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O PROFESSOR, O ALUNO, O BIBLIOTECÁRIO: A ANÁLISE

A princípio o professor tem de conhecer a obra que está sendo adaptada, tem de cumprir seu papel de leitor. Ninguém conhece sua turma melhor do que o docente.

Seu julgamento é indispensável.

O bibliotecário, por sua vez, também deve estar ao par das obras que o professor necessita e quais são as que mais chamam a atenção do aluno quando esse vai à

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biblioteca. Isso define a importância da charge no campo da Biblioteconomia e sua importância para a sociedade. É interessante para o professor, para o bibliotecário e para a sociedade, transformar alunos em crianças críticas, questionadoras, formadoras de opinião, que saibam escolher entre o certo e o errado, que tenham consciência crítica, pois mostra o excelente trabalho que se pode realizar na escola.

O diálogo, ensino e biblioteca a partir de experiências acumuladas e ações realizadas, assumem status de discursos único e verdadeiro contra a classe dominante (CASTRO, 2003). Escola e biblioteca ocupam papel de destaque no processo de desalienação popular, através da oferta de amplos e diversificados materiais de leitura, como no caso das charges. A ideia de que ensino e biblioteca não se excluem, complementam-se, vai ao encontro de ações pedagógicas nas escolas, cujo papel é despertar o interesse das crianças pelos livros, tempos destinados à leitura na biblioteca, pelas leituras livres e espontâneas, que serve de complemento e afirmação ao trabalho docente. A biblioteca, neste contexto atende os alunos no processo de aprendizagem e auxilia a formação dos professores.

Importante salientar que, se for esperar que o governo faça algo, no âmbito governamental não há qualquer ação efetiva para o fortalecimento do diálogo entre ensino e biblioteca.

É necessário então, que as bibliotecas:

Se transformem em um centro dinâmico no processo de ensino aprendizagem e não em um simples apêndice necessário. Processo de transformação que converge para a formação acadêmica do bibliotecário, onde as bibliotecas são tratadas como receptáculos de informação cujos procedimentos para tratá-las constituem no cerne do processo de ensino e aprendizagem. O bibliotecário de simples processador de informação passa a ser mediador entre o universo da informação produzida em diferentes tempos e espaços, a sociedade global e a do seu entorno.

(CASTRO, 2003, p. 70)

Ou seja, mudança na concepção do papel da biblioteca e da escola e no modo de intervenção do bibliotecário no processo de ensino e aprendizagem e do professor integrar seu plano pedagógico à biblioteca.

A liberdade intelectual e o acesso à informação são indispensáveis à aquisição de uma cidadania responsável e participativa. Se professores e bibliotecários conceberem a escola e biblioteca como partes importantes no processo de construção de uma sociedade justa e igualitária, forças contrárias terão maior

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dificuldade em romper os elos estabelecidos.

As descontinuidades históricas deste diálogo foram rompidas, certamente porque estes profissionais, apesar de exercerem suas atividades em um mesmo contexto, atuavam de maneira isolada: um preocupado apenas em transmitir conteúdos escolares e o outro em executar atividades técnicas, na esperança de que aquele, ao recorrer à biblioteca, reconhecesse o seu esmero com o livro, é o que afirma Castro (2003).

As charges, através de suas características humorísticas, satíricas e inteligentes, promovem uma visão mais crítica dos problemas vigentes na sociedade na qual os alunos estão inseridos. Desperta, ainda, o interesse dos alunos e a sua capacidade de interpretação, através dos elementos ditos e não ditos, ampliando a socialização do conhecimento e o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.

5 CONCLUSÃO

Este trabalho científico não tem a pretensão de ser conclusivo. É apenas o início de uma investigação para uma contribuição à educação em seu âmbito crítico. É necessário ainda, o aprofundamento da prática por parte do professor e do bibliotecário para um resultado plausível.

O objetivo do trabalho foi alcançado. As charges colaboram no processo de construção de sentido, porque instigam o leitor a ter um conhecimento de mundo e se serve de recursos imagéticos, sarcástico e denunciador que ampliam seu significado.

Tornam-se um meio facilitador de transmissão informacional por ter uma linguagem imagética de fácil veiculação, pois é atraente e bem aceita por toda a sociedade e por todas as idades. No âmbito educacional, social, cultural, sociopolítico, as charges pressupõem reflexão e propiciam aprendizado vivo, real, duradouro, interdisciplinar, pois é uma leitura diferente das impostas em sala de aula pelos livros didáticos, e, diferentemente destes, têm a capacidade de gerar diversos pontos de vistas, o que obriga o leitor a relacionar a função de ser social em todos os campos de realização enquanto sujeito, mesmo que esse leitor seja um cidadão de oito anos de idade.

Tal propósito será realmente consolidado se houver uma revolução na educação por parte dos professores e bibliotecários quanto à didática e interesse aos novos recursos pedagógicos, como as charges. E isso tem de partir do bibliotecário e do professor, pois o governo pouco se importa com a evolução do ser humano, pelo contrário, quanto mais

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ignorantes nos apresentarmos, melhor para eles nos “domesticar”.

Conclui-se que os PCN’s já se adaptaram às charges, mas a realidade é outra nas escolas públicas, tudo é diferente: não possui uma biblioteca escolar, muito menos um bibliotecário, e o professor, o principal responsável pela formação de opinião dos alunos, ainda não assimilou as charges como uma fonte de informação.

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