornais de maior circulação no país. 22. Quadro 2 – Revistas de maior circulação no país. 22. Quadro 3 – Classificações de gêneros e formatos de Luiz Beltrão. 36. Quadro 4 – Classificações de gêneros e formatos de Marques de Melo, década de 80. 37. Quadro 5 – Classificações de gêneros e formatos de Marques de Melo, século XXI. 37. Quadro 6 – Classificações de gêneros e espécies de Chaparro. 39. Quadro 7 – Pesquisa de Lailton Costa (2008): quantificação de gêneros por jornal. 45. Quadro 8 – Pesquisa de Lailton Costa (2008): quantificação de formatos do Gênero 45 Utilitário por jornal Quadro 9 – Planilha de análise Folha de S. Paulo. 133. Quadro 10 – Planilha de análise Veja e Veja S. Paulo. 142. Quadro 11 – Unidades de informação por dia analisado na Folha. 150. Quadro 12 – Unidades de informação por dia analisado na Veja e Veja S. Paulo. 154.

(12) LISTA DE TABELAS. Tabela 1 – Data da coleta dos exemplares da Folha e Veja.. 132. Tabela 2 – Formatos e tipos do gênero utilitário na Folha de S. Paulo. 148. Tabela 3 – Formatos do gênero utilitário e cadernos da Folha de S. Paulo. 151. Tabela 4 – Formatos e tipos do gênero utilitário na Veja e Veja S. Paulo. 152.

(13) LISTA DE FIGURAS. Figura 1 – Folha da Manhã: Necrologia. 69. Figura 2 – Folha da Manhã: Cotação e Indicadores Econômicos. 70. Figura 3 – Folha da Manhã: Loterias e Achados. 70. Figura 4 – Folha da Manhã: Roteiros culturais. 71. Figura 5 – Folha da Manhã: Assuntos femininos. 72. Figura 6 – Folha da Noite: Necrologia/Parte Commercial. 72. Figura 7 – Folha da Noite: Diversões/Femininas. 73. Figura 8 – Folha da Noite: Notícias Religiosas/Turf/Necrologia. 74. Figura 9 – Folha da Manhã: Útil e Interessante para todos. 75. Figura 10 – Folha da Manhã: Consultas. 76. Figura 11 – Folha da Manhã: Programa de Rádio. 76. Figura 12 – Folha da Noite: Sugestões Úteis. 78. Figura 13 – Folha da Noite: O povo reclama/ Sugestões e Reclamações. 79. Figura 14 – Folha da Noite: Livros Novos. 79. Figura 15 – Folha da Manhã: Farmácias de Plantão. 80. Figura 16 – Folha da Manhã: Editoria Feminina. 81. Figura 17 – Folha da Manhã: Anúncio. 82. Figura 18 – Folha da Manhã: Diretoria do Serviço de Trânsito. 84.

(14) Figura 19 – Folha da Manhã: Pontos de embarque. 85. Figura 20 – Folha da Manhã: capa. 86. Figura 21 – Folha da Noite: Bolsa de Teatro. 86. Figura 22 – Folha da Tarde: Programação da TV. 87. Figura 23 – Folha da Manhã: capa. 88. Figura 24 – Folha de S. Paulo: capa. 89. Figura 25 – Folha de S. Paulo: capa- um jornal a serviço do Brasil. 89. Figura 26 – Folha de São Paulo: Como escolher os brinquedos. 90. Figura 27 – Folha de S. Paulo: Folha Feminina. 91. Figura 28 – Folha de S. Paulo: Folha Agropecuária. 92. Figura 29 – Folha de S. Paulo: Caderno de Turismo. 92. Figura 30 – Folha de S. Paulo: Caderno de Turismo/Dicas de Viagem. 93. Figura 31 – Folha de S. Paulo: As opções dos jovens. 93. Figura 32 – Folha S. Paulo: A cidade é sua. 94. Figura 33 – Folha de S. Paulo: Os livros mais vendidos da semana. 95. Figura 34 – Folha de S. Paulo: Folha Ilustrada/Acontece. 96. Figura 35 – Folha de S. Paulo: Placar esportivo. 96. Figura 36 – Folha de S. Paulo: Agenda esportiva. 97. Figura 37 – Folha de S. Paulo: Mortes. 98. Figura 38 – Folha de S. Paulo: Acontece/ Cidades. 98.

(15) Figura 39 – Folha de S. Paulo: Valores de IPVA. 99. Figura 40 – Folha de S. Paulo: Indicadores econômicos. 100. Figura 41 – Folha de S. Paulo: Serviço em Turismo. 101. Figura 42 – Folha de S. Paulo: Agenda do candidato/Fovest 90. 101. Figura 43 – Folha de S. Paulo: Informática/Guia de Compras. 102. Figura 44 – Folha de S. Paulo: Agenda da Folhinha. 103. Figura 45 – Folha de S. Paulo: Empregos, como se portar em entrevista. 103. Figura 46 – Folha de S. Paulo: Revista Folha/Consumo. 104. Figura 47 – Folha S. Paulo: Lançamento do Guia da Folha.. 105. Figura 48 – Folha de S. Paulo: Guia da Folha.. 105. Figura 49 – Revista Veja: capa da primeira edição. 116. Figura 50 – Revista Veja: Roteiros. 117. Figura 51 – Revista Veja: Vida Moderna. 118. Figura 52 – Revista Veja: Indicações culturais. 119. Figura 53 – Revista Veja: Cotações. 119. Figura 54 – Revista Veja: Cotações e Investimentos. 120. Figura 55 – Revista Veja: Matéria serviço. 121. Figura 56 – Revista Veja: Carta do editor I. 122. Figura 57 – Revista Veja: primeira edição da Veja em São Paulo (Encarte da revista). 123. Figura 58 – Revista Veja: Carta do editor II. 123.

(16) Figura 59 – Gráfico dos formatos do gênero utilitário na Folha de S. Paulo. 148. Figura 60 – Gráfico dos Formatos do gênero utilitário na Veja. 153. Figura 61 – Cotação, tipo serviço/salários. 155. Figura 62 – Cotação do tipo mercados. 155. Figura 63 – Cotação, tipo moedas e bolsa. 156. Figura 64 – Indicador do tipo meteorologia I. 156. Figura 65 – Indicador do tipo meteorologia II. 157. Figura 66 – Indicador do tipo loterias. 157. Figura 67 – Indicador do tipo telefones úteis. 157. Figura 68 – Indicador do tipo necrologia. 158. Figura 69 – Indicador do tipo programação de TV. 158. Figura 70 – Indicador do tipo lista de indicações I. 159. Figura 71 – Indicador do tipo lista de indicações II. 159. Figura 72 – Indicador do tipo lista de indicações III. 160. Figura 73 – Indicador do tipo indicador econômico. 160. Figura 74 – Indicador do tipo indicador e trânsito. 161. Figura 75 – Indicador do tipo indicador esportivo. 161. Figura 76 – Roteiro do tipo cultura, lazer e diversão I. 162. Figura 77 – Roteiro do tipo cultura, lazer e diversão II. 162. Figura 78– Roteiro do tipo cultura, lazer e diversão III. 163.

