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O volume de investimentos de capital em ACTC 16 do

No documento PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO (páginas 69-72)

governo estadual na região está positivamente relacionado com o número de EBTs.

2.3.3. Atuação das empresas

A inovação como forma de produto ou processo implementado é impulsionada pela necessidade de inovar das empresas, uma vez que as empresas tendem a inovar por demanda do mercado (ACS et al., 2009; RONDANI, 2012). A competitividade crescente, acelerada pelas mudanças de paradigma nos produtos e serviços, tem exigido que as empresas se reinventem para atender às demandas da sociedade. Nesse contexto, empresas de todos os tamanhos passaram a buscar fontes externas de inspiração (GRANSTRAND; PATEL; PAVITT, 1997). Assim sendo, é lógico pensar que o esforço das empresas é direcionado às inovações que possibilitam realização de valor de forma mais imediata.

A inovação aberta, fruto da troca e compartilhamento de conhecimento, tem-se mostrado um caminho eficaz no sentido de abastecer o ambiente corporativo com novas correntes de ideias e perspectivas, alimentando as empresas com caminhos alternativos. A capacidade de obtenção de vantagem competitiva a partir do estoque de conhecimento de outras empresas depende muito, também, da extensão da similaridade tecnológica entre as empresas (GREUNZ, 2003), e, portanto, espera-se um maior espalhamento de conhecimento em regiões de perfis tecnológicos mais semelhantes.

O modelo de inovação fechado, conforme o qual grandes empresas originam, desenvolve e comercializa tecnologias internamente funcionou bem nas últimas décadas,

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MCTIC (2018). Disponível em: <

https://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/indicadores/detalhe/recursos_aplicados/governos_estaduais/2_ 3_4.html>. Acesso em: 20/10/2018.

mas apresenta-se falível (CHESBROUGH, HENRY, 2003). Acreditava-se, nessa época, que grandes empresas com capacidades estendidas de P&D e ativos complementares poderiam superar rivais menores (TEECE, 1986). No entanto, são os ecossistemas de inovação abertos que tem prosperado em regiões desenvolvidas (WEST et al., 2014) e, recentemente, vem evoluindo no Brasil.

O conceito de inovação aberta, primeiramente cunhado por Chesbrough (2003), tem atraído a atenção da academia, das empresas e dos governos, uma vez que a inovação, fruto do conhecimento, gera competitividade que promove desenvolvimento. Isso também porque a inovação aberta fortalece a transferência de conhecimentos codificados e, desta forma, o compartilhamento e difusão de tecnologia, podendo ter impactos importantes na produtividade, no crescimento e na própria qualidade da inovação (OECD, 1997). Assim, constata-se que parte dos investimentos em inovação dessas empresas não tem sido realizada através de investimentos de P&D tradicionalmente constituídos. Ou seja, este investimento em inovação tem sido pulverizado no mercado, possibilitando que outros agentes do ecossistema desenvolvam a solução para a empresa investidora através de uma parceria. Essas cooperações no processo de inovação são firmadas pelas empresas por razões de diversificação de riscos ou custos e, geralmente, são consideradas uma estratégia eficiente para aumentar a base de conhecimento da empresa (SCHRÖDER, 2014).

Desse modo, a interação destas empresas maiores com as EBTs por meio de aquisição de conhecimento tem feito com que as corporações terceirizem seus laboratórios de pesquisa, reduzindo o risco e possibilitando a oxigenação imediata de ideias para solucionar seus problemas e desafios (SPENDER et al., 2016; WEIBLEN; CHESBROUGH, 2015).

A possibilidade de difusão de conhecimento tecnológico, intencional ou não, das instituições e empresas envolvidas com P&D para outras empresas com potencial inovador, localizadas nas proximidades daquelas (FISCHER; VARGA, 2003; JAFFE; TRAJTENBERG; HENDERSON, 1993; VARGA, 2000) tem se feito mais presente no Brasil. Estudos evidenciam a importância desta colaboração das empresas grandes na construção das EBTs (SPENDER et al., 2016; WEIBLEN; CHESBROUGH, 2015).

