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A Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) foi ava- liada pelo Conselho Estadual de Educação com o relatório de avaliação institucional 2010 – 2014, aprovado no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UNESP em 20 de setembro de 2016. Neste relatório são apresentadas análises esta- tísticas de dados sobre ensino, pesquisa, extensão e gestão fornecidos pelas Unida- des Universitárias, Pró-Reitorias e Secretaria Geral e avaliados pela Comissão Per- manente de Avaliação (CPA) e Comissão de Especialistas (CE).

Para a UNESP, o relatório de avaliação institucional permitiu a apresenta- ção de uma análise das atividades fins da universidade para prestar contas à socie- dade e, sobretudo, oferecer para a comunidade interna subsídios que promovam a reflexão e a elaboração e revisão dos Projetos de Desenvolvimento Institucional (PDI) e de Desenvolvimento das Unidades (UNESP, 2014, p. 5). O processo de autoavalia- ção para elaboração do relatório de avaliação institucional da UNESP foi realizado em três etapas: coleta de dados; visita e avaliação dos cursos de graduação da UNESP

por especialistas externos aos quadros da UNESP e; sistematização e análise dos dados pelo Grupo de Avaliação Institucional (Grai) e Comissão de Especialistas (CE). Notamos que o primeiro objetivo do relatório segue o modelo de avaliação reguladora onde a instituição presta contas de suas atividades e tem uma concepção de qualidade fundada nos resultados do processo, segundo conceito de Fletcher (1995). O segundo objetivo remete a uma avaliação formativa, no sentido dado por Barreyro e Rothen (2008), onde avaliar consiste em pesquisar a instituição para de- tectar pontos a serem melhorados. Essa avaliação envolve reflexões da comunidade universitária entorno de projetos construídos coletivamente para o desenvolvimento institucional. A avaliação então é guiada por metas e objetivos apresentados nos PDI, mostrando um ciclo PDI – avaliação – PDI.

Em relação a metodologia da avaliação, a UNESP reconhece no seu rela- tório de avaliação institucional que precisa rediscutir a forma como ela vem sendo realizada devido a recente inserção do planejamento institucional na universidade, via PDI. Diz no relatório de avaliação institucional da UNESP 2010 – 2014 que, com o PDI, o autoconhecimento da Universidade deveria ser valorizado e buscado, como condição necessária e caminho para a atualização permanente e redefinição do pla- nejamento, em uma relação dialética entre avaliação e planejamento. Esse processo de autoconhecimento requer a criação de instrumentos específicos para promover a autoavaliação das unidades e/ou departamentos (UNESP, 2016, p. 104).

Verificamos que no relatório de avaliação institucional da UNESP 2010 – 2014 são abordados diversos dados e as análises são realizadas globalmente, sem analisar em detalhe as peculiaridades de cada unidade. Com o processo de PDI mais disseminado entre as unidades, no futuro, pode ser possível rediscutir o sentido da avaliação localmente e trazer à tona os seguintes elementos de avaliação institucional no conceito de Ristoff (1996): o respeito à identidade institucional ao envolver as uni- dades acadêmicas, disseminação da cultura de avaliação ao dar a possibilidade de discutir os procedimentos de avaliação no âmbito das unidades e legitimação política de avaliação e PDI com a participação de mais docentes e discentes.

Para estabelecer uma métrica de qualidade em ensino de graduação, a UNESP apresenta no relatório de avaliação institucional uma comparação entre as três universidades paulistas (UNESP, UNICAMP e USP) e a Universidade de Barce- lona, tidas como instituições de relevância internacional. Essa comparação considerou dados quantitativos sobre número de estudantes, docentes, funcionários entre outros.

Foi destacado no relatório que a universidade espanhola é a que apresenta maior proporção de alunos por docente e por técnico-administrativo e isso é considerado pela UNESP como bom aproveitamento dos recursos públicos (UNESP, 2016, p. 36). No entanto, o indicador sobre a relação alunos/ técnicos administrativos da UNESP é comparativamente melhor que as demais.

Essa análise comparativa denota uma concepção de qualidade fundada nos resultados do processo e relação curso benefício, em modalidade de avaliação identificada por Fletcher (1995). Nessa modalidade, são monitorados insumos para percepção de casos agudos e abaixo do padrão. A análise dos dados é realizada na perspectiva de avaliação reguladora de Barreyro e Rothen (2008) ao apresentar refle- xões para prestação de contas, apresentando índices para identificar a UNESP como uma instituição com ensino de graduação de qualidade.

