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3 INICIAÇÃO CIENTÍFICA

3.4 O Programa de Iniciação Científica do CNPq

A bolsa de Iniciação Científica, intitulada de Bolsa do Estudante, dirigida ao aluno que se encontrava realizando curso superior, foi concedida a partir da criação do CNPq. No princípio, eram em quantidade pouco expressiva. Marcuschi (1996, p. 7) afirma que:

as Bolsas de Iniciação Científica (BIC) surgiram desde o início do CNPq, e então se denominavam Bolsa ao Estudante, destinadas aos

alunos de Graduação, tal como hoje. Eram em número muito reduzido e atingiam pouquíssimas áreas. Segundo consta, esse tipo de apoio à formação do pesquisador graduando constitui um programa original, desconhecendo-se forma similar de apoio à formação científica em outros países.

As bolsas de Iniciação Científica no âmbito do CNPq antecedem as concessões de bolsas de mestrado e doutorado. Estas surgem no CNPq em 1962. O crescimento das bolsas de IC foi inconstante. Em fins dos anos de 1970 e no transcorrer dos anos de 1980 as bolsas de IC ficaram, na maioria das vezes, em termos de volume, em situação de inferioridade, em relação às bolsas de produtividade em pesquisa, que são superadas novamente a partir de 1988. “O decréscimo relativo do contingente de bolsistas de IC frente às outras categorias de bolsas” pode ter influenciado na pós-graduação (CAGNIN e SILVA, 1987, p.24).

Tabela 13 – Volume de Bolsas de Iniciação Científica, Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) e Produtividade em Pesquisa (PQ), entre 1991 a 2005*, concedidas pelo

CNPq Ano IC PG PQ 1991 9.117 11.281 5.837 1992 11.440 11.314 6.052 1993 13.212 12.085 6.476 1994 15.131 13.429 6.693 1995 18.790 15.925 7.168 1996 18.762 14.202 7.263 1997 18.856 12.797 7.394 1998 17.533 11.461 7.388 1999 17.120 11.020 7.290 2000 18.483 11.230 7.413 2001 18.778 11.641 7.666 2002 18.864 11.347 7.765 2003 18.238 11.885 7.949 2004 19.256 12.978 8.453 2005 19.912 14.119 8.815

* Informações sobre bolsa/ano concedida (cada bolsa ano equivale a doze meses de mensalidades pagas no ano, podendo corresponder a um ou mais bolsistas).

Os dados da evolução das bolsas de Iniciação Científica, Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) e Produtividade em Pesquisa (PQ), entre 1963 a 2000, podem ser visualizados no ANEXO 1 e na Tabela 13.

A partir de 1974 as bolsas para pós-graduação colocam-se à frente das bolsas de produtividade em pesquisa. Os dados da Tabela 13 mostram que a partir de 1993 o número de bolsas de IC ultrapassa em número as bolsas de pós- graduação. Ao longo da história do fomento do CNPq houve uma preocupação com a renovação e formação de novos pesquisadores. Esta situação é mais expressiva a partir dos anos de 1980 (ANEXO 1 e Tabela 13), quando se verifica uma expressiva evolução numérica das bolsas voltadas para a preparação de recursos humanos para pesquisa.

Vale dizer que no CNPq as bolsas de Iniciação Científica são concedidas de duas formas: 1) por meio de quotas que são repassadas para os pesquisadores, que são responsáveis pela seleção dos candidatos; e 2) por intermédio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC, quando as bolsas são disponibilizadas para as instituições que se responsabilizam pela gestão do Programa. A RN-017/2006 (BRASIL, 2006b), em vigor, apresenta a finalidade do Programa, os objetivos, a forma de concessão, compromissos da instituição, sistemática de seleção e avaliação, entre outros. Maccariello, Novicki e Castro (1999, 87) expressam que “o CNPq começou a conceder bolsas por meio de quotas institucionais, visando ao envolvimento dos estabelecimentos de ensino, enquanto instituição, no aperfeiçoamento do Programa”.

