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Apesar das revisões feitas por Fischer com respeito à capacidade para responder às razões, alguns problemas ainda permaneceriam. Gary Watson, por exemplo, aponta uma preocupação sobre a tese da assimetria, e oferece uma justificativa para a afirmação de que o componente da reatividade fraca seria insuficiente para contar como uma condição para o controle de direcionamento e responsabilidade moral. A crítica refere-se a uma situação envolvendo um usuário de drogas. A ideia é supor que a única coisa que impediria uma pessoa de usar a droga seria, devido à sua fobia por ratos, se a droga fosse colocada em uma gaiola cheia de ratos. O que a crítica quer mostrar, por meio desse caso, é que a noção de controle não poderia ser identificada com a sujeição de algum contraincentivo (WATSON, 2001, p. 378- 379).

Fischer e Ravizza poderiam responder à objeção levantada por Watson afirmando que a presença de certos incentivos alternativos daria origem a diferentes mecanismos. A resposta consistiria em afirmar que o mecanismo operante no cenário alternativo, quando a droga é posta na gaiola e há a presença do medo, difere do mecanismo operante no cenário real, onde há o vício pela droga. Porém, o problema é que não seria suficiente para o controle de

direcionamento que o mecanismo responda diferentemente a uma razão suficiente para fazer de outro modo em um cenário alternativo. É necessário que o mesmo tipo de mecanismo possa reagir diferentemente na presença de razões reais contrárias (FISCHER; RAVIZZA, 1998, p. 73-74).

Para Watson, é difícil de avaliar essa resposta porque ela depende de questões obscuras sobre a identidade de mecanismos (WATSON, 2001, p. 379). Fischer e Ravizza admitem que eles “não podem especificar qual mecanismo é ‘o’ mecanismo relevante para a avaliação da responsabilidade” (FISCHER; RAVIZZA, 1998, p. 47). É uma pressuposição da teoria “que para cada ato existe intuitivamente um mecanismo natural que é apropriadamente selecionado como o mecanismo resultante na ação, para os propósitos de avaliar o controle de direcionamento e a responsabilidade moral” (FISCHER; RAVIZZA, 1998, p. 47).

Watson lança dúvidas sobre o apelo à intuição para a explicação de qual seria o mecanismo relevantemente conectado com o controle de direcionamento e a responsabilidade moral (WATSON, 2001, p. 379). Esse ponto pode ser esclarecido apresentando três exemplos. O primeiro deles eu cito:

Goldie vota em Nader. A ação de Goldie é justificada pela razão de que os outros candidatos são corruptos. Nesse caso, o mecanismo é o processo de deliberação sobre qual candidato apoiar. O teste para saber se o processo é reativo às razões consiste em imaginar um cenário alternativo em que (a) o mecanismo real opera, (b) existe razão suficiente para fazer de outro modo e (c) o agente faz de outro por essa razão. Como que o comportamento de Goldie satisfaz esse teste? Supondo que minutos antes da votação o partido que apoia o candidato oponente fornece informações sobre Nader ao amigo de confiança de Goldie, o qual o influencia a não votar em Nader. Nesse cenário alternativo, é razoável dizer que o mesmo mecanismo, isto é, a deliberação em relação a quem votar, resulta em um diferente comportamento. O processo é responsivo às razões (WATSON, 2001, p. 379-380).

Esse exemplo é o próprio Watson que fornece com o intuito de apontar que o mesmo mecanismo de deliberação resulta em ações diferentes.

Agora sobre o segundo exemplo. Suponha que Brown seja incontinente e que tenha um forte desejo pela droga não viciante Plezu. Embora “ele reconheça que existam fortes razões para não usar a droga toda manhã (...) o único cenário em que ele não a usaria seria aquele em que se ele injetasse mais uma vez teria como grave consequência a sua morte” (FISCHER; RAVIZZA, 1998, p. 69-70). Como o seu comportamento é fracamente reativo, ele seria responsável por ter usado a droga.

