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Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho Melo, título conferido em 1769 pelo rei D. José I, político déspota, de nacionalidade portuguesa, e de família modesta, nasceu em Lisboa em 13 de maio de 1699, formado em direito, pela universidade de Coimbra, se tornou diplomata nas cortes inglesas em 1738, foi embaixador de Portugal nas cortes de Viena, na

Austrália em 1745, nomeado secretário do Estado dos Negócios no reinado de D José I em 1750; inspirou-se no modelo inglês, e em 1753, criou várias companhias de comércio, na Ásia, Grão-Pará, Maranhã, Pernambuco e Paraíba, aumentando a arrecadação da garimpagem. Durante o terremoto que se deu em Portugal em 1755, se mostrou eficiente em socorrer os sobreviventes e mandando punir os saqueadores com a pena de enforcamento, fato que lhe rendeu a nomeação de secretário do reino, edificar Portugal, após esse fenômeno da natureza, o que o fez crescer junto ao rei. Em 1759, é nomeado Conde de Oeiras, e se tornou praticamente um governo absolutista a exemplo da Espanha e França, expulsou os jesuítas de Portugal e todo os territórios da coroa, (FRAZÃO,2018).

Após a separação com a Igreja Católica, o Estado Monarca assume a inquisição, sob a administração do Marques. No entanto a tarefa da religiosidade popular, antes dos jesuítas, se manteve sob o controle de Pombal, delegando aos padres de sua confiança essa tarefa. Seus feitos, no campo de reformas educacionais se deram com a fundação do Colégio dos Nobres, em 1760, criando o Erário Régio, a Imprensa Real e a Escola do Comércio. Sua ruina se deu após a morte do rei, em 1777, e, em 1779, é acusado de corrupção e fraude, sendo condenado ao exílio em 1781 e em 08 de maio de 1782 veio a falecer.

, A reforma pombalina, para instrução educacional, tinha como finalidade execrar o professor de formação religiosa, herança deixada pelos jesuítas. Uma de suas primeiras ações constituídas em legalizar suas ideias iluministas tornando público o ensino sob o controle do Estado, pois “[...] o primeiro-ministro do rei D. José I (1714-1777), em detrimento da instrução jesuítica, a reforma pombalina, introduziu um novo projeto educativo, o qual consistia em aumentar a influência do Estado e diminuir o controle da Igreja Católica” (OLIVEIRA, 2015, p. 161).

O Marquês de Pombal teve como princípio inspirador os ideais iluministas, trazendo uma concepção de que uma “ [...] nova sociedade exige um novo homem que só poderá ser formado por intermédio da Educação” (MACIEL e SHIGUNOV NETO, 2006, p. 471), por meio da ação da reforma do ensino público, assim como os franceses fizeram após a revolução de 1789, a separação do Estado e da Igreja Católica. Conforme afirma Maciel e Shigunov Neto (2006, p. 470) “Inspirado nos ideais iluministas, Pombal empreende uma profunda reforma educacional, [...] a metodologia eclesiástica dos jesuítas é substituída pelo pensamento pedagógico da escola pública e laica. É o surgimento do espírito moderno.”

A reforma empreendida pelo Marquês, segundo Maciel e Shigunov Neto (2006, p. 470) se constituiu em uma “total destruição na organização da educação jesuítica e sua metodologia de ensino, tanto no Brasil quanto em Portugal [...]” e, consequentemente com a expulsão dos Jesuítas, o Marquês “[..] não pretendia apenas reformar o sistema e os métodos educacionais, mas colocá-los a serviço dos interesses políticos do Estado” (MACIEL e SHIGUNOV NETO, 2006, p. 471).

O ideal do Marquês era manter o Estado Laico, pois assim se expressou na introdução da publicação do Alvará de 28 de junho de 1759, tratando da insatisfação do ensino religioso e os prejuízos que ao longo do processo histórico da educação portuguesa culminaram na má formação educacional, porque “ditos religiosos se intrometeram a ensiná-los com os sinistros intentos e infelizes sucessos” que foram desaprovados pelo corpo da Universidade de Coimbra.

