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O psicopedagogo no atendimento da educação infantil

3 O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

3.4 O psicopedagogo no atendimento da educação infantil

3.4 O psicopedagogo no atendimento da educação infantil

À escola cabe ensinar, isto é, garantir a aprendizagem de certas habilidades e conteúdos/conhecimentos que são necessários para a vida em sociedade, oferecendo instrumentos de compreensão da realidade local e, também, favorecendo a participação dos educandos em relações sociais diversificadas e cada vez mais amplas. A vida escolar possibilita exercer diferentes papéis, em grupos variados, facilitando a integração dos jovens no contexto maior.

Para cumprir sua função social, a escola precisa considerar as práticas de nossa sociedade, sejam elas de natureza econômica, política, social, cultural, ética ou moral. Tem que considerar também as relações diretas ou indiretas dessas práticas com os problemas específicos da comunidade local a que presta serviços.

Assim, ela se constitui em uma organização sistêmica aberta, conjunto de elementos que interagem e se influenciam mutuamente, conjunto esse relacionado, na forma de troca de influências, ao meio em que se insere (SOUZA, 2006).

O psicopedagogo como membro da escola, envolvido de certa maneira com a instituição, acaba por ficar engessado de forma que não há distanciamento necessário para intervir adequadamente no sintoma, pois na realidade ele é um profissional liberal especializado em problemas de aprendizagem, e com as dificuldades de aprender em todos os níveis.

Aqui mais uma vez fica claro que a psicopedagogia não está situada num único campo, mas sim, como diz Gasparian (2006), fica na inter-relação da “ensinagem‟ com a „aprendizagem‟.

Seu papel é analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervém ou prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e ajuda o desenvolvimento dos projetos favoráveis a mudanças.

Para tanto, a aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou grupos humanos, que mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de experiências, promovem modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal.

Nesta perspectiva, a contribuição da Psicopedagogia é empenhar-se em levar a instituição à vivência que permita aos personagens desse cotidiano dar-se conta da importância de seu trabalho, para a manutenção da saúde e sobrevivência organizacional, atuando diretamente nas relações de aprendizagem.

Para Oliveira (2005) pode-se intervir psicopedagogicamente em uma instituição tomando como base o desenvolvimento cognitivo do homem, que expressa uma mudança qualitativa em suas atividades e em seu desempenho. Por razões didáticas, divide-se a intervenção em 4 etapas:

1. Identificação da Instituição; 2. Descrição da Instituição; 3. Intervenção;

4. Integração.

Discutir sobre a atuação do Psicopedagogo diretamente na Educação Infantil requer refletir um pouco sobre as mudanças ocorridas no mundo nas últimas décadas. Evidentemente que foram muitos os benefícios advindos com a modernidade, com a globalização, mudando até mesmo e radicalmente, as relações familiares.

No século XVIII, a autoridade familiar era patriarcal. Até meados do século XX prevaleceu uma família moderna e daí para o século XXI tem-se observado uma família contemporânea, onde a questão da autoridade fica cada vez mais problemática, em função das recomposições conjugais, trazendo como consequência,

maior nível de insegurança nos relacionados e onde os laços de afetividade são mais frágeis.

Nesse contexto, a criança que nas primeiras fases do desenvolvimento emocional, precisa viver num círculo de amor e de conforto estável, pois sua personalidade não está integrada ainda, precisa aprender a tolerar frustrações, a conhecer a realidade interna e externa, a estabelecer vínculos de continuidade, caso contrário, no futuro, essa criança poderá sentir medo de seus próprios pensamentos, de sua imaginação, e não tolerar as menores frustrações do dia-a-dia.

A escola aparece como a segunda família para a criança, ou seja, como diz Winnicott (2005 apud Pokorski, 2008), se a família falhar, a escola é a segunda oportunidade para a criança estabelecer seus vínculos e aprender a viver em sociedade, se a escola falhar, resta a sociedade ou o juiz. Ela deve então, colocar em prática metodologias que levem a um desenvolvimento saudável nessa primeira etapa, deve proporcionar à criança uma base sólida sobre a qual ela se apoiará ao longo da vida.

