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2. Da Urgência de um Sistema de Avaliação de Riscos

1.3 O Processo de Análise

O processo analítico começa com a receção de uma comunicação, desenvolve-se com a recolha de informação adicional relacionada com o caso e/ou outros com os quais possa haver conexão, passa por diferentes formas de cruzamento de dados (comerciais, fiscais, financeiros, criminais, policiais) e termina com um processo avaliativo. Seja ele apresentado de forma detalhada enquanto BC/FT, ou em conexão com um ou vários crimes subjacentes, que é de pronto enviado para as autoridades policiais (quando previsto) e titular d’ação penal, seja com a proposta de conclusão devido à inexistência

191 de atividade suspeita. Compreender-se-á que, após a análise, a comunicação inicial fica reforçada (ou não) com os elementos descritos e permitirá a iniciação de competente processo-crime ou eventual reforço de algum que já corra termos.

Em termos gerais, porque adotado na UE (a ser reforçado na 4.ª Diretiva sobre BC e FT) e no seio das UIFs, a função de análise consiste:

o Numa análise operacional centrada em casos individuais e alvos específicos ou em informações selecionadas de forma adequada, em função do tipo e volume das divulgações recebidas e da utilização que se espera das informações após disseminação; e

o Numa análise estratégica das tendências e dos padrões em matéria de BC e FT.

A análise tática é o processo de recolha dos dados necessários à construção de um caso relativo a ato ilícito e factos que acompanham e clarificam as razões por detrás da prática de uma infração. A análise tática produz informação tática. Embora essa análise possa fazer-se sobre todas as comunicações, é provável que as comunicações de transações suspeitas forneçam as pistas mais diretas e úteis, sendo a descrição que se segue baseada na análise de tais comunicações. Inclui, ainda, o cruzamento de dados recebidos das instituições comunicantes com dados na posse da UIF ou a que tem acesso, incluindo listas de nomes, moradas, números de telefone e outras comunicações enviadas pelas instituições. Algumas instituições comunicantes poderão elas próprias produzir a forma mais simples de informação tática, ao acrescentarem às suas comunicações informação relacionada com o cliente ou a transação que tenham em base de dados.

Mediante receção de uma comunicação de transação suspeita, o analista procurará informação adicional sobre o assunto -descritivo que poderá envolver pessoas singulares e/ou empresas, residentes ou não residentes, tipo de transações ou aplicações, outros elementos envolvidos ou presentes num caso em particular, para ter uma base de sustentação sequencial que se prende com a sua tomada de decisão.

A análise operacional consiste na utilização de informação tática para formular hipóteses diferentes quanto às possíveis atividades do suspeito, com vista à produção de informações operacionais. A análise operacional é um suporte do processo

192 investigativo. Utiliza todas as fontes de informação disponíveis à UIF para produzir padrões de atividade, novos alvos, relações entre o indivíduo e os despectivos cúmplices, pistas de investigação, perfis criminosos, e – quando possível – indicações de possível comportamento futuro. Uma das técnicas da análise operacional utilizadas por algumas UIFs é o perfil financeiro. Tal dá ao analista métodos para desenvolver indicadores de rendimentos ocultos pelo indivíduo, grupo de indivíduos ou organização. É um método indireto eficaz para recolher, organizar e apresentar provas relacionadas com a situação financeira dos indivíduos. O interesse do perfil é mostrar que o visado não pode justificar uma fonte legítima que explique a diferença entre os seus movimentos de numerário e os seus rendimentos. O rastreio dos bens da pessoa também poderá fornecer pistas que a liguem aos crimes subjacentes.

Através daquela análise, a informação recebida pela UIF é transformada em ‘informações operacionais’, que podem ser transmitidas aos organismos de aplicação da lei ou de acusação para posterior ação. Para garantir que a sua análise tática e operacional é relevante, a UIF deverá monitorizar até que ponto o seu trabalho contribui para acusações bem-sucedidas.