Segundo Watson, esse exemplo é problemático. Qual é o processo ou o mecanismo que explica por que ele usa a droga? Nesse caso seria o seu desejo de ficar drogado. Em que sentido

esse mecanismo operaria no cenário contrafactual em que ele se abstém de usar a droga por causa do medo da morte repentina? Nesse cenário contrafactual o medo tornaria ineficaz o desejo de usar a droga. Então não se poderia dizer que o mesmo mecanismo opera em ambos os cenários, pois no cenário real o mecanismo operante seria o desejo de usar a droga e no cenário alternativo ele não usa a droga por causa do medo. Reiterando, o desejo de ficar drogado não poderia ser o processo ou o mecanismo que explicaria por que o agente, nesse caso, recusa- se a usar a droga (WATSON, 2001, p. 380).

A solução para essa dificuldade consiste para Watson em destacar que o mecanismo que opera em ambos os cenários, real e alternativo, seria a reflexão sobre razões. Aceitando esse modo de interpretar a questão, então esse exemplo não seria diferente daquele da votação. No entanto, talvez Fischer não veja dificuldade nesse ponto, pois o exemplo serviria meramente para explicar o comportamento do incontinente, do agir contrariamente à razão prática.

Agora vejamos o terceiro exemplo tratando do comportamento habitual. Alguém que esteja dirigindo para o trabalho usa sempre a avenida. Ele não delibera sobre qual caminho deveria pegar, pois ir pela avenida faz parte da sua rotina. O exemplo serve para mostrar que o agente pode ser legitimamente moralmente responsável pelo comportamento apesar dele não ser resultante da reflexão prática ou deliberação.

Para avaliar se o comportamento do agente é responsável é preciso fixar o mecanismo da sequência real e questionar se em cenários hipotéticos o agente age diferentemente diante de razões contrárias. Nesse caso, o que é fixado é o fato do “agente não delibera o que fazer”. Aplicando o teste digamos que o caminho pela avenida esteja bloqueado e foi interrompido por causa de obras. É possível que existam cenários em que o motorista automaticamente responde pegando a próxima saída, sem questionar-se ou mesmo deliberar qual caminho seguir. Esse exemplo, segundo Fischer e Ravizza, “ajuda mostrar que a ação resultante na sequência real (a partir de um mecanismo não reflexivo) é moderadamente responsivo às razões” (FISCHER; RAVIZZA, 1998, p. 86).

Watson acredita que é razoável aceitar a conclusão de Fischer e Ravizza desde que seja feita uma correção no processo que explica o comportamento do agente. Para Watson, o ideal seria substituir o mecanismo não reflexivo por um termo mais abrangente, como um certo tipo de capacidade de monitoramento que é dirigida pelo objetivo do agente de chegar em um determinado lugar (WATSON, 2001, p. 381). Seria a capacidade de monitoramento que deveria estar presente em ambos os cenários, real e alternativo. Quando os eventos se desdobram de acordo com a rotina, o comportamento do agente decorreria a partir do hábito. Já quando os eventos fogem da rotina, o agente pode exercer a sua capacidade para fazer os ajustes

necessários. A correção do termo feita por Watson abrangeria tanto comportamentos resultantes de mecanismos reflexivos como de não reflexivos.

Carl Ginet chama a atenção para uma situação em que um agente percebendo que um certo caminho que ele costumava passar está bloqueado sente-se forçado a refletir e tomar uma decisão sobre o que ele deveria fazer, se entrar na próxima saída ou se fazer o retorno e procurar uma entrada anterior. Seria anormal se um agente tivesse razão suficiente para fazer de outro modo que não fosse a ação habitual e fosse incapaz de refletir sobre as alternativas (GINET, 2006, p. 234-235).

Para determinar se um agente seria moralmente responsável pelo seu comportamento, de acordo com Fischer, é preciso avaliar se a sua ação seria resultante de um mecanismo apropriadamente responsivo às razões, dando ao agente uma certa disposição complexa. Ginet acredita que Fischer deveria substituir o conceito de mecanismo pelo conceito de agente para evitar o problema da individualização do mecanismo. O ideal seria afirmar que o agente deve ser responsivo às razões e não o mecanismo. Por que não exigir apenas que o agente tenha essa disposição visto que o mecanismo não parece estar trazendo alguma contribuição para a teoria? (GINET, 2006, p. 235-236)

Watson apontou um desafio que explora a ideia central da teoria de Fischer e Ravizza:

