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3 EAD E A VIDEOAULA

3.2 Princípios para adequação de videoaulas

3.2.1. O roteiro

O roteiro deve ser o primeiro ponto decidido da videoaula, pois vai determinar o conteúdo, a sequência e a forma como o tema deve fluir ao longo do projeto. A maturação do roteiro deve levar em conta algumas variáveis, como o tempo da videoaula; o público a que se destina; o conteúdo que será ensinado; o tipo de abordagem (expositiva, interativa, com animações); bem como o meio em que será veiculada.

O roteiro é fundamental para que seja possível garantir o foco no tema, sem fuga, atingir os objetivos inicialmente propostos, controlar o tempo, bem como fazer uso adequado dos recursos tecnológicos e cenários. Todo roteiro deve começar a partir de uma ideia, que deverá atender aos objetivos da videoaula. Com o “Quadro de Ideias” de Lewis Herman (2000) pode-se encontrar uma ideia mais facilmente.

Quadro 1 – Tipos de ideias de acordo com o roteirista Lewis Herman Ideia Descrição

Selecionada Provém da memória ou vivência pessoal Verbalizada Surge de algum comentário

Lida Surge de algum jornal, revista ou livro Transformada É a manipulação de uma ideia já

existente, proveniente de alguma ficção Solicitada Provém de uma sugestão, sob encomenda Pesquisada Surge a partir de pesquisas sobre o que

está em falta no mercado

Fonte: Lewis Herman (2000).

Uma dica importante para o áudio do roteiro provém do texto jornalístico, que sugere frases curtas e concisas, preferência de discurso na ordem direta (sujeito + verbo + predicado), evitar os adjetivos, usar texto coloquial (dependendo de seu público) e associar, na medida do possível, a palavra dita com alguma imagem.

3.2.2. A gravação

Quanto ao tipo de gravação, há algumas opções que podem ser utilizadas:  Gravação com captura de vídeo – aquela que captura o que se passa na tela do computador;

 Gravação externa;

 Adição de objetos como caixas de textos, setas, indicações, interatividade e animações;

 Inserção de narração e/ou trilha sonora.

Na hora da gravação, alguns cuidados são essenciais:

 Realizar um teste inicial para verificar o enquadramento, iluminação e áudio;

 Garantir a tranquilidade do local (desligar celular, telefone e sinais sonoros do computador);

 Caso a locação seja em ambiente movimentado, colocar um cartaz na porta solicitando que não seja interrompido durante a gravação (Figura 8);

 Escolher roupas adequadas para o ato da gravação (evitar listras, estampas chamativas bem como roupas na cor verde/azul devido ao uso do efeito especial Chroma Key10);

 Evitar temporariedade (bom dia, boa noite);  Fazer pontos de corte utilizando o silêncio.

Figura 8 – Aviso de silêncio no estúdio da empresa CEPEP

Fonte: Elaborada pelo autor (2016).

O diferencial de usar um vídeo para se comunicar é a associação do áudio com o visual. Essa sinergia consegue entregar uma mensagem clara ao espectador, desde que seja bem produzida. O áudio é um pilar importante no processo de produção de uma videoaula.

10 É uma técnica de efeito visual que consiste em colocar uma imagem sobre uma outra através do

Um áudio ruim pode diminuir a qualidade da videoaula e passar uma impressão negativa para seu público. Para obter uma experiência satisfatória com o áudio do vídeo produzido, algumas técnicas são recomendadas, como usar o microfone disponível o mais próximo possível da origem do som, projetar a voz e sempre fazer testes antes de dar início à gravação. Um som bem gravado não necessita de mais grandes processos de edição e um vídeo com qualidade ruim de áudio terá necessidade de um processo de regravação.

3.2.3. Edição

A videoaula deverá passar por um processo de edição a fim de ter qualidade e aprimoramento da didática com o uso de recursos tecnológicos. Longe de serem apenas “enfeites”, esses recursos acrescentam e complementam itens que podem, desde que utilizados de modo adequado, aprimorar a aprendizagem, proporcionando significado e facilitando o ensino. A tabela abaixo (MEDEIROS E PANSANATO, 2015) (Tabela 1), ilustra os resultados de uma pesquisa feita com alunos investigando os recursos tecnológicos que preferem.

