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PARTE I: CONTEXTUALIZAÇÃO E CONSIDERAÇÕES

1.3. O testemunho da atual paisagem

Uma rápida descrição, associada às fotografias que se seguem a cada texto, pode revelar um pouco da paisagem atual, a ser protegida nas praias de Gamela e Guadalupe. Um misto da NATUREZA marcada pelas várias intervenções humanas que foi desenhando ao longo do tempo o cenário que hoje descortina o mangue e o coqueiral; os remanescentes da restinga e o loteamento; a beira mar com suas falésias, coqueiros e casas de veraneio e a vila dos pescadores no limite mais oeste do loteamento (Foto 3).

Foto 3: Vila dos pescadores no canto inferior direito e casas do veraneio no canto superior Esquerdo.

No sentido Sul – Norte estão o pontal de Guadalupe, na margem esquerda do estuário do rio Formoso; a praia de Guadalupe, a ponta da Gamela e finalmente a praia da Gamela, que se limita com a praia do Guaiamum; numa sucessão de diferentes paisagens.

No pontal de Guadalupe o manguezal (Foto 4) vai descortinando um areal e compondo numa praia de areias grossas e águas límpidas, que na maré vazante se

transforma uma extensa área de piscinas naturais. (Foto 5). Na seqüência, a praia revela um coqueiral, e o contraste entre as casas pequenas e simples (Foto 6), antigas residências, ocupadas pelos caseiros da propriedade e as atuais casas de veraneio dos proprietários (Foto 7). Ai está também a marca da ocupação colonial revelada na antiga casa grande da propriedade.

Foto 4: Pontal de Guadalupe. Foto 5: Piscinas naturais.

Foto 6: Casa de morador Foto 7: Casa de veraneio

Essa costa vai ganhando altura e na praia de Guadalupe se transforma em falésia viva, com diferentes características. Inicialmente ela é uma falésia argilosa, formada por paredões coloridos, com argila de várias cores, como o quase branco, o verde água, o verde musgo e os tons amarelos, que variam do marfim ao telha, passando pelo quase vermelho. Nessa área a praia está coberta de seixos moles desses vários tons de cores (Foto 8).

Em seguida a falésia colorida se veste de branco por sob os remanescentes da restinga de capoeira (Foto 9). Na seqüência um contraste do negro da rocha vulcânica e o branco das areias da praia de Guadalupe (Foto 10). Nessa área começa a aparecer por sobre

a falésia, na beira mar, tanto o coqueiral, como, as casas de veraneio do loteamento A Ver o Mar (Foto 11), ao qual se retornará oportunamente.

Foto 9: Falésia por sob remanescente de restinga.

Foto 8: Detalhe falésia de argila colorida. Foto 10: Detalhe falésia de pedra vulcânica.

Essa área das falésias se constitui em um mirante que descortina uma paisagem da praia e do mar, com vista para o pontal de Guadalupe e a praia dos Carneiros, no sentido Sul e a ilha de Santo Aleixo (Foto 12), no sentido Norte, muito visitada por veranistas e turistas por possuir uma praia protegida, com águas cristalinas.

Segundo o diagnostico sócio-ambiental da APA de Guadalupe (CPRH, 1998, p. 21), esta é uma unidade geoambiental classificada como modelado colinoso, ocorrência

única na área. Trata-se de uma formação Cabo, de idade cretácea, constituída por arenitos, argilitos e silititos. Uma área que conta também com uma ocorrência vulcânica cretácea, da formação Ipojuca, representada pelo afloramento que forma as falésias em Guadalupe e pelo afloramento que forma a ilha de Santo Aleixo.

Foto 11: Casas de veraneio por sobre a falésia.

Foto 12: Ilha de Santo Aleixo tendo ao fundo a praia do Guaiamum.

Depois a falésia vai então se desfazendo, com o abaixamento da costa, num desenho que forma uma ponta a partir da qual a praia toma o contorno de uma Gamela, o que lhe valeu o nome de praia da Ponta da Gamela (Foto 13). Ali se encontra a casa grande

(Foto 14) e a capela de Nossa Senhora do Guadalupe, do antigo sítio da Gamela e trinta barracas (Foto 15), construídas com madeira e palha de coqueiro, onde alguns nativos comercializam bebidas e alimentos na época do veraneio. É uma das áreas mais nobres da praia, para banho de mar, nesse trecho um bloco de arrecifes coberto por uma rica fauna e flora, protege a praia dos impactos das ondas e oferece, em suas piscinas naturais, banhos em águas cristalinas na presença de pequenos e diversos peixes (Foto 13). Uma área onde a presença do coqueiro também é marcante, por ter sido a produção do coco a principal atividade produtiva da área, antes da implantação do referido loteamento.

Foto 13: Praia da Ponta da Gamela e Praia da Gamela.

A beira mar apresenta na paisagem seguinte uma praia de mar aberto, com ondas fortes, areia grossa de tom amarelado cavada pelo mar em forma de gamela a partir de sua ponta, o que lhe justifica o nome de praia da Gamela. Nesse trecho, um vasto coqueiral é o contorno de destaque, os lotes de beira mar ainda não foram comercializados, as poucas casas construídas então a uma distancia com cerca de cento a cinqüenta metros da praia, uma faixa toda tomada pelos coqueiros, como símbolo da preservação da natureza, para o veranista, para o turista e para a maioria dos moradores, especialmente os mais jovens, que têm no coqueiro uma espécie nativa.

Foto 14: Casa colonial da praia da Gamela.

Foto 15: Barracas na beira mar, na Ponta da Gamela.

No limite Sul e Oeste dessas praias está o estuário do Rio Formoso com seu manguezal e áreas de salgados (Fotos 1, 2 e 16). Estas últimas, raras na atual paisagem litorânea pernambucana, vitimadas pelo aterro e drenagem para a cultura do coco e a implantação de loteamentos. A restinga ainda apresenta remanescentes em diferentes

estágios de recuperação que vai da capoeirinha a mata de restinga. Ecossistemas que apesar do discurso do turismo ecológico para a área apresentam–se sob forte pressão com as construções do loteamento e das obras de infra-estrutura do CT.

Foto 16: Área de Salgado.