• Nenhum resultado encontrado

QUESTÕES FINANCEIRAS E DE INVESTIMENTO

4.2. OBJECTIVO ESTRATÉGICO 2: Organizar e Gerir

4.2.1. Introdução

A organização, o planeamento, a gestão e a utilização de informações de apoio aos dirigentes e responsáveis destas áreas devidamente processadas, são actividades e procedimentos muito importantes para melhorar a qualidade dos serviços prestados, para aumentar a produtividade, assim como para melhorar os resultados em termos de impactos dos resíduos na vida das populações.

A melhoria da gestão em toda a fileira, desde os serviços centrais até à mais pequena unidade de saúde num local remoto de uma província, é muito importante para que se possam atingir os resultados esperados pelo Plano de Gestão de Resíduos Hospitalares.

Este objectivo estratégico consiste exactamente em proporcionar condições para que no País exista uma melhor qualidade nos serviços de organização e gestão dos resíduos hospitalares. Para esse efeito, poderemos enumerar alguns passos para o desenvolvimento de um plano de gestão de resíduos hospitalares:

a) Designar uma pessoa que assuma a responsabilidade do plano a nível nacional e as equipas a nível nacional, provincial e hospitalar

Depois da tomada de decisão de implementar um plano de gestão de resíduos hospitalares, o Governo através do Ministério da Saúde, deve nomear um administrador-gestor oficial, director do planeamento e gestão de resíduos hospitalares.

Este director, deve ser responsável pela operação e monitorização do sistema de gestão de resíduos a nível nacional, devendo agir como autoridade delegada no que respeita aos aspectos de fazer cumprir as normas e a legislação entretanto aprovada. O conhecimento do País, do sistema de saúde e da técnica de tratamento dos resíduos, a atitude pró-activa e a motivação são características importantes de forma a melhorar as práticas ligadas aos resíduos, ao controle das infecções e à higiene.

A dimensão da unidade de saúde, condiciona a formação das equipas que a nível local irão assegurar todas as tarefas ligadas aos resíduos hospitalares. Assim para um hospital de maior dimensão (hospitais gerais e centrais), sugere-se que a equipa seja formada pelo director do hospital, por directores de alguns departamentos, pelo director farmacêutico, pelo enfermeiro-chefe, pelo elemento com funções de controlo de infecções, pelo engenheiro com responsabilidades nos serviços de manutenção e limpeza, pelo director de gestão de resíduos hospitalares e pelo director financeiro. Na unidades de saúde de menor dimensão, sugere-se que o responsável pelo controlo das infecções seja responsável pelo planeamento de gestão de resíduos hospitalares.

b) Recolha de informação, e elaboração de um diagnóstico através de um inquérito sobre a gestão de resíduos hospitalares

as dificuldades e as necessidades existentes. O director de gestão de resíduos hospitalares, em cooperação estreita com as equipas dos hospitais, deve ser o responsável pelo inquérito e pela análise posterior dos resultados. O inquérito constitui uma base para identificar oportunidades de melhoria na recolha, acondicionamento, manuseamento e eliminação dos resíduos devendo contemplar os seguintes aspectos:

i) composição dos resíduos;

ii) quantidade dos resíduos;

iii) fontes de geração dos resíduos;

iv) número de camas.

Os resultados do inquérito, devem ser apresentados na forma de quantidade média diária (Kg) de resíduos produzidos em cada categoria de resíduos por cada departamento. As estimativas, devem ter em conta também epidemias ocorridas no passado, assim como outras emergências que afectem a quantidade de resíduos produzidos. O inquérito deverá recolher outro tipo de informações tais como:

ƒ Informação geral: tipos de resíduos produzidos no estabelecimento de saúde, número de departamentos médicos, número de camas e taxas de ocupação entre outros;

ƒ Inventário dos equipamentos e das instalações de tratamento e eliminação dos resíduos, assim como uma avaliação das suas capacidades e eficiência;

ƒ Análise das práticas existentes de gestão de resíduos hospitalares, como sejam a separação, o armazenamento, a recolha, o transporte, o tratamento e a destruição final;

ƒ Informação sobre os equipamentos existentes, nomeadamente: quantidade de contentores, carrinhos de transporte e outros equipamentos usados na recolha, manuseamento e transporte dos resíduos;