Nesse sentido, acredita-se que as intervenções psicopedagógicas passam pela prevenção, ou seja, orientando os professores e demais profissionais da escola na escolha de atividades que mostrem à criança o mundo real onde ele vive, mas de maneira suave.

Por exemplo, um recurso fantástico para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental é o trabalho com os contos infantis. As crianças aprendem a discriminar a virtude da parte malvada; a vislumbrar a dimensão do encantamento e do maravilhoso; a projetar suas angústias e medos; a identificar-se com os heróis; enfim, os contos, para Bettelheim (1995), têm o papel de “ajudar a criança a colocar ordem em sua casa interior. ” Para isso os professores, em sua formação continuada, devem apropriar-se dos significados desses contos para a criança, entendendo por que eles se tornaram universais, o que eles representam para o psiquismo humano (POKORSKI, 2008, p. 322).

Outra atividade de que a escola não pode abrir mão é refletir, a partir de reuniões e seminários, sobre as mudanças na realidade e buscar alternativas entre professores e/ou com as famílias que atende, analisando o que cabe à família e o que compete à escola quanto à formação do sujeito (POKORSKI, 2008).

Além disso, para poder aprender, é necessário um ambiente de respeito mútuo (professor-aluno e entre alunos), de diálogo e, por que não, de disciplina. As regras de convivência precisam ser combinadas na educação básica (educação infantil ao ensino médio) e até na educação superior. Para De Vries e Zan (1998 apud Pokorski, 2008), estabelecer regras com alunos os auxilia na tomada de decisões; favorece o respeito mútuo, a cooperação e a autorregularem. Essas regras devem ser retomadas e avaliadas com o grupo sistematicamente, decidindo o que está bem e o que deve melhor e por quê.

Voltando ao ambiente da educação infantil, o brincar e o jogar são formas utilizadas pela criança para dramatizar, descarregar, comunicar suas fantasias, bem como uma possibilidade de elaborá-las. O brincar é necessário porque o eu (ego) primeiro é corporal, implica o autoerotismo, ou seja, o bebê brinca com partes de seu corpo e, em seguida, o eu (ego) nasce, o que é caracterizado como o “narcisismo”. O narcisismo divide-se em primário e secundário. No narcisismo primário, predomina a onipotência denominada de “eu ideal” que funciona no registro imaginário. O narcisismo secundário corresponde a ser reconhecido pelos e aos outros; é a etapa do “ideal do eu” e funciona, no registro simbólico, como projeto de vir a ser, com obrigações e expectativas para um projeto de vida, ou seja, o que era biológico transforma-se em cultural. Para Winnicott (1975 apud Pokorski, 2008), o prazer no brincar é um indicador de saúde de quem brinca e a criança desatenta tem um déficit no brincar.

Como a criança de hoje nasce num mundo virtual, isso requer da escola uma aproximação pedagógica dos avanços tecnológicos, dando espaço ao recurso digital, a projetos de pesquisa, desde a educação infantil, aproveitando a etapa de curiosidade da criança que quer saber o porquê de tudo. É importante que, na educação infantil, as atividades sejam planejadas e combinadas a partir de uma “rotina”. Saber o que vai acontecer numa sequência diminui a ansiedade da criança em relação ao desconhecido.

Prever espaços próprios para brincar de casinha, para o faz de conta; espaço para desenhar/pintar, outro para jogar; espaço para o teatro, a fantasia, a cozinha, a informática; espaço do (s) espelho (s), que ajuda na conquista da representação de

si: a imagem é ela, mas não é ela. Esses diferentes espaços auxiliam na estruturação psíquica e mental da criança.

Além disso, reforçam o espaço simbólico, ou seja, aquela atividade acontece sempre naquele lugar. Em todos esses espaços é fundamental que os materiais/jogos que foram utilizados/espalhados, sejam devolvidos ao local de origem. O esvaziar e não guardar reforça a dispersão interna. Não se pode deixar de mencionar o espaço da “rodinha” das combinações e novidades, onde a criança aprende a se expressar no grupo, a organizar as ideias, a ouvir o colega, a esperar a vez, a ouvir histórias, a aumentar o vocabulário etc. (POKORSKI, 2008).

