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1.1 Fundamentaçõe Teórica

1.1.6 Conservação no Brasil: de áreas protegidas ao Sistema Nacional de Unidade de

1.1.6.1 O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC

As Unidades de Conservação são parte integrante de mecanismos brasileiros voltados para defesa ambiental tendo seu respaldo legal alicerçada na Lei Federal no 6938, de 31/08/81. As UC´s embora sejam áreas destinadas à preservação e proteção ambiental podem se apresentar em diversas categorias. São exemplos: Parques, Reservas Biológicas, Estações Ecológicas, Áreas de Preservação Permanente e Área de Proteção Ambiental. Cada uma dessas categoria apresenta suas especificidades legais, no entanto, cada vez mais está sendo incorporado a elas a conotação operacional do termo conservar, permitindo que seja buscado uma utilização racional do uso da terra. Este fato ainda esbarra na forma explicitada nos conteúdos legais. Quanto a nível de restrição. as categoria de UC´s podem ser agrupadas em dois conjuntos. O primeiro composto pelas unidades nas quais se permite apenas o uso

indireto dos recursos naturais e a manutenção dos ecossistemas com as alterações mínimas necessárias. Enquadram-se aqui, as Reservas Biológicas, Estações Ecológicas, Parques Monumentos e Refúgios de Vida Silvestre.

O modelo norte-americano influenciou o Brasil para a criação de áreas protegidas. O primeiro parque do país protegido por lei específica foi o Parque Nacional de Itatiaia, no Estado do Rio de Janeiro, em 1937. Mas há um consenso que antes mesmo desta data já havia outras tentativas de proteção de áreas naturais. O Engenheiro André Rebouças, tendo como exemplo o Parque de Yellowstone, tentou criar o Parque Nacional de Sete Quedas (Paraná) e Ilha do Bananal no Tocantins, no ano de 1876.

Os primeiros dispositivos voltados à proteção de áreas naturais ou recursos naturais e terras brasileiras tem seu registro ainda no período colonial, tendo como objetivo principal a garantia de controle sobre o manejo de determinados recursos,como a madeira ou a água (MEDEIROS,2005).

Pádua (2002) faz uma reflexão sobre a problemática da destruição ambiental, estudando os pensadores que atuaram no Brasil entre 1786 e 1888, entre eles José Bonifácio, que foi o fundador da crítica sistemática da destruição ambiental brasileira e da atuação deste na preservação dos recursos florestais e criação de áreas protegidas.

Porém, mesmo com a criação de Yellowstone em 1872, foi somente 61 anos depois que o Brasil em 1937 decretou oficialmente o primeiro Parque Nacional. A partir da República, com os decretos-leis de proteção ao meio-ambiente, é que as áreas protegidas saíram do papel. Para Medeiros (2005), o Código Florestal foi um instrumento importante, pois definiu objetivamente as bases para a proteção territorial dos principais ecossistemas florestais e demais formas de vegetação natural do país.

Com a crescente expansão de áreas protegidas no país, na década de 1960,foi que se viu a necessidade de se instituir um órgão para fiscalizar e administrar as áreas protegidas. Através do decreto-lei nº 289 / 28.02.1967 criou-se o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) com o intuito de cuidar destas áreas. Mais tarde, em 1973, com a instituição da SEMA (Secretaria Especial de Meio Ambiente), o IBDF passou a dividir com esta secretaria a gestão das áreas protegidas.

Com a criação do IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) em 22 de fevereiro de 1989, pela fusão da SEMA, SUDEPE (Superintendência de Desenvolvimento da Pesca), SUDEHVEA (Superintendência do Desenvolvimento da Borracha Natural) e IBDF, a gestão das áreas protegidas ficou por conta

deste órgão. Atualmente o IBAMA é o principal executor das políticas ambientais, fazendo parte do Ministério do Meio Ambiente.

O Brasil não possuía ainda uma estratégia nacional global para selecionar e planejar as unidades de conservação. Em 1979, o IBDF propôs a I Etapa do Plano do Sistema de Unidades de Conservação para o Brasil que estabelecia a Região Amazônica como prioritária para a criação de novas unidades, e em 1982 o IBDF propõe a II Etapa do Plano de Sistema de Unidades de Conservação. Somente dez anos mais tarde, em 1992, com a proposição do Poder Público Federal de criar uma lei, o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), a discussão sobre os objetivos de conservação da natureza e sobre quais deveriam ser as categorias de unidades que comporiam um sistema representativo e aplicável à realidade brasileira passou a ser mais democrática e complexa (BRITO, 1998). Somente no ano 2000, foi que o Congresso Brasileiro aprovou a criação do SNUC (Lei nº 9985), e finalmente o Brasil passou a ter um documento específico que regesse a criação, normatização e planejamento das unidades de conservação, depois de vários anos de tentativa para a criação de um sistema que abrangesse as categorias de áreas protegidas.

