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4.1 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS BIBLIOTECÁRIOS

4.1.9 O relacionamento profissional entre o bibliotecário e os agentes que compõem

Os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, especializadas na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino. Possuem em um mesmo espaço uma diversidade de públicos que varia de acordo com a modalidade de ensino ofertada, sendo elas: Técnico integrado ao ensino médio; Técnico Concomitante, Técnico Subsequente; Graduação (Licenciaturas e Bacharelados); Pós-Graduação strictu sensu e lato sensu e Proeja.

Diante dessa diversidade, é importante a valorização dos relacionamentos entre os principais agentes que fazem parte dessa instituição e como forma de buscar entender a visão do bibliotecário, foi solicitado aos participantes das entrevistas que relatassem como que eles visualizam o seu relacionamento com o professor, os demais setores de ensino e os estudantes dos campi pesquisados.

4.1.9.1 Relacionamento profissional entre o bibliotecário e o professor

"Mesmo com esse distanciamento a minha relação com os professores é boa, gostaria que eles estivessem mais vezes aqui na biblioteca, não tenho dificuldade em convidá-los a vir aqui, acho que a dificuldade seria convencê-los de que isso é bom para ele, para as aulas deles. [...] Então por mais que eu tenha uma aproximação com o professor, é realmente difícil convencer, na verdade tentar a gente tenta, o tempo todo. Tem professor que nunca veio na biblioteca nesses quase 10 anos que eu estou aqui, tem professor que nunca vi aqui dentro, então quando ele vira gestor ele não vai ter um olhar apurado para o que vem a ser realmente uma biblioteca" (E1 - campus Santa Teresa, grifo nosso).

"Eu vejo meu relacionamento profissional com os professores muito fraca, porque não tem uma política pedagógica para isso, não insere o bibliotecário nas discussões, a gente não tem uma influência para estar formando e informando à respeito do que é a biblioteca e infelizmente, não se trata de defesa, mas infelizmente os professores não conhecem o que é a biblioteca [...]" (E2 - campus Santa Teresa, grifo nosso).

"A minha relação com os professores é tranquila, à medida que eles fazem alguma solicitação, eu busco atender da melhor forma possível, um dos carros chefes da biblioteca é a cordialidade no atendimento" (E3 -

campus Vitória, grifo nosso).

"Meu relacionamento com o professor, quando eu sou abordada ou quando eles vão até o meu setor é tranquila, por conta do meu horário de

trabalho acaba que tenho mais contato com o aluno. Mas tem professores que trazem os alunos para usar o espaço da biblioteca, eu acho bem legal isso. Principalmente os professores de Letras e da Metalurgia" (E4 - campus Vitória, grifo nosso).

"Tenho pouco contato com os professores, quando acontece é profissional, ele sai daqui sempre bem atendido, tentamos sempre atender bem os professores, então no meu entendimento é uma boa relação. Às vezes eles saem até bem satisfeitos, quando eles vem aqui e descobrem que um livro ou um material que eles achavam que não tinha na biblioteca e tem" (E5 - campus Vitória, grifo nosso).

"A escola é muito grande, tanto em tamanho quanto em número de servidores e alunos, e funciona em três turnos, então não tem como você conhecer todos os professores, a medida do possível e de acordo com as demandas eu procuro atender da melhor forma possível todos que me procuram, então dentro desse escopo, classifico como bom o meu relacionamento com os professores, é claro que você acaba tendo mais contato com alguns professores, mas no geral é um relacionamento baseado no respeito mútuo" (E6 - campus Vitória, grifo nosso).

"Meu relacionamento com os professores é muito bom, mas devido o tempo acaba que fica mais distante, mas a relação é boa" (E7 - campus Vitória, grifo nosso).

4.1.9.2 Relacionamento profissional entre o bibliotecário e os demais setores de ensino

"Com os demais setores, incluindo o pedagógico e os demais setores de ensino, eu tenho um bom relacionamento, mas assim como os professores não têm o hábito de utilizar a biblioteca, são poucos os servidores que também fazem isso. Muitas vezes a biblioteca é lembrada só quando tem algum problema, quando precisa de alguma listagem de livro, quando tem alguma avaliação do MEC, ou quando precisa trocar de servidor daqui ou colocar um servidor problemático aqui dentro" (E1 -

campus Santa Teresa, grifo nosso).

"Com relação ao pedagógico, a coordenadora da biblioteca tem mais condições falar. Mas é necessário que os setores enxerguem a biblioteca, pois em toda avaliação do MEC somos o setor que sempre temos nota máxima, então a participação da biblioteca nas comissões é importante" (E3 - campus Vitória, grifo nosso).

"Com os demais setores de ensino também é uma relação de distanciamento, não tem uma conexão, só quando precisa mesmo, aqui é muito setorizado, então só quando precisa mesmo" (E5 - campus Vitória, grifo nosso).

"Com a equipe pedagógica, geralmente eles nos procuram mais na questão dos PPCs, ajuda nas referências dos cursos, quando temos alguma demanda e vamos até eles, eles são muito solícitos" (E6 - campus Vitória, grifo nosso).

4.1.9.3 Relacionamento profissional entre o bibliotecário e os estudantes

"Com relação aos alunos a minha relação é boa, como disse aqui é o lugar deles, aqui eles usam para estudar, para passar o tempo e até para dormir. Nós não temos dificuldades em lidar com os alunos, se for

preciso a gente chama atenção, principalmente dos adolescentes, mas isso não muda em nada o tratamento com a gente. Por exemplo, nós temos o sistema de segurança, mas esse sistema é mais usado para contagem de pessoas mesmo, não temos caso de furto de livros aqui, a perda é mínima, então realmente a relação com os alunos é boa" (E1 - campus Santa Teresa, grifo nosso).

