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O modelo Heckscher-Ohlin-Vanek adaptado à análise ambiental 91

3.3 Fonte dos dados e especificação do modelo 86

3.3.1 O modelo Heckscher-Ohlin-Vanek 87

3.3.1.1 O modelo Heckscher-Ohlin-Vanek adaptado à análise ambiental 91

No modelo H-O-V as equações que incorporam medidas de dotação interna de fatores de produção são usadas para explicar os fluxos de comércio observados. Para testar se as regulações ambientais distorcem os padrões de comércio, são incluídas no modelo variáveis representando o rigor e atendimento a essas regulações.

Alternativamente a apresentação acima do modelo H-O-V, as relações entre a dotação interna de fatores e o comércio também podem ser percebidas mediante a aplicação simplificada do modelo teórico. Desta maneira, os coeficientes estimados revelam a influência direta dos recursos sobre o comércio de um produto específico. Contudo, eles não indicam a intensidade do uso dos fatores na produção. Conforme demonstrado por Leamer e Bowen (1981), não necessariamente existe relação entre a intensidade relativa dos fatores e os coeficientes estimados devido ao fato de as complementaridades entre os setores serem suficientemente severas.

Algebricamente, tem-se a equação (15) que expressa o valor das exportações líquidas por país como função da dotação interna de fatores.

S kj ij ij (15)

k k

ij

b

V

c

u

W

=

+

Φ

+

=1

onde são as exportações líquidas oriundas do setor i realizadas pelo país j, são dotações de recursos k no país j, são os coeficientes a serem estimados,

ij

W

V

kj

k

b

Φ

ij é a variável representativa

do regime regulatório ambiental i no país j, é o coeficiente que indica a relação condicional média entre a regulação ambiental e a balança comercial, e são perturbações aleatórias.

c

ij

u

O modelo expresso na equação 15 é o que será estimado neste trabalho e está baseado no trabalho de Leamer (1987).

A equação (15) é estimada mediante aplicação do método de Mínimos Quadrados Ordinários - MQO32 para 9 variáveis representativas da dotação de recursos, 16 variáveis representativas do regime regulatório ambiental e uma variável dummy indicando os padrões de comércio Norte-Sul. Os dados abrangem um universo de 149 países, divididos entre PDs e PEDs, e, segundo o modelo, explicam os padrões de comércio de 6 setores agrícolas (milho, soja, trigo, arroz, suínos e leite) e do complexo do Agronegócio tomado em conjunto. A definição de Agronegócio adotada no trabalho segue a metodologia proposta pela OMC.

32 O software econométrico empregado para estimação dos modelos foi o Statistics Data Analisys, versão 9 (STATA

Figura 10 - Nova estrutura dos Indicadores de Performance Ambiental – EPI, 2008

EPI

total

Saúde Ambiental Vitalidade Ecossistêmica Saúde Ambiental Ônus ambiental de doenças Água (Efeitos humanos) Poluição do ar (Efeitos humanos)

Poluição do ar (efeitos sobre os ecossistemas) Água Biodiversidade e Habitat Recursos Naturais Produtivos Florestas Pescados Agricultura Mudança Climática Ônus ambiental de doenças Saneamento básico Água potável Poluição do ar (indoor) Partículas urbanas Ozônio Local Ozônio Regional Dióxido de enxofre Qualidade da água Pressão sobre a água

Risco de conservação Conservação efetiva Prot. Ambiental crítica Prot. de áreas marinhas

Estoque Nutrição Intensidade de arrasto

Pressão da irrigação Subsídios agrícolas Uso intensivo da terra

Área desmatada Uso de agroquímicos Emissões per capita

Emis. Ener. eletrica Intensidade de carbono Índice Objetivos Categorias de Política Indicadores

A variável dependente é o valor médio (em dólares correntes) das exportações liquidas, observado no período 2003-2005 e foi calculado a partir dos dados individuais para o setor do Agronegócio, coletados junto à base de dados da FAO.33

Conforme destacado anteriormente, esse tipo de análise, incorporando variáveis ambientais ao modelo H-O-V, foi inaugurada por Tobey (1990) e seguida por Diakosavvas (1994), Valluru e Peterson (1997), van der Beers e van der Bergh (1997), Xu (1999).

Conforme citado anteriormente, a medida adotada para representar o rigor e aplicação das políticas ambientais dos países analisados é o EPI, cuja metodologia foi revisada em 2008 para possibilitar o cálculo de indicadores mais alinhados ao Agronegócio. O EPI está focado no atendimento de dois objetivos ambientais principais: i) reduzir o desgaste ambiental com efeitos sobre a saúde humana e; ii) promover a sustentabilidade do ecossistema e analisar o manejo dos recursos naturais. Tais objetivos refletem a política de prioridades definida pela comunidade internacional, expressa na meta número sete do Millenium Development Goals34, a saber,

assegurar a sustentabilidade ambiental. Os dois objetivos citados acima são calibrados utilizando 25 indicadores de desempenho, divididos em 6 categorias de políticas, que ao final são combinados visando à criação de um único índice (EPI total) (ver Figura 10).

A metodologia de cálculo do EPI 2008 gera valores expressos em termos da proximidade alcançada por cada país em relação à meta ambiental estabelecida, classificando quantitativamente os desempenhos nacionais em um conjunto de metas de políticas ambientais que os governos deveriam perseguir. Desta forma, países cujos desempenhos ambientais convergirem para a meta estabelecida, apresentarão EPIs superiores àqueles que ainda necessitam modificar sua regulação no sentido de aproximarem-se da sustentabilidade (representada pela meta). Pela identificação do cumprimento de uma meta específica e mensuração da observada defasagem em relação ao “ideal”, o EPI oferece um princípio de orientação para a análise de

33 Disponível em: <http://faostat.org>. Acesso em: 10 jun. 2008.

34 Segundo documento publicado eletronicamente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento -

PNUD (2003), o Millenium Development Goals surgiu da Declaração do Milênio das Nações Unidas, assinada em setembro de 2000. Criada em um esforço para sintetizar acordos internacionais alcançados em várias cúpulas mundiais ao longo dos anos 90 (sobre meio ambiente e desenvolvimento, direitos das mulheres, desenvolvimento social, racismo, etc.), a Declaração traz uma série de compromissos concretos que, se cumpridos nos prazos fixados, segundo os indicadores quantitativos que os acompanham, deverão melhorar o destino da humanidade neste século. Acabar com a extrema pobreza e a fome, promover a igualdade entre os sexos, erradicar doenças que matam milhões e fomentar novas bases para o desenvolvimento sustentável dos povos são algumas das oito metas da ONU apresentadas na Declaração do Milênio, e que se pretendem alcançar até 2015.

políticas ao longo do tempo e possibilita a visualização comparativa internacional do atendimento aos princípios de desenvolvimento sustentável.

As estatísticas representativas das dotações de fatores foram coletados junto às bases de dados do World Bank (World Development Indicators), FAO (FAOSTAT), International Labor

Organization (LABORSTAT), International Energy Agency e British Geological Survey.

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