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3.3 MEMÓRIA E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

4.3.2 O Sistema Cultural do Exército

Embora o Exército Brasileiro possua uma trajetória de 360 anos, foi apenas a partir da década de 1970 que se intensificou em seu âmbito um movimento que reconhecia a importância das questões culturais dentro da organização. Dessa forma, foram estabelecidas ações estratégicas que possibilitassem a consecução dos objetivos gerais de reparação, preservação, criação e difusão de seu acervo histórico e cultural (O ELO, 1998). A partir desta percepção foi criado o Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP), com o objetivo de centralizar o pensamento cultural da organização, que até então estava disperso por vários órgãos. Em 1973 esse departamento passou por uma reestruturação, tendo como resultado a criação da Diretoria de Assuntos Especiais, Educação Física e Desportos (DAED), onde as atividades culturais passaram a ser consideradas assuntos especiais. Em 1990 os assuntos culturais passaram a ser objeto da Diretoria de Assuntos Culturais (DAC), criada pelo Ministério do Exército com a finalidade de dar visibilidade e priorizar as atividades culturais da organização, e tendo como missão principal preservar as tradições, a memória e os valores culturais e históricos do Exército ([DAC, 2009]).

Em 2009 esse departamento teve seu nome alterado para Departamento de Educação e Cultura do Exército (DEPEx). É sua responsabilidade gerenciar as atividades culturais na organização, por intermédio da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do

Exército (DPHCEx).

A Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército “é o órgão técnico- normativo responsável pelo planejamento, pela coordenação e pela fiscalização das atividades culturais do Exército Brasileiro, pela preservação do patrimônio histórico, pela divulgação da história militar e pelo estímulo ao estudo e à pesquisa das tradições nacionais” (CULTURA, 2009). Seu objetivo principal é preservar as tradições, a memória e os valores culturais e históricos do Exército.

Essa diretoria supervisiona as atividades e eventos do Sistema Cultural do Exército (SCEx), e tem como atribuições principais propor normas para a preservação, utilização e difusão do patrimônio histórico e artístico cultural de interesse da organização, elaborar o Plano Trienal de Atividades Culturais do Exército e supervisionar sua execução e de outras atividades culturais, mantendo contato com o CCOMSEX para as ações de planejamento e coordenação de ações que envolvam as áreas de Cultura e Comunicação Social. Além disso, procura estimular a elaboração de projetos e a programação de atividades e eventos a serem desenvolvidos pelas Organizações Militares e pelos outros órgãos do sistema, analisando as propostas de projetos de criação ou alteração de espaços culturais do Exército, interagindo com a Fundação Cultural Exército Brasileiro para viabilizar o apoio a projetos e outras atividades culturais de interesse da Força (ATRIBUIÇÕES DPHCEX, 2009).

Da mesma forma que ocorre com a comunicação, as práticas culturais do Exército Brasileiro são desenvolvidas por meio de um sistema, do qual fazem parte as 5ª seções dos Comandos Militares de Área, dos Grandes Comandos e das Grandes Unidades, as seções ou elementos de comunicação social dos Órgãos de Direção Geral e de Direção Setorial e as Seções de Comunicação Social das demais Organizações Militares.

O Sistema Cultural do Exército (SCEx) foi idealizado para reunir o patrimônio histórico e cultural da Instituição, material e imaterial, que é um produto de sua história e se encontra disseminado por todo o espaço territorial brasileiro. Por patrimônio cultural material, a organização entende como sendo os objetos, construções, sítios históricos, monumentos e bens artísticos preservados ao longo de sua trajetória. Constituem o patrimônio cultural imaterial do Exército, suas tradições, a memória, os valores morais, culturais e históricos, as datas cívicas memoráveis, os feitos heróicos e as personalidades consagradas na História Militar do Brasil.

a vocação militar, cultuar as tradições e acentuar o compromisso da organização com o país. Além disso, busca divulgar as tradições e os valores da Instituição, estimulando a realização de pesquisas científicas, a divulgação da História Militar e o desenvolvimento da doutrina militar das Forças Armadas ([DAC, 2009]). Dessa forma, os objetivos que norteiam a gestão do patrimônio histórico e cultural no Exército Brasileiro são:

Preservar o patrimônio histórico e cultural do Exército, material e imaterial; divulgar o Exército para a sociedade, por intermédio do seu patrimônio histórico e cultural; desenvolver a Cultura no âmbito da Força, com ênfase nos valores, nas crenças e nas tradições; pesquisar e divulgar a História Militar do Brasil; Integrar-se com os órgãos culturais das Forças Armadas co-irmãs; e integrar-se com entidades culturais nacionais e internacionais ([DAC, 2009]).

Integram este sistema, ainda, o Museu Histórico do Exército (MHEx/FC), a Biblioteca do Exército (BIBLIEX), o Arquivo Histórico do Exército (AHEx), o Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial (MNMSGM), a Fundação Cultural Exército Brasileiro (FUNCEB), o Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX), além de entidades civis que com ele interagem (Figura 06).

