• Nenhum resultado encontrado

5.1.2 O Manual do Professor da Coleção Tecendo Linguagens – volume

5.1.2- O Manual do Professor da Coleção Tecendo Linguagens

volume 4

Dedicaremos esta subseção à apresentação dos pressupostos teóricos e metodológicos da Coleção Tecendo Linguagens, volume 4. Buscamos reconhecer os fundamentos das propostas referentes ao trabalho com gêneros, no Manual do Professor.

Como foi dito anteriormente, essa coleção está sendo adotada na Rede Municipal de Magé – Rio de Janeiro, local onde exerço minha profissão de educadora. Espero, com isso, contribuir para minha prática docente.

Um dos critérios para aprovação do PNLD é a apresentação de um Manual do Professor que explicite de forma clara os referenciais teóricos da coleção, que oriente o professor no trabalho proposto e que seja coerente com as propostas destinadas aos alunos. Em obediência a esses critérios, a coleção Tecendo

Linguagens apresenta seus princípios norteadores para os professores. Como nosso

foco de análise são os eixos de leitura e produção textual, a busca será restrita aos mesmos.

Os autores partem dos objetivos do ensino de língua portuguesa (geral e do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental) apresentados pelos PCN (BRASIL/SEF,1998) que, entre outros, consistem em criar condições para que o aluno desenvolva sua competência comunicativa, valorize a pluralidade cultural, expresse autonomia e se familiarize com diferentes gêneros de textos.

A metodologia está pautada em quatro bases: “pensar, sentir, trocar e fazer de modo crítico, criativo, solidário e prazeroso” (OLIVEIRA, et al., Manual do

Professor, 2012, p. 10). Os autores enfatizam que uma instituição escolar deve visar

à construção de conhecimento e à relação teoria-prática e que seja um espaço de aprendizagem que concebe o educando e o educador como sujeitos ativos e parceiros na construção do saber, estabelecendo uma relação dialógica entre eles.

80 Como pressupostos teóricos, além dos autores do livro didático citarem Vygotsky, Gardner, Kleimam e Soares, destacamos a referência aos estudos sócio- históricos da linguagem e a teoria de gêneros, de Bakhtin (2011); análise de tipo e gêneros textuais, de Marcuschi (2008); análise de gêneros e a progressão curricular, de Schneuwly e Dolz (2004).

No trabalho com gêneros afirmam considerar:

 a relevância dos textos para a literatura nacional ou estrangeira, para a cultura de tradição oral ou para o cancioneiro nacional;

 a relevância e o uso sociais de textos falados ou escritos, formais e informais;

 novos gêneros criados por meio de novas tecnologias;

 o interesse da faixa etária que usufruirá da obra;

 a progressão proposta na obra e os níveis de complexidade dos textos ou gêneros escolhidos (gêneros primários / gêneros secundários);

 o tema do capítulo;

 a necessidade de sistematização de determinado gênero para proposta de textos de autoria. (OLIVEIRA, et al., Manual do Professor, 2012, p. 17)

Os autores julgam conveniente, em alguns momentos, referir-se aos textos considerando o tipo textual predominante, o suporte do texto, a depender dos objetivos visados. Baseando na distinção dada por Marcuschi (2008) entre tipo e gêneros, os autores propõem uma organização do trabalho baseada na progressão dos gêneros, conforme propuseram Schneuwly e Dolz (2004).

[...] Com bases nesses pressupostos, o que se propõe não é uma organização linear de gêneros ou tipos, mas uma organização que leve em conta o conflito cognitivo mobilizador de novas aprendizagens (ligeiramente acima das possibilidades dos alunos), os conhecimentos prévios, o contexto de aprendizagem, o tema de cada capítulo, as condições que favorecem o trabalho em sala de aula e a preocupação com o desenvolvimento da autonomia. (OLIVEIRA, et al., Manual do Professor, 2012, p. 18)

Com isso, ocorre a organização dos eixos (leitura, conhecimentos linguísticos, produção textual e oralidade) da coleção Tecendo Linguagens. Os gêneros perpassam todos esses eixos fundamentando, principalmente, os eixos de leitura e produção, como os autores declaram no Manual do Professor (p. 28).

81 O eixo de leitura visa desenvolver habilidades como:

 identificar, selecionar e localizar informações precisas presentes no texto;

 relacionar informações;

 inferir, identificando elementos implícitos, que estejam ou não escritos;

 estabelecer relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros textos já lidos;

 avaliar um texto. (OLIVEIRA, et al., Manual do Professor, 2012, p. 20)

O trabalho com leitura trata de textos representativos da literatura brasileira e mundial, de uso público, instrucionais e midiáticos, de diferentes gêneros, que utilizam vários padrões da modalidade escrita. Os autores salientam que as respostas oferecidas nas atividades para o aluno não devem ser consideradas únicas e sim uma possibilidade, entre várias, de resposta. O professor poderá opor- se ou concordar, bem como ampliá-las de acordo com as discussões promovidas em sala de aula.

O eixo de produção textual é uma extensão do trabalho de leitura. As propostas relacionam-se com os gêneros ou os temas estudados no capítulo. Incluem–se textos verbais e criação de ilustrações, recorte e colagem etc, que perpassam diferentes graus de dificuldades (como transcrições, decalque, paródia e atividades de autoria). Seguem orientações para a produção, entre as quais se destacam: contexto de produção, características dos gêneros (intenção comunicativa, domínio discursivo, suporte textual, marcas lingüísticas etc) e a estrutura textual (parágrafos e pontuação).

Com essa apresentação da proposta de trabalho, observamos que todos os eixos que compõem o currículo de LP estão sendo norteados pelas teorias expostas, em especial, as vertentes da teoria de gêneros de Bakhtin (2011), de Marcuschi (2008) e de Schneuwly e Dolz (2004).

A seguir, continuamos com a investigação da abordagem dos gêneros, agora, nas propostas de atividades do Livro do Aluno, volume 4, das duas coleções:

82

5.2- A dimensão da abordagem dos gêneros: análise das atividades

do Livro do Aluno

Nesta seção serão discutidas as atividades com gêneros, referentes ao 9º ano de escolaridade do Ensino Fundamental, das Coleções Português: Linguagens e Tecendo Linguagens, Livro do Aluno, a partir das reflexões teóricas feitas anteriormente. Buscamos reconhecer a dimensão do tratamento dos gêneros, se há como embasamento alguma(s) vertente(s) dos estudos de gêneros, e em caso positivo, qual (quais) predomina(m): a concepção discursiva ou textual. O critério de escolha das atividades tem a ver com a relevância para nossa investigação e com a organização do presente capítulo (análise dos eixos de leitura e produção textual que integram o ensino de Língua Portuguesa).

Na seção anterior, verificamos o embasamento teórico para a elaboração das atividades do Livro do Aluno, momento em que os autores propõem um diálogo com os professores, oferecendo-lhes orientações e sugestões para o trabalho docente. Neste momento, o interlocutor principal é o aluno. Os autores fazem uma seleção de gêneros e propõem atividades, dando um encaminhamento aos estudos sobre a língua materna.