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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.2 O meio empreendedor Indie

O contexto brasileiro indica uma abertura para o crescimento da indústria de games, o que lança o empreendedorismo como força matriz para a concretização desse mercado. Nesta direção, as relações de trabalho se alteram e surgem novas configurações organizacionais como redes de empresas, empreendedorismo social, joint-ventures, fusões, aquisições e empreendimentos solidários.

No Brasil, em 2015, a taxa específica de empreendedorismo estabelecido (TEE)4 alcançou 39,3%, superior à observada em 2014 (34,4%). Nesse contexto, a taxa específica de empreendedorismo inicial (TEA) alcançou 21,0%, ou seja, em cada 100 brasileiros, 21 estão envolvidos com uma atividade empreendedora. De 2014 para 2015, a TEA5do Brasil variou de 17,2% para 21,0%. Esse crescimento foi determinado pelo aumento na taxa de empreendedorismo nascente, que passou de 3,7% em 2014 para 6,7% em 2015. O aumento na taxa de empreendedorismo novo foi pequeno, de 13,8% em 2014 para 14,9% em 2015 (GEM, 2015).

4TEE - A taxa de empreendedorismo estabelecido decorre principalmente do aumento da taxa de

empreendedorismo inicial, que marca o surgimento de novos negócios (GEM, 2015).

5TEA – Taxa de empreendedorismo inicial é medido a partir do surgimento dos novos negócios. Esse índice leva

Com base no programa de pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), é notável o aumento da atividade empreendedora, conforme ilustra o Gráfico1 (2).

Gráfico 1 (2) -Taxas de empreendedorismo segundo TEA, TEE, TTE - Brasil (2002:2015)

Fonte: Global Entrepreneurship Monitor GEM (2015, p.30)

O resultadocom respeito ao crescimento do empreendedorismo apresenta suas motivações patentes no que tange aos estilos de empreender por necessidade ou por oportunidade. Os empreendedores por necessidade decidem empreender por não possuírem melhores alternativas de emprego, abrindo um negócio com a finalidade de gerar rendimentos, visando a sua subsistência eo suporte econômico-financeiro de suas famílias.

Os empreendedores por oportunidade identificam uma chance de negócio ou um nicho de mercado e decidem empreender, mesmo possuindo alternativas correntes de emprego e renda. Dessa maneira, o crescimento da taxa de empreendedorismo nascente nestes dados está relacionado ao aumento do empreendedorismo por necessidade (GEM, 2015).

Gráfico 2 (2)-Proporção do empreendedorismo por necessidade entre os empreendedor renascentes e novos -

Brasil (2010:2015)

Fonte: Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2015, p.35)

O Gráfico 2 (2) reforça a proporção do empreendedorismo por necessidade entre empreendedores nascentes e novos. Com relação aos índices constatados com a apresentação da proporção do empreendedorismo por necessidade entre tais tipos de empreendedores, a

quantidade de empreendedores por necessidade aumentou em 2015, não apenas entre as nascentes, mas também entre os novos. Esse aumento das taxas específicas de empreendedorismo iniciais no Brasil é considerado expressivo, se comparado com outros países, como: Brasil (21,0); África do Sul (9,2); Alemanha (4,7); China (12,8); Estados Unidos (11,9); Índia (10,8); México (21,0).

Nessa visão informativa e cartesiana do empreendedorismo, infere-se que uma região é mais ou menos desenvolvida do que as outras em razão da taxa de empreendedorismo (GEM, 2015), enfatizando nesta análise o empreendedor e as condições econômicas do seu entorno, desconsiderando as condições de milieu, como a dimensão social, o capital social, os fatores de localidade, redes de relacionamento do empreendedor e cultura empreendedora, fatores determinantes para o desenvolvimento das empresas (HOFFMAN; HOELSCHER; SORENSON, 2006; JULIEN, 2010; BESSI; 2016).

