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Secção II – Enquadramento Teórico

4. Técnica de Dança Clássica

4.1. O trabalho de Pontas

O uso das sapatilhas de ponta, é um resultado natural dos ballets românticos, onde o objetivo era que as bailarinas dançassem com o máximo de leveza e graciosidade “de modo a obter a impressão de leveza e um efeito aéreo,” retratando criaturas sobrenaturais, tais como as Ninfas e as Sylphides. (Batalha, 2004, p. 199). “A ballet technique developed and became more refined and exact through Carlo Blasis’s teaching and the Italian School, more and more virtuoso dancing was done on point, including multiple turns and longer balances.” (Foster, 2010, p. 19). De forma a acompanhar a evolução técnica do trabalho de pontas, foi necessário inovar e fabricar sapatilhas de ponta mais sólidas, que suportassem as exigências técnicas dos grandes mestres de dança. Assim, foi criado um novo design de sapatilha de ponta italiana, com o nome de Nicolini.

No decorrer dos anos, com a evolução das sapatilhas de ponta, possibilitou o desenvolvimento técnico do trabalho de pontas. Segundo Bowes (2007), “at first, dancers

simply posed sur les points from time to time, but today’s dancers perform an increasingly large and demanding repertoire on pointe.” (p. 90).

O sonho de qualquer bailarina é calçar as sapatilhas de ponta. Mas na realidade, existem vários fatores que o professor deve ter em atenção para saber se aluno está ou não preparado para a utilização das pontas. Segundo Bowes (2007), o aluno deve demostrar “excelente control of your centre and spinal alignment, strong leg and footwork, and balance easily on demi-point before you begin pointe.” (p. 90). Os alunos também devem realizar aulas de técnica de dança clássica mais que uma vez por semana.

Outro fator essencial que devemos ter em consideração, é a idade do aluno. Embora a resposta mais frequente para a iniciação de pontas seja aos 12 anos de idade, devemos ter em consideração a idade biológica das crianças, e não apenas a idade cronológica. Xarez (2012) sublinha que “como o desenvolvimento não é linear, pode existir um fosso de vários anos entre estas duas idades, ou seja, duas crianças que têm a mesma idade cronológica (12 anos, por exemplo) podem ter uma assimetria muito grande em termos maturacionais.” (p. 128). A utilização precoce das sapatilhas de ponta, podem ocasionar diversos riscos de lesões e do crescimento ósseo do pé. “Por isso, os principais critérios que devem ser tidos em conta para uma iniciação ao trabalho de pontas relacionam-se com a avaliação da maturidade biológica (óssea, muscular, ligamentar) e as avaliações física (força, flexibilidade) e técnica (domínio dos equilíbrios e outros habilidades técnicas).” (Xarez, 2012, p. 128).

Para podermos evitar futuras lesões e maximizar o trabalho de pontas, deve ser realizado um trabalho específico para o fortalecimento e alongamento dos músculos do pé e da perna. Podem ser realizados exercícios de flexão e extensão do pé com e sem banda elástica, rises e relevés realizados em uma ou duas pernas (paralelo e en dehors), mobilização dos dedos dos pés, alongamento e auto massagem. Além destes exercícios, o professor deve ter em atenção ao trabalho dos alunos realizados em sala de aula. A articulação do pé, a passagem dos dedos pelo chão nos exercícios, o correto apoio dos pés no chão, a passagem por ¼, ½ e ¾ de ponta na subida e descida dos rises, o en dehors e o alinhamento da coluna, são alguns dos aspectos fundamentais para que o aluno ganhe força suficiente para subir corretamente nas sapatilhas de ponta.

O trabalho de pontas não deve ser uma experiência dolorosa, por isso o professor deve explicar aos seus alunos as diversas opções para a proteção dos pés. O tipo e forma em que protegemos os pés, podem variar consoante o formato e a sensibilidade dos pés de cada aluno.

por isso, o professor deve aconselhar ou até mesmo acompanhar o aluno na compra das sapatilhas de ponta, procurando aquela que melhor se adapte nos pés do aluno.

4.2. Métodos de ensino

 

Ao longo de toda a história da dança clássica e no decorrer do desenvolvimento e expansão desta arte, surgiram diferentes métodos de ensino criados por grandes Mestres. A influência desses métodos, deram origem a várias escolas nacionais, variando de acordo com o estilo e abordagens metodológicas. (Minden, 2005). Desta forma, podemos destacar a escola Francesa, fundada em 1660 por Luís XIV, sendo a escola mais antiga de dança. A escola Dinamarquesa de Bournonville, a escola Italiana de Enrico Cecchetti, a escola Inglesa Royal Academy of Dance (RAD), a escola Russa de Agrippina Vaganova e por último, a mais recente escola Americana de Georges Balanchine. “The hight standards of training in the French, Russian, and Italian methods were maintained by state-supported institutions such as the Paris Opera, Kirov, and La Scala.” (Foster, 2010, p. 14). A organização curricular dessas escolas, é realizada de acordo com cada nível de ensino, proporcionando consistência técnica de qualidade na formação dos alunos.

De acordo com o método de ensino da Escola de Dança do Orfeão de Leiria, onde se desenvolveu o estágio, procurámos aprofundar o método RAD e o método de Cecchetti, clarificando a conceptualização técnica e metodológica característicos nos dois métodos de ensino.

4.2.1. A escola Inglesa: o método Royal Academy of Dance

 

Com o intuito de revigorar a qualidade de ensino nas instituições de dança britânicas, Philip Richardson7, em 1920, reuniu um grupo de professores conceituados com bases metodológicas das escolas Francesa, Italiana, Russa e Inglesa, que formaram a Association of

Operatic Dancing of Great Britain e desenvolveram um programa de exames para que todos

os professores membros, pudessem seguir. (Foster, 2010).

O método abrange cursos direcionados à todas as idades e níveis de ensino. No âmbito lúdico, o método é organizado em oito níveis, no contexto vocacional, é organizado em seis