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De acordo com Moreira et al. (2013) a Organização Mundial de Saúde (OMS), apresentou, em 2010, a obesidade como a doença do século. Definida pela caracterização de acúmulo excessivo de gordura corporal, ocorrendo como consequência do balanço energético positivo, a qual seus agravantes podem causar sérios prejuízos à saúde e redução na qualidade e perspectiva de vida. Sendo o

resultado de diversas interações intrínsecas e extrínsecas do organismo, nas quais, como principal fator caracteriza-se o aspecto genético associado a ambientes e comportamentos favoráveis.

Pesquisas atuais demonstram a relação direta da distribuição da gordura corporal na etiologia dos desarranjos metabólicos decorrentes da obesidade (GRUNDY et al., 2004; DOYLE et al., 2012).

Petribu et al. (2012) referem-se à deposição de gordura na região de tronco e abdome, como obesidade abdominal visceral, sendo o maior agravante para disfunções cardiovasculares e distúrbios na homeostase glicose-insulina, apresentando maiores complicações à saúde que a obesidade generalizada (PETRIBU et al., 2012).

Soma-se a este risco a hipertensão arterial, dislipidemias, fibrinólise, aceleração da progressão da aterosclerose e fatores psicossociais. A presença concomitante de obesidade centralizada a um ou mais dos distúrbios metabólicos apontados caracterizam a síndrome metabólica (DEMERATH et al., 2008) e está associada ao maior risco de morbidade e mortalidade decorrentes da doença aterosclerótica e de suas consequências, sendo a maior causa de morte no Brasil (RIBEIRO et al., 2006).

Um estudo epidemiológico realizado pela Framingham Heart Study examinou a influência do peso corporal no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Foi realizado em Framingham, uma comunidade dos Estados Unidos, em 1948 por meio do acompanhamento da vida diária de 5.070 homens e mulheres acompanhados durante 26 anos com o objetivo de investigar o desenvolvimento de doença cardiovascular. Os resultados encontrados foram que a população deste estudo apresentava, em média, peso 20% acima do desejável (DINIZ, 2008) e revelou que a obesidade é o principal fator de risco para a ocorrência de eventos cardiovasculares (CERCATO et al., 2000; LOTUFO, 2008).

O aumento do índice de indivíduos com sobrepeso e adiposidade deu- se por múltiplos fatores dentre eles fatores genéticos, ambientais, emocionais e metabólicos (GUIRRO; GUIRRO, 2002). Segundo Coutinho (2007) as principais causas dessa doença são o desequilíbrio orgânico que superestima o valor calórico ingerido comparado ao gasto energético e o sedentarismo, consequências de um ambiente obesogênico existente, já que o padrão de vida da sociedade moderna

acarreta, na maioria das vezes, promoção de balanço energético positivo e a redução de atividade física (TROMBETTA, 2003).

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, 42,7% da população brasileira estavam acima do peso no ano de 2006; em 2011, esse número passou para 48,5% (SBEM, 2014), já em 2013, esse valor subiu para 52,5% da população (BRASIL, 2014), corroborando com dados divulgados pela OMS (2013) referentes ao ano de 2011.

Em relação ao aumento de mortes por doenças cardiovasculares, com 300 mil mortes no país calculado por meio do Índice de Massa Corpórea (IMC) = peso (kg)/ altura2 (m), dentro dos limites impostos pela OMS que são valores de IMC

de 18,5 a 24,9 indivíduos eutróficos; 25 a 29,9 Sobrepeso; 30 a 34,9 Obesidade grau I; 35 a 39,9 Obesidade grau II; maior ou igual a 40 Obesidade grau III (GODOY- MATOS et al., 2009).

Em contrapartida, pesquisas nacionais de população adulta com dados de peso e estatura autorreferidos mostraram que as taxas de prevalência de obesidade têm aumentado ao longo dos últimos quatro anos, de 11% para 15%, respectivamente (VIGITEL, 2006 e 2010). Em 2014, a VIGITEL divulgou a pesquisa nacional mais recente que mostra que os adultos maiores de 18 anos obesos chegam a 17,9% da população (BRASIL, 2014), demonstrando aumento ainda maior àquele avaliado pelo Ministério da Saúde.

Por estes fatores, o tratamento das doenças relacionadas ao sobrepeso e à obesidade como diabetes, hipertensão arterial, doença coronariana, AVE, osteoartrite e vários tipos de câncer, acarreta um aumento substancial dos gastos de saúde para os diversos sistemas (BAHIA; ARAÚJO, 2014).

Nos Estados Unidos, o gasto com um indivíduo obeso com complicações relacionadas ao excesso de peso é 42% maior quando comparado ao gasto de indivíduos internados não obesos e 100% maior em casos de pacientes obesos com complicações graves (FINKELSTEIN et al., 2010).

Com relação ao levantamento mundial realizado pela OMS, estudos analisaram os custos da obesidade para os indivíduos, nos Estados Unidos o custo médio anual é de 5 a 7% do total de despesas com saúde dos contribuintes, chegando a US$ 147 bilhões para adultos e US$ 14,3 milhões para crianças e adolescentes obesos (SCHMIDT et al., 2011).

No Reino Unido, os custos diretos do sobrepeso e obesidade somaram 3,23 bilhões de euros em 2007. Um estudo de revisão sobre 19 estudos econômicos a respeito da obesidade e doenças relacionadas na Europa estimou que os custos diretos incrementais por indivíduo obeso chegam a ser de 117 a 1.873 euros, a mais, em relação a um indivíduo de peso normal (ALLENDER; RAYNER, 2007).

Há influência entre os gastos relacionados a doenças associadas à obesidade, sendo que estes representam uma parte significativa do orçamento de vários países. Na Alemanha, os custos totais da obesidade em custos diretos e indiretos compreendem 0,47% a 0,61% do produto interno bruto (KONNOPKA; BODEMANN; KINING, 2011).

No Canadá, os custos diretos para o sistema de saúde com as doenças relacionadas ao sobrepeso e à obesidade no ano de 2006 foram de $2 bilhões e $3,9 bilhões, representando 1,4% e 2,6% dos gastos totais em saúde respectivamente (BAHIA; ARAÚJO, 2014).

No Brasil os gastos em internações relacionadas às complicações de doenças secundárias ao excesso de peso é o dobro na população feminina comparada a população masculina (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Além do alto custo aos cofres públicos e aumentado risco à saúde populacional, Peltonen (2015) por meio da The Lancet Diabetes & Endocrinology, divulgou um estudo recentemente que demonstra que a expectativa de vida de um indivíduo obeso, pode ser reduzida em até oito anos e o período de vida saudável, isto é, livre de doenças cardiovasculares e diabetes, em até 19 anos.

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