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2. F armácia C omunitária

2.1. O rganização da F armácia

O investimento racional na qualidade e quantidade de recursos humanos é essencial ao funcionamento correto de uma FC. Ocupando a Direção Técnica da FCC encontra-se a Dra. Isabel Pinho, a qual, a par da Dra. Paulina Melo, detém a propriedade da farmácia. O DT de uma FC tem o dever de assumir a responsabilidade pelos atos farmacêuticos nela realizados, bem como promover o uso racional dos medicamentos, garantir que estes e os restantes produtos são fornecidos em bom estado de conservação, assegurar a prestação de informação aos utentes sobre o modo de utilização dos medicamentos e garantir que os medicamentos sujeitos a receita médica são apenas dispensados na ausência de receita em casos justificáveis, de força maior [36]. É também sua competência garantir o aprovisionamento suficiente de medicamentos e certificar-se de que a farmácia possui as condições adequadas de higiene e segurança, o mesmo se aplicando ao pessoal que nela trabalha [36]. Além destes deveres, o DT deve verificar o cumprimento das regras deontológicas que regem a atividade farmacêutica, tal como o cumprimento de toda a legislação que regula a atividade profissional [36, 37]. Em suma, ao DT é atribuída a tarefa de gerir os recursos humanos e as vertentes comercial, financeira e legal.

Os restantes recursos humanos são compostos por Susana Monteiro (Farmacêutica Adjunta), Nuno Costa (Farmacêutico), Diana Dias (Ajudante Técnica), e Rosa Rodrigues (Ajudante Técnica). Cada profissional, além das funções inerentes ao farmacêutico, está também encarregue de tarefas ligadas à gestão, faturação e marketing, tendo em conta as suas melhores valências e afinidades.

O espaço físico da FCC está organizado de modo a suprir as necessidades ligadas ao medicamento e ao utente. Divide-se em sala de atendimento ao público com 5 balcões de atendimento; sala de consulta farmacêutica, destinada a fornecer um ambiente mais reservado para prestar informação aos utentes, à administração de injetáveis, consultas de nutrição e outros serviços prestados na farmácia; sala de medição de parâmetros bioquímicos; gabinete da DT; área de receção de encomendas; laboratório; zona de armazenamento de medicamentos de maior rotatividade; zona de armazenamento de medicamentos excedentários e de menor rotatividade; vestiário e serviços sanitários. Os equipamentos específicos presentes na FCC estão de acordo com as normas em vigor [38].

Quanto ao sistema informático, a FCC encontra-se equipada com o Sifarma 2000®, que permite a gestão dos processos da cadeia do medicamento, a faturação das vendas e o acesso a informação sobre produtos, clientes e fornecedores, sendo uma ferramenta acessível e prática que rentabiliza o trabalho de qualquer funcionário de uma FC.

Na rotina diária de uma FC é possível que surjam situações para as quais os recursos humanos existentes não possuem conhecimentos para dar uma resposta imediata. Como tal é necessário ter à disposição material que forneça informação fidedigna e atualizada após uma pesquisa breve. É neste sentido que a FCC possui uma pequena biblioteca, que inclui a Farmacopeia Portuguesa 9.1, Formulário Galénico Português, Prontuário Terapêutico, Mapa Terapêutico, alguns resumos das características do medicamento (RCM) (os quais também podem ser consultados online), entre outros. Além do formato em papel e da pesquisa na Internet é também possível contactar o Centro de Informação do Medicamento e dos Produtos de Saúde, serviço prestado pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) e o Centro de Documentação e Informação de Medicamentos da Associação Nacional de Farmácias (ANF).

Durante o estágio tive a necessidade de consultar alguns destes materiais bibliográficos, como o Prontuário Terapêutico, folhetos informativos e RCM de medicamentos de forma a complementar conhecimentos e solucionar problemas vivenciados durante o atendimento ao público.

2.2. Medicamentos

De acordo com o Estatuto do Medicamento um “medicamento” é “toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [39]. Estes podem ser considerados “medicamentos de referência” ou “medicamentos genéricos” (ver definição no Anexo 35). Independentemente desta classificação existem “medicamentos psicotrópicos e estupefacientes”, que contêm substâncias ativas que atuam no sistema nervoso, possuindo propriedades terapêuticas úteis e seguras quando usadas segundo as recomendações clínicas, tendo porém o potencial de causar dependência física e psíquica, além de poderem ser utilizadas para atos ilícitos, como toxicodependência. Desta forma a sua dispensa é alvo de um controlo e atenção mais apertados pelos

profissionais de saúde das FCs e entidades de fiscalização, traduzindo-se em procedimentos adicionais no que toca ao registo de entradas e saídas na farmácia. A lista de substâncias incluídas nesta classificação pode ser consultada no Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro e na Portaria n.º 154/2013, de 17 de Abril. Além das classes de medicamentos supracitadas, uma farmácia de oficina pode também comercializar “medicamentos homeopáticos”, alguns “medicamentos imunológicos” e “medicamentos manipulados” (ver definição no Anexo 35).

Quanto à dispensa ao público, os medicamentos podem ser classificados como “medicamentos não sujeitos a receita médica” (MNSRM) (não comparticipáveis, salvo exceções previstas na legislação) e “medicamentos sujeitos a receita médica” (MSRM). É também possível a reclassificação de MSRM em MNSRM de dispensa exclusiva em farmácias [40]. Para ser um MSRM é necessário preencher os seguintes requisitos [39]:

 Constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

 Constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

 Conter substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas (RA) seja indispensável aprofundar;

 Destinarem-se a ser administrados por via parentérica.

Os MSRM podem ainda ser classificados segundo o tipo de receita, nomeadamente “medicamentos de receita médica renovável”, para aqueles que se destinam a doenças e tratamentos prolongados; “medicamentos de receita médica especial” para medicamentos que contenham substâncias estupefacientes ou psicotrópicas, que possam causar risco de abuso de medicamentos, toxicodependência ou possam ser usados para fins ilegais e para aqueles que possuam substâncias inovadoras ou propriedades que suscitem precaução; ou “medicamentos de receita médica restrita” de utilização reservada a meios especializados, como medicamentos de uso exclusivo hospitalar (por razões de saúde pública, serem novos no mercado ou pelas suas características farmacológicas), medicamentos para tratamento de patologias cujo diagnóstico é realizado somente em meio hospitalar e para aqueles que, embora se destinem a pacientes em tratamento de ambulatório, apresentem riscos de efeitos secundários muito graves e necessitem de administração sob vigilância médica.