ƒ Informação sobre as responsabilidades e papéis do pessoal envolvido no controle da higiene e na gestão dos resíduos hospitalares e as suas aptidões;

ƒ Identificar os custos relativos à gestão de resíduos hospitalares;

ƒ Verificar a existência de um sistema de código de cores para contentores e carrinhos de resíduos;

ƒ Avaliar a segurança existente (por exemplo roupa de protecção) e medidas de

como a cólera ou febres do tipo hemorrágicas);

ƒ Estabelecer um programa de formação e de consciencialização sobre este domínio;

ƒ Fazer uma análise das medidas de contingência aplicadas em caso de uma quebra de unidades de tratamento de resíduos hospitalares ou de manutenção planeada;

ƒ Recolher desenhos do estabelecimento de saúde e dos departamentos, mostrando os layouts dos departamentos médicos, dos equipamentos e dos locais de tratamento e eliminação de resíduos (tais como os incineradores), os equipamentos e os locais armazenamento de resíduos, os percursos dos carrinhos de transporte de resíduos através da unidade de saúde, o equipamento de segurança, localização dos quartos dos doentes, localização do equipamento para desinfecção e esterilização de utensílios médicos reutilizáveis, as áreas de lavagem e desinfecção dos carrinhos de recolha de resíduos, acessos à unidade de saúde;

ƒ Preparar desenhos e especificações dos contentores (para resíduos perigosos e objectos perfurantes/cortantes, entre outros), carrinhos, sacos de plástico (espessura, comprimento e largura) e roupa protectora para ser usada no manuseamento de cada categoria de resíduos (por exemplo luvas, máscaras, aventais de plástico, botas, protecção ocular, etc.).

c) Recomendar melhoramentos na gestão dos resíduos hospitalares em cada unidade de saúde, e preparar um conjunto de medidas para a sua implementação.

Nas recomendações, importa referir papéis e responsabilidades do pessoal, recursos humanos e materiais (equipamentos e instalações) e necessidades de formação. Devem ter como objectivo final a garantia de que um nível de mínimo de protecção contra riscos seja conseguido. Para isso deve-se:

ƒ Determinar o valor da produção de resíduos e dados sobre a sua composição;

ƒ Analisar as opções locais (no estabelecimento de saúde) de manuseamento, tratamento e eliminação de resíduos;

ƒ Separação dos resíduos hospitalares, em resíduos perigosos e resíduos gerais (para aterros municipais);

ƒ Assegurar a formação dos trabalhadores e a segurança no trabalho (por exemplo

armazenamento com código de cores ou sinais, enchimento, fecho e etiquetagem de sacos/contentores);

ƒ Escolha das opções mais adequadas de tratamento e eliminação.

As unidades de saúde, devem em primeiro lugar centrar-se nas práticas e nos procedimentos seguros para a separação de resíduos hospitalares, recolha interna e armazenamento, medidas que têm um enorme impacto na redução das graves consequências devido a práticas deficientes de higiene. As melhorias nestes campos devem incluir no mínimo os seguintes aspectos:

1. Separação:

• Separação de resíduos em três categorias (resíduos gerais, resíduos hospitalares perigosos e cortantes);

Uso de posters e checklists para ajudar a separar os resíduos;

• Uso de códigos de cor nos sacos/contentores ou (se não for possível) etiquetagem clara dos sacos e contentores para diferenciar entre categorias de resíduos;

• Uso de etiquetas para resíduos fechados em sacos de cor amarela ;

• Existência de medidas de segurança (roupa de protecção, etc.) e de resposta de emergência (em caso de ferimentos com objectos perfurantes, por exemplo);

• Aumento da consciencialização e formação prática no local de trabalho ;

2. Armazenamento

ƒ Manter áreas de armazenamento intermédias e contentores afastados das áreas dos pacientes;

ƒ Separar áreas de armazenamento intermédio e contentores para resíduos perigosos e resíduos gerais;

ƒ Estabelecimento de uma rotina/horário de recolha e transporte de resíduos ensacados;

ƒ Limpeza e desinfecções periódicas das áreas de armazenamento intermédias e dos contentores.

3. Transporte interno

resíduos gerais e quais se destinam a resíduos perigosos;

• Carrinhos com rodas destinados ao transporte e contentores (estanques e com tampa) para recolha e transporte de resíduos perigosos;

• Existência de medidas de segurança (como roupa de protecção e resposta de emergências em caso de derrames ou ferimentos profissionais);

• Aumento da consciencialização e da formação prática no local de trabalho.