(17) Figura 79 – Roteiro do tipo cultura, lazer e diversão IV. 163. Figura 80 – Serviço tipo expediente. 164. Figura 81 – Serviço do tipo relatos de serviço I. 165. Figura 82 – Serviço do tipo relatos de serviço II. 165. Figura 83 – Serviço do tipo relatos de serviço III. 166. Figura 84 – Serviço do tipo consumo I. 167. Figura 85 – Serviço do tipo consumo II. 167. Figura 86 – Carta – consulta. 168. Figura 87 – Serviço do tipo entenda as tabelas e códigos. 168. Figura 88 – Serviço do tipo box e quadros de serviço. 169. Figura 89– Serviço do tipo orientação.. 170. Figura 90 – Serviço do tipo box roteiro. 170. Figura 91 – Anúncio publicitário em matéria jornalística. 179.

(18) SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................................................19 Procedimentos metodológicos .............................................................................................23 Estrutura da dissertação.......................................................................................................27 CAPÍTULO I - O SERVIÇO DO JORNALISMO: UM GÊNERO EM QUESTÃO .....................29 1.1. O jornalismo e os gêneros ............................................................................................29 1.2. Os gêneros e suas classificações .................................................................................36 1.3. Jornalismo de Serviço: a informação útil na mídia .......................................................40 1.4. O serviço no jornal impresso.........................................................................................42 1.5. O jornalismo utilitário nas revistas ................................................................................48 1.6. O jornalismo de serviço no rádio e televisão ................................................................50 1.7. Informações úteis no jornalismo produzido na Internet ................................................53 1.8. Jornalismo de serviço: um gênero independente? .......................................................54 CAPÍTULO II - GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA UTILIDADE NA IMPRENSA BRASILEIRA.............................................................................................................................57 1.1. Processos de urbanização no Brasil e a relação com o jornalismo de serviço...........57 1.2. Nasce a imprensa, e com ela, as informações utilitárias .............................................62 1.3. A Imprensa Paulista ......................................................................................................65 1.4. A Folha de São Paulo....................................................................................................67 1.4.1 O jornalismo de serviço na Folha............................................................................68 1.4.2 Folha de S. Paulo nos dias atuais: características e rotina de produção ............107 1.5. Segmento revistas .......................................................................................................111 1.6. Revistas Semanais......................................................................................................114 1.6.1 O jornalismo de serviço na Veja ...........................................................................116 1.6.2 Veja nos dias atuais: características e rotina de produção ..................................124 1.7. Considerações sobre a pesquisa descritiva exploratória ...........................................126 CAPÍTULO III - PRESENÇA DO GÊNERO UTILITÁRIO NA FOLHA E VEJA.....................127 1.1. Tipologia do gênero utilitário por Beltrão, Marques de Melo e Chaparro ..................127 1.2 Análise ..........................................................................................................................132 1.2.1 Grupos de análise .................................................................................................133 1.3. Resultados da Folha de São Paulo.............................................................................147 1.4. Resultados Veja...........................................................................................................151 1.5. Formatos e tipos em figuras........................................................................................154 1.5.1 Cotação..................................................................................................................154 1.5.2 Indicador ................................................................................................................156 1.5.3 Roteiro ...................................................................................................................161 1.5.4 Serviço...................................................................................................................164 1.5.5 Olho .......................................................................................................................169 1.5.6 Dica........................................................................................................................170 1.6 Observações sobre os gêneros jornalísticos ...............................................................171 CAPÍTULO IV - UTILID ADE NO JORNALISMO OU PROPAGANDA DISFARÇADA? ........173 1.1.Relação entre jornalismo, serviço e consumo.............................................................173 1.2. Utilidade ou disfarce: visão de autores .......................................................................176 1.3. Versão dos veículos sobre a prestação de serviços ..................................................181 1.3.1 Folha de São Paulo...............................................................................................181 1.3.2 Revista Veja...........................................................................................................184 1.4. A prestação de serviço nos media é jornalismo.........................................................186 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................189 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................194.

(19) 19. INTRODUÇÃO. Na sociedade atual, variadas opções são oferecidas aos consumidores, seja em termos de lazer e cultura ou ainda bens e serviços disponíveis no mercado. Dessa forma, os cidadãos necessitam cada vez mais de apoio e orientação para a tomada de decisões. Os meios de comunicação buscam prestar serviços de utilidade pública, muitas vezes, sobre assuntos que fazem parte do cotidiano dos cidadãos. A mídia impressa oferece este jornalismo utilitário, também conhecido como jornalismo de serviço, de diversas formas. Presente tanto nos cadernos fixos dos jornais quanto nos cadernos especiais e suplementos, editado em revistas semanais e revistas especializadas, esse gênero do jornalismo vem ganhando espaço na indústria midiática. Prova disso é o aparecimento dos guias de serviço, principalmente nos jornais localizados em metrópoles, onde as opções de lazer e consumo são mais diversas. Entretanto, o serviço nos media nem sempre se manifesta pela orientação de compra de produtos. Os jornais, revistas, telejornais e meios eletrônicos publicam a previsão meteorológica, cotação de moedas e de mercado, entre outras informações que se configuram como material jornalístico útil para o cidadão em suas ações habituais. Sabendo-se que há uma série de questões a serem analisadas em torno da temática escolhida para este estudo, problematiza-se o projeto de pesquisa da seguinte forma: como e por que o jornalismo de serviço é produzido pela mídia impressa? Antes de adentrar mais profundamente nas discussões sobre este gênero jornalístico, há um ponto que merece ser tratado de antemão, que diz respeito à terminologia. Gênero utilitário é uma expressão usada por Marques de Melo (2007). Espécies utilitárias é o termo utilizado por Chaparro (2008). No decorrer deste trabalho, utilizamos essas e outras terminações, como jornalismo de serviço, sem distinção de significados, de acordo com o contexto situado pelos autores..

