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9.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES

9.1.1 Objetivo específico 1

Caracterizar as instituições de acordo coma RDC 283 de 26 de setembro de 2005.

Neste estudo, o primeiro conjunto de resultados diz respeito à caracterização das instituições visitadas, se as mesmas estão em conformidade com a Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA / RDC nº 283, de 26 de setembro de 2005, que aprova o Regulamento Técnico que estabelece as normas de funcionamento para as Instituições de Longa Permanência para Idosos no Brasil, define tais instituições como “instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas a domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania” (Brasil, 2005).

O estudo é constituído de doze instituições, localizadas em dez municípios, identificadas com as letras A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, L e M.

A Vigilância Sanitária do estado do Tocantins, em 2008, realizou inspeção nas treze (13) instituições de longa permanência para idoso (ILPI). Conforme relatórios de inspeção, das treze (13) apenas 3 (25%) ILPI possuíam Alvará Sanitário expedido pelo Órgão Sanitário competente. Em relação à inscrição no Conselho do idoso, apenas 3 (25%) ILPI possuíam cadastro (VISA, 2008).

A Tabela 2 apresenta as características das ILPIs. Foram observados quanto à organização e documentação: alvará sanitário, regimento interno, registro no conselho, contrato formal de prestação de serviço com o idoso, responsável legal ou curador, estatuto da instituição, registro atualizado de cada idoso, em conformidade com o estabelecido no Art. 50, inciso XV, da Lei 10.741 de 2003, e rotinas de procedimentos.

Conforme observado nas doze instituições visitadas, 5 (41,7%) ILPI não possuíam alvará sanitário expedido pelo órgão competente, a Vigilância Sanitária do município.

Verifica-se ainda na Tabela 2 que 5 (41,7%) ILPI não possuíam os seguintes documentos: regimento interno e estatuto da ILPI. Quanto ao Responsável Técnico pela ILPI, das doze, apenas uma dispõe de registro de responsável técnico- RT, o que existe nas ILPIs pública municipal é o cargo de coordenador técnico administrativo ou responsável da instituição, que não substitui o responsável técnico, com formação de nível médio e fundamental.

Das doze instituições, apenas 5 (41,7%) das ILPIs possuem inscrição no Conselho do idoso e 4 (33,3) das ILPI não têm inscrição Conselho Estadual do Idoso.6(50%) das ILPIs são inscritas no Conselho Municipal do Idoso. Quanto ao contrato de prestação de serviço com o idoso, responsável legal ou curador, apenas 1 (8,3%) das ILPIs faz a formalização do contrato entre a instituição e o idoso. Em relação ao registro atualizado de cada idoso, em conformidade com o estabelecido no Art. 50, inciso XV, da Lei 10.741 de 2003, e a ILPI, e 2 (83,3%) ILPI mantêm o banco de dados atualizados.

O RDC 283, de 26 de setembro de 2005, define que toda ILPI deve possuir Alvará Sanitário expedido pelo Órgão Sanitário competente. No estado do Tocantins, havia 5 (41,7% ) das ILPIs sem alvará sanitário. A Instituição de Longa Permanência para Idosos deve possuir Alvará Sanitário atualizado expedido pelo órgão sanitário competente, de acordo com a Lei Federal nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, Parágrafo único, e independem de licença para funcionamento os estabelecimentos integrantes da Administração Pública ou por ela instituídos; ficando sujeitos, porém, às exigências pertinentes às instalações, aos equipamentos, e à aparelhagem adequados e à assistência e responsabilidade técnicas.

No estado do Tocantins, apenas 5 (41,7% ) ILPI não estão em conformidade com a RDC 283/2005, a instituição de Longa Permanência para Idoso deve estar legalmente constituída e apresentar: Estatuto registrado, regimento Interno e registro no conselho. 4 (33,3%) ILPIs não possuíam registro no conselho do idoso.