E evidentemente que a carga de conhecimentos trazida pelo Psicopedagogo em muito auxiliará o professor no planejamento de suas aulas, formando essa estrutura necessária ao pleno desenvolvimento da criança.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS

BENATO, Adrianna Fabiani. Afetividade no processo de aprendizagem: um estudo de caso com crianças de educação infantil. Florianópolis: UFSC, 2001 (Dissertação de Mestrado).

BETTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho. Rio de Janeiro: Campus, 1988.

BIAGGIO, A. Psicologia do Desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1978.

COLL, C. As contribuições da Psicologia para a Educação: Teoria Genética e Aprendizagem Escolar. In: LEITE, L.B. (Org) Piaget e a Escola de Genebra. São Paulo: Editora Cortez, 1992.

DIDONET, Vital. Não há educação sem cuidado. Revista Pátio Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, ano I, p.6-9, abr/jun.2003.

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fundamental – 1ª a 4ª séries. Disponível em

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FREITAS, M.T.A. de. Vygotsky e Bakhtin: Psicologia e Educação: um intertexto. São Paulo: Editora Ática, 2000.

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KLEIN, Ligia Regina. Alfabetização: quem tem medo de ensinar? São Paulo: Cortez, 1997.

KRAMER, Sonia. Projeto Político Pedagógico: questões e desafios. In: BASÍLIO, Luiz

C. Infância, Educação e Direitos Humanos. São Paulo: Cortez, 2002.

LA TAILLE., Y. Prefácio. In, PIAGET, J. A construção do real na criança. 3 ed. São Paulo: Editora Ática, 2003.

LIMA, Elvira Souza. Aprender a ensinar é essencial. Entrevista em 22/11/2005. Disponível em <http://www.conexaeventos.com.br> Acesso em: 14 jul. 2010.

MENDES, Rosa Emília de Araújo. Infância: direito de brincar e direito de aprender a ler. Cadernos AMAE Educando – Educação Infantil, 2003, p.11-13.

NOVAES, Maria Alice. O que é plasticidade neural (2007). Disponível em: <http://www.plenamente.com.br/artigo.php?FhIdArtigo=73> Acesso em: 21 jul. 2010.

OLIVEIRA, Eliane Ferreira de. O psicopedagogo na instituição: sua atuação

otimizando o espaço organizacional por meio de novos pensamentos (2005).

Disponível em <http://www.psicopedagogiaonline.com.br>. Acessado em: 21 jul. 2010.

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RAMOS, Rosemary Lacerda. Um estudo sobre o brincar infantil na Formação de

Professores de crianças de 0 a 6 anos. Disponível em

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SOUZA, Antônio Vital Menezes de. Reflexões antropossociais da intervenção

clínica e do método em psicopedagogia: um enfoque das Abordagens Acionalistas

em Educação. Disponível em <http://www.pedagogiaonline.com.br>. Acessado em: 21 jul. 2010.

AVALIAÇÃO

1) Leia atentamente as afirmativas abaixo e assinale a resposta correta:

I – Falar em desenvolvimento nos remete necessariamente à aprendizagem e podemos inferir que ambos acontecem de forma simultânea, embora nem sempre no mesmo ritmo ou qualidade.

II – Muitos estudos apontam para uma constituição dos problemas de aprendizagem que, se estão vinculados ao aluno e à sua relação com o professor, possuem também importantes fatores sociais, políticos, institucionais e históricos. III - A existência de indivíduos fora do padrão das escalas montadas a partir de necessidades de mercado não poderia ser observada a partir de outro olhar senão o de uma diferenciação individual, cuja responsabilidade é, portanto, da constituição de cada sujeito.

A ( ) Somente está correta a afirmativa I B ( ) Somente está correta a afirmativa II C ( ) Todas as afirmativas estão erradas D ( ) Todas as afirmativas estão corretas

2) Vários fatores interferem no desenvolvimento humanos. Qual das opções abaixo relaciona com o fator ambiental?