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC surgiu em 20 de julho de 1988, conforme ata da 18ª Reunião do Conselho Deliberativo do CNPq, que autorizou o repasse de bolsas de Iniciação Científica às Instituições de

Ensino Superior ou Instituto de Pesquisa. Para Neder (2001, p.24) o PIBIC foi criado devido à:

impossibilidade operacional de acompanhar os resultados de todos os pedidos de IC no balcão, a dificuldade em se realizar acompanhamento e avaliação (A&A) e de resolver a subutilização das bolsas de IC ofertadas pelo balcão, quando apenas 60% delas estavam sendo utilizadas.

A princípio, foram destinadas 25% das bolsas de IC para o Programa. Houve, anteriormente, a liberação de bolsas dentro deste tipo de concessão à Universidade Federal da Bahia e à Universidade Federal de Minas Geral e dentro do Projeto Norte de Pesquisa e Pós-Graduação para as seguintes instituições: Universidade Federal do Amazonas, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Maranhão e Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para Medeiros (2005, p.2):

embora o CNPq mantenha o sistema de bolsas de iniciação científica desde a década de 50, parece que apenas com o PIBIC, as instituições acordaram de maneira sistemática e organizada para o papel da iniciação científica na formação do estudante de graduação. Isto levou à criação de diversos instrumentos direcionados ao apoio nessa formação.

Desta maneira, aparece uma nova sistemática de operacionalizar as bolsas de IC, pois estas são repassadas diretamente às instituições, contudo, continua a busca pela exigência de mérito do projeto e qualificação do pesquisador. Com o PIBIC procura-se: 1) colaborar para a formação de pesquisadores; e 2) contribuir para diminuição do tempo de titulação nos cursos de mestrado e doutorado. Segundo o CNPq (BRASIL, 2004e) os objetivos gerais do PIBIC são:

contribuir para a formação de recursos humanos para a pesquisa e reduzir o tempo médio de permanência dos alunos na pós- graduação. Também são objetivos do Programa o incentivo para que as instituições formulem políticas de iniciação científica, integrem a graduação e a pós-graduação, qualifiquem alunos para programas de pós-graduação e que os orientadores envolvam os estudantes em atividades científicas, tecnológicas e artístico-culturais. Os bolsistas aprendem técnicas e métodos de pesquisa e desenvolvem o pensar científico e a criatividade.

Para funcionamento do PIBIC nas instituições é necessário instituir um Coordenador Local do Programa. Além disso, é importante constituir um Comitê Local, com representantes de todas as áreas do conhecimento. É recomendável que o Comitê atue nos processos de seleção de orientadores, bolsistas e projetos e na etapa de avaliação dos bolsistas e realize reuniões periódicas, para acompanhar a condução das atividades. Procura-se fortalecer a avaliação e a investigação científica no âmbito da graduação.

A atuação de Consultores Externos é essencial para manter elevado nível de julgamento das propostas e verificação da execução das pesquisas, aumentando a credibilidade do PIBIC. Conforme material divulgado com o título: Ex-bolsista do PIBIC vai estagiar na Alemanha (BRASIL, 2004e) os Consultores Externos são:

pesquisadores com bolsa de produtividade em pesquisa categoria 1 do CNPq. Durante os encontros são divulgados os trabalhos realizados e estabelecida uma comunicação entre as diversas áreas do conhecimento, sendo incrementado o intercâmbio de informações científicas entre diferentes instituições e regiões do país.

Yamamoto e Fernandes Júnior (1999, p.117) entendem que na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN o PIBIC foi fundamental para a institucionalização da pesquisa.

Na UNICAMP, a quota concedida até o biênio 2002/2003 não alcançou 300 alunos. Percebe-se que houve ampliação da valorização das bolsas do PIBIC nessa universidade. Inclusive, para o biênio 2003/2004, foram repassadas pelo PIBIC/CNPq 516 bolsas, com ampliação próxima de 85%. “É um acréscimo muito importante para a formação de nossos estudantes, (...) um reforço que a nossa Pró- Reitoria de Pesquisa vem buscando há vários meses” (CRUZ, 2003, p.1). De outra forma, entre os biênios 1992/1993 a 1997/1998 a majoração foi de 63%, inferior ao experimentado pelo PIBIC nacional.