(20) 20. No que concerne às hipóteses, propomos inicialmente que o gênero utilitário tenha suas raízes na sociedade da informação, no final do século XX. Esse gênero surge em um contexto pautado pelo consumismo, numa sociedade que exige dos cidadãos decisões rápidas sobre a vida cotidiana. Outra hipótese assumida é com relação à produção do jornalismo de serviço: parte do material utilitário chega pronto para ser publicado através de instituições de divulgação ou assessorias de imprensa. Nesta pesquisa, parte-se do objetivo geral de analisar como o jornalismo de serviço é produzido pela mídia impressa e verificar de que forma esse gênero jornalístico aparece no jornal e na revista de maior circulação no país. Para atingir essa proposta principal, a pesquisa busca:. 1. Identificar os formatos e tipos do gênero utilitário publicados pelos veículos selecionados; 2. Avaliar se o material jornalístico de serviço cumpre a função de prestar orientações ao receptor; 3. Verificar como acontece o processo de produção desse material que visa prestar serviço; 4. Aferir se há relação do departamento comercial com a parte editorial dos veículos.. Justifica-se a escolha do tema de pesquisa por uma série de motivos. Acredita-se que há uma reconhecida importância no âmbito acadêmico sobre os estudos dos meios de comunicação de massa. Os cursos de graduação e pósgraduação do Brasil a cada ano contabilizam um crescente número de pesquisas, que abordam uma diversidade de temas e ângulos, que têm contribuído para o avanço dos estudos em comunicação social. Pensando no progresso das pesquisas no campo comunicacional brasileiro, escolheu-se uma temática pouco focada anteriormente pela academia. Dessa forma, justifica-se o foco desta pesquisa pela perspectiva de que os estudos sobre o jornalismo de serviço na mídia brasileira são escassos e ainda não se dispuseram a oferecer respostas a tal lacuna do campo científico da comunicação..

(21) 21. Ainda sobre o enfoque do trabalho, acredita-se que há uma importante relevância em desvendar como acontecem os processos de produção do material jornalístico de serviço nos meios de comunicação impressos. Parte dele chega às redações através de agências noticiosas ou instituições para ser publicado. Esses materiais correspondem principalmente à cotação de mercado, a previsão do tempo, ou mesmo os realeses e press-realeases de empresas que lançam um produto novo no mercado e aspiram uma matéria de cunho de serviço. Dessa forma, é de interesse a realização de uma pesquisa para saber se esse material recebe tratamento nas redações dos jornais. Acredita-se que é relevante uma pesquisa a fim de verificar se o produto final que chega ao receptor seria um material jornalístico e se teria a finalidade de prestar serviço ao leitor. Também, espera-se que a pesquisa possa avançar os estudos sobre jornalismo de serviço, no sentido de desvendar tipologias desse gênero. Marques de Melo (2007) classifica o gênero utilitário em quatro formatos (cotação, roteiro, indicador e serviço). A pesquisa parte dessa classificação e, através de estudo exploratório, visa chegar a uma tipologia específica desse gênero encontrada no suporte impresso. Para a definição dos objetos analisados, seguiu-se a classificação do Instituto Verificador de Circulação (IVC)1. Logo mais, têm-se os quadros (quadro 1 e quadro 2) com os cinco jornais e as cinco revistas de maior circulação no Brasil e a média de edições vendidas no ano de 2007. Os números apresentados nos quadros devem ser multiplicados por mil.. 1. Dados do IVC disponíveis em: MÍDIA DADOS 2008. São Paulo: Grupo de Mídia de São Paulo, 2008..

(22) 22. Quadro 1 – Jornais de maior circulação no país Jornal. Cidade. Média por edição (2007). 1. Folha de S. Paulo. São Paulo. 302,6. 2. O Globo. Rio de Janeiro. 280,3. 3. Extra. Rio de Janeiro. 273,6. 4. O Estado de S. Paulo. São Paulo. 241,1. 5. Super Notícia. Belo Horizonte. 238,6. * Fonte: IVC. Quadro 2 – Revistas de maior circulação no país Revista- Interesse. Periodicidade. geral/atualidades. Média por edição (2007). 1. Veja. Semanal. 1.094,1. 2. Época. Semanal. 417,8. 3. Seleções. Mensal. 397,1. 4. Isto É. Semanal. 344,2. 5. Veja São Paulo. Semanal. 343,4. * Fonte: IVC. Assim, selecionou-se a Folha de São Paulo como mídia diária impressa, e a Veja como revista semanal. Apesar da Veja São Paulo ser considerada uma revista separada da Veja nacional, incluiu-se este veículo na pesquisa por ser um guia de serviço ao paulistano, portanto, uma importante fonte de análise para o tema abordado..

(23) 23. Procedimentos metodológicos. O problema desta pesquisa se enquadra em uma situação indutiva, cuja observação. envolve. tema. e. objetos. que,. possivelmente,. permitem. uma. generalização sobre o tema estudado. Sobre o método indutivo, Gil (2007) afirma que nessas situações parte-se da observação ou fenômenos, cujas causas se desejam conhecer; em seguida, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. “Por fim, procede-se à generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos”. (pp. 28-29). No que concerne ao nível da pesquisa, destaca-se a realização de estudo exploratório, com a utilização de algumas técnicas utilizadas em estudos de caso, como levantamento bibliográfico e documental, entrevistas qualitativas e análise de conteúdo. Isso porque se pretende chegar a uma descrição detalhada no resultado final sobre o assunto submetido à indagação no problema de pesquisa. Gil (2007) afirma que em pesquisas exploratórias o tema escolhido é bastante genérico. Dessa forma, é preciso trabalhar com a perspectiva de esclarecimento ou delimitação, sendo necessária a realização de revisão de literatura, discussão com especialistas, entre outros procedimentos. O autor afirma também que os estudos exploratórios buscam proporcionar uma visão geral, do tipo aproximativo, de determinado fato. “Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado” (p.43). Nesta fase exploratória, fez-se um levantamento de edições dos veículos selecionados, Folha e Veja, e verificou-se como o gênero utilitário se manifestava ao longo dos anos nesses meios. Procurou-se selecionar desde as primeiras edições até as do final do século XX. Nesta fase, não houve intuito de pontuar datas sobre cadernos, suplementos ou editorias, nem quantificar através de uma amostragem representativa. Na verdade, fez-se um resgate histórico da presença de formatos e tipos do gênero utilitário, tentando apresentar a evolução dessa tipologia. Tem-se aqui a proposta de apresentar um panorama sobre o que é o gênero utilitário, como é produzido e de que forma ele chega aos leitores. Assim, configurase uma temática genérica que justifica a realização dessa pesquisa exploratória, permitindo ainda o uso de diferentes técnicas incorporadas. Uma delas é a.