Quanto ao Responsável Técnico (RT) pelo serviço, este deve ter formação de nível superior. A RDC 283/2005 não estabelece que o RT seja da área

da saúde, sendo assim qualquer profissional com graduação poderá exercer a atividade de coordenação técnica na ILPI, desde que seu conselho de classe forneça a Certidão de RT. Incumbe ao Responsável Técnico responder junto á autoridade Sanitária local. Além disso, o profissional tem responsabilidade pelos medicamentos administrados nos idosos, respeitando os regulamentos da vigilância Sanitária (ANVISA, 2005).

No estado do Tocantins nas doze ILPIs apenas 1( 8,3%) da instituição dispõe de Responsável Técnico com inscrição no Conselho Regional de Assistência Social com carga horária de 40 horas semanais. As demais ILPI possuem responsável pela instituição com grau de escolaridade de nível médio, e uma de nível fundamental. De acordo com as informações fornecidas pela instituição, a responsabilidade pelos medicamentos em uso pelos idosos é das técnicas de enfermagem. Segundo a lei 7.486 de junho de 1986, art.11, é privativo do Enfermeiro, em todas as unidades de serviço onde são desenvolvidas ações de Enfermagem durante todo o período de funcionamento da instituição de saúde (BRASIL, 1986).

Observou-se que as ILPIs do estado do Tocantins em 11 (91,7%) das ILPIs não está em conformidade com RDC 283/2005, estabelece que a instituição deve celebrar contrato formal de prestação de serviço com o idoso, responsável legal ou Curador, em caso de interdição judicial, especificando o tipo de serviço prestado bem como os direitos e as obrigações da entidade e do usuário em conformidade com inciso I artigo 50 da Lei n° 10.741 de 2003. De acordo com a RDC 283/2005, a ILPIs deve organizar e manter atualizados e com fácil acesso, os documentos necessários à fiscalização, avaliação e controle social. Nas ILPIs visitadas, 10 (83,3%) não estão em conformidade com a RDC 283/2005. A ILPI deve organizar e manter atualizados e com fácil acesso, os documentos necessários à fiscalização, avaliação e controle social.

Tabela 2- Resultados das características das ILPIs, quanto à organização.

ORGANIZAÇÃO Conformidade Não Conformidade

N % N %

Alvará Sanitário 7 58,3 5 41,7

Estatuto da ILPI 7 58,3 5 41,7

Regimento interno 7 58,3 5 41,7

Responsável Técnico (RT) pelo serviço 1 8,3 11 91,7

Registro no Conselho 8 83,3 4 33,3

Contrato formal de prestação de serviço com

o idoso, responsável legal ou Curador. 1 8,3 11 91,7 Manter registro atualizado de cada idoso,

conformidade com o estabelecido no Art. 50,

inciso XV, da Lei 10.741 de 2003. 2 16,2 10 83,3 Fonte: ILPIs, 2012 (Tocantins)

Quanto aos recursos humanos, conforme a Tabela 3 observa-se que as instituições do estado do Tocantins, em relação aos profissionais da área de saúde, 12 (100%) das ILPIs não dispõe de médico com vínculo empregatício, 3 (6,25%) são voluntários, e em 9 (75%) das instituições a assistência médica é realizada pela Equipe de Saúde da Família (ESF). Nenhuma das instituições (12) possui educador físico, terapeuta ocupacional, nutricionista, e farmacêutico, e os medicamentos ficam sob responsabilidade do técnico/auxiliar de enfermagem, ou do enfermeiro responsável pela instituição.

Constatou-se que em, 3 (25%) ILPIs, não havia técnico de enfermagem no quadro funcional. E também das doze instituições do estado do Tocantins, apenas 1 (8,3%)ILPI, havia enfermeiro no quadro funcional.

Verifica-se ainda na Tabela - 3, nas 12 ILPI apenas 1 (91,7%) possuía registro identificando quem era o Responsável Técnico (RT) pelo serviço. Observa- se que nas instituições 12 (100%) não têm no quadro funcional os profissionais de serviço social, quando precisam requerem ajuda dos profissionais das secretarias de ação social dos municípios.