A análise estratégica é o processo mediante o qual se desenvolvem conhecimentos (informações estratégicas) que serão utilizados para orientar o trabalho da UIF no futuro. A principal característica das informações estratégicas é que estas não se relacionam com casos individuais, mas antes com novos enfoques e tendências. O âmbito da análise estratégica poderá ser estreito ou amplo, conforme necessário. Poderá consistir na identificação de padrões criminosos em evolução num determinado grupo, ou poderá consistir no fornecimento de pontos de vista abrangentes sobre os padrões emergentes de criminalidade a nível nacional, como suporte do desenvolvimento do plano estratégico da UIF.

As informações estratégicas são o que é desenvolvido após toda a informação disponível ter sido reunida e analisada. Requer um leque mais amplo de dados do que a análise operacional, bem como analistas experientes. Os dados provêm de comunicações enviadas pelas entidades comunicantes, das próprias informações operacionais e informação tática da UIF, de fontes públicas e outros organismos governamentais. O analista, a partir dos dados, poderá concluir que por exemplo um padrão ou volume invulgares de transações estão a ocorrer num certo sector financeiro

193 ou numa determinada região. Tais conclusões poderão formar a base de ações futuras por parte da UIF ou dos organismos de aplicação da lei. A um nível mais amplo, as informações estratégicas poderão sugerir a necessidade de impor a comunicação e outras obrigações ABC/CFT a novas entidades. Dependendo das circunstâncias, as informações estratégicas poderão ser partilhadas com outras autoridades de aplicação da lei, bem como com as agências governamentais encarregues do desenvolvimento ou da coordenação da política antibranqueamento de capitais.

V

Da Segurança e da Estratégia 1.1 Da Estratégia e sobre o Conceito de Defesa Nacional

A matéria que ora se expõe cruza-se, provavelmente, com diferentes e diversos saberes. Dir-se-ia, numa primeira análise, que estamos a falar de assuntos militares ou que respeitam aos decisores políticos. Na verdade, encontram-se neste palco do crime organizado, com especial ênfase para o terrorismo e as suas fontes de alimentação, atores e artes que englobam não só os citados, mas os próprios académicos e as áreas comummente ligadas à investigação criminal e aos serviços de informações.

A estratégia está na confluência de vários saberes, como resposta aos desafios da cena internacional; lugar esse que não pode ser ocupado nem pelos estudos para a paz nem pelos estudos de segurança (Fernandes, 2007). Os primeiros por recusarem a violência e a quererem inativar e no segundo caso, como visão mais integrada que cubra tanto o domínio da conflitualidade quando o da segurança das pessoas.

Alguns Governos pautam-se certas vezes, a nosso ver, por soluções imediatistas, de parto variável, normalmente provocado. Não tratam o benigno e quando o maligno se instala descuidam as metástases. Os atentados mais violentos, e que aqui abordamos, são exemplo disso. Para a nossa realidade, e com o pensamento no interesse nacional, merece que se reflitam as razões da revisão do Conceito Estratégico e os fundamentos da Estratégia de Segurança e Defesa Nacional. E do que ali se verte encima a nossa discussão: a segurança e a sua estratégia.

Julgamos que não vivemos em clima de paz abundante e arriscamos dizer que se vive longe de conflitualidade maior ou eminência de evento preocupante. Diga-se que,

194 em meia dúzia de anos, terão morrido provavelmente mais pessoas nas estradas de Portugal do que em toda a guerra do Ultramar. Aliás, como à frente se procura comparar, há outros dados, como aqueles que se relacionam com a criminalidade comum (nela incluindo os homicídios) que são superiores, em número de cometimento, ao terrorismo. Na mesma esteira para o crime financeiro. Ao longo destes últimos anos, ter-se-ão gasto ou aplicado valores na recuperação ou integração de diferentes instituições de crédito, como o procurado Banco Português de Negócios (BPN) ou o ex- BES do que o investido nos OPCs ou nos Tribunais. Desde logo, julgamos não viver uma guerra contra o terrorismo.

Clausewitz pensava a guerra como continuação da Política por outros meios. A guerra nada mais é que um duelo a mais vasta escala diz Mei (1996, p.74) ao citar o estratega prussiano. Mais, para Carl von Clausewitz, a guerra “era um ato de violência destinado a forçar o adversário a submeter-se à nossa vontade. Era um camaleão, que modifica um pouco a sua natureza em cada caso concreto, mas é também (...) uma surpreendente trindade em que se encontra, primeiro que tudo, a violência original do seu elemento, o ódio e a animosidade, que é preciso considerar como impulso natural, depois, o jogo das probabilidades e do acaso, que fazem dela uma livre atividade da alma, e, finalmente, a sua natureza subordinada de instrumento da política por via da qual ela pertence à razão pura (Mei, p.82). Quantas mais justificações queremos nós encontrar nos mais diversos atentados terroristas?

