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1.1 AS FASES DE OCUPAÇÃO E EVOLUÇÃO ECONÔMICA DA FORMAÇÃO

1.1.1 O processo de ocupação e evolução econômica da região

Segundo Fleischfresser (1988) e Hespanhol (1990), o chamado Paraná Antigo ou Tradicional compreende a porção Centro-Oriental do estado, abrangendo o Litoral, a Serra do Mar e o Primeiro Planalto Paranaense.

Foi por estas áreas que se iniciaram as primeiras ocupações humanas no Estado do Paraná, através do desenvolvimento das seguintes atividades econômicas: captura e comércio do indígena, mineração, tropeirismo, erva-mate e madeireira.

A mão-de-obra indígena era considerada, pelos primeiros povoadores, como de “segunda classe”, pois não se submetia, com grande facilidade, ao trabalho disciplinado e organizado, além de ser também pouco afeita às ocupações sedentárias.

Conforme mencionado por Furtado (1988) e Prado Jr. (1998) a captura e o comércio de indígenas se deram com a descoberta do ouro no litoral do Estado, constituindo-se na primeira atividade econômica estável dos grupos de população não dedicados à lavoura do açúcar.

De acordo com Wachowicz (1988), os portugueses atraídos pela exploração aurífera não chegaram a ganhar o capital necessário para a aquisição de escravos africanos. Tal fato explica, de certa forma, porque no Estado do Paraná o trabalho mais pesado foi realizado, sobretudo, pela mão-de-obra indígena escravizada.

A atividade de mineração foi a de aluvião, desenvolvida nas areias da Baía de Paranaguá e no leito do rio Nhundiaquara. Esse ciclo teve sua expressão máxima no século XVII, no Estado do Paraná, e contribuiu para a formação de pequenos povoados, chamados de “arraiais”, mantidos pela agricultura de subsistência.

Paralelamente à mineração, outras atividades também levaram à expansão da ocupação do estado paranaense no sentido sul-norte. Neste caso, destacou-se, principalmente, a pecuária, que segundo Fraga et al. (2004), foi responsável pela ligação do Estado do Paraná com o restante do Brasil, por meio do Tropeirismo.

O Tropeirismo constituiu-se na passagem das tropas de muares e bovinos pelos Campos Gerais do Paraná, com destino à Sorocaba (SP).

Com tal atividade ampliou-se a ocupação do Paraná, estimulando a formação (junto às rotas e aos melhores pastos) de pousadas, ranchos; enfim, povoados que deram origem às cidades de Ponta Grossa, Castro e Jaguariaíva, como pode ser visto na Figura 3.

Para Hespanhol (1990) e Souza (2000), o ciclo da extração e preparo da erva-mate emergiu no início do século XIX e intensificou-se, sobretudo após 1822, quando se permitiu o comércio com os mercados platinos (principalmente com Buenos Aires e Montevidéu) e para o Chile, pois o produto já era amplamente consumido desde o início da ocupação do Estado do Paraná9.

Ainda que a erva-mate tenha se constituído na principal atividade econômica no período, ela começou a perder importância a partir de 1914, devido à participação crescente de outros produtos de maior rentabilidade na economia local, como a exploração da madeira.

Pela própria conformação de suas matas, o Paraná sempre contou com expressiva variedade de madeiras, tanto na Mata Atlântica como na de Araucárias, com alto valor econômico.

De acordo com Oliveira (2001), as serrarias constituíram-se em estabelecimentos presentes na paisagem paranaense durante o ciclo madeireiro (1947-1970), atendendo à demanda interna por madeira para a construção de habitações nas cidades paranaenses, em franco processo de crescimento.

A maior dificuldade enfrentada pela atividade madeireira foi a deficiência do sistema de transportes, sendo minimizado com a construção da estrada de ferro que liga Curitiba-Paranaguá (1883) e a implantação da Ferrovia São Paulo – Rio Grande (1906), como observado por Hespanhol (1990).

Sanadas tais dificuldades, a economia madeireira atraiu a presença de capitais estrangeiros, principalmente de origem inglesa e norte-americana. As pessoas que estavam à frente dessas atividades eram intrinsecamente atreladas ao setor ferroviário.

Entretanto, a economia madeireira não foi completamente absorvida pelo capital externo, permanecendo um setor madeireiro local, industrial e exportador importante.

A cafeicultura teve início, em escala considerável no Paraná, a partir da segunda metade do século XIX (1860), em virtude da expansão dos cafeeiros paulistas que começaram a ocupar moderadamente a

porção norte-nordeste do Estado até as duas primeiras décadas do século XX.

A partir de 1920, os cafezais expandiram-se por esta área, o que será aprofundado posteriormente no subitem que trata da ocupação da Grande Região Norte paranaense.

1.1.2 O processo de ocupação e evolução econômica da região oeste/sudoeste do Estado do Paraná10

Segundo Hespanhol (1990), a ocupação desta porção do Estado11

ocorreu de forma mais sistemática, a partir da década de 1940.

Isso porque, a partir dos anos 1940, houve a intensificação do processo de colonização da área e a procura de terras, pelos colonos gaúchos e catarinenses, foi muito elevada. Estas terras foram ofertadas pela companhia privada de colonização, a Empresa Industrial Madeireira Colonizadora do Paraná S/A (MARIPA)12.

Como resultado desse processo, em 1951, todas as terras demarcadas haviam sido comercializadas.

A evolução das atividades econômicas desta região ganhou dinamismo com o movimento migratório oriundo do Estado do Rio Grande do Sul, o qual propiciou uma colonização dirigida por meio de empresas particulares nas terras devolutas do Estado.

Tal fato favoreceu a criação de propriedades rurais, de pequenas dimensões, dedicadas à suinocultura e à agricultura de subsistência.

Anteriormente a este fato, o abastecimento do mercado consumidor destes países era feito pelos ervais paraguaios. Os problemas de ordem que resultaram no massacre do Paraguai pela Tríplice Aliança na década de 1860, levaram ao boicote pelo mercado do Prata à erva paraguaia, beneficiando a economia paranaense.

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Por não ser essa área objeto específico da pesquisa, se optou em fazer apenas alguns apontamentos sobre o processo de ocupação e evolução econômica desta porção do Estado do Paraná.

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Limitando-se a oeste com o rio Paraná, fronteira com o Paraguai, a noroeste e a nordeste com os rios Piquiri e Ivaí, respectivamente, e ao sul com o Estado de Santa Catarina, delimita-se o conjunto regional, denominado por Fleischfresser (1988) de oeste/sudoeste paranaense.

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De origem gaúcha, que em 1946 adquiriu cerca de 3.000.000 ha de terras na região, dividindo-as em pequenos lotes e implantando três núcleos urbanos: Toledo (sede da empresa), Marechal Cândido Rondon e Cascavel.

1.1.3 O processo de ocupação, a evolução econômica da Grande Região