Entre as doze instituições não possuem no quadro o profissional de psicologia, quando necessitam encaminha para centro de assistência psicossocial do município mais próximo (CAPS).

A RDC 283/2005, estabelece que as ILPIs devam apresentar recursos humanos, com vínculo formal de trabalho, que garantam a realização das seguintes atividades: profissional para atividade de lazer; para o serviço de limpeza; para o serviço de lavanderia; para o serviço de nutrição; e para prestar cuidados aos residentes os (cuidadores). Esta Resolução não define que são estes profissionais de saúde vinculada à sua equipe de trabalho, com exceção dos cuidadores. Porém os conselhos profissionais preveem resolução própria à existência de enfermeiro, nutricionista, psicólogo, terapeuta ocupacional, assistente social, médico e educador físico nas ILPIs. Nas instituições pesquisadas no estado do Tocantins, observou-se ausência de profissionais de educador físico e terapeuta ocupacionais, os idosos não desenvolvem atividade física e de lazer. Para Okuma ( 2002 ), a atividade física é um recurso importante para minimizar a degeneração provocada pelo envelhecimento, possibilitando ao idoso manter uma qualidade de vida ativa.

Segundo a pesquisa realizada pelo IPEA (2008), sobre a Característica das Instituições de Longa Permanência para Idosos na Região Norte, constatou que há trabalhadores que executam funções mistas, sendo que a sua rotina envolve os serviço de cuidar de idosos (cuidadores), cuidar das roupas, da limpeza geral e da cozinha e serviço gerias. Este estudo constatou que ainda permanecem trabalhadores realizando várias atividades nas ILPIs do estado do Tocantins devido carência financeiros. Os profissionais acabam desenvolvendo a dupla função, na lavanderia, na cozinha e na limpeza, esses profissionais acabam sendo sobrecarregados de tarefas e despendendo o tempo que deveria ser cuidar dos idosos. Os pesquisadores salientam ainda que uma sobrecarga de trabalho para os cuidadores pode contribuir para desencadear atos de violência contra o idoso principalmente o idoso com maior grau de dependência (IPEA, 2008). De acordo o Ministério do Trabalho e Emprego MTE, a atividade de Cuidador de Idosos foi recentemente classificada como ocupação, passando a constar na tabela da Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, sob o código 5162-10. Embora esse enquadramento não represente novos direitos trabalhistas ao cuidador de pessoas idosas, representa grande ganho à categoria, pois é ponto inicial para a regulamentação da atividade (BRASIL, 2002).

Tabela 3 - Quantitativo de ILPI por Categoria e Vínculo dos Recursos Humanos

Categoria Servidor Público Contratado Voluntário ESF Total %

Médico 0 0 3 09 12 100 Enfermeiro 1 0 0 0 1 8,3 Assistente Social 0 0 0 0 0 0,0 Fisioterapeuta 0 0 0 7 7 58,3 Psicólogo 0 0 0 1 0 8,3 Nutricionista 0 0 0 0 0 0,0 Terapeuta Ocupacional 0 0 0 0 0 0,0 Farmacêutico 0 0 0 0 0 0,0 Técnico de enfermagem 17 6 2 0 25 208,3 Cuidador 44 6 0 0 50 416,7 Coordenador/ ILPI 6 0 6 0 12 100 Guarda Noturno 10 6 0 0 16 133,3 Cozinheira 9 5 0 0 14 116,7 Lavanderia 5 8 0 0 13 108,3

Auxiliar de serviços gerais 13 14 0 0 27 225

Fonte: ILPIs, 2012 (Tocantins)

De acordo com Tabela 4, em relação à estrutura física, constatou-se que as 12 (100%) instituições não possuíam projeto arquitetônico junto à autoridade Sanitária local do órgão municipal competente. Quanto ao piso externo, que devem ser de fácil acesso limpeza e conservação, uniformes sem juntas, observou-se que em 7 (83,4%) não estão em conformidade com a RDC 283/2005. Observou-se na estrutura física as circulações das ILPIs com largura maior ou igual a 1,50m devem possuir corrimão em apenas um dos lados, 7 (83,4% ) das ILPIs não estavam de acordo com a RDC 283/2005.