A ( ) especialmente determinante no diagnóstico do problema de aprendizagem, na medida em que nos permite compreender sua coincidência com a ideologia e os valores vigentes no grupo.

B ( ) subsidia-se na teoria psicanalítica, mas Paín afirma que se devem levar em consideração também as disposições orgânicas e ambientais do sujeito.

C ( ) esse fator perpassa questões cognitivas e motoras.

D ( ) Como o indivíduo é um todo e não partes que trabalham isoladas, é necessária uma integração entre anatomia, bom funcionamento de todos os órgãos, bem como do sistema nervoso central.

3) Dentre os aspectos mais relevantes do desenvolvimento humano encontramos o aspecto físico-motor que se refere:

A ( ) ao modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências B ( ) ao crescimento orgânico e à maturação neurofisiológica.

C ( ) à maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas.

D ( ) à capacidade do pensamento, o raciocínio.

4) A capacidade do cérebro em desenvolver novas conexões sinápticas entre os neurônios a partir da experiência e do comportamento do indivíduo é o mesmo que? Assinale a opção correta:

A ( )plasticidade psicológica B ( )plasticidade motora C ( )plasticidade neural D ( )n.r.a.

5) Qual dos autores abaixo “faz interessantes relações de interdependência entre o homem e o objeto do conhecimento”?

A ( ) Jean Piaget B ( ) Henri Wallon C ( ) Lev Vigotsky D ( ) Donald Winnicott

6) Sobre a Psicologia subjetivista, leia as afirmativas abaixo e assinale a opção correta:

I- Privilegia o dado externo, afirmando que todo conhecimento provém da experiência.

II- Está calcada no substrato psíquico e entende que todo conhecimento é anterior à experiência.

III- Reconhece a primazia do sujeito sobre o objeto.

A ( )Somente a afirmativa I está correta

B ( )Estão corretas somente as afirmativas II e III C ( )Todas as afirmativas estão erradas

D ( )Todas as afirmativas estão corretas

7) A partir do trabalho com formação de professores de crianças com os mais diversos tipos de deficiências, interessou-se pela pessoa com anormalidades físicas e mentais. Dedicou vários anos de sua pesquisa a esse estudo não só com o objetivo de ajudar na reabilitação das crianças deficientes, como também de melhor compreender o desenvolvimento dos processos mentais do ser humano. Estamos falando de qual dos pesquisadores abaixo? A ( ) Jean Piaget B ( ) Lev Vigotsky C ( ) Henri Wallon D ( ) Donald Winnicott

8) Pensar a importância do brincar remete às mais diversas abordagens existentes. Assinale a alternativa que nos apresenta a abordagem cultural.

A ( ) o jogo como uma forma de compreender melhor o funcionamento da psique, enfim, das emoções, da personalidade dos indivíduos

B ( ) analisa a contribuição do jogo para a educação, desenvolvimento e/ou aprendizagem da criança.

C ( ) analisa o jogo como expressão da cultura, especificamente a infantil. D ( ) n.r.a.

9) Os estudos da Psicologia têm contribuído para se conhecer o desenvolvimento infantil nas mais diferentes áreas. “A capacidade de aprender e aplicar, resolver problemas, impor regras. Refere-se, também, ao desenvolvimento progressivo das estruturas mentais que viabilizam o conhecimento físico e o recurso para o pensar. É no decorrer das atividades que as crianças incluem dados e enfrenta desafios trocando informações umas com as outras e é com os adultos que elas desenvolvem seu pensamento”. De qual área estamos falando? Assinale a alternativa correta. A ( )cognitivo

B ( )motor C ( )afetivo D ( )social

10) Para cumprir sua função social, a escola precisa considerar as práticas de nossa sociedade, de várias naturezas. Qual das opções abaixo melhor representa a natureza dessas práticas?

A ( )econômica, política B ( )social, cultural C ( )ética e moral

D ( )Todas as alternativas acima.

GABARITO Nome do aluno:_______________________________________ Curso:_______________________________________________ Data do envio:____/____/_______. RESPOSTAS

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