Em relação ao ensino de graduação da UNESP, no relatório de avaliação institucional da UNESP 2010 – 2014, são apresentados dados sobre ampliação de vagas, evasão, tempo de formação e desempenho dos estudantes no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE). Esses quatro elementos são considerados essenciais para análise da qualidade das atividades do ensino de graduação.

No relatório de avaliação da graduação da UNESP 2010 – 2014, é indi- cado que houve crescimento significativo do número de cursos de graduação entre 2010 a 2014, indo de 122 para 134 cursos, um aumento de 9,8% (UNESP, 2016, p. 12). Também houve um crescimento significativo do número de candidatos ao vesti- bular entre 2010 a 2014 (29,1%) o que indica que a demanda está evoluindo mais rapidamente que a oferta (10,6%). São consideradas como hipóteses desse cresci- mento o aumento da qualificação e da visibilidade da UNESP; o aumento da capaci- dade social dos oriundos do ensino médio de ingressar no ensino superior; maior va- lorização da formação em instituições públicas de ensino superior visando maior com- petitividade no mercado de trabalho (UNESP, 2016, p. 13).

Apesar da UNESP possuir baixos índices de evasão globais, em alguns cursos a evasão é significativa. Os cursos das grandes áreas Ciências Exatas e da Terra e Engenharias tiveram perda da capacidade de formar alunos de graduação com um declínio superior a 30% (UNESP, 2016, p. 27). A UNESP entende que nesses casos deve existir um estudo pormenorizado para que se tenha uma avaliação mais qualificada sobre os fatores que possam estar incidindo no declínio do número de

estudantes formados, assim como na evasão; retenção; diminuição da relação candi- dato/vaga no vestibular e perda do prestígio da carreira devido a questões sociais ou relacionadas diretamente ao mercado de trabalho.

Apesar do aumento de vagas e interessados nos cursos de graduação na UNESP, é apresentado no relatório de avaliação institucional uma preocupação na redução de alunos formados (-1,7%) devido a evasão e/ou necessidade de maior tempo para concluir concluírem a graduação (UNESP, 2016, p. 13). No PDI, existia uma meta constitutiva de ação do Programa de Avaliação da Graduação da Pró Rei- toria de Graduação (PROGrad) para estudar, em 2010, as causas da evasão, e em 2014, estudar as causas e o grau de evasão. O que se verificou nesses estudos é que os indicadores ainda não evidenciam claramente retrocesso da tendência de perda de estudantes no decorrer da formação no nível de graduação (UNESP, 2016, p. 14).

Notamos nessas análises que a UNESP toma como base de suas aná- lises dados quantitativos e busca com pesquisas próprias ter mais informações para tomada de decisões. Nesse sentido, a avaliação desses dados busca compreender as razões de pontos detectados como falhos, em uma percepção de qualidade própria da universidade. Trata-se então de um processo na concepção de avaliação formativa de Barreyro e Rothen (2008).

Além dos dados de ampliação de vagas, evasão tempo de formação, a UNESP apresenta no relatório de avaliação institucional 2010 – 2014 uma análise sobre os resultados obtidos no ENADE. Lembramos que devido a deliberação 04/2000 do Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo a UNESP não obrigada a participar do ENADE, mas mesmo assim a instituição entendeu que era importante participar e apresentar análises no seu relatório de avaliação institucional.

Essa análise do desempenho dos estudantes da Unesp no ENADE foi rea- lizada com base na comparação da última nota que o curso obteve entre 2010 e 2014. Os cursos foram classificados em quatro grupos: os que permaneceram com o mesmo conceito; os que melhoraram; os que pioraram; e os que ficaram sem conceito. A quantidade de cursos que tiveram nota inferior foi considerada expressiva, em espe- cial na grande área de Ciências Exatas e da Terra, seguida por Engenharias e Lin- guística, Letras e Artes. Os cursos da área Ciências Biológicas tiveram uma quanti- dade de notas maiores em relação a edição anterior do ENADE. Os cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas apresentaram dados de relativa estabilidade nos indi- cadores (UNESP, 2016, p. 38).