É curioso que Fischer e Ravizza sintam a necessidade de fazer uso dessa afirmação modal. A objeção referente à justiça parece surgir de intuições que apoiam um princípio das possibilidades alternativas (responsabilizar as pessoas é injusto a não ser que elas poderiam ter feito de outro modo). Fischer e Ravizza rejeitam esse princípio por causa dos chamados casos de Frankfurt, em que algum dispositivo permanece à espera para assegurar que um indivíduo se comporte em um certo modo. Por exemplo, supondo que se Goldie fosse mudar de ideia no último momento e estivesse prestes a votar no candidato do partido Verde, o dispositivo teria assegurado que ele escolhesse votar em Nader. Assim, não existe possibilidade de que ele não escolhesse esse candidato. Fischer e Ravizza razoavelmente concluem que esse fato modal não implica que o seu comportamento real de votar não seja responsivo às razões. Isso conduz a eles a rejeitar a ideia que para ser responsável o agente deve ter alternativas ao que ele faz. Fischer e Ravizza afirmam que nos casos de Frankfurt os agentes não poderiam ter respondido diferentemente diante de incentivos contrários, mas o mecanismo operativo na realidade poderia ser responsivo às razões. O que é curioso, então, é que Fischer e Ravizza parecem sentir a necessidade de empregar uma noção de possibilidades alternativas no nível dos mecanismos. Eles parecem estar concedendo, em algum sentido, que a justiça para responsabilizar alguém depende da capacidade do mecanismo em questão responder diferentemente, uma capacidade que deve ser compatível com o determinismo causal. Mas é difícil ver como essa proposta poderia responder às preocupações sobre a justiça, a não ser que em vez de falar sobre as capacidades dos mecanismos nós púdessemos falar sobre o que as pessoas podem fazer. E se nós púdessemos fazer isso, nós deveríamos endossar uma versão compatibilista do princípio das possibilidades

alternativas e não rejeitar a sua relevância completamente (WATSON, 2001, p. 382).

O que Watson quer enfatizar é que embora Fischer e Ravizza rejeitem o princípio das possibilidades alternativas, utilizando-se dos exemplos de Frankfurt, eles argumentam que o mecanismo deveria ser responsivo às razões, isto é, o mecanismo deveria ter uma capacidade para responder diferentemente.

Agora eu retorno à questão da individualização do mecanismo. Mckenna acredita que a teoria de Fischer estaria sujeita à crítica de não conter uma explicação explícita da individualização do mecanismo, fato que é inclusive reconhecido pelos próprios autores como sendo um potencial problema. Para Mckenna, é indispensável que haja uma explicação de como o mesmo mecanismo se comporta em resposta às diferentes razões (MCKENNA, 2013, p. 161).

Fischer e Ravizza fazem uso do apelo à intuição para explicar a individualização do mecanismo, o que, segundo o crítico, torna a defesa da teoria como um todo não convincente:

Porque eles (Fischer e Ravizza) não oferecem uma base de princípios para individualização do mecanismo, eles devem fazer uso da tese puramente a partir de reações intuitivas sobre diferentes casos. Mas, como poderia ser objetado, quais elementos a partir do inteiro complexo (de eventos próximos e estados antecedentes à ação) deveriam figurar intuitivamente no mecanismo relevante variará em relação à perspectiva explanatória. (...) Que razão nós teríamos para assumir que a base para individualização de Fischer e Ravizza é a correta? A situação só piora se nós reivindicarmos uma noção hiper-restrita de uniformidade do mecanismo. Na interpretação hiper-restrita, o inteiro complexo de eventos antecedentes e estados funcionaria como o mecanismo pertinente. Se esse fosse o mecanismo relevante, o agente não poderia agir a partir de um mecanismo responsivo às razões em um mundo determinista (MCKENNA, 2001, p. 97).

Vamos imaginar a possibilidade de mundos possíveis. Aplicando a individualização do mecanismo teríamos que assumir que tanto no mundo real como no possível os mesmos fatos deveriam ser compartilhados. O problema surgiria caso se assumisse a verdade da tese determinista no mundo real, pois não poderia existir um mundo possível que compartilhasse os mesmos fatos do mundo real até um certo tempo e que, em um tempo subsequente, diferiria pela existência de um agente que age no mundo possível diferentemente de como ele age no mundo real (MCKENNA, 2001, p. 97).

