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Para a elaboração do presente trabalho, os procedimentos técnico-metodológicos foram divididos em cinco partes distintas. Primeiramente realizou-se o levantamento bibliográfico em duas vertentes, uma com vistas às abordagens relacionadas à Teoria dos Refúgios Florestais, à Floresta Atlântica, aos Brejos de Altitude, às relações pretéritas existentes entre a Floresta Atlântica e a Floresta Amazônica, e por fim aos temas relacionados à Análise Geoambiental (análise geossistêmica, ecodinâmica, etc.). E a segunda vertente, direcionada às particularidades da área em estudo, a Serra de Santa Catarina, no entanto, foram encontradas apenas informações demasiadamente genéricas e escassas.

A segunda parte constituiu na obtenção da base cartográfica (cartas plani- altimétricas, mapas da geologia, geomorfologia, solo, vegetação, etc.), imagens de satélite, que resultaram na formação de um banco de dados georreferenciados sobre a área em estudo.

A terceira parte foi constituída pela realização dos levantamentos de campo que tiveram os seguintes objetivos: averiguar in locuo às informações obtidas através do geoprocessamento e obter uma maior precisão quanto aos estudos de caracterização da área através do preenchimento das fichas de campo e diálogos com a população local.

Na quarta etapa foi feita a organização e interpretação de todos os dados coletados nas fases anteriores, de tal modo que pode-se identificar os processos atuantes nos âmbitos naturais e humanos.

A quinta etapa constou na elaboração do diagnóstico geoambiental e proposta de criação de uma UC para a área em estudo, com propostas de ecoturismo e de educação ambiental.

1.2.1 Levantamento Bibliográfico

Os padrões de distribuição e possíveis relações históricas entre os diversos domínios morfoclimáticos são paradigmas biogeográficos de grande importância e complexidade. Estas questões biogeográficas já são discutidas há bastante tempo dentro e fora do país. Há um entendimento quase unânime de estas questões estão intimamente relacionadas com as flutuações climáticas ocorridas durante o Quaternário. Diversos autores entendem que tais flutuações foram responsáveis por seqüências de expansões e retrações das florestas úmidas, as quais cederam espaços temporários para uma vegetação seca.

Dessa maneira, durante o ultimo período de máxima glaciação ocorreu uma invasão de uma vegetação seca o que levou a formação de refúgios de florestas úmidas, isolando espécies que não toleram climas secos. Desta feita, durante o subseqüente período interglacial, houve uma recomposição das florestas úmidas, dando inicio a uma seqüência de eventos ecológicos que caracterizam os padrões biogeográficos hoje vigentes, com a presença ainda de espaços diferenciados (enclaves úmidos e sub-úmidos) dentro dos domínios do clima semiárido (BIGARELLA et al, 1975; AB´SÁBER, 1982; BIGARELLA & ANDRADE- LIMA, 1982; SALGADO-LABOURIAU, 1982; BEHLING et al, 2000; PENNINGTON et al, 2000).

Além disso, parte da Floresta Atlântica nordestina encontra-se isolada em refúgios, ou brejos de altitude, que constituem “ilhas” de florestas úmidas em áreas sub- úmidas e semiáridas do agreste e do sertão (VASCONCELOS SOBRINHO, 1971; BIGARELLA et alli, 1975; ANDRADE-LIMA, 1982).

A importância dos estudos relacionados a este tema está centrada no fato de que os brejos de altitude, os enclaves úmidos ou sub-úmidos ou áreas de exceção servem de refúgio para diversas espécies, além de proteger mananciais hídricos ainda proporcionam suporte para a base sócio-econômico da região semiárida nordestina.

Bibliografias sobre as unidades de conservação também forma utilizadas, afim de se estabelecer uma proposta de criação de um Parque Estadual para a Serra de Santa Catarina.

1.2.2 Análise Geoambiental

A Análise Geoambiental constitui-se numa abordagem que vem sendo muito debatida e modificada no decorrer das últimas décadas, principalmente no que diz respeito à Geografia Física e sua aplicação nos trabalhos desta natureza. Desta forma, é imprescindível a sua utilização nos estudos que envolvem a natureza e as repercussões das intervenções humanas no ambiente.

Por conseguinte, é de fundamental importância que se realize uma contextualização do processo evolutivo da análise geoambiental desde que ela ainda era realizada de forma setorial até o momento em que houve a inserção da Teoria Geral dos Sistemas, o que é feito até a atualidade. Esse resgate do processo de evolução da análise geoambiental deve ser realizado ressaltando os trabalhos publicados e suas importantes contribuições para a atual abordagem dos componentes ambientais.

Com a finalidade de elucidar alguns paradigmas abordados neste trabalho, relacionadas ao arcabouço conceitual constituinte da Geografia Física, como por exemplos, o conceito de geossistemas e da ecodinâmica, notou-se a necessidade de citar trabalhos de enorme importância como os de Bertrand (1969), Sotchava (1977;1978), Tricart (1977), entre outros.

2 CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DA ÁREA DE ESTUDO

A Serra de Santa Catarina é parte integrante do denominado Planalto da Borborema. O referido Planalto constitui o mais característico e elevado acidente (geomorfológico) da Região Nordeste, exercendo na Paraíba um papel de particular importância no conjunto do relevo e na diversificação do clima (BRASIL,1972).

A área em estudo, na realidade é composta pelo Lineamento Patos. Sua Geologia é datada do Pré-Cambriano grosso modo representada por gnaisses e migamatitos. Geomorfologicamente a serra é caracterizada como um alinhamento de crista, pertencendo a categoria de outras áreas cristalinas elevadas - relevo desde ondulado até montanhoso (BRASIL, 1972).

A referida serra por apresentar características ambientais propícias para o desenvolvimento da agricultura de subsistência e em certos locais exibir aptidão à criação extensiva, além de elevado potencial para o fornecimento de madeira, tem sido bastante visada. O uso desordenado de seus componentes ambientais tem gerado preocupação por parte dos órgãos responsáveis pelo monitoramento dos recursos naturais paraibanas, as universidades e sociedade civil organizada, o que tem impulsionado os estudos ambientais nesta área.

No entanto, tendo em vista que os estudos ambientais realizados nesta porção do estado ainda encontram-se em processo de construção, há certa dificuldade em encontrar trabalhos científicos que tratem especificamente das condições geoambientais da Serra de Santa Catarina. Tal dificuldade fez com que conseguíssemos em sua maioria trabalhos de caracterizações gerais do estado. Apesar disso, a dificuldade em encontrar informações sobre a área em estudo acabou por contribuir para a elucidação da realidade ambiental, pois tratamos de realizar vários levantamentos de campo.

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