Os relatórios da Global Entrepreneurship monitor (GEM) confirmam a vocação empreendedora do Brasil, cujas taxas de empreendedorismo avançam consideravelmente, em 2002 (20,9%); 2010 (32,3%); 2014 (34,5%); 2015 (39,3%). A nova realidade socioeconômica brasileira é responsável pela criação de novos empreendimentos, sendo utilizados não apenas para criar novos negócios, como também para promover recolocação profissional. O empreendedorismo é considerado uma alternativa na geração de emprego e renda, pois energiza conhecimento e poder em uma sociedade desigual (ALMEIDA e BENEVIDES, 2005; GEM, 2010; 2015).

O empreendedorismo não envolve apenas o aumento da produção e da lucratividade, mas também o início e a constituição de mudanças na estrutura do negócio e da sociedade. Essa mudança permite que mais riquezas sejam distribuídas entre os atores sociais que colaboram para o desenvolvimento regional (HISRICH, 2004; PEREIRA, 2016). No entanto, esse resultado da melhor distribuição da riqueza depende do modo como a mesma está sendo gerada, para que ela não promova mais desigualdade (JULIEN; 2010; PAIVA JUNIOR et al., 2016).

Nessa discussão sobre o milieu e a atividade empreendedora, é necessário o reposicionamento do debate teórico a partir de um olhar paradigmático menos funcionalista e econômico, segundo o qual a realidade social não existe em nenhum senso concreto, por ser produto de intersubjetivas experiências individuais, sendo confirmada e modificada em função de múltiplas realidades (MORGAN, 1980; BESSI, 2016).

Julien (2010) afirma que a realidade das regiões em termos do empreendedorismo reside na sua dinâmica interna, que denomina o milieu, ou seja, sua ação está vinculada à cultura da comunidade local, ao grau instrucional do chefe da família, até as perspectivas dos membros da

comunidade. Esses fatores do empreendedorismo regional estão vinculados ao perfil do empreendedor, ou seja, ao modo como ele adquire e processa as informações por meio do fenômeno “contágio empreendedor”.

O desenvolvimento regional pode ser menos desigual e mais justo, se ocorrer o contágio empreendedor, o qual pode ser promovido por meio de redes inteligentes, capital social e circulação de informações e conhecimentos, que desempenham papel preponderante na elaboração de projetos inovadores próprios do desenvolvimento (JULIEN, 2010; BELTRANE, 2014).

A informação efetiva e potencial é compreendida como o modo de reduzir a ambiguidade e a incerteza, mantendo a inovação, elementos categóricos para a noção de progresso. A realidade das organizações é resultado do ambiente que a cerca, da sociedade, da família e da cultura na qual a organização está inserida. Dessa maneira, para a concretização do contágio empreendedor é necessário identificar empreendedores agentes capazes de compartilhar suas experiências na região, além da instalação de serviços de transportes e de manutenção de equipamentos, ou seja, aexistência de uma rede ou o potencial adequado para a sua construção (BELTRANE, 2014; BESSI, 2016).

Essas ações em convergência tornam o milieu preparado para o empreendedorismo regional, além de ajudar gestores, empresários e pessoas a encararem incertezas e turbulências, promovendo e configurando o próprio local. O milieu, ao mesmo tempo em que impõe barreiras ao ingresso de oportunistas, gera incertezas e ambiguidades em relação ao futuro, cria um espírito de coletivismo, denominado por Julien (2010) de “cumplicidades territoriais”.

Isso permite que as lideranças regionais possam empreender e assim desenvolvam novas tecnologias, potencializando as possibilidades de aquisição de conhecimento. No entanto, a dinâmica do empreendedorismo regional não está dissociada de pessoas com o perfil empreendedor, sejam elasatores como osempresários ou gestores públicos (BELTRANE, 2014). O meio (milieu), para absorver operações que funcionem de maneira satisfatória, necessita do potencial empreendedor das pessoas que ocupam aquele espaço social, as quais manifestamexpertise, experiência e proatividade, gerando a dinamização do meio e criando atmosfera necessária para a disseminação do contágio empreendedor.

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