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PARTE II CONTEXTO JARDIM DE INFÂNCIA I

2.1.4. O papel do Educador

Em qualquer que seja o contexto de educação infantil, o papel do educador é muito importante para incentivar as crianças nas suas ações, para as ajudar no seu desenvolvimento, para apoiar as suas decisões ou para dar o colo que todas as crianças precisam nesta fase. Acima de tudo as crianças

precisam de se sentir apoiadas e seguras, sendo no adulto que procuram essa segurança. Como tal, o educador deve apoiar a criança em todos os momentos do dia e mostrar-lhe que acredita nela e nas suas capacidades. Além disso, o adulto deve participar nas brincadeiras das crianças e satisfazer alguns dos seus pedidos para mostrar que as suas ideias também podem ser concretizáveis (Fotografia 10).

O papel do educador, passa também, por considerar o desenvolvimento e as aprendizagens das crianças, tendo em conta os seus interesses e motivações, isto porque, “a motivação da criança para a aprendizagem experiencial desenvolve-se na identificação dos seus interesses, motivações, esperanças, criando intencionalidades e propósitos e dialogando com as motivações profissionais” (Oliveira-Formosinho & Formosinho, 2013, p. 32), ou seja, a criança aprende com maior facilidade se for algo que lhe suscite curiosidade ou algo que lhe seja familiar (Fotografia 11). Como tal, cabe ao educador procurar dentro do grupo de crianças os seus maiores interesses, e posteriormente, utilizá-los para desenvolver as suas atividades. Neste sentido as crianças aumentam a satisfação pessoal,

“o que as fará sentir, como um ser capaz, competente com capacidade de interpretar informação de forma critica, argumentando as suas ideias, colocando hipóteses e que procure informação (De mãos dadas, Associação de Solidariedade Social, 2014)” (Anexo II: Reflexão 13.ª semana – Contexto Jardim de Infância I).

Ao longo de todo o processo é muito importante que o educador reflita sobre as suas intervenções, pois serão essas reflexões que lhe permitem perceber o que desenvolveu de positivo ou, por outro lado, o que correu menos bem no processo de desenvolvimento e aprendizagem com as crianças. Assim, ser um educador reflexivo significa,

“ser um profissional que reflecte sobre o que é, e o que realiza, o que sabe e o que ainda procura, encontrando-se em permanente atenção às situações e contextos em que interage. Assim, o educador deve estar atento às diversas culturas dos seus alunos, criando pontes entre a escola e os contextos familiares e sociais” (Marques et al., 2007, p. 132).

2.1.5. As minhas Aprendizagens mais Significativas

No decorrer da Prática Pedagógica, em contexto de Jardim de Infância I, foram muitas as aprendizagens que retirei das intervenções ao longo das quinze semanas. A maior parte delas surgiu das observações feitas no decorrer das interações e descobertas das crianças e fiquei surpreendida pela forma e pela curiosidade que as crianças tinham em explorar o mundo que as rodeava, fosse ele

Fotografia 10 - A estagiária participa nas ideias das crianças

Fotografia 11 - A estagiária ajuda as crianças na exploração da tartaruga

natural ou não. Todas as propostas educativas que proporcionei às crianças foram aceites e pelo seu envolvimento nas mesmas entendia que estas, tenham sido significativas para o grupo de crianças. Ao longo deste processo aprendi muito tendo em conta as diversas explorações realizadas por parte da criança e percebi que era importante dar valor a cada pormenor dessa mesma exploração, isto é, considerar e ter em atenção o que para determinada criança era importante e, desse modo, perceber como orientar essa mesma exploração ou outra semelhante, posteriormente. Ou seja, “enquanto as crianças interagem com materiais, pessoas, ideias e acontecimentos para construir o seu próprio entendimento da realidade, os adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianças pensam e raciocinam” (Hohmann & Weikart, 1997, p. 27).