No relatório de avaliação institucional é destacado que em alguns casos os estudantes optam por comparecer às provas e não responder às questões como forma de manifestação contra o processo de avaliação do ENADE. Essa situação di- ficultou a avaliação do conjunto dos resultados. Para contrapor esse aspecto, a UNESP apresentou dados da análise realizada por especialistas externos à universi- dade, que a convite da universidade avaliaram os cursos de graduação nos quesitos: Projeto pedagógico; corpo discente; corpo docente; integração do curso de graduação com a pós-graduação, a pesquisa e a extensão; gestão acadêmico administrativa; e avaliação de infraestrutura.

Para os especialistas externos convidados, somente a grande área Ciên- cias Exatas e da Terra declinou na avaliação, comparativamente ao último quinquênio, com menção “excelente” em apenas 11 de seus cursos (57,0%). As Engenharias, em particular, tiveram um desempenho um pouco melhor do que no quinquênio anterior. Tanto na grande área de Ciências Exatas e da Terra quanto nas Engenharias os indi- cadores de desempenho no ENADE não foram bons (UNESP, 2016, p. 38). O mesmo ocorreu nos cursos Humanas, onde todos foram considerados excelentes pelos espe- cialistas externos, enquanto os resultados do ENADE foram muito ruins.

Essa iniciativa de realizar outra avaliação para contrapor os dados do ENADE ilustra como a UNESP é uma instituição que busca por conta própria estabe- lecer seus procedimentos de avaliação em um conceito de qualidade que representa sua comunidade universitária. A UNESP demonstra não ser contrária aos procedi- mentos do governo federal, mas atua criticamente na interpretação de dados e esta- belecimento de ações para mostrar sua qualidade no ensino de graduação.

Tendo em vista os dados de ampliação de vagas, evasão, tempo de forma- ção e resultados do ENADE, a PROGrad propôs os seguintes investimentos em pro- gramas para melhoria do ensino da graduação (UNESP, 2016, p. 14):

 Programa Aperfeiçoamento do ensino de graduação, com aportes de pouco mais de 1 milhão e 700 mil reais, em 2014, para projetos voltados a melhoria do ensino de graduação, como o Programa de Educação Tutorial;

 Programa Avaliação no ensino de graduação para aperfeiçoar os processos de avaliação dos cursos de graduação e acompanhar sua apli- cação e desdobramentos, com investimento de 45 mil reais;

 Programa Apoio à infraestrutura do ensino de graduação para renovar e modernizar as estruturas, acervos e materiais didáticos e pedagó- gicos, com aportes de 2 milhões 615 mil reais.

O relatório de avaliação institucional da UNESP 2010 – 2014 não detalha essas políticas e não indica textos ou sites que descrevam objetivos e metodologias dessas políticas. Também não diz quais as consequências desejadas dessas políti- cas.

Além desses três programas, são citados no relatório outros programas da PROGrad que ajudam na melhoria do ensino de graduação como: Programa de Edu- cação Tutorial (PET), Programa de Melhoria do Ensino de Graduação (PMEG), Pro- grama Graduação Inovadora na UNESP (PGI) e Centro de Estudos e Práticas Peda- gógicas e Projetos (CENEPP) (UNESP, 2016, p. 14).

No PET, os estudantes participam em um projeto de pesquisa vinculado à pós-graduação. A participação nos Programas PET aumenta a qualificação dos estu- dantes de graduação e melhora a visibilidade da UNESP. Entre o período 2010-2014 houve um aumento de 40,5% no número de bolsistas (UNESP, 2016, p. 48). Não são apresentadas mais informações acerca dos outros programas.

O programa PMEG está inserido no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e tem como objetivo contribuir para a evolução positiva da qualidade dos cursos de graduação com investimentos nos laboratórios didáticos, clínicas, ateliês, oficinas didáticas e salas de aula.

O PGI visa o aprimoramento do ensino de graduação na promovendo dis- cussões, avaliação, implementação e valorização permanente das ações pedagógi- cas. As ações do PGI tratam de atividades de formação pedagógica permanente de docentes; aquisição de material e adequação de infraestrutura para possibilitar a apli- cação de metodologias inovadoras; produção de material bibliográfico referente as Metodologias Inovadoras no Ensino de graduação; aplicação de Metodologia semi- presencial nos cursos de graduação; e valorização da prática docente no Ensino. O PGI trabalha com o apoio do Núcleo de Educação à Distância (NEaD) e do CENEPP.