Se recuássemos a Sun Tzu também nele encontraríamos importante aprendizagem: “ o chefe hábil evita o inimigo quando a moral é alta e irresistível, ataca quando aquele está cansado e relutante em lutar (...) conhecê-lo como a si mesmo, usar táticas variadas, nem empreender uma guerra num ataque de ira” (Figueiredo, 2002). Compreendemos agora (anteriormente desconfiando) o quão os serviços de informações falharam, a desorientação das investigações criminais e a completa descoordenação do decisor político. As torres desabaram sob o olhar incrédulo da CIA, do FBI e das Polícias estaduais.

Com Raymond Aron temos a “Paz impossível, Guerra improvável”, que sintetizava a inevitabilidade da guerra fria entre as duas superpotências (Couto, 2005, p.15). Aron vislumbrava três níveis de compreensão do fenómeno da guerra: o nível teórico, o do conceito racional, centrado numa análise de guerra ideal, em consequência das suas características intrínsecas; o nível sociológico, que analisa a guerra como

195 fenómeno social, colocando-o, portanto, num dado contexto social, o que explica a diversidade de formas da guerra; e, finalmente, o nível histórico, centrado no carácter único e singular de cada conflito. Couto (2005, p.16), afirma que para Aron não havia lugar para pretensões deterministas, normativas ou moralistas. Outrossim, com o facto nuclear, surgiu um problema inverso: o da ausência de objetivos para a potência dos meios; que, desde logo, o problema fundamental da estratégia tinha sofrido uma inversão: enquanto outrora visava a busca de melhores caminhos e meios para travar a guerra, ao serviço da política, passou a visar, prioritariamente, a procura da melhor forma de se evitar determinado tipo de guerra (a nuclear).

O GAFI, no âmbito dos padrões internacionais de combate ao BC e ao FT e da proliferação e em conformidade com o Conselho de Segurança das NU, alargou todo o regime sancionatório ao tráfico de armas de destruição massiva e do seu financiamento. Com base nas resoluções adotadas por aquele Conselho, exige-se que os países congelem sem demora os fundos ou outros bens de qualquer pessoa ou entidade, e assegurem que nenhuns fundos ou outros bens sejam disponibilizados, direta ou indiretamente, a qualquer pessoa ou entidade ou em benefício destas, sempre que essa pessoa ou entidade tenha sido designada pelo Conselho, ou sob a sua autoridade, nos termos do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas. Esta matéria, ainda que tarde, saltou para a primeira linha do pensamento do mundo financeiro. Já o tinha sido muito antes, como vimos, para muitos pensadores.

Revisitando Nicolau Maquiavel, parece que as ameaças e as soluções do século XVI estão bem presentes. A economia daquele tempo baseava-se no artesanato, especialmente do setor têxtil, no comércio e na atividade bancária. Não é por acaso que os seus banqueiros mais célebres, os Médicis, desempenham um papel tão importante na política do seu tempo e na vida de Maquiavel (Júnior, 2013 p.17). A peleja era uma constante, desde logo, continua o citado autor (2013, p.106), o honrar e premiar a coragem; não desprezar a pobreza; amar os hábitos e instituições da disciplina militar; induzir os cidadãos a amarem-se mutuamente, a viver sem avidez, a buscar menos o interesse privado e mais o interesse público (...) permite-se plantar árvores sob cuja sombra se vive mais feliz e satisfeito.

As ameaças, as batalhas e as guerras de uma Europa em progressão e em busca da sua consolidação, foram-se alargando a outros horizontes. Não queremos discutir a génese da guerra, mas sabemos que os dois grandes conflitos mundiais do século

196 passado tiveram o velho continente como palco principal. O conflito de uns, direta e/ou indiretamente, respeitou aos demais.

