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O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (RELATOR) –

No documento Supremo Tribunal Federal (páginas 134-139)

Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal

O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (RELATOR) –

Ministro, eu não tenho nenhuma restrição ao pensamento de Vossa Excelência, nesse aspecto específico.

O SENHOR MINISTRO EROS GRAU – Como?

O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (RELATOR) –

Não tenho nenhuma restrição; concordo integralmente.

O SENHOR MINISTRO EROS GRAU – Aqui se trata de

requisitos de caráter puramente subjetivos da Parte requerida, de conteúdo indeterminado, que não se pode contestar. Exatamente o que a doutrina chama de ‘conceito indeterminado’.

Nesses limites, nos termos do Tratado, o Presidente da República deferirá, ou não, a extradição autorizada pelo tribunal, sem que com isso esteja a desafiar sua decisão.

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

RCL 11.243 / **

Constituição brasileira (inciso VII do art. 84), o tratado e o acórdão paradigmático da Ext 1.085 conferem a competência para entregar, ou não, o extraditando. Nesse ponto, confira-se elucidativa passagem do acórdão da Ext 1.085:

“O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: (...)

Ou repassando a frase: nos termos do tratado, o Presidente da República está ou não está obrigado a deferir extradição autorizada pelo Supremo?

Pode recusá-la em algumas hipóteses que, seguramente, fora de qualquer dúvida, não são examinadas, nem examináveis, pelo tribunal, as descritas na alínea f do seu Artigo 3.1. Tanto é assim que o Artigo 14.1 dispõe que a recusa da extradição pela Parte requerida – e a ‘Parte requerida’, repito, é presentada pelo Presidente da República – ‘mesmo parcial, deverá ser motivada’.

Pois esse Artigo 3.1, alínea f do tratado estabelece que a extradição não será concedida se a Parte requerida tiver razões ponderáveis para supor que sua situação [isto é, da pessoa reclamada] ‘possa ser agravada’ – vale dizer, afetada – mercê de condição pessoal. A Parte requerida [isto é, o Presidente da República] poderá, nessa hipótese, não conceder a extradição.

O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (RELATOR) –

Ministro, eu não tenho nenhuma restrição ao pensamento de Vossa Excelência, nesse aspecto específico.

O SENHOR MINISTRO EROS GRAU – Como?

O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (RELATOR) –

Não tenho nenhuma restrição; concordo integralmente.

O SENHOR MINISTRO EROS GRAU – Aqui se trata de

requisitos de caráter puramente subjetivos da Parte requerida, de conteúdo indeterminado, que não se pode contestar. Exatamente o que a doutrina chama de ‘conceito indeterminado’.

Nesses limites, nos termos do Tratado, o Presidente da República deferirá, ou não, a extradição autorizada pelo tribunal, sem que com isso esteja a desafiar sua decisão.

Supremo Tribunal Federal

Voto - MIN. AYRES BRITTO

RCL 11.243 / **

Esse ponto é muito importante estabelecer porque o tratado é que abre a possibilidade de a extradição ser recusada, sem que isso – eu digo e insisto – represente, da parte do Presidente da República, qualquer desafio à decisão do Tribunal.”

19. Com efeito, havendo o Presidente da República fundamentado sua decisão no tratado de extradição, e em cláusula de textura francamente aberta, não cabe ao Poder Judiciário alterá-la.5 E não se diga

que a decisão pela não entrega de Cesare Battisti à República Italiana conflita com a anulação, por este Supremo Tribunal Federal, do ato de refúgio emitido pelo Ministro da Justiça. Segundo observei quando do julgamento da Ext 1.085 (fls. 558 do acórdão), as hipóteses normativas são diversas. Uma coisa é a existência de “fundados temores de perseguição por

motivos de (...) opiniões políticas” (inciso I do art. 1º da Lei nº 9.474/97),

outra bastante diferente é a constatação de “razões ponderáveis para supor

que a pessoa reclamada” será submetida a agravamento de sua situação, por

motivo de condição pessoal (alínea “f” do item 1 do art. 3 do Tratado de Extradição).