O Museu Histórico do Exército tem como missão “preservar, salvaguardar e disseminar a memória histórica do Exército Brasileiro e atuar como um Espaço Cultural, proporcionando cultura e conhecimento aos visitantes” ([MHEX/FC, 2009]). Sua história remonta a 1865, quando a Força Terrestre sentiu a necessidade de criar um museu no Rio de Janeiro (RJ) para expor armas, viaturas e equipamentos. Este primeiro centro de memória passou por várias reorganizações e foi extinto em 1924. Alguns anos depois, em 1953, foi criado o Museu do Exército, que também contou com transferências de instalações e adição de acervos. O Museu Histórico do Exército tal como existente hoje, foi criado em 1986, passando a funcionar nas instalações do Forte de Copacabana, que possui salões específicos para a realização de exposições temporárias e permanentes68, e é aberto também para a mostra do trabalho de artistas contemporâneos.

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Na categoria das exposições permanentes, foi inaugurada em 1996 a mostra "O Exército na formação da Nacionalidade" (grifo do autor) e em 1998, uma mostra que evidencia a atuação do Exército Brasileiro no período Republicano até 1945. HISTÓRICO do museu histórico do exército. Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana. Histórico. Rio de Janeiro, [2009]. Disponível em: <http://www.fortedecopacabana.com/modules/mastop_publish/?tac=Museu_Hist%F3rico_do_Ex%E9rcito>. Acesso em: 22 Nov. 2009.

Figura 4 - Sistema Cultural do Exército Brasileiro (SCEx)

Fonte: DIRETRIZ estratégica do sistema cultural do exército, portaria nº 615, de outubro de 2002. In Coletânea da legislação cultural: Exército Brasileiro; Departamento de Ensino e Pesquisa; Diretoria de assuntos culturais, p. 12. Disponível em: <http://www.dphcex.ensino.eb.br/ligislacao/Coletanea%20Legislacao%20Cultural.pdf>. Acesso em: 03 Nov 2009.

A Biblioteca do Exército, localizada no Rio de Janeiro (RJ), produz e coloca à disposição dos públicos interno e externo obras sobre aspectos e características da vida militar.

O Arquivo Histórico do Exército tem como finalidade conservar e manter a memória doutrinária, operacional e institucional do Exército Brasileiro69. Criado em 1808 no Rio de Janeiro com a denominação inicial de Real Archivo Militar, tinha a incumbência de conservar as cartas gerais, particulares, geográficas e topográficas do Brasil e dos Domínios Ultramarinos. Também, as cartas marítimas para o uso do Ministério da Guerra e Negócios Estrangeiros, bem como dos demais Ministérios. Em

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Informação extraída da página eletrônica do AHEx. ARQUIVO HISTÓRICO DO EXÉRCITO. Apresentação. Rio de Janeiro, [2009]. Disponível em: <http://www.ahex.ensino.eb.br>. Acesso em: 25 Ago. 2009.

1934 foi transformado em Organização Militar (OM) e recebeu o nome de Arquivo do Exército. Em 1986 recebeu a denominação de Arquivo Histórico do Exército. Dedica-se à guarda, à conservação e à divulgação da memória do Exército e dos documentos relativos à sua evolução histórica.

O Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial, inaugurado no Rio de Janeiro (RJ) em 1957, foi idealizado como um local que pudesse abrigar a memória dos 462 pracinhas que tombaram naquela guerra, contendo objetos pessoais deles, bem como armaria empregada durante o armistício e um acervo iconográfico, composto por quadros, pinturas, gravuras, mapas, cartas militares e documentos, entre outros ([MONUMENTO NACIONAL DOS MORTOS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, 2009]).

A Fundação Cultural Exército Brasileiro, é uma entidade civil com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, instituída para ser um elemento de ligação entre a organização, o Ministério da Cultura e o empresariado nacional. Sediada no Rio de Janeiro (RJ), dispõe de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, para atuar em atividades de natureza educacional, preservação ambiental, comunicação e assistência social, em parceria com a iniciativa privada e o terceiro setor. Seus principais projetos são a revitalização ou reforma de museus, fortalezas, monumentos e outras construções históricas; programas de qualificação profissional de militares concludentes do Serviço Militar Obrigatório; de instrução/conhecimento aos soldados; programas de disponibilização do acervo histórico do Exército para a sociedade; e disponibilização de banco de dados com informações doutrinárias, históricas, culturais, de ciência e tecnologia, operacionais e administrativas das Forças Armadas e das Forças Auxiliares (FUNDAÇÃO, 2009).

É possível constatar, segundo informações obtidas no site da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército, que nos últimos anos tem aumentado o nível de conscientização dos quadros (militares e comandantes) em relação à importância dos assuntos culturais (SISTEMA CULTURAL, 2009). O reflexo desse processo tem se apresentado no aumento da criação de espaços culturais, museus e bibliotecas, e a alta prioridade dada à preservação e difusão do patrimônio cultural imaterial [(DAC, 2009)].