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O Processo Produtivo na Pequena Empresa de Confecção

3. PROCESSO PRODUTIVO E TRABALHO NA PEQUENA EMPRESA DE

3.3 O Processo Produtivo na Pequena Empresa de Confecção

3.3.1 Introdução

De acordo com o DIEESE (2003, p.8) o processo produtivo da cadeia têxtil tem como uma de suas principais características a descontinuidade das operações. Cada etapa do processo produtivo constitui o insumo principal da etapa subseqüente”.

A indústria de confecção é uma etapa subseqüente do processo global da indústria têxtil, o qual se inicia no setor agrícola de algodão, que proporciona as fibras naturais. Também o setor de plásticos produz as fibras sintéticas e artificiais. Depois vem o setor de tecelagem, couro e aviamentos, para que, por último, cheguemos à etapa de confecção, conforme pode ser visto na figura 3.14.

Segundo o IPECE (2002, p.1) a “costura é a principal etapa do processo, concentrando em torno de 80% do processo produtivo”, referindo-se ao processo de tecelagem estando ao seu redor o processo principal, que é a costura.

FIGURA 3.14 – Cadeia Produtiva de Confecções Fonte: IPECE, 2002, p.8.

Outro aspecto interessante nas pequenas indústrias do setor têxtil é o da produção, pois, segundo Leite (2004, p. 15):

Diferentemente de outros setores, a empresa que comanda a cadeia não se encontra [...] na produção, mas na distribuição. É a empresa de distribuição que deflagra os pedidos para a cadeia de produção. Em geral, as grandes distribuidoras definem as tendências da moda pela escolha de temas (coleções), de acordo com os quais são organizados os pedidos (configuration order) às empresas de confecção.

Também é a empresa de distribuição que decide a “modelagem das confecções” o que “implica que o desenho seja desenvolvido pelas distribuidoras, o que as permite deter a parcela mais importante dos recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento do setor” (LEITE, 2004, p. 16).

Ainda, segundo Leite (2004, p. 16), “é a empresa que vende e distribui bens que levam sua marca, ainda que não participe de sua fabricação, a que estabelece de antemão as características do produto, os procedimentos de produção e a tecnologia a utilizar-se, entre outras coisas, e que decide sobre a continuidade em uma mesma região ou país, da produção”.

3.3.2 Os Processos Industriais

Segundo Abreu (1986, p. 151) a confecção possui algumas etapas como: “1. idealização;” “2. preparação (modelagem e corte); 3. montagem;” ou a costura e “4. acabamento” que, para as pequenas indústrias têxteis inclui-se a estocagem.

3.3.2.1 Idealização

A etapa de idealização inclui não só o desenho dos produtos a serem confeccionados, mas envolve também a escolha dos tecidos, das cores e dos padrões a serem trabalhados na linha de produção.

Sobre a atividade de confecção dos desenhos não se discutirá nesse trabalho, pois nas pequenas empresas de confecção, conforme já dito anteriormente, é desenvolvida pela loja ou magazine responsável pela distribuição dos itens confeccionados, os quais possuem desenhistas profissionais (LEITE, 2004).

Mas, quanto à escolha dos tecidos, das cores e dos padrões dos produtos que serão fabricados, “fica geralmente a cargo dos proprietários” (ABREU, 1986, p. 151).

Após isso, passa-se à geração dos moldes, encaixes e riscos dos diversos componentes dos modelos e, segundo Gazzona (1997, p. 93) “o encaixe consiste em buscar a forma ótima em termos de aproveitamento dos tecidos que serão riscados e, posteriormente, passam para o setor de corte”.

3.3.2.2 Corte

Sobre a atividade de corte, é através dela que há a disponibilização de matéria- prima para a costura, ou seja, os tecidos já cortados no formato requerido pelo projeto do produto a serem confeccionados são levados às máquinas de costura, a fim de montarem os futuros produtos.

Segundo Abreu (1986, p. 144), as operações de corte “exigem também um conhecimento especializado”, pois “ao esticar o tecido na mesa de corte (enfestar) é necessário cuidado no alinhamento das várias camadas; o melhor encaixe dos riscos pode significar uma economia significativa de tecido e qualquer erro no corte envolve a perda de um grande número de peças”.