(24) 24. realização de levantamento bibliográfico detalhado, parte inerente a toda pesquisa de cunho científico. A revisão da literatura disponível, embora escassa, principalmente quando se trata de referências brasileiras, é norteadora para a construção de idéias e conceitos que envolvem a temática. Assim há necessidade de inclusão de autores forâneos, provindos, sobretudo, da literatura espanhola . A realização de entrevista em profundidade ou qualitativa é outra etapa importante da pesquisa. Portanto, profissionais da redação de meios de comunicação impressos foram abordados para a fase de aplicação de entrevistas do tipo semi-abertas. Segundo Duarte (In: DUARTE, 2006, p.66), esse tipo de pesquisa se caracteriza como: “modelo de entrevista que tem origem em uma matriz, um roteiro de questões-guia que dão cobertura ao interesse a pesquisa”. Como se pretende explorar o tema e, consequentemente, descrevê-lo, acredita-se que a técnica de entrevista em profundidade permite a aproximação com a situação em que se busca uma resposta. A entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer (DUARTE In: DUARTE, 2006, p.62).. Ruótolo (1996) explica que a entrevista qualitativa configura-se como uma forma fidedigna de aproximação com o público-alvo. Neste caso, o público-alvo foi formado por produtores da informação, onde se insere o que chamamos de jornalismo de serviço. Selecionou-se um profissional que respondesse em nome do veículo de forma geral, e editores de cadernos ou suplementos, que tivessem uma relativa importância na produção desse gênero jornalístico analisado. Assim, as entrevistas foram realizadas com os seguintes profissionais:. a) na Folha: 1.. Secretária-assistente de redação: Vera Guimarães. 2.. Editor interino do caderno “Ilustrada”: Naief Haddad. 3.. Editora do “Guia da Folha ”: Adriana Ferreira. 4.. Editora do caderno “Cotidiano”: Denise Chiarato..

(25) 25. b) na Veja: 5.. Diretor de redação: Eurípedes Alcântara. 6.. Editor de executivo da Veja São Paulo: Wanderley Sanches. 7.. Editor da Veja São Paulo: Alessandro Duarte.. Segundo Yin (2005), as técnicas aplicadas ao estudo de caso permitem a descrição de uma situação no contexto em que ela ocorre, utilizando múltiplas fontes de evidências. “Você usaria o método de estudo de caso quando deliberadamente quisesse lidar com condições contextuais, acreditando que elas poderiam ser altamente pertinentes ao seu fenômeno de estudo” (p.32). No caso desta pesquisa, as condições contextuais que envolvem a produção do jornalismo de serviço nos jornais impressos são relevantes no desenvolvimento e descrição do estudo. Acredita-se que o contexto em que a sociedade está inserida, principalmente nesta era da informação, contribui para a existência do jornalismo voltado para orientação dos cidadãos, dizendo como se deve agir em diversas situações. Godoy (1995) afirma ainda que o estudo de caso procura estabelecer relação entre teoria e prática. Assim, essa técnica tem uma grande relevância para esta análise, já que há uma necessidade da construção de uma teoria sobre o tema, possível através de observação da prática. Sobre isso, considerou-se a necessidade de combinar matizes quantitativas a essas técnicas qualitativas aplicadas à pesquisa. Assim, acrescentou-se ao estudo a aplicação da técnica de análise de conteúdo. Segundo Herscovitz (2007, p. 126), nesta técnica há uma tentativa de superar a dicotomia entre o qualitativo e o quantitativo com a: integração entre as duas visões de forma que os conteúdos manifesto (visível) e latente (oculto, subentendido) sejam incluídos em um mesmo estudo para que compreenda não somente o significado implícito, o contexto onde ele ocorre, o meio de comunicação que o produz e o público ao qual é dirigido (Herscovitz, 2007, p. 126).. Acredita-se que a técnica permite uma melhor codificação do conteúdo através de definições estabelecidas. Para Krippendorff (1990, p.28-29), a análise de conteúdo é baseada em “técnicas de amostragem, de decomposição, de.

(26) 26. codificação, e outras análises matemáticas e estatísticas destinadas a fazer aparecer as propriedades imediatas dos documentos”. Com relação à amostra, as edições selecionadas foram do primeiro semestre do ano de 2008. A amostragem incluiu sete edições de cada veículo, assim formando uma semana construída da Folha de S. Paulo e sete edições de meses diferentes da Veja. Analisaram-se as edições de ambos os veículos no mesmo período, quer dizer, em semanas coincidentes. No capítulo da análise tem-se um calendário. com. o. período. selecionado. para. a. amostra.. A unidade de medida utilizada nesta pesquisa foi baseada em Unidade de Informação (U.I.), proposta por Violette Morin (1974). É extraída do texto para designar elementos persistentes de uma informação à outra e objetiva enumerar aquilo que se repete através daquilo que se modifica. O índice de freq uência de que cada unidade está dotada e que servirá de ponto de partida para todas as análises (MORIN, 1974, p. 29).. Segundo esta proposição, não se tem a mensuração por superfície de impressão (centímetro quadrado). Cada unidade de informação independe da amplitude do texto, podendo ocorrer dentro de longos espaços, várias páginas, ou em pequenos textos, como em notas. Essas unidades foram inseridas em grupos, uma espécie de categorias. A categorização foi feita em duas planilhas, uma para cada objeto analisado. As variáveis foram construídas de acordo com a necessidade de identificação das unidades de informação. Destaca-se que as variáveis de formatos e tipos foram baseadas em classificações dos gêneros jornalísticos de autores como Marques de Melo, Luiz Beltrão e Manuel Carlos Chaparro. Entretanto, foi necessária a realização de pré-testes a fim de moldar e acrescentar outros grupos de análise para que abarcassem as unidades do jornalismo utilitário encontradas no jornal e na revista. É preciso dizer também que esta pesquisa considerou apenas as unidades de informação de cunho utilitário. Portanto, excluindo os formatos e tipos de demais gêneros jornalísticos. Em alguns casos, pode-se notar a hibridização de gêneros, identificados pelas unidades que destacavam algum conteúdo com proposta de prestar serviço. As planilhas, com as categorias, estão mais detalhadas no capítulo três, onde também se concentrou os resultados desta pesquisa..