Em relação à infraestrutura das ILPIs, a RDC Nº 50 de 11 de fevereiro de 2002 dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de

saúde. Essa Resolução estabelece que toda construção, reforma ou adaptação na estrutura física da instituição deve ser antecedida de aprovação de projeto arquitetônico junto ao órgão competente a vigilância sanitária do município. Toda construção, reforma ou adaptação na estrutura física das instituições deve ser precedida de aprovação de projeto arquitetônico junto à autoridade sanitária local bem como do órgão municipal competente. Segundo a RDC 283/2005, as Instituições devem oferecer instalações físicas em condições de habitabilidade, higiene, salubridade, segurança e garantir a acessibilidade a todas as pessoas com dificuldade de locomoção segundo o estabelecido nas normas específicas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – referenciadas nesse Regulamento. Neste estudo, as ILPIs não possuem projeto arquitetônico aprovado pelo órgão sanitário local, as construções são antigas e as mesmas foram adaptadas.

Neste estudo, observou-se que as ILPIs, os dormitórios e banheiros possuíam barra de proteção, são separados por sexos no máximo 4 pessoas, apenas em uma ILPI alojavam 10 idosos por dormitório. Segundo a RDC 283/2005, banheiros coletivos, separados por sexo, com no mínimo, um box para vaso sanitário que permita a transferência frontal e lateral de uma pessoa em cadeira de rodas, conforme especificações da NBR 9050/ABNT. Nas ILPIs pesquisadas, 3 (25%) não estão em conformidade com a legislação.(BRASIL, 2004).

A RDC 283/2005 estabelece que as instituições devam dispor de Espaço ecumênico e/ou para meditação. Observou-se que 8 (66,7%) das ILPIs não possuíam espaço privativo para oração. A prática religiosa para muitos idosos traz uma paz espiritual e proporciona por meio da oração momentos de tranquilidade e bem-estar físico e mental (ANDRADE et al., 2005). No entanto é indispensável o desenvolvimento de parcerias com grupos religiosos, familiares e voluntários para que essas atividades sejam incorporadas à rotina da instituição e valorize o desejo dos idosos.

Os resultados confirmaram as fragilidades das instituições quanto à estrutura física e às condições socioeconômicas, e também há insuficiência de recursos humanos, principalmente pela ausência de profissionais de saúde, o que interfere diretamente na qualidade da assistência prestada ao idoso institucionalizado.

Tabela 4 - Característica da Estrutura Física das ILPIs

ESTRURURA FÍSICA Conformidade Não

Conformidade

N % N %

Projeto arquitetônico junto à autoridade sanitária local como

do órgão municipal competente 120,00 0,0 0,0 0,0 Pisos externos e devem ser de fácil limpeza e conservação,

uniformes, com ou sem juntas. 5 41,7 7 58,3

Circulações com largura maior ou igual a 1,50 m devem

possuir corrimão em apenas um dos lados 5 41,7 7 58,3

Instalações físicas em condições, higiene, salubridade, segurança e garantir a acessibilidade a todas as pessoas com dificuldade de locomoção normas lei 10.098/00

10 83,3 4 33,3

Dormitórios separados por sexos, para no máximo 4 pessoas, 11 91,7 1 8,3 Banheiros coletivos, separados por sexo, com no mínimo, um

box para vaso sanitário que permita a transferência frontal e lateral de uma pessoa em cadeira de rodas, conforme especificações da NBR9050/ABNT.

4 33,3 8 66,7

Espaço ecumênico e/ou para meditação 9 75 3 25

Fonte: ILPIs, 2012 (Tocantins)

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