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O Uso da Metodologia Qualitativa na Presente Pesquisa

2. INTRODUÇÃO

4.3 O Uso da Metodologia Qualitativa na Presente Pesquisa

A pesquisa avaliativa se estrutura metodologicamente na medida do que é necessário para cumprir seus objetivos. Desta forma utiliza-se de métodos quantitativos ou qualitativos conforme a necessidade. A meta-avaliação, em geral, tem um caráter mais qualitativo, na medida em que as quantidades não são o ponto central da avaliação, mas sim, a qualidade da abordagem, seu método e o produto que foi obtido na pesquisa avaliativa.

Neste sentido, citando MINAYO, 2012, a metodologia qualitativa busca o aprofundamento da compreensão de um grupo social e não sua representatividade numérica. Entendendo que as ciências sociais possuem suas especificidades.

Segundo Minayo (2012), o principal verbo da pesquisa qualitativa é compreender o indivíduo na sua singularidade, contexto, entendimentos e até contradições, considerando também a limitação da interpretação do pesquisador. Dir-se-ía, também, que a pesquisa qualitativa ajuda no

entendimento de processos, de sua singularidade, do contexto em que ocorrem e de suas contradições e limitações.

Inicialmente a metodologia qualitativa foi elencada por Augusto Comte (1798-1957), fundador do movimento positivista, estabelecendo uma hierarquia das ciências, na qual a matemática ocupava o primeiro lugar e a sociologia ocupava o último; a ciência não poderia existir sem o desenvolvimento que a precedia. Portanto, a sociologia não poderia existir sem a biologia. Partindo deste pressuposto as ciências sociais deveriam ser analisadas como as ciências físicas, onde o pesquisador busca regularidades sem julgamentos, preconceitos ou crenças que possam contaminar a pesquisa. (GOLDENBERG, 2004)

Assim, Émile Durkhein (1858-1917), defendia que o social é real e externo ao indivíduo, e pode ser verificado através da experiência dos sentidos e da observação. A visão consistia em entender “Os fatos sociais como coisas” e adotar o método científico das ciências naturais nas ciências sociais. (GOLDENBERG, 2004)

O filósofo alemão, Wilhelm Dilthey (1833-1911), influenciado pelo idealismo de Kant, discorda que a ciências sociais podem ser estudadas através da lógica das ciências naturais, pela diferença essencial do seu objeto de estudo. Pois as ciências sociais não estão suscetíveis a quantificação e o pesquisador deve estar preocupado com a compreensão de valores, crenças, motivações e sentimentos, e não com a formulação de leis generalizantes. (GOLDENBERG, 2004)

“O trabalho de campo é mãe e nutriz de toda dúvida (...) antropológica que consiste em se saber que nada se sabe, mas, também em expor o que se pensava saber, às pessoas que [no campo] podem contradizer [nossas verdades mais caras]”

Lévy-Strauss

(GOLDENBERG, 2004) A polaridade entre sujeito e objeto se complementa no processo qualitativo de construção científica a fim de objetivar um conhecimento, que tenha em sua essência como matéria prima opiniões, crenças, valores, representações, relações e ações humanas e sociais sob a perspectiva dos atores em intersubjetividade. (GOLDENBERG, 2004)

4.3.1 Escolha do Instrumento: Entrevista

A entrevista é um importante instrumento de pesquisa nas ciências sociais, sendo considerada por alguns autores como instrumento de excelência da investigação social. A entrevista é uma conversa com finalidade, um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informação sobre determinado assunto na fala ou na reflexão do próprio sujeito sobre a realidade que este vivencia ou vivenciou. (MINAYO, 2004; LAKATOS 2003)

Ao considerar o conteúdo da entrevista, temos seis objetivos segundo Selltiz: Averiguar fatos, determinar opiniões sobre fatos, determinar sentimentos, descobrir plano de ação, inferir sobre conduta do passado e atual e descobrir quais opiniões podem influenciar outras opiniões, sentimentos e condutas. (LAKATOS 2003)

A escolha da entrevista semiestruturada foi determinante, vez há um roteiro, apesar disso o pesquisador tem a liberdade fazer para outras perguntas sem perder a questão formulada. (MINAYO, 2004; LAKATOS 2003)

4.3.2 Método de Análise: Análise de Conteúdo

A Análise de conteúdo surgiu no início do século XX, fortemente ligada à corrente psicológica behaviorista; inicialmente concebida através de uma perspectiva quantitativa, e posteriormente, sob controvérsias de teóricos e pesquisadores, adotou uma perspectiva qualitativa. Dentro dos procedimentos metodológicos na perspectiva qualitativa destacam-se a categorização, inferência, descrição e interpretação. (BARDIN, 2009)

A Análise de conteúdo, enquanto método de análise de dados tem o seu foco na qualificação das vivências do sujeito e em suas percepções sobre determinado objeto e seus fenômenos, produzindo sentido e significado na diversidade de amostragem presentes no mundo acadêmico. (BARDIN, 2009; CAVALCANTE et al. 2014)

A Análise de Conteúdo busca descrever o conteúdo emitido no processo de comunicação, seja ele por meio de falas ou de texto. A Análise qualitativa de conteúdo pode resumir dados, alcançando assim a essência destes. (CAVALCANTE et al. 2014; WORTHEN BR et al.2004)

A Análise de Conteúdo, segundo, Minayo (2007) desdobra-se em etapas, que são: A pré análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos. (CAVALCANTE et al. 2014)

Na Pré Análise é preciso respeitar alguns critérios de validade qualitativa, são: a exaustividade (esgotamento da totalidade do texto), a

homogeneidade (clara separação entre os temas a serem trabalhados), a exclusividade (um mesmo elemento só pode estar em apenas uma categoria), a objetividade (qualquer codificador consegue chegar aos mesmos resultados) e a adequação ou pertinência (adaptação aos objetivos do estudo). (CAVALCANTE et al. 2014)

Bardin, (1979), compara “o analista ao arqueólogo”, pois ambos trabalham com vestígios que se manifestam na superfície, no caso do analista, este deve captar os detalhes na mensagem. (BARDIN, 1979 apud MINAYO, 2004)

As categorias de análise foram definidas com base na leitura flutuante do material produzido, e são elas que sustentam as relações sociais fundamentais e podem ser consideradas balizas para o conhecimento do objeto nos seus aspectos gerais. Já a categoria empírica, possui finalidade operacional que visa o trabalho, e seus aspectos são mais específicos. (MINAYO, 2004)

Estabelecendo categorias analíticas baseadas no Efeito Paidéia, temos:

Categoria A – “Afetos” De como os profissionais foram afetados pelo processo avaliativo.

Categoria B – “Saberes” Os Conhecimentos prévios e os agregados com o processo avaliação.

Categoria C – “Poderes” Os fatores relevantes na avaliação e seu impacto”.

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