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O SEUC e a Proposição da Categoria de Manejo

No documento Proposta UC Tatu Bola FINAL P (páginas 68-72)

O Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC foi instituído por meio da Lei Estadual nº 13.787 de 8 de junho de 2009, definindo unidade de conservação como o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. Dentre seus objetivos, destacam-se:

 Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais estaduais;

 Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento sustentável estadual;

 Proteger, no âmbito estadual, as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e, quando couber, histórica e cultural;

 Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

 Ampliar a representatividade dos ecossistemas estaduais como unidades de conservação;

 Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;

 Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o ecoturismo;

 Priorizar os ecossistemas que se encontrem mais ameaçados de alteração, degradação ou extinção.

As unidades de conservação – UCs integrantes do Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC dividem-se em dois grupos, com características e categorias específicas:

 Unidades de Proteção Integral – Com o objetivo básico de preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.

 Unidades de Uso Sustentável – Com o objetivo básico de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais.

As categorias de manejo das UCs do grupo de Proteção Integral são: Reserva Biológica (REBIO), Estação Ecológica (ESEC), Parque Estadual (PE), Monumento Natural (MONA), e Refúgio de Vida Silvestre (RVS).

As categorias de manejo das UCs do grupo de Uso Sustentável são: Área de Proteção Ambiental (APA), Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Reserva de Fauna,

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Floresta Estadual (FLOE), Reserva Extrativista (RESEX), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Reserva de Floresta Urbana (FURB) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

A identificação da categoria de manejo de uma área para criação de unidade de conservação deve levar em consideração os atributos naturais existentes, a situação fundiária, os usos atuais e potencias para a região e outros aspectos que sejam considerados relevantes. Neste caso específico, os fatores que influenciaram a proposição da categoria foram os seguintes:

 Área bastante significativa para a conservação da biodiversidade, com registros de espécies endêmicas, espécies raras, vulneráveis e ameaçadas de extinção, tanto da flora quanto da fauna da caatinga;

 Ocorrência de “pombais” de arribaçãs o que indica a necessidade de conservação dessas áreas, por serem ambientes muito frágeis, sobretudo pelos ninhos que são feitos diretamente no solo da Caatinga;

 Existência de habitat diferenciado formado pelo complexo das Serras do Recreio, Bonsucesso e Jacú e a mata-galeria do Riacho Recreio, onde várias espécies consideradas raras e/ou ameaçadas foram detectadas, algumas das quais foram exclusivas desta área, como o raro arapaçu (Xiphocolaptes falcirostris), com provável a existência de novos táxons;

 Importância da área para a proteção do tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), espécie endêmica das caatingas que originalmente ocorria na região, mas cujos registros históricos apontam para uma população muito rarefeita decorrente da intensa atividade de caça ao longo das últimas décadas, saindo da categoria de “vulnerável” para “em perigo de extinção”;

 Área com grande presença de assentamentos rurais com grande potencial para desenvolvimento de atividades de valorização do bioma caatinga por meio de diversas ações como sensibilização para conservação da flora e fauna nativas, para utilização de sistemas agroflorestais, reflorestamento com utilização de espécies nativas, implantação de viveiro de mudas de plantas nativas, campanhas educativas, dentre outras previstas no Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do São Francisco.

Estas características peculiares associadas à vulnerabilidade ambiental e aos potenciais impactos que o processo de uso e ocupação do solo da região poderá ocasionar é fundamental que se pense em alternativas capazes de considerar este patrimônio como fator de agregação de valor ao desenvolvimento local/regional e à qualidade de vida da população que nele habita. Pela sua importância biológica e considerando todos os aspectos destacados, propõe-se a categoria de manejo de Refúgio de Vida Silvestre e a denominação de Refúgio de Vida Silvestre Tatu-bola.

Segundo o que determina a Lei 13.787, que instituiu o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), o RVS tem o seguinte objetivo:

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“... proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.”

O Refúgio de Vida Silvestre (RVS) pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Também é permitida a visitação pública, desde que sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade e às normas estabelecidas pelo órgão gestor.

Caso haja incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão gestor da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre (RVS) com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada na forma da lei vigente. (Artigo 13, § 1º ao 4º).

O Refúgio de Vida Silvestre Tatu-bola tem os seguintes objetivos:

I. Conservar amostras significativas das caatingas de Pernambuco, preservando seu patrimônio genético e recursos naturais;

II. Proteger ambientes naturais onde se assegurem condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória;

III. Proteger e conservar espécies raras e endêmicas, em perigo ou ameaçadas de extinção;

IV. Proteger a área de ocorrência do tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), diminuindo a pressão de caça, reduzindo a perda de habitat e favorecendo o repovoamento; V. Promover atividades recuperação ambiental e de educação ambiental, que

proporcionem à comunidade local a compatibilização de suas atividades com a conservação dos recursos naturais e aos visitantes, informações sobre o bioma e sua biodiversidade;

VI. Estimular a substituição de espécies exóticas por espécies nativas;

VII. Estimular a pesquisa científica e a produção de conhecimento sobre as caatingas, em especial do sertão do São Francisco de Pernambuco, inclusive seus aspectos socioeconômicos e culturais.

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“O mundo tornou-se perigoso, porque os homens

aprenderam a dominar a natureza antes de se

dominarem a si mesmos.

Albert Schweitzer

Criação do Refúgio de Vida Silvestre Tatu-bola na Região do Sertão do São Francisco – Pernambuco

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No documento Proposta UC Tatu Bola FINAL P (páginas 68-72)

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