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II. O ensino superior e a legislação atual

2.1. O ensino superior hoje

2.2.2. O professor do ensino superior

A única exigência legal que existia para o ingresso do docente no ensino superior era possuir no histórico escolar a disciplina que iria ministrar. Sendo este o único requisito até a promulgação da nova LDB, o ingresso de docentes, na maioria das Universidades privadas, ocorria por indicação justificada na competência do docente em termos de conhecimento de conteúdos específicos, com base na graduação cursada ou no seu desempenho profissional, esta última para profissionais renomados. Não existia nenhuma exigência legal que indicasse como deveria ocorrer a manutenção do professor neste nível de ensino.

A nova LDB altera a situação tanto de ingresso como de manutenção dos docentes na universidade. Nos artigos 52 e 66, a seguir transcritos, a mudança ocorre para o compromisso da universidade na produção do conhecimento e, para tanto, obriga-a a compor o seu quadro com docentes titulados.

Artigo 52: As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por:

I – produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional. II – um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica

de mestrado e doutorado.

III – um terço do corpo docente em regime de tempo integral (grifos

da autora).

Esta caracterização das universidades, definindo sua responsabilidade em relação à produção intelectual, indica que o quadro de professores deve ser composto por docentes titulados, com contratos de trabalho, para pelo menos 1/3, em regime integral. O artigo mostra, também, a necessidade de contratação de docentes mais competentes, com maior tempo de dedicação e que possam assim estar mais comprometidos com a instituição e com o ensino. Tal condição é tida como pressuposto para melhoria da qualidade de ensino.

Artigo 66: A preparação para o exercício do magistério superior se fará em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.

Parágrafo único: O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.

Comparando-se o que era praticado com o indicado na nova Lei, nota-se um grande avanço, pois o docente que antes era contratado pelo sucesso profissional, ou

pelo conhecimento de conteúdos específicos, ou, ainda, por indicação, agora deverá estar preparado para o magistério no ensino superior, em nível de pós-graduação. Considera-se de grande importância este artigo pois, se no passado tivesse existido preocupação com a formação para o magistério superior, muitos docentes não teriam tido tantas dificuldades para atuar neste nível de ensino. Dificuldades estas descritas no relato da trajetória profissional da autora.

Faz-se avaliação das Comissões em relação aos docentes considerando-se: o perfil do corpo docente, o regime de trabalho e a política de qualificação, carreira e remuneração.

Avalia-se o perfil do corpo docente nos seguintes aspectos: titulação e adequação do perfil docente. A titulação é verificada pelo IQCD - Índice de Qualificação do Corpo Docente, através da seguinte expressão:

IQCD = [(D x 4) + (M x 3) + (E x 2) + (G x 1)] / número de professores onde D = número de professores com doutorado, M = número de professores com mestrado, E = número de professores com especialização e G = número de professores com graduação. Após obtenção deste resultado, são utilizados os conceitos de A até D, que têm a seguinte variação: A: maior que 3,2; B: entre 2,5 e 3,2; C: entre 1,6 e 2,4 e D até 1,5.

A titulação docente tem sido considerada um aspecto importante na avaliação dos cursos de graduação, tem merecido destaque na publicação, pelo Ministério da Educação e do Desporto, dos resultados do “Provão” e da avaliação institucional.

Verifica-se a adequação do perfil docente em relação ao número de docentes proposto (quantidade e por área), à titulação do docente, à área de conhecimento/ especialização com a área de atuação proposta no curso, à relevância da experiência na área da docência e de outra experiência profissional. Neste item não só se verifica a titulação, também são consideradas a área do conhecimento/especialização e experiência profissional, esta última não apenas no ensino superior.

Avalia-se o regime de trabalho do corpo docente em relação ao número de docentes que trabalham em tempo integral – T.I. (40 horas semanais), tempo parcial – T.P. (maior ou igual a 20 horas) e horistas. Os conceitos atribuídos são: A: mínimo de 70% em T.I. e T. P. (sendo, no mínimo, 30 % em T.I.); B: mínimo de 55% em T.I. e

T.P. (sendo, no mínimo, 15% em T.I.); C: mínimo de 50% em T.I. e T.P. (sendo, no mínimo, 10% em T.I.) e D: índices inferiores aos exigidos para obtenção do o conceito C.

A política de qualificação, carreira e remuneração para o corpo docente é avaliada quanto à tradição da Instituição na qualificação do corpo docente; ao plano de qualificação descritivo e quantitativo para os próximos anos; ao apoio oferecido pela Instituição aos docentes para a participação em eventos científicos; à existência e consistência de um plano de carreira; ao plano de remuneração que considere adicionais por titulação e seja compatível com os níveis salariais da região; ao apoio oferecido pela instituição aos docentes para atividades de elaboração de livros textos, de artigos científicos, de projetos de pesquisa. Denota-se aí uma grande valorização do docente de ensino superior, tanto em relação à existência de um plano de carreira profissional para este professor, bem como de qualificação e atualização.

Analisados estes itens, e revendo a nova Lei, as instituições de ensino superior que quiserem manter seu credenciamento como universidades, deverão se preocupar em investir na qualificação, titulação e regime de trabalho de seus docentes.

Os estudos feitos até aqui mostram importantes indicadores em relação ao Ensino Superior, que permitem concluir que a Universidade hoje, tanto em nível nacional como internacional, deve:

- assumir, com responsabilidade, a sua missão, educando e formando pessoas para participarem plenamente na sociedade, defendendo e difundindo os “valores aceitos universalmente” (paz, justiça, liberdade, igualdade e solidariedade);

- assumir sua função, permitindo o acesso sem discriminação, o fortalecimento da participação e promoção do trabalho da mulher, a promoção e a divulgação do saber para a sociedade, o estreitamento dos vínculos entre a educação superior e o mundo do trabalho, oportunidades de acesso ao sistema educacional através da educação continuada e a nova visão da educação superior centrada no aluno; - avaliar a qualidade do ensino, aproveitar o potencial e os desafios das novas

tecnologias, implementar a educação, a formação, a pesquisa e a prestação de serviços, buscar financiamento público e privado para, através da educação, promover o desenvolvimento sócio-econômico-cultural, e estabelecer parcerias

que permitam “compartilhar conhecimentos teóricos e práticos”;

- propor a reestruturação de seu projeto pedagógico, como forma, de revendo-se, adequar-se às necessidades atuais, tanto legais como de mercado; e possuir em seu quadro docentes titulados, em regime de trabalho condizentes às necessidades atuais da Educação Superior.

Concluindo, é importante destacar três pressupostos que, de certa forma, sintetizam os itens anteriores:

1º) A Universidade que queira cumprir as suas finalidades, considerando as orientações contidas na Declaração Mundial para a Educação Superior e na Lei de Diretrizes e Bases, precisa urgentemente rever o trabalho que tem desenvolvido e a forma como tem assumido seu compromisso, tanto internamente com seus docentes, discentes e funcionários, como externamente, isto é, na sociedade na qual está inserida.

2º) Os cursos de graduação devem ter seus currículos revistos, adequando-os às necessidades sociais e ao mercado de trabalho destinado aos profissionais formados. A revisão deverá favorecer a proposição de novas metodologias de forma a permitir que o aluno “aprenda a aprender”. O currículo deve ser centrado no aluno.

3º) Os docentes do ensino superior devem conhecer os projetos pedagógicos dos cursos em que atuam e a legislação atual e, principalmente, assumir seu papel e compromisso como educadores deste nível de ensino.