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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 O método de pesquisa que estimula a ação e a produção

Ao decidir fazer uma pesquisa, o responsável por ela deve escolher um método para orientar essa tarefa, isso é necessário para que se possa chegar a determinado resultado, e por consequência, ser possível explicar como foi o caminho para se obter uma almejada conclusão. Essa etapa também define a maneira como vão ser os procedimentos para se obter os resultados, qual a forma e atividades a serem utilizadas para implantar no campo aquilo que já foi pensado e planejado nas academias. Apesar de ser um pensamento teórico, essa questão é que vai definir como irá ocorrer, de maneira detalhada, cada aplicação das ideias pretendidas:

O método, dizia o historiador Dilthey (1956), é necessário por causa de nossa “mediocridade”. Para sermos mais generosos, diríamos, como não somos gênios, precisamos de parâmetro para caminharmos no conhecimento. Porém, ainda que simples mortais, a arca de criatividade é nossa “grife” em qualquer trabalho de investigação. (MINAYO, 1994, p. 17)

Quando o autor fala em mediocridade, não é tentando diminuir a inteligência de ninguém, mas é para exemplificar que nenhuma pessoa é capaz o suficiente, para com seus próprios métodos ou formas exclusivas, abordar determinado produto, é preciso que se obedeçam parâmetros já definidos para fazer essa análise. É nesse intuito que as pesquisas seguem alguns requisitos prévios para que ocorra de forma satisfatória a análise dos objetivos pretendidos, reconhecendo que o conhecimento não é privilégio do responsável pelo trabalho, mas que outros pesquisam assuntos variados, ou até mesmo o tema em questão, mas que pelos mesmos métodos podem chegar a resultados diversos.

Mas dentro dos métodos, há a digital do pesquisador, nenhuma pesquisa, podendo inclusive usar idênticas formas de abordagem, poderá ter resultado

fidedigno a outra, mesmo ao se referir à igual produto, essa é a maneira criativa que o pesquisador obterá a partir do seu ângulo de visão. As impressões do autor são importantes, pois elas darão os rumos do andamento do trabalho, o próprio modo de estudo é escolhido por ele, a manipulação, desse jeito de fazer a pesquisa também vai influenciar de maneira decisiva nas conclusões do trabalho em questão. Nota-se aí que a figura do articulador do trabalho não pode ser anulada, ele faz toda a diferença, dando peculiaridade ao resultado desse.

Na tarefa que se intenta realizar com esse trabalho, o método será a pesquisa de ação, ou pesquisa-ação, pois essa maneira de abordagem se aproxima muito do que se pretende compreender na intervenção almejada. Tendo em vista que se há um comprometimento de discutir e estudar na prática a atuação de uma escola de ensino fundamental e médio no meio rural, atividade essa em que a produção e a educação caminharão juntas, observar e detectar as realidades através dessa maneira soa como algo necessário para que se obtenha os resultados esperados:

É importante que se reconheça a pesquisa-ação como um dos inúmeros tipos de investigação-ação, que é um termo genérico para qualquer processo que siga um ciclo no qual se aprimora a prática pela oscilação sistemática entre agir no campo da prática e investigar a respeito dela. Planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia-se uma mudança para a melhora de sua prática, aprendendo mais, no correr do processo, tanto a respeito da prática quanto da própria investigação. (TRIPP, 2005, p. 446)

Ao oscilar entre a ação e a investigação, esse método enriquece a pesquisa dando ao pesquisador a oportunidade de aprender com a prática e com a realidade do objeto de estudo, tendo em vista que esse se trata de pessoas, o aprendizado se torna eficaz de maneira mais veemente. Na pesquisa social, não há condições de implementar de forma engessada nenhum plano pré-estabelecido sem que haja alguns ajustes, e até mudanças completas pelo fato de os pesquisados não estarem devidamente “enquadrados” no esquema de estudo proposto, o que denuncia a utilidade desse modo de abordagem para a referida forma de pesquisa.

A alternância entre agir e pesquisar a ação, torna essa tarefa em uma maneira constante de estudos e descobertas, principalmente quando estão presentes nessa articulação pessoas de um determinado meio que está sendo estudado, as melhorias das ações refletem na investigação e vice-versa. Nesse trabalho, a escola com seus componentes, professores, alunos, funcionários, pais e comunidade em geral, contribuirão para que as próximas pesquisas sobre educação

e produção agropecuária tenham como parâmetro referencial aquilo que eles ajudaram a produzir.

É possível perceber então que o agir e estudar a ação promove a produção, pois a pesquisa não é apenas uma fria maneira de olhar para a realidade em questão, mas sim detecta e promove a constante transformação que acontece naquele meio, inclusive no decorrer da própria investigação.

Desse modo, o pensar se entrelaça contemporaneamente com o agir, criando um ambiente em que não se separa a teoria da prática, mas que a primeira pode surgir da segunda, e a segunda orientando a teoria, formarão a cadência produtiva almejada.

Paralelamente a essa difusão, cumpre que jamais se perca de vista o alcance emancipatório de uma proposta educacional assim instrumentalizada, de forma que protagonismo estudantil também faça jus a adentrar práxis de teleologização de mudança nas esferas subjetiva e objetiva, o que ocorre mediante pesquisa-ação a ser objeto de experiência na perspectiva de ser inclusiva de sempre mais numerosos pesquisadores. (COSTA; BERGAMO; LUCENA, 2016, p. 284)

A emancipação do ser humano é uma parte essencial na construção de um projeto de pesquisa educacional, colocar alunos e professores na condição de atores de transformação dos estudos para o desenvolvimento local e regional é uma tarefa desse modelo de abordagem. Assim, o pesquisador não é alguém que somente observa e escreve sobre o ambiente estudado, mas contribui efetivamente, ao lado da comunidade, para a promoção de atitudes emancipatórias para seus membros, instigando, propondo e ajudando a implantar ações que venham a facilitar processos emancipatórios, pretendendo que esse grupo de pessoas caminhem de maneira independente.

Desse modo a pesquisa passa a ser popularizada, tornando pesquisadores não apenas os membros da academia, mas pessoas em geral, inclusive os componentes das comunidades pesquisadas, essa seria uma forma de tornar produtiva a escola e a agropecuária, ensinando os alunos e professores a serem produtores de componentes intelectuais que possam vir a contribuir com a comunidade e para a quem mais possa interessar. Essa é uma atividade da pesquisa-ação, pois o fato de haver uma intervenção por parte da pesquisa no quesito emancipação, compreende que a ação foi um resultado da observação, e que esta sofreu influências daquela.

Ao trabalhar essa modalidade metodológica, com uma pesquisa de campo em uma escola que está intimamente ligada às unidades agropecuárias de produção, onde residem estudantes, seus pais e alguns professores, que estão envolvidos com atividades produtivas (em regime da mão-de-obra familiar) e educacionais, pretende- se promover não só uma ação emancipatória, como também envolver a educação com a produção local.

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