Tabela 1 – Preferências dos alunos em relação aos recursos interativos

Recursos interativos Frequência

Download de material adicional 58,8%

Exemplo prático 52,6%

Comunicação com o professor 46,4%

Pausa/Reprodução 44,4%

Dicas de Estudo 43,3%

Sumário para acesso rápido a trechos da videoaula

43,3%

Animação interativa (com escolha de opções ou parâmetros)

41,2%

Exercício Complementar 40,2%

Página da web (ou website) 39,2%

Respostas a perguntas 35,1%

Comunicação com o tutor 30,9% Repetição de trechos da videoaula 30,9% Avaliação ou comentários (feedback) 30,9%

Pergunta de acompanhamento 27,8%

Enquete (pesquisa informal de opinião) 22,7%

Nenhum 5,2%

Fonte: Medeiros e Pansanato (2015).

O processo de edição pode ser dividido em duas etapas: a fase da montagem elaborada através de cortes bruscos e a etapa que o editor refina os cortes de acordo com o ritmo e o tipo de vídeo (DACYNGER, 2011). A “criatividade” da edição provém de soluções técnicas, pois antes de começar o retoque fino do vídeo o editor deve se perguntar:

 “Será uma imagem estática ou uma em movimento?”;  “O que está em foco na câmera?”;

 “O personagem está posicionado no centro ou ao lado?”;  “Quais as luzes e as cores aplicadas?”.

Uma variedade de fatores pode afetar a continuidade do vídeo, que nada mais deve ser do que simplesmente dois takes que juntos apresentem continuidade.

3.2.4. Produção

Após a edição há o processo de produção, ou mesmo renderização, que significa a escolha do tamanho e do tipo de arquivo de vídeo.

Uma escolha adequada de tamanho requer conhecimento técnico, como de telas e seus respectivos dispositivos de reprodução. Alguns tamanhos comuns e muito utilizados (em pixels – que são, de modo bem simplificado, os menores componentes de uma imagem ou vídeo digital) são: 320 x 240; 640 x 480; 720 x 480; 800 x 480; 1280 x 720. Esses números estão no formato L x A (Largura ou Comprimento x Altura). Quanto menor o tamanho, menor o vídeo original e sua definição (qualidade), porém mais rápido seu carregamento no caso de ser disponibilizado pela internet.

Quanto ao tipo de arquivo, os mais utilizados e comuns são o mp4, o wmv e, embora em desuso, o flv. Assim como no caso do tamanho, é desejável alguma

familiaridade com os principais arquivos de vídeo. Os dois primeiros têm melhor resolução e ocupam menos espaço em disco.

A preparação de uma boa videoaula que atinja seus objetivos requer não apenas conhecimentos pedagógicos e de conteúdo do que se quer ensinar, mas também habilidades desenvolvidas em roteirização, gravação, edição e produção. Além disso, é desejável e útil ter noções de arquivos de mídias digitais para obter o melhor resultado possível, com o mínimo de dúvidas e dificuldades para que o projeto flua melhor, faça sentido para o editor e, mais importante, para seu público.

4 METODOLOGIA

A pesquisa de caráter qualitativo utiliza como metodologia o Estudo de Caso. Essa escolha se justifica pelo fato de investigar um fenômeno contemporâneo, considerando-se o contexto de produção e reformulação de videoaulas para a modalidade a distância no contexto da Universidade Federal do Ceará; de considerar a não exigência de controle sobre os eventos de produção e reformulação de videoaulas; e de utilizar fontes de evidências diretas na compreensão dos fenômenos estudados (YIN, 2005).

A unidade de análise da pesquisa é composta por duas videoaulas produzidas pelo Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores da UFC (LIFE/UFC) com apoio da Pró-Reitoria de Graduação (ProGrad) e do Instituto Universidade Virtual (IUVI), sendo disponibilizadas para a Formação DTIC (Docência Integrada às TIC) datadas de 2013 e atualmente disponíveis na rede pelo canal do laboratório11.

A Formação DTIC teve sua primeira edição em 2011.1, sendo ofertada para todos os professores da UFC em conjunto com alunos parceiros da graduação. Vinculada ao Projeto CASa, ambos situados na Universidade Federal do Ceará, a Formação DTIC atende até hoje os professores que se interessam pela integração entre as Tecnologias Digitais e a Docência, sobretudo àqueles que ingressam na Universidade em seus estágios probatórios.

