• Nenhum resultado encontrado

O SLSS tem como objetivo agilizar e simplificar os processos de licenciamento sanitário para estabelecimentos classificados como Nível de Risco II.

Em vista disso, o sistema além de emitir de forma automática e digital o documento de alvará sanitário, pode emitir também o documento de dispensa de alvará sanitário para os estabelecimentos classificados como Nível de Risco I (Baixo Risco A). Dessa forma, os empreendedores podem regularizar seus estabelecimentos sem a necessidade de inspeção prévia e sem a necessidade deslocamento, simplificando o processo (MINAS GERAIS, 2022a).

A vantagem desse tipo de sistema está relacionada com o aumento considerável da demanda dos órgãos de vigilância sanitária, “cujos serviços prestados são indelegáveis por força da norma constitucional vigente, visto que se trata de outorga de poder de polícia”. Esse aumento decorre tanto do crescimento urbano quanto populacional, tendo como consequência um maior consumo de bens e serviços (LOUREIRO et al., 2016, p. 10).

Nesse contexto, faz-se necessário um órgão de vigilância sanitária mais ágil na concessão de licenciamentos sanitários e, para isso, é essencial superar o excesso de formalismo. A consequência desse excesso de formalismo é “um paradigma de atuação onde se privilegia a forma e não a ação” (LOUREIRO et al., 2016, 14).

Diante do exposto, torna-se cognoscível que o SLSS é uma proposta de flexibilização da aplicação do licenciamento sanitário, de forma a não minimizar o controle sanitário, mas reforçá-lo como uma ferramenta de ampliação desse controle e de legitimação de uma atuação mais eficiente. Em outras palavras, o licenciamento sanitário simplificado tem o objetivo de diminuir alguns processos burocráticos, sem prejudicar a legalidade de tais processos e o papel de autoridade sanitária policial. A partir da eliminação de procedimentos dispensáveis para atividades com menor grau de risco e menos complexas, o licenciamento sanitário simplificado tem-se percebido como uma alternativa que possibilita estabelecimentos a saírem da informalidade e passarem a ter acesso aos benefícios da legalização (obtenção de crédito, seguridade e previdência social, etc.) (LOUREIRO, et al., 2016).

Esse tipo de iniciativa, visando a digitalização de determinados serviços prestados pelo estado, corresponde a uma tendência do e-governament ou governo eletrônico, que diz respeito ao uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC), evidenciando a prestação de serviços sem a necessidade de presença física, além da maior transparência administrativa e a busca pela eficácia e eficiência na prestação dos serviços (OLIVEIRA, 2004 apud LOUREIRO et al., 2016).

Ademais, é perceptível a tendência de adesão a esse tipo de iniciativa, como na cidade do Rio de Janeiro, onde foi implementado o “Alvará Já!” (programa de simplificação do processo de licenciamento sanitário). De acordo com a pesquisa de Loureiro et al., (2016, p. 34), pôde-se constatar que o programa implementado no Rio de Janeiro “é viável e se revela como uma possibilidade inovadora e alinhada com a nova tendência da administração pública em aproximar-se do público a quem presta

seus serviços”, além de proporcionar um “procedimento capaz de colaborar com os esforços na tentativa de superar as dificuldades decorrentes da morosidade do processo tradicional de concessão de licenças” (p. 34).

O fluxograma do processo de obtenção do alvará sanitário por meio do sistema foi elaborado a partir do guia de uso do SLSS na visão do empreendedor, elaborado pela SES-MG (MINAS GERAIS, 2022a). O fluxograma foi dividido em três partes para melhor visualização do processo.

Conforme a Figura abaixo, o processo se inicia quando o responsável legal do empreendimento acessa o endereço eletrônico no portal da Redesim-MG. Em seguida, ele deve clicar em “Iniciar licenciamento”. Acrescenta-se que a tarefa

“Classificar empreendimento a partir da atividade econômica” é realizada pelo próprio sistema.

De acordo com a classificação feita pelo sistema, é possível seguir três caminhos distintos. O primeiro caminho diz respeito à situação em que as atividades econômicas exercidas pelo estabelecimento dependem de apenas 1 condicionante para classificação de risco e, por isso, o responsável legal deve fornecer as informações requisitadas. A partir de tais informações, o sistema classifica o empreendimento.