Se aposta que terceirizar o P&D através de parcerias possa ser uma opção de menor risco (SPENDER et al., 2016; WEIBLEN; CHESBROUGH, 2015). Com isso, a acessibilidade ao P&D das grandes empresas tem um impacto mais forte na formação de novas firmas de base tecnológica do que a acessibilidade à P&D universitária (BAPTISTA; MENDONÇA, 2010), que é mais lenta e muitas vezes mais burocrática.

Como reflexo deste cenário descrito, o crescente número de EBTs no mundo (STARTUP GENOME; ENTERPRENEURSHIP NETWORK, 2018) é também percebido pelo significativo número de publicações de editais de seleção de startups (ou de ideias inovadoras) ou challenges propostas por grandes corporações. Soma-se ainda o aumento significativo do número de aceleradoras corporativas entrando no processo de inovação aberta e na busca de potencialização de seus negócios através da capacidade inovadora destes novos empreendimentos (RICHTER; JACKSON; SCHILDHAUER, 2018).

No Brasil, há necessidade clara de uma nova estratégia para se adequar às mudanças comportamentais e tecnológicas dos processos produtivos. Se aposta que o trabalho conjunto das startups e empresas maiores possam aumentar o potencial da inovação no País (ABDI, 2017). Embora ainda pouco expressivo no Brasil, já se tem observado um acelerado engajamento das organizações nesta ação conjunta. Prova disso foi a edição, em 2017, do primeiro edital da Startup-Indústria, promovido pela Agência

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, que premiou 27 startups escolhidas por 10 das mais inovadoras indústrias do Brasil (BRF, Embraer, Natura, 3M, Embraco, Ericsson, Libbs, Votorantim Cimentos, Caterpillar e Dow) para o coo-desenvolvimento de 32 soluções, gerando 27 cases de sucesso de relacionamento.

Posto isto, formula-se, neste estudo que a representação da atuação da empresa, seja através do seu potencial de investir em P&D que tem relação com o porte e é realizado através da criação de patentes. A interação das empresas com o ecossistema através do investimento de P&D em inovação aberta, que tem importante atuação da produção de conhecimento e inovação da região não está sendo contemplado neste estudo por não serem informações disponíveis.

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Novas possibilidades de inovação para a indústria. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Disponível em: <https://abdi.com.br/inovacao/startup-industria>. Acesso em: 12/11/2018.

2.3.3.1. Características do parque de empresas da região

O volume do capital disponível para investimento pelas empresas privadas, seja ele diretamente em P&D ou usando este recurso em parceiros com a inovação aberta, depende da sua robustez. As grandes empresas podem ter acesso a uma gama maior de conhecimento e capital humano do que as pequenas empresas, permitindo taxas mais altas de inovação (BAPTISTA; MENDONÇA, 2010). Modrego (2015) entende que o tamanho da empresa é um bom preditor de seu investimento em P&D. Estudos anteriores já apresentaram evidências que apontam para um efeito positivo dos gastos privados de P&D em inovação local (FELDMAN; FLORIDA, 1994).

Desta forma, mensurar o porte das empresas de uma região através do seu Valor Adicionado Bruto (VAB) pode ser um bom indicador do seu potencial de investimento. Fritsch (2007) encontrou resultados indicando que um alto nível de riqueza regional (medido através do VAB) pode estimular as startups. O VAB é o resultado final da atividade produtiva de um período, resultante da diferença entre o valor da produção e o valor do consumo intermediário. Desta forma, tem-se o VAB da indústria (VABI), do agronegócio (VABA) e das atividades de serviço (VABS). Os valores adicionados de cada um destes setores procuram medir a participação da indústria, do agronegócio e dos serviços na economia, podendo indicar o grau de industrialização ou servitização de uma economia regional. Buscando-se analisar se características mais indústrias ou de serviço, ou do agronegócio impulsionam mais a criação das EBTS na região, tem-se:

Hipótese 9: O Valor Adicionado Bruto (da Indústria, Agronegócio e

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