De acordo com Goetz e LeCompte (1984), há cinco critérios que estão relacionados com os componentes fundamentais do Estudo de Caso: adequação, clareza, caráter completo, credibilidade e significado. A pesquisa se subdivide em três etapas: planejamento, coleta e análise de dados. Na primeira etapa, são preparados os instrumentos e protocolos de coleta de dados, a escolha dos vídeos de análise, bem como as estratégias de análise de dados. O planejamento, então, é pensado levando os critérios de Goetz e LeCompte (1984) em consideração.

Na segunda etapa, são coletadas duas videoaulas. Para cada videoaula assistida é elaborada uma ficha técnica listando-se a duração da aula, a composição da cena e a qualidade do áudio. Dentre as duas, apenas uma será selecionada para ser reformulada, sendo assim previamente separada e escolhida diferenciando-a das demais.

Mediante a escolha é realizado um estudo sobre sua estrutura, possibilitando ao editor uma edição mais concisa fazendo uso do referencial teórico utilizado na pesquisa bibliográfica, sem perder o fundamento e apresentando subsídios para uma reformulação de videoaulas com boa qualidade. O instrumento de coleta de dados é, portanto, o relatório escrito das duas videoaulas (APÊNDICE A).

De acordo com as orientações de Yin (2005) é utilizado um protocolo de coleta de dados (APÊNDICE B) que considera os seguintes aspectos: apresentação dos objetivos gerais do projeto de pesquisa, dos objetivos específicos da coleta, da descrição das atividades desenvolvidas, de questões necessárias para nortear o trabalho no momento da execução das atividades e um guia para a elaboração do relatório do estudo de caso.

A análise de dados ocorre pela catalogação do vídeo dividindo-o em suas especificações técnicas. Para isto, é utilizada uma triangulação metodológica, favorecendo a comparação das informações em diferentes enfoques da coleta da pesquisa, a fim de verificar as convergências e divergências das informações (STAKE, 2010).

A análise de dados se subdivide em três momentos: observação da duração do vídeo, da composição da cena e da qualidade do áudio. No primeiro momento, é analisada a duração da aula, onde é observado se a aula contempla até no máximo 10 a 15 minutos. No segundo momento observa-se a composição da cena, considerando-se a composição do cenário, o enquadramento do objeto a ser estudado (no caso, o professor) e a iluminação ambiente. No terceiro momento, é analisado se o áudio é compreensível, se há outros ruídos no ambiente e se o professor utiliza microfone para a captação das informações de forma clara e audível.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como já citado, no presente ano, com todo o desenvolvimento da internet, as pessoas deixaram de ser espectadoras e empoderaram-se para criar seu próprio conteúdo, independentemente da qualidade técnica. Essa característica autoral e, por muitas vezes, desprovida de técnicas e conhecimentos audiovisuais, permite uma análise profissional para o aprimoramento do material desenvolvido, principalmente para um estudo aprofundado do que as pessoas estão produzindo e como melhorar esse material.

O audiovisual não é somente a colagem de imagens estáticas ou em movimento, mas a elaboração de uma história intricada de elementos visíveis e invisíveis para o espectador que almeja transmitir uma ideia (DANCYGER, 2011) ou um conhecimento específico, como nos vídeos educacionais. Os três pontos cruciais da análise aqui estudada serão, portanto, a duração do vídeo, a composição da cena e o áudio.

A videoaula pertence à Formação voltada para Docência Integrada às Tecnologias da Informação e Comunicação (DTIC) da Universidade Federal do Ceará, que, de maneira autoral, aborda temas vinculados à formação de professores, por meio audiovisual, em ambiente virtual de aprendizagem como forma complementar de aulas presenciais.

O vídeo12 escolhido para reformulação está situado no canal “DTIC UFC”

do website Youtube, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Tecnodocência para aplicação na Formação voltada para Docência Integrada às Tecnologias da Informação e Comunicação (Formação DTIC). É ofertada desde 2011 até os dias atuais, na modalidade semipresencial a todos os professores da UFC em parceria com alunos da graduação. A videoaula foi produzida no ano de 2014 e está em uso até os dias atuais. O vídeo corrigido encontra-se, também, no Youtube13.

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