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Os meios de comunicação nos movimentos sociais na atualidade mostram-se de grande avanço e relevância, visto que cada indivíduo que compõe a sociedade civil tem a sua opinião e o seu comportamento próprio, seja ele cultural ou intelectual, sendo livre para manifestar-se do modo que melhor lhe convir, visto que se está diante de um Estado democrático de direito.

Neste escopo, Santos (2002, p. 56):

Em todos os casos, junto com a ampliação da democracia ou sua restauração, houve também um processo de redefinição do seu dignificado cultural ou da gramática social vigente. Assim, todos os

casos de democracia participativa estudados iniciam-se com a tentativa de disputa pelo significado de determinadas práticas políticas, por uma tentativa de ampliação da gramática social e de incorporação de novos atores ou de novos temas à política.

A participação representativa dos governantes já não se mostra mais satisfatória para atender os anseios da população. O que realmente os indivíduos querem e precisam é participar intensamente do processo decisório do nosso país, não simplesmente elegendo representantes, mas sim, acompanhando as decisões que influenciarão no futuro de todos.

No entendimento de Demo (1993, p. 18), a participação

[...] é conquistada para significar que é um processo, no sentido legítimo do termo: infindável, em constante vir-a-ser, sempre se fazendo. Assim, participação é em essência autopromoção e existe enquanto conquista processual. Não existe participação suficiente, nem acabada. Participação que se imagina completa, nisto mesmo começa a regredir.

Não é novidade de que os meios de comunicação de massa conferem significativo espaço aos movimentos sociais, seja no jornalismo ou no entretenimento, os quais estão presentes do jornal impresso ao rádio, do rádio à televisão, e da televisão à internet.

Citam-se os entendimentos de Ingo Wolfgang Sarlet e Carlos Alberto Molinado (apud OLIVEIRA; BUDÓ, 2014, p.101):

Uma compreensão elástica do âmbito de proteção esbarra, todavia, em algumas questões polêmicas, por exemplo, negativa de fatos históricos, a existência de um dever de verdade quanto aos fatos. Quanto a tais questões, adota-se aqui a linha de entendimento sustentada por Gomes Canotilho e Vital Moreira, naquilo em que negam a existência de um dever de verdade quanto aos fatos, assim, como afastam, em princípio, qualquer tipo de “delito de opinião”, ainda que se cuide de opiniões que veiculem posições contrárias à ordem constitucional democrática, ressalvando, contudo, eventuais distorções dos fatos e manifestações que atinjam direitos fundamentais e interesses de terceiros ou que representem incitação ao crime devem ser avaliadas quando da solução dos conflitos entre normas e direitos fundamentais.

Relata-se, a seguir, a influência e a atuação da Internet e das redes sociais na articulação dos movimentos sociais.

2.4.1 Internet e redes sociais

É visível o papel fundamental que as redes sociais apresentam no contexto atual em que se vive, mostrando-se até mesmo mais relevantes do que os próprios movimentos sociais em si. Oliveira e Rodegheri (apud OLIVEIRA; BUDÓ, 2014, p. 201-202) discorrem sobre o assunto, afirmando que:

Pode-se afirmar que a Rede proporcionou uma verdadeira revolução em termos de comunicação e de liberdade de expressão, pois é uma plataforma útil, atrativa e de fácil acesso que permite a discussão de questões sociais, locais ou mundiais, buscando-se ações e soluções a partir de uma interação inerente aos seres humanos.

Josicleido Nogueira (2010) contribui com seu entendimento destacando que “as Redes Sociais são o meio onde as pessoas se reúnem por afinidades e com objetivos em comum, sem barreiras geográficas e fazendo conexões com dezenas, centenas e milhares de pessoas conhecidas ou não.”

Com sabedoria ímpar, Rafael Santos de Oliveira e Marília de Mardin Budó (2014, p.199) destacam que:

A internet surge, assim, como um mecanismo apto a reviver e a revigorar a cidadania que habita os cidadãos, na vontade de melhorar a qualidade de vida, organizar as comunidades locais e facilitar a troca de informações, de modo que os indivíduos, conectados em Rede, possam discutir e apresentar, aos governantes, soluções para problemas cotidianamente vividos e esquecidos pelos parlamentares que, em muitos momentos, tratam apenas de interesses e vantagens particulares.

Registre-se que, as redes sociais nada mais são do que relações entre as pessoas, possibilitando a facilidade de comunicação entre os indivíduos, sendo um meio de entretenimento, busca de informações e relacionamentos. Ressaltem-se os ensinamentos de Gohn (2013, p. 150) a esse respeito:

A internet tem sido o grande meio/veículo articulador de ações coletivas e movimentos sociais. Ela possibilitou a criação de redes virtuais que viabilizam conexões de grupos que nunca de encontraram fisicamente de fato. A internet e outros meios das novas tecnologias informacionais possibilitam não apenas a conexão e estruturação das ações, mas eles têm sido grandes agentes divulgadores das informações, alimentadores das ações e reações em cadeia, em tempos recordes.

Adriana de Araújo Guzzi (apud OLIVEIRA; BUDÓ, 2014, p. 228), ensina que:

A foto na rua, o vídeo no celular, o envio de mensagens de texto por SMS, por e-mail e para blogs, entre outras possibilidades instantâneas, são utilizadas, por exemplo, para documentar um momento, marcar ou desmarcar encontros em cima da hora, avisar sobre acidentes, trânsito, congestionamento, manifestações públicas e outras ocorrências na cidade entre duas até milhares de pessoas simultaneamente. Assistimos todos os dias como esses registros por amadores alimentam as reportagens da grande mídia.

Note-se que a sociedade civil organiza-se pelas redes sociais, tendo em vista a internet ser um meio de fácil acesso por todos. Querendo ou não, este meio de comunicação influencia de maneira direta o modo de pensar das pessoas, possibilitando a comunicação regional e inter-regional entre os indivíduos que buscam algum tipo de mudança.

Já Cecília Peruzzo e Juçára Brittes (2002, p. 51-52) ressaltam que:

Socialização do acesso à Internet significa a necessidade de romper novas barreiras que impedem o exercício ampliado da cidadania com igualdade e liberdade. Sua efetivação contribuirá para o exercício da cidadania na sua dimensão política, através da ampliação de possibilidades de participação do cidadão na vida de sua cidade, do país e do mundo.

A internet tem crescido muito nos últimos tempos, de forma quantitativa e qualitativa, pois as pessoas a utilizam não somente para trocar mensagens e buscar informações, mas também para discutir suas reivindicações e seus interesses. Torna-se, assim, um mecanismo apto a fortalecer a cidadania e a luta por mudanças, de modo que os indivíduos, conectados pela rede, discutam soluções para problemas vivos no cotidiano de todos.

Isso vem ao encontro dos ensinamentos de Rafael Oliveira e Letícia Bodanese Rodegheri (apud OLIVEIRA; BUDÓ, 2014, p. 201):

Pode-se afirmar que a rede proporcionou uma verdadeira revolução em remos de comunicação e de liberdade de expressão, pois é uma plataforma útil, atrativa e de fácil acesso que permite, também, a discussão de questões sociais, locais ou mundiais, buscando-se um conjunto de ações e soluções a partir de uma interação inerente aos seres humanos.

Registre-se que, embora a Internet seja um mecanismo de mobilização entre os indivíduos, propiciando a criação de movimentos sociais para a participação da população, muitas vezes as mobilizações se dão de forma restrita e distribuídas em locais determinados. Isso demonstra um ponto fraco da rede, pois desta forma se entende que a internet mobiliza indivíduos de determinados lugares e não um público em geral.

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