Deve ser desenvolvido um plano de trabalho, que contenha informação prática para melhoramentos na gestão de resíduos em cada departamento médico. Esse plano deve integrar alguns tópicos, nomeadamente:

ƒ Listas de verificação contendo os passos para a separação segura das categorias de resíduos, métodos para a esterilização de instrumentos reutilizáveis, entre outros;

ƒ Processos a levar a cabo e calendarização para implementação dessas melhorias na gestão de resíduos, em áreas como a da separação, manuseamento e recolha, transporte e tratamento, e ainda a definição de responsabilidades;

ƒ Formação e actividades para promoção da consciencialização como forma de introduzir os procedimentos para a implementação de actividades planeadas, por exemplo, posters, folhetos, guias de formação, cursos de formação, visitas e formação

O plano de trabalho deve:

i) chamar a atenção para os perigos para a saúde ligados a um incorrecto manuseamento dos resíduos;

ii) deve dar informação detalhada sobre práticas de segurança e resposta de emergência em caso de incidentes/acidentes associados com resíduos hospitalares;

iv) deve sugerir medidas para controlar a implementação de melhorias de gestão de resíduos;

v) deve indicar parâmetros de realização e indicadores de execução para avaliar a efectividade das melhorias;

de tratamento ou durante fecho para manutenção planeada.

d) Aprovar o Plano de Gestão de Resíduos Hospitalares e começar a sua implementação.

O Plano de Gestão de Resíduos Hospitalares, deve ser discutido pela equipa de gestão de resíduos hospitalares e submetido a aprovação pela chefia do estabelecimento de saúde. Caso seja aprovado, a implementação passa a ser da responsabilidade da direcção do estabelecimento de saúde.

e) Acompanhar a implementação e rever periodicamente o plano de gestão de resíduos hospitalares.

Para efeitos de aumento da eficiência a longo prazo, o Plano de Gestão de Resíduos Hospitalares, deverá ser revisto periodicamente (por exemplo em cada dois anos).

Animadas pelo responsável nacional, estas revisões devem contar com a colaboração das equipas ligadas á implementação do Plano de Gestão de Resíduos Hospitalares nos hospitais de maior dimensão, com a chefia das unidades de saúde de menor dimensão, com os responsáveis municipais do ambiente e dos aterros, com ONG’s e com empresas do sector.

Em resumo

Unidades de saúde que geram resíduos hospitalares, devem estabelecer um sistema baseado nos recursos mais adequados com vista a conseguir uma gestão de resíduos segura e amiga do ambiente. O sistema, deve começar com medidas básicas e depois ser progressivamente aperfeiçoado. Os primeiros passos abarcam a separação e o manuseamento seguro, tratamento e eliminação final dos resíduos.

Algumas actividades importantes a realizar são:

ƒ Alocação de recursos humanos e financeiros;

ƒ Minimização de resíduos, incluindo política de compras e práticas de gestão de stocks;

ƒ Atribuição de responsabilidades no que respeita à gestão de resíduos;

ƒ Separação dos resíduos nas categorias existentes de resíduos perigosos e gerais;

ƒ Implementação das opções de manuseamento seguro, armazenamento, acondicionamento, transporte, tratamento e eliminação;

ƒ Monitorização da produção de resíduos e o seu destino.

ƒ Seminário nacional de arranque do projecto, com a participação de entidades, públicas e privadas, directamente ligadas aos sector dos resíduos hospitalares, assim como das entidades a nível central e a nível provincial.

ƒ Seminário nacional anual de avaliação das soluções desenvolvidas por cada Unidade de Saúde, e de novas proposta para melhoramento do Plano de Gestão de Resíduos Hospitalares, através da participação de entidades directamente ligadas aos sector dos resíduos hospitalares, públicas e privadas, entidades a nível central e a nível provincial.

ƒ Projecto de Assistência técnica junto do Ministério da Saúde de apoio á organização do PGRH.

ƒ Apoio à elaboração de orçamentos anuais junto das unidades de saúde que contemple o sector dos resíduos hospitalares.

ƒ Actividades de fiscalização, acompanhamento e avaliação do Plano de Gestão de Resíduos hospitalares.

ƒ Apoio na recolha, processamento e armazenamento de dados estatísticos obtidos nas unidades de saúde.