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4. IMAGINAÇÃO E IMAGINÁRIO NA INFÂNCIA

4.3 O Processo Cognitivo na Infância

Todo processo cognitivo se inicia na capacidade que temos de aprender, onde aprender é adquirir habilidades, conhecimentos e costumes.

Aprendizagem é toda atividade cujo resultado é a formação de novos conhecimentos, habilidades, hábitos naquele que a executa, ou a aquisição de novas qualidades nos conhecimentos, habilidades, hábitos que já possuam. O vínculo interno que existe entre a atividade e os novos conhecimentos e habilidades residem no fato de que, durante o processo da atividade, as ações com os objetos e fenômenos formam as representações e conceitos desses objetos e fenômenos (GALPERIN, 2001[d], p.85).

Partindo do princípio de que a educação deve promover o desenvolvimento integral, a aquisição de habilidades e conhecimentos da criança num ambiente socializador, para o qual

os saberes vêm a acrescentar e proporcionar novas possibilidades para uma prática educativa diferenciada, a infância deve ser considerada em suas especificidades: sua capacidade de imaginação, fantasia e criação.

[...] a actividade criadora da imaginação encontra-se em relação directa com a riqueza e a variedade da experiência acumulada pelo homem, uma vez que esta experiência é o material com que a fantasia erige os seus edifícios. Quanto mais rica for a experiência humana, tanto mais abundante será o material de que a imaginação dispõe. (VYGOTSKY, 2009, p. 17)

Na perspectiva psicológica de Vygotsky, o conhecimento agregado pela criança é medido pela quantidade e qualidade das experiências vividas pelo indivíduo. Experiências estas que são o material para mediar o conhecimento que prepara o sujeito para o mundo, estas experiências são alcançadas pelas práticas culturais, pelo contato e vivência com o outro, onde a criança recorta, agrupa, representa, significa e ressignifica o real através de múltiplos meios.

É bem sabido que a criança é capaz de transições surpreendentes, de espantosas generalizações e associações, quando o seu pensamento se aventura para lá das fronteiras do pequeno mundo palpável da sua experiência. Fora desse mundo, a criança constrói frequentemente surpreendentes complexos ilimitados pela universalidade das ligações que abarcam. Estes complexos ilimitados, porém, são construídos segundo os mesmos princípios dos complexos concretos circunscritos. Em ambos os tipos de complexos, a criança mantém-se dentro do limite das ligações concretas entre as coisas, mas, na medida em que o primeiro tipo de complexos compreende objetos que se encontram fora da esfera do seu conhecimento prático, estas ligações baseiam-se naturalmente em atributos difusos irreais e instáveis. (VYGOTSKY, 1998, p.58-59)

A formação da criança ocorre através de sua interação com o meio e entre as trocas sociais, ou seja, as práticas educacionais a que será submetida for deficitária, o desenvolvimento será defasado por falta de situações propícias ao aprendizado.

[...] essa importância que Vygotsky dá ao papel do outro social no desenvolvimento dos indivíduos cristaliza-se na formulação de um conceito específico dentro de sua teoria, essencial para a compreensão de suas ideias sobre as relações entre desenvolvimento e aprendizado: o conceito de zona de desenvolvimento proximal (OLIVEIRA, 1995, p. 58).

Por zona de desenvolvimento proximal podemos entender como a distância necessária a criança para realizar sozinha determinada ação sem a mediação do adulto e isto depende do nível de desenvolvimento em que se encontra a criança.

Zona de desenvolvimento próximo representa a diferença entre a capacidade da criança de resolver problemas por si própria e a capacidade de resolvê-los com

ajuda de alguém. Em outras palavras, teríamos uma "zona de desenvolvimento auto- suficiente" que abrange todas as funções e atividades que a criança consegue desempenhar por seus próprios meios, sem ajuda externa. (VYGOTSKY, 1998, p.4)

O processo cognitivo nas crianças está ligado a estas múltiplas vivências e experiências sociais que são mediadas pela linguagem.

Linguagem não é apenas uma expressão do conhecimento adquirido pela criança. Existe uma inter-relação fundamental entre pensamento e linguagem, um proporcionando recursos ao outro. Desta forma a linguagem tem um papel essencial na formação do pensamento e do caráter do indivíduo. (VYGOTSKY, 1998, p. 4)

Se levarmos em consideração o século XXI, onde sua maior característica é a evolução tecnológica, digital, em que a linguagem passa obrigatoriamente por tablets, celulares, imagens, sons, filmes e computadores, podemos presumir que a criança da atualidade, aquela que a escola tem a obrigação de ensinar para viver em sociedade é parte deste processo evolucional tecnológico, portanto, está inserida em um mundo em que o bombardeamento de imagens, mensagens através dos filmes é constante, então não podemos nos eximir de trabalhar com estes novos meios de linguagem.

Para alcançar esse objetivo, procurando cumprir sua responsabilidade social, a escola precisava contar com professores capazes de captar, entender e utilizar na educação as novas linguagens dos meios de comunicação eletrônicos e das tecnologias, que cada vez mais se tornam parte ativa da construção das estruturas de pensamento de seus alunos. O professor, sintonizado com a rapidez desta sociedade tecnológica e comprometido com o crescimento e a formação de seu aluno, precisará

– além de capacidade de análise crítica da sociedade – de competências técnicas que

o ajudem a compreender e organizar a lógica construída pelo aluno mediante sua vivência no meio social. Essa capacidade será necessária para utilizar as tecnologias e suas diferentes linguagens, com o objetivo de atingir o aluno e transformá-lo em um cidadão também capaz de entender criticamente as mensagens dos meios de comunicação a que é exposto, além de saber lidar, no dia-a-dia, com os outros avanços tecnológicos que o rodeiam (SAMPAIO; LEITE, 1999, p. 18-19).

Os filmes possuem esta capacidade técnica de ensino do conhecimento quando levados as crianças de forma lúdica e mediante a uma linguagem própria e dinâmica o cinema apresenta múltiplas possibilidades educativas trazendo as crianças para as novas tecnologias de forma suave e inovadora.

É mediante as imagens em movimento que professores têm oportunizado a problematização de temáticas diversas e, ao mesmo tempo, aprofundado análises, diálogos, debates e reflexões. Entretanto, muito além do entretenimento e da apreciação estética, é uma linguagem que traz implícita múltiplas possibilidades educativas que ultrapassam o senso comum. São reflexões tanto no âmbito técnico e artístico-cultural, quanto na esfera política, social e econômica. (NOGUEIRA et al., 2013, p.2)

Como a realidade é de difícil assimilação para a criança, ela cria seu próprio universo através da imaginação. O imaginário desenvolve os paralelos necessários que fazem a ponte entre o real e a criança através de seus personagens e graças a eles as crianças conseguem expor e elaborar sentimentos, conflitos e angústias do mundo real.

É através deles também que a criança que a criança desenvolve habilidades, cria seu caráter, por meio do lúdico desenvolve sua autoestima e independência reproduzindo as situações vividas no dia a dia e consegue reelaborar seus conflitos internos através do faz de conta.

Se para Vygotsky a imaginação é base de toda atividade criadora e se revela em todos os campos da vida cultural, tornando possível a criação artística, científica e técnica, é ela também, a responsável pelos grandes filmes que influenciam e agradam gerações como os desenhos animados e os filmes para as crianças.