Tendo em conta esses pormenores evidenciados pelas crianças, ao longo do semestre, fez-me pensar que era difícil enumerar todas as aprendizagens que obtive, pois foram muitas e nenhuma menos importante que a outra. No entanto, vou relatar algumas situações/momentos que acho que nunca mais vou esquecer, tendo em conta a forma como foram desenvolvidas, pelacolaboração das crianças, o seu envolvimento e interesse durante as intervenções, bem como os momentos de interajuda entre elas. Saliento as atividades de exploração, nomeadamente do corpo humano, das plantas, de alimentos e nas atividades desenvolvidas durante a concretização do projeto, onde as crianças colaboraram ativamente, mostraram-se interessadas e motivados para descobrir algo mais sobre todos os assuntos, mostrando ser um grupo muito responsável e organizado. A maioria destas atividades só foi possível de executar tendo em conta o comportamento exemplar do grupo e a forma como participavam nas mesmas.

Sendo esta faixa etária caracterizada pelo imaginário e a representação simbólica, existiram alguns momentos que me fizeram refletir e pensar no quão importante se torna deixar a criança pensar, imaginar e criar, com a certeza de que num futuro próximo será uma ferramenta essencial para resolver determinadas situações do quotidiano. Fiquei rendida, quando na exploração das plantas, duas crianças após identificarem algumas características das mesmas, conseguiram transformá-las em personagens, isto é, surgiu a planta pai, a planta mãe e a planta filha que davam beijinhos e abraços (Fotografia 12). Fiquei do mesmo modo surpreendida, quando num dia, no acolhimento a criança MS pedia para brincar com a sua viola e o resultado final, remeteu para uma aula de música, onde os seus amigos eram os alunos (Fotografia 13). Nesta situação a criança claramente imitou o professor de música, mas ao mesmo tempo, conseguiu ter a atenção dos seus amigos, fez uma coisa que lhe interessava e ainda desenvolveu diversos domínios, ao cantar, tocar, comunicar com os outros e vice- versa.

Uma aprendizagem que retiro também desta experiência educativa, remete para a exploração da natureza, pois é “um espaço para viver e experimentar, pleno de elementos diversos e similares que criam múltiplas oportunidades para a exploração e a aprendizagem” (Oliveira-Formosinho & Araújo, 2013, p. 22). Ou seja, foi importante dar oportunidade às crianças de contactarem com elementos naturais bem como dar-lhes oportunidade de os explorar. Tal foi visível aquando da introdução de elementos naturais dentro da sala de atividades, como plantas ou animais, mas essencialmente quando as crianças tiveram oportunidade de explorar e contactar com as plantas, na deslocação ao jardim (Fotografia 14), ou no contacto com os animais que foi hilariante, na visita de estudo à quinta pedagógica (Fotografia 15).

Por último, mais uma das situações que me despertou grande interesse, motivação e empenho surgiu com o desenvolvimento do projeto intitulado As Tartarugas, desenvolvido segundo a Metodologia de Trabalho por Projeto. Este permitiu proporcionar às crianças grandes momentos de exploração, aprendizagem e companheirismo, tendo em conta que este projeto foi desenvolvido, desde o início, pelo grupo da Sala dos Patinhos com grande interesse e dedicação. O envolvimento das crianças em todo o processo de pesquisa e realização foi contagiante e contribuiu para o desenvolvimento de aprendizagens significativas, embora não tenha sido muito rigoroso o seu desenvolvimento

“suscitou nas crianças um grande interesse em descobrir, procurar e trabalhar em grupo, todos com a mesma finalidade, a de aprenderem mais sobre as tartarugas” (Anexo II: Reflexão 15.ª semana – Contexto Jardim de Infância I).

Como tal, considero esta, uma experiência a repetir, porque permitiu envolver todas as crianças e permitiu, também, que estas desenvolvessem a partir de um mesmo tema, todas as áreas de conteúdo e domínios inerentes no desenvolvimento das crianças em pré-escolar. As crianças ao participarem num projeto, segundo a Metodologia de Trabalho por Projeto, interagiram com os outros, partilharam as suas ideias e motivações e ainda influenciaram a participação da família, acabando estas por se envolver e ajudar a descobrir mais, sendo deste modo a “a colaboração dos pais, e também de outros membros da comunidade, o contributo dos seus saberes e competências para o trabalho educativo a desenvolver com as crianças, é um meio de alargar e enriquecer as situações de aprendizagem” (Ministério da Educação, 1997, p. 45).