(27) 27. Estrutura da dissertação. A dissertação encontra-se divida em quatro capítulos: O primeiro consta de uma fundamentação teórica que inicia com uma revisão sobre o ethos do jornalismo brasileiro. Em um segundo momento mostrou-se as classificações dos gêneros jornalísticos pela perspectiva de Luiz Beltrão, Marques de Melo e Manuel Carlos Chaparro. Em seguida, extraiu-se um único gênero, o utilitário, a fim de prosseguir com as discussões teóricas e conceituais no que diz respeito ao tema analisado. Ainda na primeira parte da pesquisa, apresenta -se como acontece a prestação de serviço nos suportes midiáticos na perspectiva de teóricos. E por fim, levanta-se a discussão sobre jornalismo de serviço ser um gênero independente e que não cabe em classificações opinativas e informativas já existentes. Na segunda parte são apresentados os resultados da pesquisa exploratória e histórica sobre o gênero utilitário na imprensa. No início do capítulo, discute-se a questão dos processos de urbanização no Brasil e sua relação com o jornalismo de serviço, perpassando sobre alguns aspectos do surgimento da imprensa brasileira e paulista, no universo dos jornais impressos e revistas. Fez-se também um resgate sobre a presença do gênero utilitário na Folha de S. Paulo e Veja, das primeiras edições até meados da década de 90. Em uma terceira parte, a pesquisa apresenta os resultados da verificação empírica, quer dizer, a análise de conteúdo. Neste capítulo, os grupos de análise foram apresentados, e em seguida, tecemos algumas considerações sobre os diagnósticos estatísticos realizados na Folha e Veja, principalmente no que diz respeito a formatos e tipos do gênero utilitário. Aqui se pode ter um diagnóstico de cada veículo pesquisado. Também pode-se ter uma descrição da tipologia identificada nesses meios. Por fim, no último capítulo, discutimos aspectos da relação do jornalismo de serviço, consumo e publicidade. Também abordamos questões referentes à produção desse gênero jornalístico na visão dos produtores dessa informação. E nas considerações finais, retomamos a discussão levantada nas hipóteses e nos.

(28) 28. objetivos dessa pesquisa, apresenta ndo características inerentes ao jornalismo de serviço e as principais contribuições da pesquisa..

(29) 29. CAPÍTULO I - O SERVIÇO DO JORNALISMO: UM GÊNERO EM QUESTÃO. 1.1 O jornalismo e os gêneros. Sabe-se que o jornalismo tem como característica intrínseca a atualidade. Esse atributo está relacionado com o cotidiano, isto é, aos assuntos e acontecimentos que envolvem o dia-a-dia da sociedade e que têm relevância pública. Dessa forma, à instituição jornalística cabe a função de integrar os cidadãos a um sistema coletivo mais amplo e complexo. Marques de Melo 2 (2007) afirma que, além da atualidade, o jornalismo tem como características operacionais a oportunidade, universalidade e publicidade. Sobre a atualidade, o autor diz que o fio de ligação entre emissor e receptor no jornalismo é o conjunto de fatos que estão acontecendo. Com relação à oportunidade, Marques de Melo (2007) destaca a diferença entre o jornalismo na idade da imprensa, pautado pela periodicidade, e o jornalismo na Internet, onde impera a instantaneidade. A universalidade é explicada pela diversidade dos veículos jornalísticos. Segundo o autor, quanto mais diversificado um veículo jornalístico maior a sua eficácia institucional. Já, o conceito de publicidade no jornalismo é apresentado como a difusão coletiva das notícias e dos comentários, garantindo assim sua acessibilidade ao público potencialmente interessado. Ainda de acordo com Marques de Melo (2003a), o jornalismo é definido como processo social que se articula a partir da relação (periódica/ oportuna) entre organizações formais (editoras e emissoras) e coletividades através de canais de difusão (jornal/revista/rádio/televisão/cinema/Internet) que asseguram a transmissão de informações (atuais) em função de interesse e expectativas (universos culturais ou ideológicos) (MARQUES DE. MELO, 2003a, p. 17).. 2. Notas de aula, na disciplina Gêneros Comunicacionais, curso de Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo..

(30) 30. Danton Jobim (1960, apud Marques de Melo, 2003a) entende o jornalismo como “necessidade social”. Para o autor, o jornalismo assume o caráter de informação fundamentado nos princípios apontados por Jacques Kayser (apud Marques de Melo, 2003a): a universalidade e a instantaneidade. Segundo Marques de Melo (2003a, p.15), “a essência do jornalismo está no fluxo de informações da atualidade que ocorre nas páginas dos jornais (e implicitamente também nos espaços dos outros media)”. Já na percepção de Luiz Beltrão (2006, p.30), o “jornalismo é informação de fatos correntes, devidamente interpretados e transmitidos periodicamente à sociedade, com objetivo de difundir conhecimento e orientar a opinião pública no sentido de promover o bem comum”. Nesse contexto de conceitos e características, enxerga-se o jornalismo como um processo comunicativo social que envolve informação, orientação, educação e diversão. Neste processo, existe o conjunto de características operacionais já citadas por Marques de Melo (2007). A informação corresponde aos fatos e acontecimentos de interesses coletivos que são registrados pela mídia e transmitidos para a sociedade. No papel de orientador, os meios de comunicação de massa funcionam como suporte esclarecedor, conselheiro e útil, principalmente numa era em que há muita informação e um receptor que possui pouco tempo disponível para se informar. Acredita-se que a função de educação diz respeito, entre outros fatores, à formação de opinião. Neste caso, o jornalismo atua como reforço das idéias dos receptores já pré-existentes ou na própria formação de conceitos e idéias. Por fim, outro fator peculiar ao jornalismo é a diversão, que corresponde aos espaços abertos pelos media para entreter os receptores. O jornalismo brasileiro nasceu com características e motivações externas. Influências européias e norte-americanas se impuseram e tornaram-se inspirações para a formação da identidade do jornalismo do Brasil. Nosso jornalismo é contemporaneamente o resultado cultural desse conjunto de motivações forâneas, sem que isso queira significar a existência de uma fisionomia amorfa, produzida pelo entrecruzamento dos padrões estrangeiros (MARQUES DE MELO, 2006, p.69)..