As UC´s fazem parte da estrutura regimental do IBAMA. Elas são vinculadas administrativamente às gerências executivas e tecnicamente às seguintes diretorias: Diretoria de Ecossistemas (DIREC), Diretoria de Gestão Estratégica (DIGET), Diretoria de Florestas (DIREF) e Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros (DIFAP). Além disso, o IBAMA é responsável pela gestão direta e pela distribuição de seus servidores entre as diversas categorias de UC´s em todo o país. (DRUMMOND et al, 2006).

No Brasil, cerca de 10,52% de sua superfície está coberta por unidades de conservação, sendo que 6,34% estão na forma de Proteção Integral e 3,53% como sendo de Uso Sustentável (LACERDA & DEUS, 2007).

O SNUC agrupou vários instrumentos políticos de proteção ao meio ambiente que vinham sendo efetivados desde 1934 com o Código Florestal. A Política Nacional do Meio Ambiente (lei nº 6938/88) contribuiu e muito para a elaboração das diretrizes do SNUC. Destacamos que diversas categorias do SNUC como APA, RESEX, PARNA etc., foram criadas através dos decretos-leis a partir da década de 1930 até meados de 1988.

Uma novidade foi a substituição do termo “áreas protegidas” para “unidades de conservação”. A partir do SNUC o termo unidades de conservação passou a ser utilizado como as áreas naturais protegidas oficialmente.

Para Medeiros (2005), apesar da existência de lacunas nesta lei, o SNUC foi um avanço que pôde ser concretizado, já que desde 1970 havia várias tentativas da criação de um documento próprio para as unidades de conservação.

E inegável o avanço que se processou no Brasil em relação à temática proteção da natureza com a instituição do SNUC. De um dos países que mais tardiamente desenvolveu instrumentos legais que criassem as condições necessárias ao estabelecimento de áreas protegidas territorialmente demarcadas, em período relativamente curto ampliaram-se às possibilidades criando-se, de maneira extremamente original em alguns casos, novas formas de proteção (Medeiros, 2005:58).

Categorias de áreas protegidas como Áreas de Preservação Permanente (APP´s), Reservas Legais (RL´s, estas também instituídas pelo Código Florestal de 1965), Terras Indígenas e Terras de Quilombo, não foram consideradas no SNUC. Medeiros (2005) considera a necessidade de discussão de um novo sistema, mais amplo e orientado, ao ordenamento das áreas protegidas no Brasil- o Sistema Nacional de Áreas Protegidas (SNAP) - cuja instituição poderia em definitivo contribuir para a integração das distintas tipologias, ações e estratégias hoje em curso no país. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) definiu “unidades de conservação” como sendo:

espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (SNUC, 2000).

O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. O objetivo das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

Unidade de Conservação (UC) é a denominação utilizada no SNUC para as áreas naturais a serem protegidas. Formalmente, são espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção da lei. As unidades de conservação são o principal instrumento do SNUC para a preservação em longo prazo da diversidade biológica, mantendo o sistema centrado em um eixo fundamental do processo conservacionista e alcançando a sua consolidação in situ.

O SNUC fornece mecanismos legais para a criação e a gestão das UC nas três esferas de governo, possibilitando assim o desenvolvimento de estratégias conjuntas para as áreas naturais a serem preservadas. A participação da sociedade na gestão das UC também é regulamentada no sistema, potencializando assim a relação entre o Estado, os cidadãos e o meio ambiente As UC da esfera federal são controladas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O SNUC prevê 12 (doze) categorias complementares de unidades de conservação, organizando-as de acordo com seus objetivos de manejo e tipos de uso em dois grandes grupos:

• As Unidades de Proteção Integral tem como objetivo básico a preservação da natureza, sendo admitido o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na Lei do SNUC.

• As Unidades de Uso Sustentável visam compatibilizar a conservação da natureza com o uso direto de parcela dos seus recursos naturais, ou seja, é aquele que permite a exploração do ambiente, porém mantendo a biodiversidade do local e os seus recursos renováveis.

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