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O Processo de Avaliação dos Projetos de Planos Orçamentais de 2016

Dos Projetos de Planos Orçamentais para 2016 submetidos até 15 de outubro de 2015, 5 foram considerados

Conformes, 7 encontravam-se Globalmente conformes e 4 apresentavam Risco de incumprimento (Tabela 1). Nenhum

dos Planos submetidos foi identificado como apresentando “sério risco de incumprimento”. A Grécia e o Chipre encontram-se dispensados da apresentação dos respetivos Planos Orçamentais pelo facto de se encontrarem sob programa de ajustamento económico.

Tabela 1. Avaliação dos Projetos de Planos Orçamentais para 2016 submetidos à Comissão Europeia até 15 de outubro

Fonte: Comissão Europeia.

O Projeto de Plano Orçamental de Portugal foi submetido posteriormente, no dia 22 de janeiro de 2015. Relativamente a este Plano a Comissão Europeia detetou um “sério risco de incumprimento”, conforme identificado na carta enviada ao Senhor Ministro das Finanças no dia 26 de janeiro de 2016.

As projeções da Comissão Europeia, divulgadas a 4 de fevereiro e que no caso de Portugal tinham por base no Plano Orçamental inicial submetido a 22 de janeiro, apontavam para a existência de desvios quer em termos do défice global quer no que respeita ao ajustamento estrutural (Tabela 2). Ao nível do défice global as projeções da Comissão apontavam para uma estimativa de 4,2% do PIB (3,0% excluindo o Banif) e pressupunham para os dois anos seguintes défices orçamentais superiores a 3% do PIB, o que inviabilizaria o encerramento do PDE e levaria a Comissão a recomendar ao Conselho uma intensificação do PDE. Para o défice orçamental estrutural a Comissão Europeia estimou um aumento em 2015 e projetou para os anos seguintes agravamentos sucessivos do défice estrutural. As projeções para o esforço orçamental identificaram deste modo um relaxamento da política orçamental ao longo do horizonte de projeção, o que contrastava com as recomendações do Conselho Europeu a Portugal no âmbito do Semestre Europeu no sentido de Portugal alcançar um ajustamento orçamental em 2016 na ordem de 0,6 p.p. do PIB em direção ao OMP (que consiste, recorde-se, num excedente estrutural de 0,25% do PIB potencial).

Tabela 2. Projeções da Comissão Europeia para Portugal com base no Projeto Orçamental submetido a 22 de janeiro de 2016

Fonte: Comissão Europeia.| Nota: (1) Corresponde à variação do saldo estrutural.

Face a medidas adicionais de consolidação orçamental apresentadas pelo Governo Português, no montante de 970 M€, a Comissão reviu a sua avaliação para Risco de incumprimento, o que dispensou a necessidade de submissão de um Plano Orçamental revisto, mas convidou as autoridades portuguesas a tomar as medidas necessárias em sede de discussão do orçamento a nível nacional para garantir que este ficaria conforme ao PEC.

Avaliação da

Comissão Europeia Braço Preventivo Braço Corretivo

Conforme Alemanha Estónia Luxemburgo Países Baixos Eslováquia Globalmente conforme Bélgica Letónia Malta Finlândia França Irlanda Eslovénia Risco de incumprimento Itália Lituânia Áustria Espanha 2014 2015 2016 2017 Saldo orçamental -7,2 -4,2 -3,4 -3,5 Saldo estrutural -1,4 -1,9 -2,9 -3,5 Esforço orçamental(1) 1,1 -0,5 -1,0 -0,6

Posteriormente, no âmbito das projeções de maio de 2016 e na sequência da avaliação da atualização do Programa de Estabilidade, a Comissão Europeia reviu a trajetória para os saldos orçamentais portugueses, passando a prever défices nominais inferiores a 3% para 2016 e 2017, embora ainda representando um agravamento do saldo estrutural nesses anos, desviando-se da trajetória de convergência para o Objetivo de Médio Prazo.

Tabela 3. Projeções da Primavera da Comissão Europeia para Portugal

Fonte: Comissão Europeia (Projeções da Primavera, maio de 2016).