20. Por fim, não há falar em reconhecimento, na decisão presidencial ora impugnada, do caráter político dos crimes praticados pelo extraditando. Os crimes foram considerados comuns pelo Supremo Tribunal Federal e o Presidente da República acatou a decisão. Veja-se que as razões invocadas pelo Chefe do Poder Executivo para negar a extradição não estão naquele passado da história italiana, minuciosamente estudado por esta nossa Casa de Justiça, a partir do cuidadoso e sempre ilustrado voto do Ministro Cezar Peluso. Elas estão no futuro, como, aliás, está todo juízo de suposição. Confira-se:

“109. Talvez corroborando a percepção do Ministro Marco Aurélio há manifestações da imprensa italiana, que dão a impressão de que o caso ganha contornos de clamor, de

5 Não se trata, aqui, como bem demonstra o longo parecer da Advocacia-Geral da União, de ausência de motivação do ato.

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

RCL 11.243 / **

Esse ponto é muito importante estabelecer porque o tratado é que abre a possibilidade de a extradição ser recusada, sem que isso – eu digo e insisto – represente, da parte do Presidente da República, qualquer desafio à decisão do Tribunal.”

19. Com efeito, havendo o Presidente da República fundamentado sua decisão no tratado de extradição, e em cláusula de textura francamente aberta, não cabe ao Poder Judiciário alterá-la.5 E não se diga

que a decisão pela não entrega de Cesare Battisti à República Italiana conflita com a anulação, por este Supremo Tribunal Federal, do ato de refúgio emitido pelo Ministro da Justiça. Segundo observei quando do julgamento da Ext 1.085 (fls. 558 do acórdão), as hipóteses normativas são diversas. Uma coisa é a existência de “fundados temores de perseguição por

motivos de (...) opiniões políticas” (inciso I do art. 1º da Lei nº 9.474/97),

outra bastante diferente é a constatação de “razões ponderáveis para supor

que a pessoa reclamada” será submetida a agravamento de sua situação, por

motivo de condição pessoal (alínea “f” do item 1 do art. 3 do Tratado de Extradição).

20. Por fim, não há falar em reconhecimento, na decisão presidencial ora impugnada, do caráter político dos crimes praticados pelo extraditando. Os crimes foram considerados comuns pelo Supremo Tribunal Federal e o Presidente da República acatou a decisão. Veja-se que as razões invocadas pelo Chefe do Poder Executivo para negar a extradição não estão naquele passado da história italiana, minuciosamente estudado por esta nossa Casa de Justiça, a partir do cuidadoso e sempre ilustrado voto do Ministro Cezar Peluso. Elas estão no futuro, como, aliás, está todo juízo de suposição. Confira-se:

“109. Talvez corroborando a percepção do Ministro Marco Aurélio há manifestações da imprensa italiana, que dão a impressão de que o caso ganha contornos de clamor, de

5 Não se trata, aqui, como bem demonstra o longo parecer da Advocacia-Geral da União, de ausência de motivação do ato.

Supremo Tribunal Federal

Voto - MIN. AYRES BRITTO

RCL 11.243 / **

polarização ideológica. Preocupa-se com o que se pode levantar contra o extraditando, anunciando-se futuro incerto e de muita dificuldade.

110. Não se trata de nenhuma dúvida para com as perfeitas condições democráticas que presentemente vigem na Itália. Cuida-se, tão somente [sic], do reconhecimento de circunstância que inegavelmente se evidencia, no que se refere à situação pessoal de Cesare Battisti. É o justamente a plena convicção que regime [sic] democrático exuberante vigora na Itália que autoriza que se intua que a situação do extraditando possa ser agravada, por força de sua condição pessoal.

(...)

124. As referências acima parcialmente reproduzidas, a título de exemplo, dão conta de que há estado de ânimo que justifica preocupações para com o deferimento da extradição de Battisti, por força de suposição do agravamento de sua situação pessoal. Recorrentemente toca-se no objetivo de se fazer justiça

para as vítimas. O direito processual penal contemporâneo

repudia essa percepção criminológica, e o referencial conceitual é um autor italiano, Luigi Ferrajoli. O fundamento da pena é (ou deve ser) o reaproveitamento do criminoso para a vida social.

125. Os excertos de jornal acima reproduzidos dão conta de que há comoção política em favor do encarceramento de Battisti. Inegável que este ambiente, fielmente retratado pela imprensa peninsular, seja caldo de cultura justificativo de temores para com a situação do extraditando, que será agravada.