Durante as minhas intervenções no contexto de Jardim de Infância I, senti que deveria ter arriscado mais vezes, perder o medo de que as coisas pudessem correr mal. Tenho plena consciência que isso

Fotografia 12 - Exploração das plantas e

jogo simbólico

Fotografia 13 - As crianças interagem umas com as

outras. Fotografia 14 - Contacto com a natureza na deslocação ao jardim. Fotografia 15 - Observação de animais na quinta pedagógica.

foi o meu maior entrave, mas que mesmo assim, resolvi sempre todos os momentos com uma solução benefica para as crianças. Para isso foi importante a forma como executei as planificações, pois permitiu-me antever o que poderia acontecer e mesmo tendo alguma coisa “escondida na manga”, era mais fácil de prever e resolucionar a situação. Embora tivesse algumas dificuldades, senti que esta foi também uma situação na qual, evolui, pois rápidamente pensava nas intencionalidades e nas competências que as crianças deveriam desenvolver e só depois, na atividade que poderia proporcionar isso. Tive em atenção a importância de “planear situações de aprendizagem que sejam suficientemente desafiadoras, de modo a interessar e a estimular cada criança, apoiando-a para que chegue a níveis de realização que não chegaria por si só” ( Ministério da Educação, 1997, p. 26), ou seja, indo ao encontro dos seus interesses e necessidades para que estas não desmotivassem e continuassem a querer aprender e explorar novas situações.

2.1.6. Síntese Reflexiva

Tendo em conta todos os momentos que vivenciei durante as intervenções no contexto de Jardim de Infância I, considero que estes foram fundamentais para a minha evolução enquanto futura educadora, pois, permitiram que realizasse uma reflexão, independentemente de ter sido um momento que tivesse corrido bem ou menos bem. Isto é, consegui das situações menos positivas pensar no que teria de melhorar e das situações positivas, guardar as estratégias, que embora não sejam utilizadas na integra poderão, num futuro próximo, auxiliar-me e ajudar-me a resolver ou a estipular novas estratégias. Neste processo a observação das crianças foi fundamental, pois foi através dela que consegui perceber os seus interesses e motivações, sendo assim, mais fácil estipular atividades e estratégias que fossem ao encontro do que as crianças queriam e necessitavam de desenvolver.

Considero que ao longo do semestre as aprendizagens resultantes da interação com as crianças, com a minha colega de estágio, com a educadora cooperante e com a ajudante de ação educativa foram muito erriquecedoras e permitiram-me refletir constantemente sobre as minhas intervenções e questionar o que poderia fazer de forma diferente.

A partilha de ideias e experiências com a educadora cooperante, bem como com as restantes educadoras da instituição, permitiram que observasse e retirasse da sua forma de agir, o que para mim era mais importante e vantajoso para lidar com as crianças, tendo a consciencia que não existe um modelo, uma ideia perfeita e ideal.

Com o decorrer da Prática Pedagógica, neste contexto, considero que a implementação do projeto As

Tartarugas, tendo em conta a Metodologia de Trabalho por Projeto, foi fundamental quer para o

desenvolvimento das crianças, quer para o meu desenvolvimento, uma vez que também adquri novas aprendizagens. A participação dos pais foi muito motivante para as crianças e para nós, enquanto par

pedagógico, pois as suas opiniões também nos faziam refletir sobre o que poderiamos desenvolver com as crianças.

Assim, neste processo, considero que tenha sido essencial refletir em cada momento de interação com as crianças e com todos os intervenientes do contexto educativo, pois foi a partir disso que fortaleci conteúdos e estabeleci novas aprendizagens, utilizando “uma pedagogia diferenciada, centrada na cooperação, em que cada criança beneficia do processo educativo desenvolvido com o grupo” (Ministério da Educação, 1997, p. 14).

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