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Alguns Conceitos de Sistemas Dinâmicos

A.4 O mapeamento logístico

Após n iterações as órbitas divergentes podem ser caracterizadas por ¯

¯fn(x +ε) − fn(x) ¯

¯≃εenλn (A.2)

onde fn

(x) = f ( f (··· f (x))). O parâmetroλnrepresenta a taxa de divergência. No limite de ε

tendendo a zero, o expoente de Lyapunov é determinado pela derivada do mapeamento

λn≃ 1 nln ¯ ¯ ¯ ¯ fn(x +ε) − fn(x) ε ¯ ¯ ¯ ¯≃ 1 nln ¯ ¯ ¯ ¯ d fn(x) dx ¯ ¯ ¯ ¯ (A.3) O expoente de Lyapunov é definido comoλ = lim(λn, n → ∞). Pode ser mostrado que isto é

equivalente a λ = lim n→∞ 1 n n−1

i=0 ln ¯ ¯ ¯ ¯ d fn(x) dx ¯ ¯ ¯ ¯ (A.4) Esta expressão para λ mede a taxa de separação exponencial entre duas órbitas próximas.

Seλ for negativo, então as órbitas convergem e o sistema dinâmico é insensível às suas con- dições iniciais. Seλ for positivo, a distância entre duas órbitas cresce exponencialmente, e o sistema apresenta sensibilidade às condições iniciais.

Uma outra forma de quantificar a desordem no caos e através de sua Entropia. Se p é uma lista de probabilidades pi, então a entropia é definida como

entropia= −

n

i=1

pilog(pi) (A.5)

A entropia mede a homogeneidade da distribuição do sistema em seus vários estados no espaço de fase. Um sistema com uma entropia muito baixa se encontra usualmente em um de poucos estados possíveis, e ele é dito ser mais previsível que um sistema com grande entropia. Se um sistema possui somente um estado possível, dizemos que o sistema é perfeitamente ordenado - conhecemos a priori em qual estado o sistema se encontra e nenhuma informação nova é obtida.

A.4 O mapeamento logístico

Para exemplificar os conceitos abordados acima, utilizaremos o clássico exemplo do mapea- mento logístico. O mapeamento logístico é definido por

xn=µxn−1(1 − xn−1) (A.6)

ondeµ é um parâmetro no intervalo de 0 a 4 e xnestá entre 0 e 1. Todas as condições iniciais

eventualmente se encaixam em um dos seguintes três tipos de comportamento: • Pontos fixos, onde os valores das iterações se aproximam de um valor estável. • Órbitas periódicas, onde as iterações se alternam entre dois ou mais valores.

Figura A.1 Mapeamento logístico, com µ = 2,9, x0= 0, 1

• Órbitas caóticas onde as iterações se alternam entre valores imprevisíveis.

Por exemplo, no mapeamento logístico, usando µ = 2, 9, começando de x0= 0, 1, após 50

iterações teremos o comportamento visto no gráfico (A.1).

O gráfico ilustra como a órbita converge para o valor 0,655. Este gráfico é muito parecido com o gráfico do oscilador amortecido onde as amplitudes vão para zero.

Para mostrar um período com duas órbitas, com pontos fixos iguais a 0,84 e 0,45, basta fazerµ= 3, 4. Observe a figura (A.2).

Figura A.2 Mapeamento logístico, com µ = 3,4, x0= 0, 1

Paraµ= 3, 54 teremos um período de quatro órbitas, µ = 3, 55 um período de oito órbitas, e, finalmente, para µ = 3, 57, um comportamento caótico emerge, como ilustrado na figura (A.3).

A.4 O MAPEAMENTO LOGÍSTICO 93

Figura A.3 Caos no mapeamento logístico com µ = 3,7 e x0= 0, 1

Existe uma maneira gráfica de resolver as equações de ponto fixo x = f ( f (··· f (x)···)). Se voce plotar os lados direito e esquerdo de x = f ( f (··· f (x)···)), então os pontos fixos são determinados pela interseção das curvas. No gráfico (A.4), vemos a solução paraµ = 7/2:

Figura A.4 Solução gráfica com µ = 7/2

Pontos fixos são como pontos de equilíbrio no espaço de fase; se o sistema começa nele, permanece nele. Se x0 satisfaz a equação f (x0,µ) = x0, onde f é o mapeamento, então x0

é um ponto fixo de período um. Um ponto fixo x0 de período n é aquele tal que após n

iterações o mapeamento volta a x0. Por exemplo, um ponto fixo de período dois satisfaz a

equação f ( f (x0,µ),µ) = x0. O ponto fixo periódico geral satisfaz uma equação da forma

f( f (··· f (x0) ···)) = x0. Para o mapeamento logístico, vemos da figura (A.4) que os pontos fi-

xos de período um são x0= 0 e x0=µ−1µ . Os pontos fixos de período quatro estão representados