Em 1987 foram concedidas 220 bolsas por meio do PIBIC, em 1988, 230, passam para 310 em 1989 e ultrapassam a barreira de 1500 bolsas em 1991 (MARCUSCHI, 1996). O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica observou um expressivo crescimento ao longo dos anos de 1990. Houve inserção de critérios de distribuição de bolsas voltados para o fortalecimento da pesquisa nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, exceto o Distrito Federal. Aparecia entre os objetivos básicos do Programa: “contribuir para que, na próxima década, diminuam as disparidades regionais na distribuição da competência científica no País” (BRASIL, 1998b, p.8). Esse objetivo não foi concretizado. Todavia, o PIBIC tem colaborado para a formação de quadros para todas as regiões.

A Figura 6 demonstra que a partir de 1992/1993 foram concedidas 5.693 bolsas. No biênio 1997/1998, o PIBIC passou a contemplar 14.178 discentes. A expansão foi de aproximadamente 150%. Na trajetória de expansão do Programa houve redução, somente, em 2002/2003. Para o biênio 2006/2007, foram concedidas perto de 18.000 bolsas e em 2007/2008 a quota ficou em 18.117 bolsas. O PIBIC está entre as prioridades do CNPq. Para Roitman (2004) “nenhum outro país do mundo tem um Programa de Iniciação Científica desse tamanho. A IC pensa o futuro e é fundamental para o desenvolvimento científico e tecnológico do país.” Agora, seria interessante visualizar a evolução das bolsas do PIBIC, que aparece na Figura 6.

Acrescentam-se às bolsas do PIBIC, bolsas concedidas, com recursos próprios, pelas instituições participantes do Programa. Levantamento efetuado pela Coordenação do PIBIC, no início de 2004, revelou que as instituições estão concedendo mais de 11.000 bolsas.

0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000 18.000 20.000 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 FIGURA 6 - Evolução do PIBIC/CNPq em N. de bolsas

Fonte: PIBIC/CNPq

A análise dos volumes de bolsas distribuídas pelo CNPq (BRASIL, 2007b), apresentados pelo número médio de mensalidades pagas, no país, referente ao ano de 2006, nas modalidades: 1) Iniciação Científica – PIBIC; 2) Iniciação Científica – quota ao pesquisador; 3) Mestrado; e 4) Doutorado, permite constatar que em termos percentuais, sobre o total de bolsas, a IC (PIBIC e Quota ao Pesquisador) alcança 57,3%, as bolsas de mestrado aparecem com 22,1%, ligeiramente acima das bolsas de doutorado que surgem com 20,6%. No que se refere ao percentual de investimentos (Figura 7), as bolsas de IC (PIBIC e Balcão) estão com 23,4% dos investimentos, mestrado fica com 27,8% e as bolsas de doutorado representam 48,8%. Esta situação é normal, pois enquanto o valor mensal das bolsas de IC é de R$ 300,00, as bolsas de mestrado pagam R$ 940,00 e as bolsas de doutorado R$ 1.394,00, mais R$ 394,00 de taxa de bancada, que totalizam R$ 1788,00 / mensalmente.

FIGURA 7 – Investimentos do CNPq em Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC e quota ao pesquisador), Mestrado e Doutorado em 2006

Iniciação Científica Mestrado

Doutorado

Fonte: (BRASIL, 2007b).

Com referência à formação de doutores, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (BRASIL, 2004f) afirma sobre os dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa (Censo/2002) que:

hoje, dos mais de 30 mil doutores brasileiros em atividade, pelo menos 22 mil foram titulados com o apoio do CNPq em suas pesquisas. Esses investimentos contribuem para o aumento da produção de conhecimento e para geração de novas oportunidades de crescimento para o País.

A formação de pesquisadores recebe atenção do CNPq, porém, num patamar inferior ao ideal, tanto no volume de bolsas, como nos investimentos. A conseqüência desse esforço tem sido a titulação de vários doutores com apoio do CNPq.