O CENEPP tem como objetivo criar e manter espaços sociais e acadêmicos que promovam o desenvolvimento de estratégias e subsídios, de forma permanente e sistemática, para a formação pedagógica e o desenvolvimento profissional dos do- centes da UNESP. A missão do CENEPP é a de fornecer serviços para à melhoria da qualidade de ensino articulado à pesquisa, à extensão e à construção de uma prática social emancipatória compromissada com a cidadania.

Verificamos que o CENEPP é uma política institucional da UNESP para formação de docentes no ensino. Suas atividades têm como objetivo formar o docente

crítico, no conceito de Conte (2013), que reflete o contexto social e institucional para enfrentamento dos desafios pedagógicos. Com o CENEPP, a UNESP mostra inte- resse em objetivar sua missão de indissociabilidade entre ensino e pesquisa ao pro- mover políticas de capacitação pedagógica a docentes que estão inseridos em um ambiente onde, de acordo com Penin (2010), a formação em pesquisa é priorizada.

Apesar de possuir muitos programas voltados a melhoria do ensino de gra- duação, é apontado que houve um declínio considerável no investimento na gradua- ção. Em 2010, foram investidos 7,8 milhões de reais, enquanto em 2014 foram apli- cados 4,5 milhões de reais (UNESP, 2016, p. 15). Apesar dessa situação financeira, a UNESP demonstra no relatório de avaliação institucional o interesse em ações para intensificação dos investimentos em infraestrutura (diretamente voltada à melhoria da graduação); oferecimento de oportunidades para a formação pedagógica dos docen- tes; incorporação de metodologias de ensino inovadoras (com uso de novas tecnolo- gias de informação e comunicação); aperfeiçoamento dos Projetos Pedagógicos dos Cursos (objetivando maior integração curricular entre eles) (UNESP, 2016, p. 16). A UNESP tem então atuado com políticas institucionais na formação de docentes no ensino e na elaboração de Projetos Pedagógicos dos Cursos para nortear as ativida- des de docência para a formação dos seus docentes em referência a determinadas competências e habilidades.

Além disso, a UNESP tem atuado também em políticas voltadas para a pesquisa no intuito de melhorar o ensino. No relatório de avaliação institucional 2010 – 2014 é apresentado que a UNESP trabalha com a indissociabilidade entre pesquisa e ensino e por isso é fundamental ter políticas institucionais na pesquisa para a me- lhoria do ensino de graduação. Para a UNESP a qualificação da graduação também é atribuída a experiência dos estudantes de graduação em atividades de pesquisa que ajudariam na sua formação, em especial no quesito investigação científica. Dentre os 37.388 estudantes, 12,3% recebem bolsa para pesquisa, sendo que existe uma grande variação na distribuição deste percentual entre as unidades (UNESP, 2016, p. 24). Sobre o corpo docente, a UNESP passou de 3.543 docentes ativos em 2010 para 3.880 docentes ativos devido a novas contratações para programas de pós-graduação que tiveram aumento dos conceitos na avaliação da CAPES (UNESP, 2016, p. 35). No entanto, a relação média aluno/docente na graduação teve pequeno declínio (10,1 em 2010 e 9,6 em 2014) e acréscimo na pós-graduação (3,0 em 2010 e 3,4 em 2014) (UNESP, 2016, p. 36).

A relação entre ensino e pesquisa nas atividades de graduação é tão importante para a UNESP que existe um esforço institucional para que os docentes ingressem nos programas de pós-graduação. O número de docentes credenciados nos programas de pós-graduação da UNESP tem aumentado. Em 2014, a UNESP possuía 2.183 docentes em programas de pós-graduação, o que representa 56,3% dos docentes ativos. Para a UNESP, é preocupante o fato de que algumas unidades universitárias entendidas como estratégicas, como Medicina e Engenharia, apresen- tarem um número muito grande de docentes que não estão ligados em programas de pós-graduação (UNESP, 2016, p. 42).

Uma estratégia adotada pela UNESP é a contratação de docentes que já estejam aptos a ingressar como orientadores nos programas de pós-graduação. Como resultado dessa estratégia, foram contratados 966 docentes entre 2010 e 2014, dos quais 58,6% estão credenciados em programas de pós-graduação. Para a UNESP, esse resultado ainda merece reflexões e redefinição de ações objetivando melhorar o perfil das contratações futuras (UNESP, 2016, p. 43).