Figura A.5 Solução gráfica de período quatro

A.4.1 ‘Teia de Aranha’

Um mapeamento possui uma outra maneira de mostrar o comportamento de suas órbitas e seus pontos fixos. Desenhe uma linha vertical começando em x0no eixo x até encostar na curva da

função f . Trace agora uma linha horizontal partindo do ponto na curva até interceptar a reta f(x) = x. Este ponto possui coordenadas { f (x0), f (x0)}. A linha vertical construída a partir

deste último ponto até interceptar a curva f novamente nos fornece um ponto com coordenadas { f (x0), f ( f (x0))}. Se o processo é continuado, então as linhas formam um comportamento

chamado de ‘Teia de Aranha’3. Se existir um ponto de período n, então o comportamento se

repete. Este procedimento está explicitado na figura (A.6) para o caso do mapeamento logístico.

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Figura A.6 Teia de Aranha Logística

Quandoµ cresce, as linhas ricocheteam vigorosamente para sempre, mas nunca se repetem.

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Na figura (A.7) temos a teia de aranha formada quando µ = 3, 99. Observe que não parece existir qualquer comportamento assintótico.

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Figura A.7 Teia de aranha logística para µ = 3,99

A.4.2 Bifurcação

Uma forma elegante de examinar o comportamento de um mapeamento quando µ muda é construindo um diagrama de bifurcação . Um diagrama de bifurcação plotaµ no eixo horizontal

e os pontos xnno eixo vertical. Para o mapeamento logístico paraµ entre 3 e 3,99, o diagrama

de bifurcação fica como apresentado na figura (A.8).

3.2 3.4 3.6 3.8 4.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Figura A.8 Diagrama de bifurcação para µ entre 3 e 3,99

Adicionamos três linhas verticais emµ={3,45;3,54;3,564} para mostrar os começos dos pontos de bifurcação . Regiões além deµ= 3, 7 mostram janelas de comportamento periódico intercaladas por janelas de comportamento caótico.

A.4.3 Expoente de Lyapunov e Entropia do Mapeamento Logístico

O expoente de Lyapunov para µ entre 3,5 e 4 está representado graficamente na figura (A.9). Trajetórias feitas para condições iniciais próximas convergirão se λ for negativo e divergirão

3.6 3.7 3.8 3.9 4.0 Μ -1.0 -0.5 0.5 1.0 Λ

Figura A.9 Expoente de Lyapunov para µ entre 3,5 e 4

seλ for positivo, indicando a presença de sensibilidade as condições iniciais. Vamos agora calcular a entropia paraµ entre 3,5 e 4. A entropia segue de −

n

i=1

pilog(pi).

Paraµ entre 3,5 e 4, a entropia foi plotada no gráfico (A.10).

3.6 3.7 3.8 3.9 4.0 Μ 0.7 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 Entropia

Figura A.10 Entropia para µ entre 3,5 e 4

As depressões na entropia ocorrem em valores de µ onde o diagrama de bifurcação possui janelas. A entropia é maior na região caótica onde as trajetórias perdem informações sobre suas

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histórias prévias.

Para comparar os diagramas da entropia e do expoente de Lyapunov, no gráfico (A.11) as curvas foram superpostas. A curva superior é a entropia e a curva inferior é o expoente de Lyapunov.

3.6 3.7 3.8 3.9 Μ

Λ

Figura A.11 Superposição das figuras (A.9) e (A.10)

Uma maneira de caracterizar os pontos fixos analiticamente é a seguinte: Considere um mapeamento iterativo da forma (A.1), com um ponto fixo x0. Se a expressão para f do ma-

peamento iterativo pode ser expandida em uma série de Taylor ao redor de x0, temos que a

derivada gd f(x) dx ¯ ¯ ¯ ¯ x0 (A.7) caracteriza os pontos fixos como segue (g é chamado de multiplicador):

• Para |g| < 1, x0é um ponto fixo atrativo.

• Para |g| > 1, x0é um ponto fixo repulsivo.

• Para g < 0, as iterações alternam os lados em uma vizinhança suficientemente próxima de x0.

• Para g > 0, as iterações permanecem em um lado de uma vizinhança suficientemente próxima de x0.

Para verificarmos isso, basta expandirmos a expressão f para o mapeamento iterativo em uma série de Taylor

f(x) = f (x0) + g(x − x0) + h(x − x0)2+ ··· (A.8)

onde g é a primeira derivada em x0, e h é a metade da segunda derivada em x0. Como x0é um

ponto fixo, f (x0) = x0, podemos reescrever a expressão acima como

f(x) − x0

Se assumimos que não existem termos além de g, então por inspeção cada uma das quatro condições listadas segue da expressão (A.9). Por exemplo, se |g| > 1, vemos que f (x) − x0 é

maior que x −x0e as iterações levam o ponto x para longe de x0. Se g > 0, então esta expressão

diz que f (x) está do mesmo lado de x. As outras condições seguem de forma similar.