(31) 31. Marques de Melo (2006) reconhece as influências no jornalismo brasileiro do jornalismo praticado em Portugal, sendo este nutrido por modelos franceses e britânicos. Na obra Sociologia da Imprensa Brasileira, publicada em 1973, o autor interpreta a evolução da imprensa no Brasil e, entre outras análises, narra a implantação da imprensa no país , em 1808, com a chegada da Corte de D. João ao Rio de Janeiro. O autor considera que o aparecimento da imprensa foi tardio, relaciona o advento da imprensa com medidas governamentais para as atividades da coroa portuguesa e caracteriza a produção da imprensa régia no Rio de Janeiro como “limitada e medíocre”. (MARQUES DE MELO, 1973, p.88). Apesar do jornalismo brasileiro possuir suas raízes na Europa, por meio de Portugal, o maior impacto no jornalismo praticado no país veio do modelo norteamericano. Essa influência, segundo Marques de Melo (2006), aconteceu principalmente pela atuação das agências noticiosas e se consolidou com a importação de tecnologia. Neste contexto, o Brasil figura como nação importadora de tecnologia e os Estados Unidos como potência capitalista. No caso brasileiro, não é suficiente fazer remissões àqueles modelos que nos trouxeram os colonizadores lusitanos, mas torna-se imprescindível perceber as determinações que configuram o padrão transplantado e descobrir os atravessamentos gerados pelas influências conjunturais, inevitáveis na trajetória dos povos e das culturas que vivem em tono dos pólos hegemônicos do poder internacional. Neste sentido é que o jornalismo brasileiro tem uma fisionomia entrecortada por múltiplas diretrizes, algumas convivendo contraditoriamente no estilo que nos trouxeram os portugueses, outras que chegaram através dos processos de comunicação intercultural implícitos nos movimentos migratórios, e também aquelas que emergiram de situações de dependência tecnológica e econômica, que incluem no seu bojo alterações simbólicas fundamentais (MARQUES DE MELO, 2006, pp.67-68).. Espera-se que através de revisão bibliográfica das procedências, tipicidades e identidades do jornalismo, se possa compreender os gêneros jornalísticos. Essa questão vem sendo discutida há muito tempo, desde os tempos da antiguidade grega, ainda nos tempos de Platão. Os gêneros literários platônicos foram posteriormente reelaborados por seu discípulo Aristóteles, estabelecendo assim a classificação: épica, lírica e dramática, que acabou por se fixar como o princípio dos estudos dos gêneros..

(32) 32. O ouvinte é, necessariamente, espectador ou juiz; se exerce as funções de juiz, terá de se pronunciar ou sobre o passado ou sobre o futuro. Aquele que só tem que se pronunciar sobre a faculdade oratória é o espectador. Donde, resultam necessariamente três gêneros de discursos oratórios: o gênero deliberativo, o gênero judiciário e o gênero demonstrativo (ou epidíctico) (Aristóteles, 1964, pp. 30-31).. Marques de Melo (2003b) afirma que Aristóteles “constitui a principal fonte codificadora da cultura greco-romana, sustentáculo do pensamento ocidental” (p.15). Encontra-se ali o primeiro paradigma comunicacional, firmando-se como “protótipo das matrizes teóricas contemporâneas”. (p.15). A questão dos gêneros jornalísticos tem origem na própria práxis. “Desde o início das atividades permanentes de informação sobre a atualidade (processo livre, contínuo, regular), colocou-se a distinção entre as modalidades de relato dos acontecimentos” (p.42). Marques de Melo (2003a) afirma ainda que no campo do jornalismo, Samuel Buckeley, editor do Daily Courant, na Inglaterra do século XVIII, criou a primeira classificação dos gêneros no jornalismo ao separar o texto do diário em duas categorias: news e comments. Nos Estados Unidos, os gêneros predominantes entre os séculos XVIII e XIX eram os comments e a story. Entre os povos latinos, no entanto, os gêneros tornam-se bem mais variados. Lia Seixas (2004) considera que o pioneirismo da produção teórica dos gêneros no jornalismo se deu nos anos de 1950, na Europa, referenciando o aparecimento da disciplina “Os gêneros jornalísticos”, na Universidade de Navarra, em 1951, como um dos marcos para as pesquisas dos gêneros no jornalismo. Segundo a autora (2004), o primeiro professor da disciplina foi Martinez Albertos, também um dos estudiosos nesse campo. Na Espanha, como afirma Seixas (2004), os estudos dos gêneros tornaramse tradição. Além de Martinez Albertos, a autora destaca o pesquisador catalão Hector Borrat, por suas. pesquisas sobre textos narrativos, descritivos e. argumentativos, e Gonzalo Martin Vivaldi, também um dos pioneiros nesta discussão. Sonia Fernandez Parrat (2001) afirma que um dos pioneiros a trabalhar com os gêneros no jornalismo foi o francês Jacques Kayser, nos últimos anos da década de 50. A pesquisadora defende que a teoria dos gêneros jornalísticos não nasceu somente como uma preocupação literária, mas também como uma técnica de.

(33) 33. trabalho para análise sociológica de análise quantitativa das mensagens que apareciam na imprensa. No uso espanhol, Parrat (2008, pp.40-41) aponta Manuel Graña como pioneiro, mostrando estudos dos gêneros jornalísticos desde 1930. No Brasil, os estudos sobre os gêneros jornalísticos se iniciaram com Luiz Beltrão na década de 60. Através de suas experiências em salas de aula, na Universidade Católica de Pernambuco e sua vivência no Centro Internacional de Estudos Superiores de Periodismo para América Latina (CIESPAL), Beltrão começou a produzir textos, posteriormente publicados, importantes para o desenvolvimento das pesquisas em Jornalismo no país. A primeira obra lançada foi Introdução à Filosofia do Jornalismo. Beltrão publicou também a trilogia que tratava especificamente dos gêneros jornalísticos: A. Imprensa. Informativa. (1969),. Jornalismo Interpretativo (1976) e Jornalismo Opinativo (1980). Marques de Melo (2003b), ao comentar as pesquisas sobre os gêneros no Brasil, afirma que o único pesquisador a se preocupar sistematicamente com o fenômeno foi Luiz Beltrão. Cita que pesquisadores como Juarez Bahia e Luiz Amaral apresentam noções técnicas voltadas para a produção de matérias, pouco interessadas na configuração conceitual dos gêneros. Por sua vez, afirma que Cremilda Medida volta suas preocupações para a análise estilística e estrutural de mensagens específicas de jornais paulistas e cariocas, mas sem aprofundar as discussões sobre as classificações das mensagens jornalísticas. Outro autor citado por Marques de Melo (2003b) é Mario Erbolato, que na visão do pesquisador atentase para as classificações do jornalismo em categorias funcionais, porém sem relacionar essas categorias aos gêneros. Além desses pesquisadores citados por Marques de Melo, autores como Chaparro, Aronchi, Lia Seixas e o próprio José Marques de Melo, entre outros estudiosos que podem ser encontrados nos programas de pós-graduação do Brasil, têm deixado importantes legados para o desenvolvimento dos estudos dos gêneros jornalísticos. Essas pesquisas têm relevante importância no sentido de fortalecer conceitualmente e melhorar a categorização dos gêneros produzidos pela mídia. Além de alicerce teórico-metodológico para as pesquisas no campo comunicacional, os estudos servem para a preparação de profissionais que atuam diretamente na imprensa. Bonini (2002) defende as pesquisas sobre os gêneros na mídia..