Já adotando uma noção hiper-restrita, o incompatibilista poderia fazer sentido de um mecanismo responsivo às razões. Apenas em um mundo indeterminista poderia ser o caso que, com respeito a um mesmo mecanismo operando no mundo real e no possível, o agente poderia,

no mundo possível, agir de outro modo na presença de diferentes razões (MCKENNA, 2001, p. 97-98).

Uma teoria baseada em mecanismos seria problemática porque a explicação de por que uma ação ocorreu envolveria um complexo de eventos e estados antecedentes. Esses fatores explanatórios incluiriam desejos, crenças e intenções que estariam entre as razões que explicariam por que um agente agiu de um determinado modo72. O problema decorreria do fato de que Fischer e Ravizza estariam adotando a seguinte metodologia para avaliar se uma certa ação resultante de um mecanismo possuiria o controle de direcionamento: eles estariam partindo da hipótese do que teria acontecido se diferentes razões fossem apresentadas ao agente mantendo fixas certas características relevantes ou apropriadas do processo real que levou à ação. A questão é: qual seria o critério que determinaria quais seriam as características apropriadas que deveriam ser fixadas? (GINET, 2006, p. 233)

A teoria estaria pressupondo apenas que “para cada ato existe intuitivamente um mecanismo natural que é apropriadamente selecionado como o mecanismo resultante na ação, para os propósitos de avaliar o controle de direcionamento e a responsabilidade moral” (FISCHER; RAVIZZA, 1998, p. 47). Para Ginet, a intuição não acrescentaria nada para o nosso entendimento para determinar quais seriam as características relevantes. Tudo o que Fischer e Ravizza estariam sugerindo é uma distinção entre mecanismos que são responsivos às razões e mecanismos que não são responsivos às razões, e entre mecanismos responsivos às razões morais de mecanismos que são responsivos apenas às razões prudenciais. No entanto, essa explicação, segundo Ginet, não estaria individualizando os mecanismos (GINET, 2006, p. 234).

Existe uma outra dificuldade: como compatibilizar uma teoria que apela para a capacidade do mecanismo ser responsivo às razões com os exemplos de Frankfurt? Para relembrar, nesses exemplos, da perspectiva de Fischer e Ravizza, a liberdade do agente não poderia ser explicada em termos da capacidade para responder às razões. Devido à presença do interventor contrafactual, o agente não agiria de outro modo mesmo se diferentes razões fossem apresentadas a ele. Nesse caso, a hipótese adotada pelos autores consistiu em elaborar uma teoria baseada no mecanismo. Em um exemplo de Frankfurt o agente não seria responsivo às razões, mas o mecanismo a partir do qual ele age na realidade, que é o seu próprio mecanismo de ação, seria responsivo às razões (FISCHER; RAVIZZA, 1998, p. 38).

72 Existem diversas explicações das ações em termos de seus antecedentes: (a) a ação foi causalmente

determinada (necessitada) e (b) a ação foi não causada. Tanto (a) como (b) podem ser compatíveis com as possibilidades alternativas no momento da ação (GINET, 2006, p. 233).

Para avaliar essa proposta, Mckenna acredita que precisaríamos responder à seguinte questão: por que o deslocamento para o mecanismo ajudaria a resolver o possível conflito existente entre as duas teses compatibilistas, quais sejam, uma teoria baseada na capacidade para responder às razões e a carência dessa mesma capacidade vinculada ao argumento de Frankfurt? (MCKENNA, 2013, p. 159)

Partindo de um exemplo de Frankfurt, para testar se esse mecanismo resultante na ação na realidade é responsivo às razões seria preciso imaginar a existência de mundos possíveis nos quais a presença do interventor é subtraída. Para explorar esse ponto podemos imaginar o caso de um assassinato cometido por Jones. Suponha que Black não estivesse presente nesse cenário e fosse apresentado a Jones razões pertinentes para não atirar em Smith. A partir do seu mecanismo de ação, Jones reagiria de outro modo e não atiraria em Smith. Aplicando a teoria de Fischer, Jones estaria agindo a partir de um mecanismo apropriadamente responsivo às razões (MCKENNA, 2013, p. 160).

Uma implicação clara e incontroversa da explicação oferecida por essa teoria é que quando Jones age por suas próprias razões na sequência real, o que acontece é muito diferente do mecanismo da sequência alternativa, pois tivesse Black interferido e causado Jones a fazer a ação que ele quisesse, na sequência alternativa, Jones teria carecido de liberdade e responsabilidade moral.