O Conselho, por decisão adotada em 12 de julho de 2016, estabeleceu que Portugal não tomou medidas eficazes para corrigir a situação de défice excessivo, em resposta à recomendação do Conselho de 21 de junho de 2013, formulada ao abrigo do artigo 126.º, n.º 7, do Tratado. Na sequência da decisão do Conselho, a Comissão deveria recomendar a imposição de uma multa. No entanto, o Colégio de Comissários, no dia 27 de julho, decidiu recomendar ao Conselho o cancelamento da multa a aplicar a ambos os países. No mesmo dia, a Comissão apresentou a recomendação para uma nova trajetória de ajustamento orçamental para Portugal. Uma trajetória de ajustamento sustentável e credível exigiria que Portugal alcançasse um défice das administrações públicas de 2,5 % do PIB em 2016, em vez dos 2,7% estimados pela Comissão Europeia nas Projeções da primavera, o que seria coerente com um saldo estrutural inalterado em relação a 2015, em vez do agravamento de 0,2 p.p. igualmente previsto nas referidas projeções (Tabela 4). Neste contexto, para a concretização da nova trajetória proposta pela Comissão, esta recomendou a adoção de novas medidas eficazes para 2016 representando 0,25% do PIB e a apresentação, em 15 de outubro, de um relatório sobre as ações desenvolvidas nesse sentido.

Tabela 4 – Projeções para Portugal para 2016

Fontes: Ministério das Finanças e Comissão Europeia (julho de 2016).

No dia 17 de outubro de 2016, o Governo Português apresentou à Comissão um relatório de ação para 2016, onde identificou como permanente uma poupança de 445 M€ (0,24% do PIB) de dotação de despesa que se encontrava cativa e incluída nas estimativas para o saldo orçamental em contas nacionais, a qual ficou destinada à amortização da dívida pública, identificando também margens de segurança de 666,2 M€, as quais poderão vir a ser usadas em

2015 2016 (e) 2017 (e)

1. Saldo global -4,4 -2,7 -2,3

2. Medidas one-off -1,2 0,1 0,2

3. Saldo global ajustado one-off [ 1-2] -3,2 -2,8 -2,6 4. Componente orçamental cíclica -1,2 -0,6 -0,1 5. Saldo ajustado do ciclo [1-4] -3,2 -2,1 -2,2

6. Saldo estrutural [5-2] -2,0 -2,2 -2,5

var. do saldo estrutural - -0,2 -0,3

7. Saldo primário estrutural 2,6 2,2 1,7

var. do saldo primário estrutural - -0,3 -0,5

Comissão Europeia Previsões da Primavera Nova trajetória de ajustamento orçamental PIB (tx crescimento) 1,8 1,5 1,3

Saldo orçamental (% do PIB) -2,2 -2,7 -2,5

Saldo estrutural (% do PIB) -1,7 -2,2 -2,0

Var. do saldo estrutural (p.p. do PIB) 0,3 -0,2 0,0 Comissão Europeia Programa de Estabilidade 2016-20

caso de necessidade. Aguarda-se a avaliação da Comissão Europeia destes novos elementos no âmbito da análise do Projeto de Plano Orçamental para 2017.

Referências:

- Banco Central Europeu (2015) “Box: Review of draft budgetary plans for 2016“, Economic Bulletin Issue No. 8/2015, December 2015.

- Comissão Europeia (2015) – “Commission opinion on the Draft Budgetary Plans”, Commission Opinion C(2015) 800, Bruxelas, 16 Nov 2016;

- Comissão Europeia (2016) – “Analysis of the 2016 Draft Budgetary Plan of Portugal”, Commission staff working document SWC(2016) 31, Bruxelas, 05 Feb 2016;

- Comissão Europeia (2016) – “Commission opinion of 5.2.2016 on the Draft Budgetary Plan of Portugal”, Commission Opinion C(2016) 870, Bruxelas, 5 Feb 2016;

- Comissão Europeia (2016), “Vade Mecum on the Stability and Growth Pact”, Institutional Paper 21, março de 2016. - Comissão Europeia (2016) – “European Economic Forecast – Spring 2016”, Institutional Paper 025, maio 2016; - Comissão Europeia (2016), “Recommendation for a COUNCIL DECISION imposing a fine on Portugal for failure to take effective action to address an excessive deficit”, COM(2016) 519 final, Bruxelas, 27 de julho de 2016;

- Comissão Europeia (2016), “Recommendation for a COUNCIL DECISION giving notice to Portugal to take measures for the deficit reduction judged necessary in order to remedy the situation of excessive deficit”, COM(2016) 520 final, Bruxelas, 27 de julho de 2016;

- Comissão Europeia (2016), “Commission Staff Working Document accompanying the document Recommendation for a COUNCIL DECISION giving notice to Portugal to take measures for the deficit reduction judged necessary in order to remedy the situation of excessive deficit”, Comission Staff Working Document SWD(2016) 264 final, Bruxelas, 27 de julho de 2016;

- Ministério das Finanças (2016) “Letter from the Portuguese authorities”, Lisboa, 5 Fevereiro de 2016; - Ministério das Finanças (2016) “Effective Action Report”, Lisboa, 17 Outubro de 2016;