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O TEMPO EM TERRAS BRASILEIRAS: ACESSÍVEL ESCUTA

No documento Literatura na universidade: para quê? (páginas 38-41)

3 NAS RIMAS DO MEU ESTILO

3.3 O TEMPO EM TERRAS BRASILEIRAS: ACESSÍVEL ESCUTA

Por cerca de dois anos, que corresponderam ao período de 2010 e 2012, o universo dos sujeitos da pesquisa foi construído. A partir do levantamento de professores que lecionam disciplinas de Literatura em Universidades Públicas do Estado da Bahia, foram selecionados profissionais que se têm destacado, ao longo dos últimos anos, pelas suas produções acadêmicas e literárias. Embora o perfil do profissional exigido na pesquisa corresponda a um número significativo de profissionais, o convite foi feito a vinte e um professores pela facilidade de acesso aos seus endereços eletrônicos para contato inicial, ou por indicação de pessoas próximas. Entretanto, em termos quantitativos, houve a participação efetiva de sete docentes vinculados às Universidades Públicas do Estado da Bahia, conforme referência já feita.

Dentre eles, estão presentes professores do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade do Estado da Bahia (UNEB) das cidades de Salvador e Irecê. Importante salientar que além de professores, alguns são críticos e ou escritores de Literatura, o que significa dizer que não se trata de depoimentos restritos de teóricos apenas, afastados do processo educativo-criativo. São pessoas que têm uma estreita relação com o texto literário, ou seja, aqueles que dedicam boa parte das suas vidas pessoal e profissional a ler, estudar, refletir, criar e ensinar Literatura.

Após contato para convite, foram dados os devidos esclarecimentos quanto à natureza e objetivos do estudo. Assim, com data, local e horário previamente marcados, os encontros ocorreram, na cidade de Salvador/Ba, em lugares distintos. Alguns em lugares públicos, como: livraria, casa de chá, outros em lugares privados: suas próprias residências. Por saber que a entrevista oral é sempre única e exclusiva e que jamais teremos como repeti-la, dado que as experiências quando reconstruídas obedecerão às novas situações comunicativas de interação, naquele determinado contexto singular e específico, as falas, após consentimento prévio, foram gravadas em áudio. Como manutenção do componente ético, o direito ao sigilo também foi respeitado.

Em cada encontro em particular, foram apresentados blocos temáticos. Primeiramente, foi solicitado ao professor entrevistado que falasse um pouco sobre a sua experiência com a leitura literária: na infância; na Escola Básica - Ensino Fundamental e Médio; e na Universidade. Para cada um deles, perguntas foram acionadas como disparadoras dos relatos e outras se impuseram à interação, como, por exemplo, a existência ou práticas de leitura em âmbito familiar, influência de professores, bem como aspectos sociais ou culturais que despertaram o interesse pela literatura e contribuíram para o seu processo de formação literária. Procurou-se ainda saber o que lê o professor de Literatura nos dias de hoje. No segundo bloco, fatos que diziam respeito à formação acadêmica e à profissão foram temas de pauta. Perguntas específicas sobre o curso de Letras com relação à contribuição dada aos estudantes no que concerne à formação profissional futura foram propostas.

A proposta se estruturou em acordo com o caminho traçado por Cannel e Kahn (1974). Ou melhor, como um roteiro de perguntas norteadoras, conforme referência já feita anteriormente, que representa uma composição em tópicos gerais selecionados e elaborados de tal forma a serem abordados com todos os entrevistados. Entretanto, vale salientar que, apesar de seguir um roteiro, houve flexibilidade, uma vez que a pesquisa se constituiu a partir da relação presencial entre sujeitos. Dessa forma, implicou uma dinâmica que envolveu o processo de diálogo que fluiu naturalmente, de modo a suscitar a livre expressão do entrevistado quanto às crenças, às opiniões, aos valores, aos sentimentos, às razões relativas ao perguntado. Por essa razão, ao perceber, em alguns momentos, que a pergunta não fora bem entendida, um subtópico era colocado a fim de que o entrevistado pudesse emitir as suas considerações com mais liberdade, especificamente, diante das respostas de natureza subjetiva que, certamente, devem ser consideradas e respeitadas.