Em matéria de informações o Estado-da-Arte aparentava encontrar-se suficientemente preenchido, podendo-se com os elementos disponíveis, aceitando contudo opinião diversa, inferir que o processo de aprendizagem se havia consolidado antes do11SET. Dever-se-ia ter aprendido com todo o processo histórico e conhecimento adquirido, pois, as ameaças eram credíveis. Como consabido ato terrorista ali tinha sido já perpetrado, ainda que o resultado tenha sido o relatado. Naquele, como em muitos outros, relativizou-se a informação existente e ter-se-iam tomado decisões pouco aquilatadas. Os atentados decorreram tal como foram delineados e os resultados foram alcançados tal como desejado

Sobre tal refere Severiano Teixeira101 que é indiscutível e incontornável o caráter transnacional das ameaças, dos riscos e dos desafios que se colocam à segurança internacional. Mais esclarece, dizendo que o quadro de segurança em que nos encontramos é um quadro eminentemente cooperativo e, nessa cooperação, as organizações internacionais, em particular multilaterais, têm naturalmente um papel importante a desempenhar. Desta síntese constituímos dois conceitos chave que se interligam: a transnacionalidade da Segurança. E daqui, necessariamente, somos reconduzidos para a Segurança Nacional e suas componentes e, concomitantemente, para o interesse nacional.

Do exposto haverá então que elevar e perceber valores estratégicos como a Justiça, a Segurança ou própria Defesa. As duas últimas exigem uma atividade permanente com vista à diminuição dos riscos imediatos ou potenciais, decorrentes das principais ameaças, tendo em consideração que o sistema de Segurança e Defesa compreendem as Forças Armadas (FA), as Forças e Serviços de Segurança e o Sistema de Proteção Civil (Rocha, 2009).

Da Defesa, retira-se da lei102 que compete ao Conselho de Chefes de Estado- Maior dar parecer sobre as propostas de definição do conceito de estratégico de Defesa Nacional. Sendo que este define as prioridades do Estado em matéria de Defesa, de

101

Compulsado o teor do plasmado em ‘Contributos para uma Política de Defesa’, p. 209 e ss.

197 acordo com o interesse nacional, e é parte integrante da política de defesa103. Deste último diploma (art.º 24.º, al) e.) decorre também que uma das missões da FA é cooperar com as forças e serviços de segurança tendo em vista o cumprimento conjugado das respetivas missões no combate a agressões ou ameaças transnacionais. Este approche à Defesa pauta-se pelas considerações a realizar sobre as ameaças estratégicas e competente análise concetual à Segurança e Defesa e linhas da evolução do Conceito Estratégico Nacional.

Assalta-nos, desde logo, a aparente dicotomia entre a segurança interna e externa. Vejamos o exemplo do terrorismo, melhor, o financiamento do terrorismo. Larga discussão se poderia avizinhar, todavia, o que aqui procuramos, preferencialmente, é o BC e o FT, debate intenso dos últimos anos, e destes retirar mecanismos indutores ao trabalho ora apresentado. Há, ainda, alguns dados produzidos por fontes abertas sobre o conceito estratégico de segurança e defesa que importar discutir. Recortavam-se daqueles104 ideias como: ‘o nosso problema de segurança não é militar, mas financeiro’ – afiança Loureiro dos Santos; ‘ser absolutamente crucial a articulação entre as dimensões da política de defesa e da política económica’- consagra Aguiar Branco’.

Sobre o aludido Interesse Nacional refere Carvalho (2009) que a sua definição depende, parcialmente, das decisões políticas conjunturais, mas, em geral, corresponde ao que é permanente e distintivo do Estado. E deste brota, sem dúvida, o vetor fundamental que é a Segurança. O autor atrás mencionado, refere-se-lhe, adotando a definição do Instituto de Defesa Nacional (IDN), apresentando-a como Segurança Nacional, desde logo: «ela deve ser entendida como a condição da Nação que se traduz pela permanente garantia da sua sobrevivência em paz e liberdade, assegurando a soberania, independência e unidade, a integridade do território, a salvaguarda coletiva de pessoas e bens e dos valores espirituais, o desenvolvimento normal das tarefas do Estado, a liberdade de ação política dos órgãos de soberania e o pleno funcionamento das instituições democráticas».