O documento de lei se estruturou como forma de controle e fiscalização dos trabalhos do professor que, ao criar “[...] o cargo de Diretor Geral dos Estudos, determinava a prestação de exames para todos os professores; que passaram a gozar de direito nobres[...]” (RIBEIRO, 2011, p. 20), legado deixado ao Estado, que a partir de então teria o dever de assumir a educação e manter um autocontrole das atividades docentes. A instituição do Diretor Geral dos estudos, caracterizou o controle dos saberes da profissão docente e atuação do professor denominado de laico.

Em seguida, determinou-se a criação das aulas régias, ou ainda, aulas avulsas, as quais os novos profissionais da educação deveriam exercer suas atividades não mais a serviço da igreja e sob o ensinamento da igreja, mas a serviço do Estado e sob o currículo determinado por esse, sendo denominados de professores régios, pertencentes ao Estado e sob a ordem legal do Estado Monarca, passando a serem funcionários através de concursos, enquadrados numa nova regra de controle e fiscalização proposta pela autoridade do Estado português que tem autoridade conforme Cardoso (1999, p. 106), em “[...] escolher por concurso os professores, fiscalizá-los, pagá-los e mantê-los subordinados a uma política centralizadora”.

Com o propósito de conhecer a real situação da instrução na Colônia, o Marquês, segundo Ribeiro (2011, p. 21), solicitou um senso para uma análise do quadro situacional do número de escolas existentes, e do número de professores que lecionavam sem licença, como também quem usava “livros proibidos”. Essa determinação remete ao controle do conhecimento, como fora feito pelos jesuítas anteriormente, e naquele momento pelo Marquês. Segundo Cericato, (2016, p. 275) “ao controlar o exercício formal da docência, o Estado atribui

ao professor a condição de funcionário, privando-lhe de autonomia na regulação de sua profissão”.

Durante a jurisdição pombalina, a forma de ingresso na profissão do docente se deu pela seleção de concurso público. Segundo Ribeiro (2011), esses profissionais passaram a ser denominados de professores régios. Observou-se que os professores não tinham autonomia, eram controlados pelo sistema através do Diretor Geral de Ensino, fiscal a serviço da administração colonial. Eram reprimidos do exercício livre da profissão, pois careciam de autorização do Diretor para o desempenho da função. Portanto, pagos sob a responsabilidade do sistema, tinham o dever e a obrigação de seguir as propostas determinadas pelo sistema do governo monárquico para a função de professor que provocou, conforme Cericato, a estatização da docência:

A estatização da docência – iniciada, no Brasil, com a reforma pombalina – não foi capaz de levar adiante a construção de uma codificação deontológica nos moldes das existentes para as demais profissões liberais, caso dos médicos, dentistas, advogados, engenheiros, dentre outros. Assim, embora também sejam regulamentadas pelo Estado, essas profissões possuem um maior grau de autonomia na gestão e na fiscalização interna, realizadas por seus próprios membros, o que não ocorre com a classe dos professores (CERICATO,2016, p. 275).

Assim, a profissão docente passou a ser apropriada e controlada pelo sistema colonial, no qual os professores passaram a ter o dever de cumprir as regras impostas pelo sistema de governo colonial. No entanto, segundo Ribeiro (2011), os professores passaram a enfrentar alguns problemas: para os que tinham a formação jesuíta, isso implicou na não continuidade da profissão e, aos professores régios houve escassez de pagamento. Segundo Oliveira (2015, p. 161), esses problemas “[...] se estenderam nos reinados de D. Maria I (1734-1816) e de D. João VI (1767-1826), além de condições precárias de funcionamento, salários reduzidos, falta de professores qualificados, atrasos no pagamento, e o ensino restrito à elite [...]”.

O novo panorama da administração pombalina não foi suficiente para o desenvolvimento educacional e, consequentemente, para a motivação da formação profissional dos professores, do qual se pode afirmar que um dos problemas existentes era “[...] a falta de homens capacitados para o ensino elementar e primário, ou seja, havia, tanto na metrópole quanto na colônia, uma grande carência de professores aptos ao exercício da função de ensinar” (MACIEL e SHIGUNOV NETO, (2006, p 471). Nesse sentido é importante conhecer os aspectos legais instituídos pelo Marquês objeto abordado na subseção a seguir.