Já o segundo caminho, as atividades econômicas exercidas pelo empreendimento não possuem condicionantes, em decorrência disso, o processo deve seguir para a emissão do documento de Alvará Sanitário. O terceiro caminho diz respeito às atividades econômicas que dependem de 2 ou mais condicionantes para a classificação de risco. Neste caso, o sistema direciona o empreendedor para a orientação da vigilância sanitária municipal, que tem um prazo de 5 dias úteis para avaliar e enviar perguntas necessárias para classificação. O setor regulado deve responder as perguntas para que se possa finalizar a classificação de risco do empreendimento.

Ressalta-se que o processo de classificação de risco na modalidade de licenciamento sanitário presencial teria que ser feito de forma totalmente manual, ou seja, o gestor teria que, além de consultar os dados da empresa, também teria de consultar os números de CNAE e verificar quais os níveis de risco. Nesse sentido, a análise de documentos e a classificação de risco é mais demorada na forma presencial de licenciamento.

Figura 3 – Fluxograma do processo de licenciamento sanitário simplificado eletrônico por meio do sistema – Parte 1 – Minas Gerais – 2022

Fonte: Elaboração própria a partir de MINAS GERAIS, 2022a.

Após a classificação de risco do empreendimento em um dos três níveis de risco (Baixo Risco A, Baixo Risco B e Alto Risco), de acordo com a Figura abaixo, nota-se que na situação onde o empreendimento recebe a classificação Baixo Risco A, há a emissão da Declaração de Dispensa de licenciamento sanitário por meio do sistema. Essa emissão é totalmente automática e digital, sendo que esse documento possui um QR Code e, por meio desse código, qualquer indivíduo pode verificar a veracidade e a validade do documento.

Na situação onde o empreendimento foi classificado como Baixo Risco B ou Alto Risco, o responsável legal deve responder se a empresa é domicílio fiscal.

Essa resposta é analisada pela vigilância sanitária municipal. Caso seja domicílio fiscal há a emissão da Declaração de Dispensa.

Caso não seja domicílio fiscal, o processo pode seguir dois caminhos distintos: a) se for um empreendimento classificado como Baixo Risco B, o responsável técnico deve assinar o Termo de Aceite; b) se for um empreendimento classificado como Alto Risco, o sistema não contempla esse grupo e, por isso, a empresa é orientada a procurar a vigilância sanitária municipal para obter informações de como adquirir o alvará sanitário.

É importante ressaltar que se o processo fosse presencial, seria necessário a impressão de documentos, bem como a realização de todas as tarefas de forma manual. Já pelo sistema há economia de tempo, dinheiro e recursos.

Figura 4 – Fluxograma do processo de licenciamento sanitário simplificado eletrônico por meio do sistema – Parte 2 – Minas Gerais – 2022

Fonte: Elaboração própria a partir de MINAS GERAIS, 2022a.

Por fim, há dois caminhos possíveis: a) municípios que não exigem taxa de inspeção sanitária; b) municípios que exigem taxa de inspeção sanitária. Na conjuntura de não cobrança de taxa de inspeção sanitária, pode-se notar que há a emissão automática e digital do documento de Alvará Sanitário pelo próprio sistema.

Assim como na Declaração de Dispensa, o Alvará Sanitário também possui QR Code para verificação da validade e veracidade do documento.

No caso de cobrança de taxa de inspeção sanitária, a vigilância sanitária municipal deve anexar no sistema orientações quanto ao pagamento dessa taxa. Em seguida, o setor regulado deve pagar a taxa de inspeção sanitária e anexar no sistema comprovante de pagamento da taxa.

A vigilância sanitária municipal analisa a comprovação de pagamento da taxa de inspeção sanitária num prazo máximo de 5 dias úteis. Caso o pagamento não seja confirmado, a vigilância deve anexar exigência ou informação da não comprovação do pagamento pelo sistema. Nesse caso, a empresa deve realizar uma nova comprovação de pagamento da taxa.

Se o pagamento for confirmado, isto é, a comprovação de pagamento da taxa de inspeção sanitária estiver correta, a vigilância sanitária municipal deve aprovar o licenciamento sanitário para que o sistema, automaticamente, emita o documento de Alvará Sanitário para a empresa.

Figura 5 – Fluxograma do processo de licenciamento sanitário simplificado eletrônico por meio do sistema – Parte 3 – Minas Gerais – 2022

Fonte: Elaboração própria a partir de MINAS GERAIS, 2022a.

4 AGRICULTURA FAMILIAR: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS NO LICENCIAMENTO SANITÁRIO

Este capítulo trata acerca da agricultura familiar, sendo dividido em duas seções que apresentam, respectivamente, as características da agricultura familiar e os principais desafios enfrentados pelos agricultores familiares no processo de licenciamento sanitário.