Temos então aturada tarefa, tanto mais que o conceito de Segurança e governance da Segurança conheceu novos avanços e propostas diferenciadas. Em

103 Cfr. Lei de Defesa Nacional (L.n.º 31-A/2009, de 7jul, art.º 7, n.º1).

104

198 primeiro lugar, tornou-se cada vez mais indefinida a fronteira interno-externo; em segundo lugar, não só emergiram novos atores internacionais como, consequência da globalização, os Estados passaram a atuar num quadro internacional complexo, caracterizado pela interdependência, a transnacionalização e desterritorialização das relações internacionais (Teixeira, et al, p.22).

O Conceito Estratégico de Defesa Nacional havia sido aprovado em 2003, todavia105, fruto de novas, inesperadas e importantes condicionantes, como a crise económico-financeira, a fragilidade da União Monetária, a emergência de novas grandes potências, a reorientação estratégica dos EUA, o novo Conceito Estratégico da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aprovado em 2010, o Tratado de Lisboa, bem como a assistência financeira internacional a que Portugal foi sujeito, abrigaram os nossos estrategas à revisão do conceito, visto ser documento indispensável para a resposta ao novo ambiente de segurança.

Tenhamos presente o mote que serve de cabeçalho.

Os especialistas em causa, no desenho das Grandes Opções do Conceito Estratégico de Defesa Nacional (GOCEDN), definiram esta última, como um conjunto de políticas militares, diplomáticas, económica, social e outras, que coordenadas e integradas permitem reforçar as potencialidades da Nação, e que Segurança Nacional, diferente do conceito de “Segurança Interna”, significará a condição da Nação que se traduz na permanente garantia da sua sobrevivência em Paz e Liberdade. Referem que os valores e os interesses nacionais estão na Constituição e na Lei da Defesa Nacional. Como: a independência e o primado do interesse nacional, os direitos humanos, o direito internacional, a presença no mundo, as alianças (UE e OTAN), promoção da paz e da segurança internacional. Para tal, destacar-se-iam a Diplomacia e as Forças Armadas.

O GOCEDN refere que o processo de globalização e a revolução tecnológica, tornaram possível uma dinâmica mundial de integração política, social, económica, etc. Mas tornaram também possível, uma difusão equivalente em ameaças e riscos em todas as suas dimensões, especialmente na projeção das redes terroristas, da proliferação das armas de destruição massiva e de crime organizado.

105

199 Relativamente às Seguranças Regionais, para além das relações vizinhas (na Europa) e transatlânticas, sublinham os riscos no Norte de África, Médio Oriente e África subsaariana, especial nos efeitos de contaminação do extremismo. Sendo que a instabilidade política e social facilitará a presença de grupos terroristas e todo o tipo de tráficos.

Num conjunto das ameaças ali plasmadas, para além dos crimes já referidos acrescentam a pirataria e a cibercriminalidade.

Segundo o GOCEDN a realização da estratégia orienta-se por três regras: unidade estratégica (integrar todas as dimensões da segurança e defesa, fazendo-as convergir para os objetivos comuns); coordenação (colaboração e cooperação entre todas as entidades e organismos intervenientes); e a utilização racional e eficiente de recursos (conforme ameaças e riscos que se pretendem mitigar). E desenvolve-se pelos seguintes vetores de ação: exercer a soberania nacional, neutralizar ameaças e riscos à segurança nacional, ultrapassar os principais constrangimentos e vulnerabilidades nacionais, potenciar os recursos nacionais e explorar as oportunidades existentes.

Merece particular observação dos especialistas em causa, a incursão em matérias como a prevenção e combate ao terrorismo, ao narcotráfico e proteção do meio ambiente. Bem como a sugestão da promoção da integração operativa da segurança interna e, ainda, a necessidade de intervenção articulada e coordenada de forças e serviços de segurança, da proteção civil, emergência médica e, entre outras, autoridades judiciárias. Acresce que ali é referido a necessidade de dimensionar as capacidades militares que mitiguem as consequências de ataques terroristas, cibernéticos, NBQR (Nuclear, Bacteriológico, Químico, Radiológico). E, outrossim, da necessidade de desenvolver uma estratégia nacional e integrada que articule medidas diplomáticas, controlo financeiro, judicial, de informações, policiais e militares.

No plasmado, encontram-se claras referências às ditas forças e serviços, tal