O corte é comandado pelas “ordens de produção” e é limitado pelos estoques, ou seja, se uma ordem de produção for emitida de acordo com a necessidade de cores de tecidos requeridas por um cliente em específico, mas se tal cor de tecido não estiver disponível em estoque, não será possível o corte processá-la (VIEIRA, 1995).

Ainda sobre o corte, pode-se dizer que houve o maior desenvolvimento tecnológico dos três itens no nível de equipamentos. Basta verificar a enormidade de fornecedores de máquinas para cortes, ou de desenvolvedores para tal finalidade, conforme comentado no item 2.2, de acordo com os estudos do MCT/FINEP/PADCT (1993, p. 6).

Segundo Gazzona (1997, p. 96), “depois de cortadas, as peças são separadas e emitidas para a montagem, onde são costuradas”, ou seja, a costura é a próxima etapa do processo produtivo.

3.3.2.3 Costura

A costura é a principal etapa do processo, concentrando em torno de 80% do processo produtivo (BNDES, 1996, p. 2).

Também, “neste estágio, o equipamento básico utilizado é a maquina de costura”, o que demanda uma mão-de-obra especializada em sua utilização, o que, segundo o IPECE (2001, p. 1) a máquina de costura “embora tenha sofrido alguns avanços, ainda realiza basicamente as mesmas tarefas”, o que torna a costura extremamente dependente da habilidade e do ritmo de sua mão-de-obra.

Segundo dados do IPECE (2002, p. 1), “são encontradas muitas dificuldades que vêm retardando os avanços no campo tecnológico no campo da automação industrial”.

Isto se dá, porque a costura é uma atividade quase que totalmente manual. Utiliza-se somente a máquina de costura como equipamento. Embora algumas máquinas já estejam bem evoluídas, ou seja, com funções de comando numérico, como as grandes bordadeiras de 15 a 20 cabeças de bordar, a grande maioria não possui modificações relevantes, desde que foram desenvolvidas no século XIX (GAZZONA, 1997, p. 93).

Segundo Caulliraux (1986, p.171), de um modo geral, não é possível a utilização das técnicas fordistas para as empresas de confecção, devido às dificuldades com uniformização de produtos geradas pela moda e devido às características da matéria prima que dificultam o transporte automático.

Há também outras restrições que estão ligadas “às características do tecido, com sua maleabilidade, que dificulta o seu manuseio, e suas diferentes texturas. Outro empecilho é a necessidade de serem realizados alguns trabalhos em terceira dimensão” (IPECE, 2002, p. 1).

Segundo Abreu (1986, p. 144), a atividade de costura “é dirigida por um chefe de oficina” que “deve entender muito de costura para poder orientar” os demais costureiros e costureiras.

Há ainda uma divisão entre os costureiros, pois alguns irão produzir matérias- primas para outros. Este é o caso dos costureiros internos, geralmente overloquistas7, que realizam refinamentos internos nos tecidos recém cortados para que os costureiros externos, ou finais, possam montá-los (ABREU, 1986).

Sobre o desenvolvimento tecnológico da área de costura, segundo o relatório do MCT/FINEP/PADCT (1993, p. 13) diz que “a modernização na indústria de confecções seguirá, basicamente, duas direções: a compra de máquinas de costura mais modernas, incorporando elementos de microeletrônica e controle numérico, e a compra de equipamentos CAD/CAM”.

Os equipamentos CAD/CAM podem ser incorporados tanto às máquinas de corte, quanto às de costura, segundo o MCT/FINEP/PADCT (1993, p. 13), pois eles são a única técnica de modernização disponível para tais operações da indústria têxtil e a sua adoção deve “se tornar o principal programa tecnológico para o setor”.

3.3.2.4 Acabamento e Estocagem

Finalmente, as últimas etapas são o acabamento e a estocagem que são realizadas em conjunto.

No acabamento, em geral, utilizam-se uma mesa grande para os processos de dobra dos itens confeccionados e de empacotamento dos mesmos. Segundo Gazzona (1997, p. 96), a fase de acabamento é onde “são realizadas as operações finais: os produtos já prontos são passados, revisados e embalados”.

Após a embalagem, esses itens são amontoados em porta-páletes que são levados para serem armazenados no estoque.