"Em termos de trabalho aqui na biblioteca, eu sou muito bom, ajudo muito os alunos, me dou ao máximo, sempre procuro atender de forma satisfatória todos os alunos, me considero um excelente bibliotecário de referência, gosto muito dessa parte e conheço bem o nosso acervo aqui” (E2 - campus Santa Teresa, grifo nosso).

"[...] sempre procuro atender da melhor forma, buscando atender as necessidades informacionais dos estudantes. Sempre buscamos fazer esse intercâmbio com os estudantes, fazemos um trabalho bem bacana junto com o mestrado de humanidades, onde sempre acontece um sarau a cada 2 meses. Além disso tem a Semana da Biblioteca, que todo ano realizamos aqui, envolvendo os alunos, com temas variados e de acordo com o interesse deles" (E3 - campus Vitória, grifo nosso).

"O relacionamento com os alunos é tranquilo, mas eu vejo que eles são tímidos, muitas vezes eu tenho que me comportar como um vendedor da C&A: posso te ajudar? Em um primeiro momento, parece que eles não querem te perturbar, muitas vezes você precisa insistir com o aluno, então é um trabalho que precisa ser feito com carinho, é mais da nossa parte que da parte deles, pois eles sentem que estão nos incomodando" (E4 - campus Vitória, grifo nosso).

"Com os alunos, é uma relação tranquila, eles são sempre bem atendidos, as vezes tem alguns embates no que diz respeito a bagunça, pelo fato de termos um grupo bem diversificado, já que temos o adolescente, o jovem, o adulto. Então a gente lida com um público muito diversificado, nesse caso tentamos atender da melhor forma possível, eles nos procuram muito, para atendimento e para ajudar mesmo, principalmente os alunos do Eja, tem alunos que não sabem sequer mexer no Word, então eles veem muito a biblioteca como apoio, não só como leitura, com livros, mas um apoio nos trabalhos, apesar da escola ter a questão da monitoria, em um primeiro momento eles procuram a biblioteca" (E5 - campus Vitória, grifo nosso).

"Com os alunos, via regra geral, pela quantidade a gente não consegue dar conta de conhecer pessoalmente todos, pelo nome. Alguns que frequentam mais a biblioteca você acaba guardando o rostinho, conhece pelo nome, mas a maioria você não consegue dar conta de conhecer pessoalmente, mas eles usam bastante o espaço da biblioteca, então é uma relação profissional boa, procuro sempre atender as demandas deles quando surge. Sempre que eu passo nas salas, naquele primeiro contato eu sempre friso isso, caso eles precisem do nosso auxílio, basta virem à biblioteca que estamos aqui para atendê-los" (E6 - campus Vitória, grifo nosso).

"Meu relacionamento com os estudantes é muito bom, é importante e procuramos sempre estar perto, trabalho no setor de referência e sempre busco conversar com os estudantes. A geração mais nova tem certa autonomia, o pessoal mais velho gosta de um contato maior, pergunta mais, é uma característica mesmo de cada um" (E7 - campus Vitória, grifo nosso).

Conforme os relatos dos entrevistados, a forma de relacionamento com os demais públicos que fazem parte do ambiente de ensino (professores, setores de ensino e estudantes) varia de acordo com cada segmento.

Com os professores, assim como relatado no item 4.1.8, existe um certo distanciamento, isso fica mais evidenciado devido à ausência de um trabalho colaborativo entre o bibliotecário e o docente, ficando esse relacionamento mais relegado à questão técnica e passiva do profissional que atua na biblioteca.

No que diz respeito ao relacionamento entre o bibliotecário e os demais setores de ensino, embora relatem um bom convívio, o distanciamento ocorre pela falta de cultura de um trabalho entre os setores e os benefícios que o trabalho em conjunto pode proporcionar nas atividades pedagógicas.

Em relação aos estudantes, a interação acontece de forma mais técnica: de acordo com as demandas sempre buscando atender as necessidades de cada aluno.

As entrevistas ocorreram sem nenhuma intercorrência e todos os participantes se mostraram à vontade com as questões levantadas. Após as análises, algumas observações foram notadas, conforme se segue.

A maioria dos entrevistados ingressaram no Instituto a partir da reestruturação da Rede Federal, que aconteceu em 2008. A preocupação com a formação continuada está presente no discurso dos bibliotecários, pois por meio dessa formação é possível a melhoria nos serviços ofertados nas bibliotecas dos campi. Apesar da preocupação com a qualidade dos serviços, a participação dos bibliotecários nas atividades pedagógicas ainda é tímida. Com isso, uma ressignificação no papel do bibliotecário deve ser levado em consideração, principalmente no que diz respeito ao acesso às novas tecnologias de informação e comunicação para atender aos desafios que um público tão diversificado como é o caso dos estudantes do Ifes.

Nota-se também que embora se reconheça a importância das ações de formação para os usuários, os bibliotecários do campus Santa Teresa relatam que não realizam nenhuma ação voltada para a capacitação desses usuários; em contrapartida, os bibliotecários do campus Vitória relatam que realizam capacitações com os usuários embora não haja uma rotina implantada. Outra questão diz respeito à responsabilidade profissional do bibliotecário no auxílio aos usuários no atendimento das demandas informacionais, aliado a isso, o bibliotecário busca se

desenvolver para além das atividades tecnicistas e com isso realizar um trabalho integrado com o professor.

A próxima seção vai tratar das análises referentes aos questionários que os estudantes responderam com relação as ações de formação e serviços disponíveis nas bibliotecas do Ifes.

4.2 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS ENVIADOS PARA OS ESTUDANTES