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2. A EXCLUSÃO DE AMANTE COMO BENEFICIÁRIO EM CONTRATO DE SEGURO, DE VIDA

2.3 O princípio da função social do contrato aplicado ao seguro de vida

O autor Nelson Borges em seu texto fazendo referência ao princípio social do contrato de seguro de vida, menciona que

O Novo Código Civil dispôs em seu artigo 421: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. Quando a Constituição Federal, em seus artigos 182 e 184, fez referências (pela primeira vez em um texto constitucional) à função social da propriedade, importantes passos foram dados em direção à tão desejada Socialização do Direito ou ao seu correlato mais importante: a repersonalização do homem (BORGES, 2003, p.5)

Aduz ainda o autor que essa função social do contrato pode ser notada após o surgimento da atividade mercantil do ser humano, nas navegações trazidas de um lado para o outro em todo mundo. Em sua transcrição Borges (2003, p.5) explica que

dessa primeira forma de contratação (permuta) surgiu entre os povos que negociavam o interesse pela língua, costumes, religião, culinária, vestuário, sendo que, a princípio, a função social dos pactos definiu-se pela aproximação dos homens e circulação de bens e riquezas.

Da mesma forma aduz Racca

No âmbito do direito consumerista, a função social do contrato visa a tutelar o grupo específico de indivíduos, considerados vulneráveis às práticas abusivas dos fornecedores, portanto, o Código de Defesa do Consumidor intervém de maneira imperativa nas relações jurídicas de direito privado, antes dominadas pelo dogma da autonomia da vontade, ou seja, são normas de interesse social, cuja finalidade é impor uma nova conduta, de molde a transformar a realidade social.( RACCA, 2012,p.19)

No que tange a seara dos direitos dos seguros, de acordo com Rodrigo Racca (2012, p.19) “a função social do contrato possui um caráter especial, pois está

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fundamentada na mutualidade inerente ao sistema securitário”, sendo assim, em uma via de análise, se uma das partes agir de má-fé, antes, durante ou até mesmo depois da execução, todas as partes serão atingidas com as consequências, seguradora, e todo grupo de segurados.

As funções sociais dos contratos de seguro têm com característica ser especial, baseada no princípio de boa-fé, sustentada pela mutualidade, Angélica. Carlini,explica,

Os consumidores de seguros, de modo que, para ser preservada a saúde dessa mutualidade, a primeira função social que deverá ser observada pelas partes é o exercício da mais estrita boa-fé. Nesse sentido, os contratos de seguro só serão individuais na apresentação que se faz ao segurado, pois são contratos de colaboração entre diversas pessoas com riscos semelhantes e que necessitam umas das outras para formar uma mutualidade e formar um fundo mutual suficiente para arcar com os prejuízos, viabilizando a atividade econômica (CARLINI, 2012, p. 23)

Em sua análise sobre a função social dos contratos, Azevedo faz menção sobre a análise de Fernando Noronha, ao escrever que

Efetivamente, se um contrato deve ser considerado como fato social, como temos insistido, então sua real existência há de impor-se por si mesma, para poder ser invocada contra terceiros e, às vezes, até para ser oposta por terceiro as próprias partes. Assim é que não só a violação de contrato por terceiro pode gerar responsabilidade civil deste (como quando terceiro destrói coisa que devia ser prestada ou na figura da indução ao inadimplemento do negócio jurídico alheio), como tambem terceiros podem opor-se ao contrato, quando seja por eles prejudicais (o instituto da fraude contra terceiros é exemplo típico disto. (AZEVEDO, 1998, p.119)

Portanto, pode ser percebido que o princípio da função social nos contratos e negócios é regido pela liberdade contratual e solidariedade social. O código de direito do consumidor segundo a autora Fabiana Padoin (2009, p. 92) “encontram vários dispositivos legais que revelam o princípio da função social do contrato, funcionando os mesmos como mecanismos ou instrumentos de atuação do princípio, comprometidos com satisfação das necessidades sociais e com ideal de igualdade”.

Em parecer, acredita que aparentemente o direito do terceiro que se sentir prejudicado intervir no processo, além de normatizar uma postura, o autor Nelson Borges escreve, complementando

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Consagrada pelos juristas e tribunais, equiparou, neste aspecto, os contratos privados aos administrativos que, por sua natureza, têm como principal objetivo o interesse social, trazendo, ipso facto, uma salutar restrição à liberdade de contratar, que sempre se constituiu na ratio essendi dos contratos privados. Embora hoje não tenha mais a força que lhe foi conferida pelo artigo 1.1342 do Código Civil francês (1904), o princípio pacta sunt servanda ainda é um dos vetores importantes da contratação, razão por que talvez a função social devesse ser considerada apenas como um limite para os efeitos do contrato e não – como pretendeu o artigo 421 – sua razão de ser. Neste aspecto só o tempo poderá dizer do alcance da pretensão legislativa, coadjuvada pelo trabalho de lapidação doutrinária e jurisprudencial. (BORGES, 2003, p.19)

Olímpio Costa Júnior em complemento com Nelson Borges, explicou que

Se as normas jurídicas são regras de conduta, o sistema jurídico de Direito Positivo é o conjunto sistemático de normas que regulam situações da vida social, da conduta humana em sua interferência intersubjetiva, seja direta ou indireta. Direta quando envolve sujeito de direito e deveres correlatos, indireta quando se refere reflexivamente a terceiros. (COSTA JÙNIOR, 1994, p. 10).

Portanto a função de um contrato possui caráter especial, pois se encontra na mutualidade, neste sentido os consumidores de seguro, para a preservação da saúde mutualística, a primeira função que deverá ser observada nos contratos é o exercício da boa-fé, ou seja, o princípio do mutualismo, a boa-fé são requisitos indispensável na contratação do seguro, pois é através das verídicas informações prestadas pelo segurado é que é calculado o risco e consequentemente o preço do seguro.

2.4 Análise de julgados envolvendo a exclusão de amante como beneficiária no

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