Em um certo momento, Mckenna entende que Fischer e Ravizza deveriam ter oferecido um modo correto de individualizar o mecanismo de ação para que essa posição fosse completa (2001). No entanto, em publicação posterior, ele percebe que existe um problema estrutural com a teoria dos autores que os impede de oferecer qualquer conteúdo específico para as condições de individualização do mecanismo da ação (MCKENNA, 2013, p.163). O autor estaria se referindo aqui ao problema que Watson identificou sobre a fixação do mecanismo de hábito não refletido, visto anteriormente.

Desde a publicação do influente livro de Fischer e Ravizza, Responsibility and Control (1998), tem se assumido que o único modo de conciliar uma teoria de liberdade responsiva às razões com a rejeição do controle regulativo fazendo uso do argumento de Frankfurt seria explicando a liberdade em termos de uma teoria baseada em mecanismos. Contudo, devido às dificuldades envolvidas em explicar a individualização do mecanismo, Mckenna propõe uma teoria compatibilista de liberdade responsiva às razões baseada não no mecanismo, mas no agente (MCKENNA, 2013, p. 176).

É preciso enfatizar que para Fischer e Ravizza não seria possível que uma teoria responsiva às razões baseada no agente fosse capaz de se ajustar aos exemplos de Frankfurt e

de explicar o controle de direcionamento, pois esses exemplos excluiriam a capacidade para fazer de outro modo. As teorias responsivas às razões baseadas no agente exigem que os agentes que são adequadamente responsivos às razões sejam capazes de reagir e agir diferentemente.

Também é importante destacar que para Mckenna seria possível conciliar o argumento de Frankfurt com a noção de controle de direcionamento defendido por Fischer e Ravizza, e desenvolver uma teoria responsiva às razões sem a necessidade de contar com o conceito problemático de mecanismos. Sua proposta consiste em apresentar argumentos para mostrar como o agente pode ser responsivo às razões no contexto de um exemplo de Frankfurt.

Vimos que para Fischer e Ravizza essa conciliação não seria possível visto que o agente dentro de um cenário de Frankfurt não seria responsivo às razões. O agente, nesse contexto, seria incapaz de agir ou reagir diferentemente mesmo se diferentes razões fossem apresentadas a ele devido à presença do interventor que estaria preparado para intervir. Já Mckenna acredita que a capacidade para responder às razões poderia ser explorada de outra forma. Em vez de falar que o agente não é responsivo às razões porque ele careceria da liberdade para agir diferentemente, Mckenna propõe que o agente dentro de um contexto de Frankfurt seria adequadamente responsivo às razões, apesar de ser incapaz de reagir diferentemente, quando possui razões suficientes para reagir.

Mckenna estabelece a seguinte distinção que servirá como suporte para a sua proposta. Ser reativo às razões suficientes para agir de outro modo é distinto de ser capaz de reagir de outro modo quando confrontado com razões suficientes. Podemos ilustrar esse ponto através do seguinte exemplo. Vamos imaginar Jones fora de um contexto de Frankfurt. Jones atira e mata Smith por suas próprias razões (vingança). Digamos que a razão pela qual Jones não atiraria em Smith seria se o filho de Smith estivesse com ele. Se Jones tivesse conhecimento dessa razão ele seria reativo e reagiria de com acordo com ela, a despeito da sua razão real de vingança, dessa forma não atirando em Smith. Agora imaginando Jones no contexto de Frankfurt, se a presença do filho de Smith se tornasse relevante na tomada de decisão de Jones, então Black interferiria. Nesse caso, Jones seria incapaz de reagir de outro modo por causa de Black. Mas Jones seria reativo a essa razão, pois ser reativo nessa circunstância significaria que quando na presença dessa razão o agente não age por suas próprias razões de vingança (MCKENNA, 2013, p. 171-172).

Agora sobre a resposta que Fischer oferece para algumas das objeções. Ele concorda que uma tese compatibilista deveria ter uma explicação que contasse com um princípio de individualização do mecanismo. Além disso, ele admite que uma teoria carente dessa explicação seria incompleta. Porém, não seria razoável esperar que alguém pudesse apresentar