Os relatos orais foram retextualizados para a linguagem escrita, guardando princípios da fidedignidade, de maneira a se compreender as experiências de leitura de textos literários que fizeram parte dos processos particulares de formação do leitor, bem como a concepção dos professores de Literatura sobre o papel dos cursos de Letras na formação do leitor literário. Compreendê-las significa legitimar cada uma em sua singularidade, para além de juízos de valor como ―mais correto‖

ou ―mais adequado‖. Sendo assim, não podemos esquecer que cada um é fisgado de maneira diferente ou também tem o direito de não se deixar fisgar. Nesse sentido, a metodologia escolhida procurou compreender tudo aquilo que determinados tópicos podem provocar, sem preocupação de saber se a resposta foi ―verdadeira‖ ou ―correta‖. Concluída essa fase, os textos foram enviados a cada um dos participantes para a sua apreciação e aprovação. Assim como alguns professores se mostraram sensíveis ao propósito do estudo e se dispuseram a participar, outros reconheceram o seu direito de recusar as declarações dadas por não concordarem com alguma dimensão da pesquisa, ou por qualquer outra razão particular. Cabe registrar, porém, que houve um caso de desistência da participação, antes consentida, por razão estritamente pessoal.

A fim de assegurar os dois principais fundamentos éticos, que são o de informar corretamente aos indivíduos e o de proteger as fontes, se assim desejarem, foram preservadas as identidades dos sujeitos.

Apesar de alguns professores se mostrarem receptivos em serem identificados, optei por preservar os seus nomes para atender a uma organização na construção textual, como também criar uma unidade metodológica no tratamento do corpus. Assim, o princípio da liberdade de expressão aliado ao respeito e confiança mantidos em todo o processo, bem como para atender às solicitações individuais, os sujeitos aparecem identificados com as siglas BR- Brasil, seguidas por um número de identificação conforme ordem de entrevistas disponibilizada, como também, em alguns momentos a formação acadêmica que possui: BR1, BR2, BR3, BR4, BR5, BR6 e BR7.

Na continuidade, passa-se a conhecer, ainda que por apresentação do currículo mínimo, os sete professores brasileiros implicados na pesquisa.

BR1: Professor Titular da Universidade Federal de Feira de Santana/Ba. Poeta, Artista Plástico e Membro da Academia Baiana de Letras. Licenciado em Ciências Sociais. Mestre em Letras. Doutor em Estudos Literários. Áreas de atuação: Linguística, Letras e Artes, Literatura Comparada e Teoria da Literatura.

BR2: Professor Assistente da Universidade do Estado da Bahia. Graduado em Letras Vernáculas. Mestre em Letras. Doutorando em Literatura e Cultura. Áreas de atuação: Literatura Brasileira, Crítica Cultural e Crítica Literária.

BR3: Professor Adjunto IV da Universidade Federal da Bahia. Poeta e Ensaísta sobre Literatura Moderna e Comparada. Graduado em Administração de Empresas. Bacharel em Letras Vernáculas. Mestre em Letras e Linguística. Doutor em Letras e Linguística – Teoria e Crítica da Cultura e da Literatura. Pós Doutor em Literatura Portuguesa. Área de atuação: Literaturas de Língua Portuguesa com poesia e poéticas da modernidade e contemporaneidade.

BR4: Professora Assistente da Universidade Federal de Feira de Santana. Escritora. Graduada em Letras Vernáculas. Mestre em Letras e Linguística. Doutora em Estudos Literários. Área de atuação: Estudos Literários, Tópicos da Crítica e da Cultura, Literatura Comparada, Literatura de Língua Portuguesa.

BR5: Professor Associado da Universidade Federal da Bahia. Escritor. Jornalista. Graduado em Jornalismo. Mestre em Ciências Sociais. Doutor em Letras e Linguística. Área de atuação: Poesia Brasileira, História da Literatura, Lírica Brasileira do século XX.

BR6: Professora Adjunta III da Universidade Federal da Bahia. Licenciada em Letras. Especialista em Letras. Mestre em Letras. Doutora em Literatura Brasileira,. Área de atuação: Letras e Cultura, Literatura Brasileira, Crítica Literária e Literatura Baiana.

BR7: Professora Titular da Universidade do Estado da Bahia. Graduada em Letras. Mestre em Letras e Linguística. Doutora em Teoria e Crítica da Literatura e da Cultura. Área de atuação: Teoria Literária, Recepção, Ensino da Literatura, Cultura e Identidade, Crítica Cultural, Literatura Comparada.

Após apresentar os professores brasileiros de Literatura inseridos no estudo e a sua formação passo a descrever o procedimento que resultou em uma possível escuta em terras lusitanas.

No documento Literatura na universidade: para quê? (páginas 38-41)