(34) 34. O estudo dos gêneros do jornal é uma necessidade premente no âmbito do ensino de linguagem e formação de professores, uma vez que tais gêneros são de grande relevância social, dada a importância dos meios de comunicação de massa na sociedade (BONINI, 2002, on-line).. Sobre as formas conceituais, Fonseca (2005, on-line) defende que os gêneros jornalísticos são determinados pelo estilo , e que este depende da relação do jornalista com seu público, aprendendo seus modos de expressão (linguagem) e suas expectativas temáticas. Ela defende os gêneros jornalísticos como “as modalidades de relato dos acontecimentos que compõem a realidade social de onde os jornalistas recortam aqueles que, pelos seus valores-notícia, adquirem existênciapública”. Aronchi (2004), baseado na visão de Martín-Barbero, afirma que os gêneros podem ser entendidos como “estratégias de comunicabilidade”, “fato cultural”, e “modelo dinâmico”. Somos capazes de reconhecer este ou aquele gênero, falar de suas especificidades, mesmo ignorando as regra de sua produção, escritura e funcionamento. A familiaridade se torna possível porque os gêneros acionam mecanismos de recomposição da memória e do imaginário coletivos de diferentes grupos sociais (ARONCHI, 2004, p.44).. Manovich (apud Seixas, on-line) diz que os gêneros são práticas sociais instituídas historicamente, cujas mudanças sociais aparecem com novas formas de produção, de linguagem, novos ambientes, novos suportes, em última instância, envoltas e fundadas em novas “formas culturais”. Assim, Seixas (2004, on-line) propõe que “se um gênero de discurso é resultado de determinadas práticas sociais, a. evolução. (mudança). de. práticas. sociais. implica. necessariamente. uma. transformação nos gêneros e o surgimento de outros”. (SEIXAS, 2004, p.4, on-line) Seixas (2004, on-line), em seus estudos dos gêneros digitais, considera que os gêneros no jornalismo estão divididos por mídias, e que há mudanças nos gêneros de acordo com a evolução das práticas sociais. Dessa forma, acredita que as teorias classificatórias existentes não acomodam “a grande variedade produzida pela evolução da atividade jornalística, da qual surgem gêneros ‘mistos’, influenciados pelas novas mídias (digitais)”. (p.1, on-line)..

(35) 35. Sobre as transformações dos gêneros dentro do contexto das práticas sociais, o francês Jean Michel Utard (2003, p.69, on-line) considera que os “gêneros são aqueles sobre os quais incidem as transformações (hibridização dos gêneros)”. Este autor afirma que o gênero é apresentado como caracterização da mensagem, esta considerada como produto. Assim, a mensagem tem uma dimensão estrutural (classe e código) e dimensão de processo (traço histórico). Utard (2003), em sua análise sobre o embaralhamento dos gêneros midiáticos, parte de uma hipótese de interferência generalizada numa perspectiva dos estudos nos suportes digitais. “A Internet parece apagar as fronteiras naturais de informação tais como nos propõem as mídias clássicas”. (p.66, on-line). O autor defende ainda que as fronteiras entre informação e publicidade estão cada vez mais bem-aceitas. As pessoas não se espantam com o casamento entre publicidade e entretenimento ou com a ficção. É em torno da oposição e da restituição em causa entre, de um lado, a informação e de outro, todo o resto [...]. Assim se articula então em uma premissa teórica forte sobre o qual existem duas ordens de representação do real que são a informação e a ficção, e que recortam as oposições implícitas como o sério e o lúdico, o político e o comercial, a obra e a série (UTARD, 2003, p. 67, on-line).. Embora o autor esteja envolvido com o contexto da França, apresenta uma série de considerações que podem ser aplicadas à realidade brasileira. Os meios digitais não entram como foco desta pesquisa, mas através de revisões bibliográficas e observações pessoais, percebe-se que este suporte midiático vem transformando diversas características dos outros media; entre essas características que estão mudando, podemos destacar a periodicidade. Na era da Internet, o que predomina é a instantaneidade, a informação minuto a minuto. Entretanto, acredita-se que as classificações dos gêneros já existentes ainda abarcam esse suporte. O meio digital também trabalha com os gêneros informativo, opinativo, interpretativo e utilitário. Mas, considera-se que se faz necessária a realização de estudos que possam identificar e levantar as tipologias utilizadas, já que as transformações são ainda mais rápidas e a interatividade maior do que em qualquer outro meio de comunicação..

(36) 36. 1.2. Os gêneros e suas classificações. Em meio aos estudiosos brasileiros e forâneos sobre os gêneros no jornalismo, há aqueles que se preocuparam em classificar os gêneros e os formatos existentes. Na obra Jornalismo Opinativo, Marques de Melo (2003a) analisa classificações européias, norte-americanas, hispano-americanas e brasileiras, contextualizando a questão dos gêneros em diversos países, oferecendo uma importante contribuição ao reunir os estudos existentes nesse campo. No universo brasileiro, sabe-se que a primeira classificação foi proposta por Luiz Beltrão, no final dos anos 60, relacionada ao jornalismo impresso. Este autor realiza uma divisão funcional dos gêneros no jornalismo, dividida em três categorias: informativa, interpretativa e opinativa.. Quadro 3: Classificações de gêneros e formatos de Luiz Beltrão*. Os gêneros 1. Jornalismo Informativo. Formatos propostos por Luiz Beltrão a) Notícia b) Reportagem c) História de interesse humano d) Informação pela imagem. 2. Jornalismo Opinativo. a) Editorial b) Artigo c) Crônica d) Opinião ilustrada. e) Opinião do leitor 3. Jornalismo Interpretativo. a) Reportagem em profundidade *Quadro elaborado pela autora. Utilizado como referência ainda nos dias atuais, Beltrão influenciou pesquisadores como Marques de Melo, que se identifica como seu seguidor. Marques de Melo (2003a) trata somente de dois gêneros jornalísticos: o informativo e o opinativo. Afirma que não identificou tendências como jornalismo interpretativo e.

(37) 37. jornalismo diversional na práxis jornalística no país, em estudo na década de 80 (século XX). Quadro 4: Classificações de gêneros e formatos de Marques de Melo, década de 80*. Os gêneros. Formatos propostos por Marques de Melo a) Nota b) Notícia. 1. Gênero Informativo. c) Reportagem d) Entrevista a) Editorial b) Comentário c) Artigo d) Resenha. 2. Gênero Opinativo. e) Coluna f) Crônica g) Caricatura h) Carta. *Quadro elaborado pela autora. Em. revisão. recente,. apresentada. no. curso. de. Pós-Graduação. da. Universidade Metodista de São Paulo, Marques de Melo (2007) amplia esta classificação, e acrescenta os gêneros interpretativo, utilitário e diversional, cultivados nos primeiros anos do século XXI. Quadro 5: Classificações de gêneros e formatos de Marques de Melo, século XXI*. Os gêneros. Formatos recentes propostos por Marques de Melo a) Nota. 1. Gênero Informativo. b) Notícia c). Reportagem. d) Entrevista.