126. Nesse sentido, as informações acima reproduzidas justificam que se negue a extradição, por força mesmo de disposição convencional. O Presidente da República aplicaria disposição da letra f do item 1 do art. 3 do Tratado de Extradição formalizado por Brasil e Itália. E tem competência para tal. (...).”

21. Ante o exposto, em caráter preliminar, não conheço da

Supremo Tribunal Federal

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RCL 11.243 / **

polarização ideológica. Preocupa-se com o que se pode levantar contra o extraditando, anunciando-se futuro incerto e de muita dificuldade.

110. Não se trata de nenhuma dúvida para com as perfeitas condições democráticas que presentemente vigem na Itália. Cuida-se, tão somente [sic], do reconhecimento de circunstância que inegavelmente se evidencia, no que se refere à situação pessoal de Cesare Battisti. É o justamente a plena convicção que regime [sic] democrático exuberante vigora na Itália que autoriza que se intua que a situação do extraditando possa ser agravada, por força de sua condição pessoal.

(...)

124. As referências acima parcialmente reproduzidas, a título de exemplo, dão conta de que há estado de ânimo que justifica preocupações para com o deferimento da extradição de Battisti, por força de suposição do agravamento de sua situação pessoal. Recorrentemente toca-se no objetivo de se fazer justiça

para as vítimas. O direito processual penal contemporâneo

repudia essa percepção criminológica, e o referencial conceitual é um autor italiano, Luigi Ferrajoli. O fundamento da pena é (ou deve ser) o reaproveitamento do criminoso para a vida social.

125. Os excertos de jornal acima reproduzidos dão conta de que há comoção política em favor do encarceramento de Battisti. Inegável que este ambiente, fielmente retratado pela imprensa peninsular, seja caldo de cultura justificativo de temores para com a situação do extraditando, que será agravada.

126. Nesse sentido, as informações acima reproduzidas justificam que se negue a extradição, por força mesmo de disposição convencional. O Presidente da República aplicaria disposição da letra f do item 1 do art. 3 do Tratado de Extradição formalizado por Brasil e Itália. E tem competência para tal. (...).”

21. Ante o exposto, em caráter preliminar, não conheço da

Supremo Tribunal Federal

Voto - MIN. AYRES BRITTO

RCL 11.243 / **

reclamação. Mas, ainda que alcançado o exame de mérito, a ação seria improcedente. Quanto ao pedido incidental na Ext 1.085, dou provimento ao agravo regimental e determino a expedição imediata do alvará de soltura do extraditando.

É como voto.

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

RCL 11.243 / **

reclamação. Mas, ainda que alcançado o exame de mérito, a ação seria improcedente. Quanto ao pedido incidental na Ext 1.085, dou provimento ao agravo regimental e determino a expedição imediata do alvará de soltura do extraditando.

É como voto.

Supremo Tribunal Federal

Voto s/ Preliminar

08/06/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 11.243 REPÚBLICA ITALIANA

VOTO S/PRELIMINAR

O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (PRESIDENTE) - Peço vênia à douta maioria. Eu conheço, baseado exatamente na premissa, que Vossa Excelência estabeleceu, de que há interesse jurídico do Governo italiano, ao qual Vossa Excelência reconhece a possibilidade de intervenção.

De modo que, como se trata de matéria cognoscível ex officio, ela pode, evidentemente, ser provocada por qualquer interessado jurídico. Conheço nesses termos.

Supremo Tribunal Federal

08/06/2011 PLENÁRIO

RECLAMAÇÃO 11.243 REPÚBLICA ITALIANA

VOTO S/PRELIMINAR

O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (PRESIDENTE) - Peço vênia à douta maioria. Eu conheço, baseado exatamente na premissa, que Vossa Excelência estabeleceu, de que há interesse jurídico do Governo italiano, ao qual Vossa Excelência reconhece a possibilidade de intervenção.

De modo que, como se trata de matéria cognoscível ex officio, ela pode, evidentemente, ser provocada por qualquer interessado jurídico. Conheço nesses termos.

Decisão de Julgamento

No documento Supremo Tribunal Federal (páginas 134-139)