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O Setor de Costura da Empresa C – Tarefas e Características Gerais

3. PROCESSO PRODUTIVO E TRABALHO NA PEQUENA EMPRESA DE

4.3 Estudo de Caso: O Ritmo de Trabalho em Três Pequenas Empresas de Confecção

4.3.3 Empresa C

4.3.3.2 O Setor de Costura da Empresa C – Tarefas e Características Gerais

A produtividade das costureiras é variável e dependente da quantidade de pedidos. Se houver poucos pedidos, a proprietária divide o trabalho e o ritmo é lento. Mas,

quando há muitos pedidos, o ritmo de trabalho é intensificado e as costureiras tornam-se muito produtivas.

A seguir, será dado um exemplo da confecção de camisetas, principal produto da empresa. Os equipamentos utilizados são máquinas de costura elétricas como a reta, galoneira, overlock, interlock, prespontadeira e a botoneira. As etapas da confecção de uma camiseta estão descritas na figura 4.9.

FIGURA 4.9 – Etapas de confecção de camisetas de malha Fonte: Do autor.

Para detalhar as etapas descritas na figura 4.9, pode-se dizer que as operações de unir ombro, unir manga e fechar camisa são feitas na máquina interlock, de corte e costura. No início do processo, a costureira prepara a máquina instalando os carretéis de linha e os regulando. O equipamento é testado em um pedaço de tecido para então começar os dois processos descritos anteriormente, que são o início do processo de costura das camisetas.

As fases finais da costura, de unir viés e fazer a barra, são feitas na máquina de costura galoneira. Essa máquina também pode ser utilizada para prespontar elástico de produtos que o utilizam, embora que para isso seja necessária a presença de outra máquina que se acopla na agulha da galoneira, para transformá-la em uma prespontadeira. No início do

processo, a costureira prepara a máquina instalando os carretéis de linha e testa-se o equipamento em um pedaço de tecido para então realizar a costura final da camisa.

As tarefas do setor de costura são todas organizadas pela proprietária e todos contam com a ajuda de uma auxiliar de produção para organizar os componentes a serem trabalhados, os que já foram processados e para embalar os produtos acabados, além de estocá-los.

Os gestos das costureiras são repetitivos, como elas mesmas os consideram, com os punhos e braços sem apoio e constantes movimentos giratórios dos punhos ao virar ou desvirar peças componentes das camisas, ou ao alinhá-las na sua máquina de costura.

Um exemplo para ilustrar o parágrafo anterior é a etapa de montagem de camisa de malha.

Inicialmente, a costureira coleta os tecidos cortados e estocados na mesa ao lado direito da máquina, estendendo o braço, e os coloca no seu colo. Com as mãos, ela posiciona as duas partes (de frente e das costas da camisa) na interlock para unir os ombros da camisa, para então costurar levando as mãos para frente em cada ombro. Após essa operação, ela estoca os tecidos à esquerda.

Não há muita diferença entre uma costureira e outra na maneira com que desempenham os procedimentos acima descritos, mas, segundo as observações feitas, há diferença no ritmo de trabalho delas, o que a proprietária corroborou, sabendo classificar o ritmo de cada uma das suas funcionárias. Ela atribui isso ao tempo de permanência na empresa, para a maioria delas, e para uma, em especial, ela atribui ao seu estado de espírito, ao seu modo sempre alegre de trabalhar, embora essa possua menos permanência na empresa do que outras.

A próxima atividade é a de unir mangas e fechar a camiseta. Para isso, a costureira recolhe o produto da etapa anterior pela direita, colocando-o no colo e posicionando-o na máquina interlock, para então costurar levando as mãos para frente em cada lado da camisa. No final, com a tesoura ela corta as linhas que a máquina deixa no tecido, limpado o produto.

Novamente, todas as costureiras desempenham essa função de maneira semelhante diferindo em poucos gestos.

A etapa seguinte é a de costurar o viés, fechando a gola. A costureira recolhe o produto da etapa anterior pela direita e o viés, colocando a camisa na gola. Ela os posiciona na galoneira e costura o viés ao redor de toda a gola da camisa, deixando a lateral esquerda aberta para ser arrematada com a interlock. Essa etapa é muito delicada e é feita sempre com

muito cuidado. Ao finalizar, leva-os para a interlock, coloca-os à direita, recolhendo um por um, coloca-os no colo, posiciona-os na máquina, fecha o viés e dispensa a peça pela esquerda. Duas costureiras foram observadas realizando os procedimentos de costurar o viés e fechar a gola da camisa. A primeira prepara as peças antes da operação e as deixa na mesa para depois colocá-las no colo e realizar a costura. A segunda coloca as peças no colo e prepara uma a uma antes de costurar. A primeira costureira se mostrou mais produtiva, uma vez que a segunda não se especializou na tarefa de preparar os componentes, a fim de realizá- la mais rapidamente como a outra costureira, mas ela realizava as duas tarefas em conjunto o que lhe custou mais tempo de processo.

A última etapa é passar na galoneira a camisa para fazer a barra. O processo é o mesmo que fechar o viés, sem o arremate com a interlock e com uma ressalva, após passar a galoneira por toda a barra, a costureira dobra o final da barra para dentro e embute o tecido dobrado para dar acabamento, costurando e cortando a linha que sobra no final.

Esse último processo é o mais fácil e rápido, pois as peças não precisam ser preparadas, mas apenas estocadas na esquerda, costuradas e dispensadas pela direita. O que contou como diferença de produtividade foi a experiência das costureiras em manipular a máquina galoneira.

O local é uma residência bem iluminada e as costureiras trabalham sob uma laje alta, contando com ventiladores de teto espalhados pelas instalações. O setor de silkscreen, que poderia exalar algum odor devido às substâncias utilizadas no processo, é afastado da confecção.