(38) 38. a) Editorial b) Comentário c) Artigo 2. Gênero Opinativo. d) Resenha e) Coluna f) Caricatura g) Carta h) Crônica a) Dossiê. 3. Gênero Interpretativo. b) Perfil c) Enquete d) Cronologia a) Indicador. 4. Gênero Utilitário. b) Cotação c) Roteiro d) Serviço. 5. Gênero Diversional. a) História de Interesse Humano b) História Colorida *Quadro elaborado pela autora. Segundo Bonini (2003, on-line), a classificação dos gêneros proposta por Marques de Melo é baseada em dois critérios: 1) A intencionalidade presente nos relatos (o jornalismo como tentativa de reproduzir o real e como tentativa de ler o real); 2) A natureza estrutural do relato. Seixas (2004, on-line), ao analisar as pesquisas sobre gêneros, afirma que as propostas de Luiz Beltrão (1980) e de Marques de Melo (1985) estão fundamentadas em cinco critérios. 1) finalidade do texto ou disposição psicológica do autor, ou ainda intencionalidade; 2) estilo; 3) modos de escrita, ou morfologia, ou natureza estrutural; 4) natureza do tema e topicalidade; e 5) articulações interculturais (cultura). (SEIXAS, 2004, p.3, on-line). Para Seixas (2004), os autores trabalham a classificação de gêneros no jornalismo baseados na separação de forma e conteúdo, o que gera uma divisão temática que dá vazão ao critério de intencionalidade do autor, que na sua visão, realiza uma função de opinar, informar, interpretar ou entreter..

(39) 39. Outro autor que apresenta uma classificação dos gêneros é Manuel Carlos Chaparro (2008). Em sua pesquisa, comparando os gêneros no Brasil e Portugal, o pesquisador questiona a divisão dos gêneros baseada na separação de informação e opinião. Segundo Chaparro, trata-se de "um falso paradigma, porque o jornalismo não se divide, mas se constrói com informações e opiniões" (CHAPARRO, 2008, p.146). Chaparro (2008) relaciona o jornalismo à ação de comentar e relatar. Dessa forma, propõe sua classificação baseada em dois gêneros: comentário (espécies argumentativas e espécies gráfico-artísticas) e relato (espécies narrativas e espécies práticas).. Quadro 6: Classificações de gêneros e espécies de Chaparro*. Gêneros. Espécies. 1.1. Espécies Argumentativas a) Artigo b) Crônica c) Cartas 1. Comentário. d) Coluna 1.2. Espécies Gráfico-artísticas a) Caricatura b) Charge. 2.1. Espécies Narrativas a) Reportagem b) Notícia 2. Relato. c) Entrevista d) Coluna 2.2. Espécies Práticas a) Roteiros b) Previsão de tempo.

(40) 40. c) Indicadores d) Agendamentos e) Cartas-consulta f) Orientações úteis *Quadro elaborado pela autora. As classificações existentes sobre os gêneros jornalísticos continuam como importantes fontes de pesquisas para a academia e para a formação de jornalistas. A questão dos gêneros, apesar de muitas vezes causar divergências entre os autores, configura-se como uma área que gera estudos nos diversos suportes midiáticos. Os debates e críticas que surgem, por sua vez, acabam por desempenhar papéis relevantes, que proporcionam a evolução das pesquisas. Mas, é preciso destacar que ainda são escassas as pesquisas que se propõem a descrever e analisar os gêneros jornalísticos. Há teóricos que concebem os gêneros por uma perspectiva funcionalista. Estes procuram conceituar os gêneros jornalísticos, apontando os formatos neles existentes na mídia através das funções desempenhadas dentro do jornalismo. Por outro lado, há pesquisadores da área da linguística que ao invés de buscar a tipologia, procuram entender os gêneros dentro do sentido discursivo. Nesta pesquisa, busca-se descrever um único gênero, o utilitário, a partir dos pressupostos já existentes e através de observações na mídia impressa. Reconhece-se que a proposta inclui a busca pelos conceitos, mas também há necessidade de desvendar as tipologias que envolvem o jornalismo de serviço. Porém, antes de partir para a parte exploratória e empírica, é preciso prosseguir com as discussões teóricas e conceituais no que diz respeito ao tema analisado.. 1.3. Jornalismo de Serviço: a informação útil na mídia. O termo jornalismo de serviço pode ser considerado como uma redundância, já que o jornalismo, em sua essência, tem o propósito de prestar serviço à sociedade. Porém, a denominação, empregada para classificar o material jornalístico.

(41) 41. com proposta orientadora ao público, tem sido bastante utilizada nesta era dominada pelo capitalismo. Na sociedade atual, impera o consumismo, o que gera amplitude de opções de produtos e bens simbólicos. Assim, os cidadãos necessitam cada vez mais de orientações. Correspondendo a essa demanda, os meios de comunicação de massa utilizam-se do jornalismo para prestar serviços de utilidade pública, muitas vezes, sobre assuntos e temas que fazem parte do cotidiano dos cidadãos. O jornalismo utilitário tem como proposta principal oferecer a informação que o receptor necessita ou que poderá se tornar necessária em algum momento. Assim, manifesta -se em todos os suportes midiáticos, e nos dias atuais com espaços bem mais amplos, levando à audiência uma informação útil e utilizável. O francês Jacques Kayser (apud Parrat, 2008) quando estabeleceu a classificação dos gêneros jornalísticos em 1962, tratou a seção de serviços como informação de utilidade prática. O autor classificou essas seções entre os gêneros de caráter secundário, e referenciou os programas de espetáculo, programações de rádio e televisão, cotações da bolsa e previsões meteorológicas. Parrat (2008, p.32) afirma que o jornalismo de serviço ocupa-se em proporcionar uma variedade de ferramentas necessárias para as atividades práticas da vida diária do cidadão, isso acontece em forma de guias, listas ou conselhos. Assim, a autora afirma que o conteúdo desse jornalismo se traduz de três formas:. 1.. Na criação de seções especiais dedicadas a cobrir preocupações e. necessidades práticas do dia a dia do cidadão; 2.. As seções especiais incorporam informação da atualidade sobre. numerosas questões consideradas de interesse geral; 3.. A. incorporação. da. informação. de. serviço. nos. textos. mais. convencionais (tanto interpretativos como informativos) publicados nas páginas de informação geral mediante elementos de apoio de ‘serviço’..

Referências

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