Outra ação descrita no relatório de avaliação institucional 2010 – 2014 se refere ao Plano de Carreira Docente, aprovado em 2010 e implementado em 2011, que pretendeu estimular a participação dos docentes nos programas de pós-gradua- ção. Nesse plano, o acesso a promoção requer do docente a conclusão da orientação de alunos de pós-graduação, exceto para a promoção do nível MS3-1 para MS3-2. Dos 3.880 docentes que integravam a folha de pagamento em 2014, 3.185 pertenciam a categorias de promoção que exigiam orientação de alunos de pós-graduação. Des- tes, 43% progrediram na carreira (853 para o nível MS3-2, 97 para MS5-2 e 420 para MS5-3). Para a UNESP, esse índice é alarmante, pois indica que muitos docentes não atingiram os critérios mínimos de evolução, como ter participado de programa de pós- graduação. É ressaltado também, que algumas unidades não possuem programas de pós-graduação e que isso deveria ser modificado (UNESP, 2016, p. 43).

Verificamos então que por um lado a UNESP tem politicas institucionais para a pesquisa que atuam diretamente no profissional docente na sua contratação e na progressão na carreira. Por outro lado, a UNESP tem políticas institucionais para o incentivo dos docentes na participação de projetos de formação pedagógica. No relatório de avaliação institucional 2010 – 2014 nada é dito sobre se a participação em projetos de formação pedagógica é exigência ou se é valorizada na contratação de docentes e progressão na carreira. A UNESP demonstra assim que as atividades de

pesquisa ainda têm um peso maior que as atividades de ensino para os docentes. Entendemos que a UNESP tem como diretriz a indissociabilidade entre ensino e pes- quisa, mas notamos que existem posturas diferentes entre elas, o que reflete a con- cepção de profissional docente criada em 1965 pelo Estatuto do Magistério Superior e reforçada com a Reforma da Educação Superior de 1968.

A maior preocupação da UNESP em relação ao ensino de graduação re- side em entender, as razões que levam ao crescimento da taxa de evasão, não pre- enchimento completo das vagas de alguns cursos e/ou ao grau elevado de retenção. Como desafio futuro foi indicada a necessidade de observar com mais cuidado esses aspectos e definir políticas para interromper as tendências negativas das condições de formação e adaptar os currículos para integrar cursos, campus e diferentes áreas de formação. Para tanto propõem-se a elaboração de uma avaliação da distribuição dos alunos em diversos segmentos como unidades, áreas de conhecimento, carreiras, cursos, docentes, servidores técnico administrativo, entre outros (UNESP, 2016, p. 97).

Essa conclusão apresentada no relatório de avaliação institucional 2010 – 2014 é baseada em dados quantitativos e comparações em uma concepção de qua- lidade fundada nos resultados de processos. Portanto, para a UNESP, a melhoria do ensino de graduação tem a ver com a eficiência dos estudantes ao longo dos cursos, com baixa evasão e cumprimento das disciplinas no tempo ideal. Além disso, deve existir uma razão entre estudantes, docentes e funcionários compatível com a de ou- tras universidades.

Sentimos a falta de conexão entre os índices que formam o conceito de qualidade da UNESP e as políticas institucionais para melhoria no ensino. No relatório não é apresentado de forma explicita como os programas da Pro-Reitoria de Gradua- ção vão impactar na diminuição da evasão e cumprimento das disciplinas no tempo ideal. Também não é mostrado como os programas voltados para a formação peda- gógica do docente são balanceados institucionalmente com políticas institucionais vol- tadas para a pesquisa que tem a premissa de melhorar o ensino.

Verificamos também que o programa de Avaliação de Disciplinas por Dis- centes da UNESP para coletar e analisar opiniões dos estudantes sobre a qualidade das atividades de ensino na graduação, que vem sendo discutido desde de 2006, não

é citado no relatório. Essa avaliação começou a ser aplicada em data posterior a ela- boração do relatório de avaliação institucional 2010 – 2014, mas sua elaboração se desenvolveu e muitos anos e poderia ter sido mencionada.

6.2 O programa de avaliação de disciplinas por discentes e o centro de estudos e